Sala de Aula
Charges e reflexões sobre educação para o trânsito
O Maio Amarelo 2022 já começou e na esteira da campanha, segue uma seleção de 8 charges sobre questões rotineiras no trânsito


Leonardo Campos
Elemento de grande incentivo na dinâmica de ensino-aprendizagem, a charge é um gênero ideal para reflexão sobre qualquer assunto na seara educacional, aqui se apresentando como especial na dinâmica da educação para o trânsito. Este tipo de material construído com criticidade pode ser encontrado em questões de vestibulares e outros processos seletivos, nas páginas dos livros didáticos, quando folheamos ou navegamos por um jornal ou revista, impresso ou virtual, etc. É um conteúdo humorado que geralmente traz, em sua estrutura, uma reflexão crítica sobre temas contemporâneos e cotidianos, voltados ao nosso contexto político, social, pessoal, bem como outras interfaces das relações humanas.
Nalgumas charges, podemos observar a presença de legenda e balões, outras apenas com a imagem. Em linhas gerais, as charges se propõem a analisar algo e estabelecer um ponto de vista reflexivo em seu enunciado. O termo “charge”, oriundo do francês, quer dizer carga, uso exagerado de um dado acontecimento ou figura para representação por meio do tom satírico, como na caricatura. Em qualquer componente curricular, seja de Linguagens, Humanas ou Exatas, a charge se faz útil, um recurso empreendedor para a realização de debates e transformação da informação em conhecimento no âmbito da sala de aula, proposta realizada não apenas no Maio Amarelo, mas ao longo do ano quando o assunto é Educação para o Trânsito.
Neste processo, várias competências podem ser desenvolvidas pelos estudantes, tendo o engajamento na leitura de textos verbais e não-verbais como um dos maiores incentivos, haja vista a nossa atual demanda comunicação multimodal, numa atividade que ainda permite que os jovens envolvidos nas promovam reflexões sobre situações que gravitam em seu entorno, muitas vezes, dissociadas da percepção críticas destes indivíduos, levados pela onda de alienação que vem tomando a nossa sociedade constantemente. Diante do exposto, a proposta da atividade com charges é permitir que os estudantes desenvolvam o pensamento crítico e despertem a competência da argumentação por meio da análise de seus conteúdos, afinal, o tom persuasivo deste gênero discursivo reproduz graficamente algo já conhecido do receptor de sua enunciação, ampliando o circuito de discussão de acontecimentos contemporâneos que interessam a todos os envolvidos na fluente e vertiginosa existência em sociedade. Ideal para inserção no que chamamos de conhecimentos gerais, as charges dependem da mínima compreensão do tema abordado para que a crítica seja efetiva. Dentre outras características debatidas ao longo das aulas com as charges selecionadas, tivemos a noção de sua intemporalidade, isto é, a não explicação de sua própria piada, o exagero, distorção proposital da realidade para criar o seu tom “absurdo”, bem como a presença dos textos dos balões como recurso visual para efeito de sentidos. Basta observar nesta seleção sobre temas diversos acerca da postura no trânsito: motociclistas, uso indevido de celular, álcool e direção e outros temas estão contemplados.
Observem:
Questão 01 – A vulnerabilidade dos ciclistas
A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) aponta que o uso de bicicletas no Brasil, antes associado ao lazer e à prática de exercícios, passou a ser adotado para atividades profissionais, especialmente serviços de entrega, aumentando a população de ciclistas no trânsito.
Em consonância com a afirmação, estão os dados de acidentes envolvendo o público. A alta nos índices de atropelamentos e mortes de ciclistas é uma evidência de que a conscientização não cresceu na mesma velocidade que a produção dos veículos. Para auxiliar na reversão desse cenário, compilamos os deveres e direitos dos usuários de bike.
Fonte: Autopapo.uol (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – A charge reflete a importância do ciclismo como estratégia de diminuição da emissão de gases oriundos dos combustíveis dos automóveis na atmosfera.
II – A charge analisa a disponibilidade limitada de verba pública para a construção de vias exclusivas para os ciclistas.
III – A charge ironiza a questão da falta de acesso ao ciclismo no Brasil, haja vista a importância do desenvolvimento desta atividade para a saúde física e mental.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão corretas.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa I está correta.
- d) as alternativas II e II estão incorretas.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 02 – A vulnerabilidade dos ciclistas
As ciclovias ainda têm pouca presença nas cidades, apesar de terem se expandido ao longo do tempo. Conheça dados importantes neste conteúdo.
Cada vez mais gente comemora o Dia do Ciclista no Brasil. Afinal, já são mais de 70 milhões de ciclistas pedalando pelo país, mesmo que as condições não sejam as mais favoráveis.
Você já sabe: faltam ciclovias, sinalização e respeito aos ciclistas. Para se ter uma ideia, nos últimos 10 anos, mais de 13 mil ciclistas morreram após um acidente no trânsito. Destes, 60% foram atropelados.
Só que, com o passar do tempo, o número de pessoas que aderem à bicicleta como meio de transporte continua a crescer. Em 2020, a venda de bicicletas registrou um aumento de 50% em comparação a 2019. Todos são números que reforçam o porquê é tão importante que o Brasil adote um bom planejamento de ciclovias pelo país.
Fonte: Bike Magazine (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – A charge demonstra que ambos os personagens apresentados vivem realidades comportamentais distintas, um estressado diante do tráfego confuso e o outro mais leve diante da opção do ciclismo como meio de mobilidade no espaço urbano.
II – A charge flerta com a possibilidade de o ciclismo ser uma atividade que permita a diminuição do fluxo de automóveis e, consequentemente, uma oxigenação do trânsito nas cidades.
III – A charge e o texto permitem refletir que mesmo diante dos riscos, a prática do ciclismo tem ganhado um crescimento considerável no Brasil.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 03 – O álcool como inimigo do condutor responsável
Mais de 50% dos acidentes de trânsito no Brasil envolvem alguém que dirigia alcoolizado. Visando diminuir essa estatística e preservar vidas, a partir de abril de 2021, entra em vigor a nova lei de trânsito que endurece a penalidade para os motoristas que optam por beber e dirigir.
O condutor embriagado ou sob o efeito de drogas que provocar acidentes com lesão corporal – inclusive a considerada culposa, ou seja, sem intenção – será preso. Isso significa que o infrator não terá mais direito a substituir a pena de prisão, por outras, mais leves, como prestação de serviços à comunidade, algo permitido atualmente.
Para se ter uma noção do perigo de dirigir sob o efeito do álcool, um condutor embriagado que dirige em uma rodovia a 80 km/h e precisa frear o veículo repentinamente, demorará mais tempo para que a sua reação de defesa aconteça. Assim, maior é a distância percorrida antes da freada e, por consequência, maior a distância final percorrida antes de o veículo parar totalmente.
Desse modo, quanto mais álcool um motorista ingerir, mais longo será o tempo de reação e maior a probabilidade de não ser possível evitar uma colisão. O consumo de bebida alcoólica provoca, ainda, alterações do comportamento, das noções de perigo e do nível de consciência, inibindo barreiras morais e causando perda da autocrítica. Por essa razão, condutores sob efeito de álcool são mais propensos a dirigir em alta velocidade e a não utilizar o cinto de segurança, resultando em acidentes mais graves.
A combinação é perigosa, pois o motorista que une bebida e direção põe em risco não somente a própria vida, mas também de passageiros, outros motoristas, pedestres e ciclistas.
Fonte: GOV.br (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – A charge e o texto refletem o problema em relação ao álcool na direção, reforçando por meio de um discurso humorístico, esta que é a maior causa de sinistros de trânsito no mundo.
II – A charge dialoga com as placas de trânsito para criar uma opção que ironiza a questão do álcool na direção, um dos maiores causadores de sinistros de trânsito no mundo.
III – A charge apresenta ao leitor a nova placa de trânsito adotado pelo sistema de sinalização do tráfego brasileiro, uma imagem que indica a proibição de motoristas alcoolizados em determinadas vias de mobilidade.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 04 – O álcool como inimigo do condutor responsável
Substância psicoativa, o álcool pode alterar percepções e comportamentos, aumentar a agressividade e diminuir a atenção prejudicando a aptidão de um condutor e tornando a direção veicular insegura.
O seu uso está ligado às mortes por acidentes de trânsito. Mundialmente, em cerca de 35% a 50% das mortes registradas nas vias, constata-se a presença de álcool, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego – ABRAMET. A principal causa de morte entre jovens de 16 a 20 anos são os acidentes automobilísticos associados ao álcool.
Com taxas, mesmo baixas, de alcoolemia, os olhos se movem com menor frequência, reduzindo o padrão de busca de riscos na cena, fixando-se em determinadas áreas por um tempo maior do que o normal e deixando de perceber o que está ocorrendo no restante do campo visual.
Um condutor embriagado que dirige em uma rodovia a 80 km/h e precisa frear o veículo por causa de algum obstáculo repentino à sua frente demorará mais tempo para que a sua reação de defesa aconteça. Assim, maior é a distância percorrida antes da freada e, por consequência, maior a distância final percorrida antes de o veículo parar totalmente. Desse modo, quanto mais álcool um motorista ingerir, mais longo será o tempo de reação e maior a probabilidade de não ser possível evitar uma colisão. Isso sem contar que a influência do álcool pode prejudicar a avaliação de condições como água ou barro na pista, que exigem cuidados redobrados.
Fonte: Frotas Unidas (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – O texto nos permite afirmar que o condutor alcoolizado possui limitações em relação aos processos reativos diante de um obstáculo na via em que se encontra, aumentando as chances de tragédias no trânsito.
II – A charge utiliza elementos semióticos e verbais para ironizar o condutor alcoolizado incapaz de responder aos estímulos para assumir a direção de um automóvel, além de se negar ao uso do bafômetro pelos agentes da lei.
III – Os elementos semióticos da charge nos permitem interpretar que o personagem diante do guarda é uma figura incapacitada de assumir a condução de um automóvel, haja vista o uso do álcool como elemento inibidor das reações de uma direção mais defensiva e atenta.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 05 – Celular no trânsito: a distração que pode ser fatal!
Quando o assunto é direção, segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Mas nem sempre é o que vemos quando saímos às ruas. Por mais que existam diversos fatores que possam causar acidentes envolvendo veículos, o principal deles é o descuido dos motoristas – especialmente o uso do celular no trânsito, uma das maiores causa de colisões e atropelamentos atualmente nas ruas e estradas brasileiras.
De acordo com o Detran, o uso de celulares no trânsito aumenta em 400% o risco de acidentes. Com a evolução da tecnologia e a presença cada vez mais constante dos aparelhos em nossas vidas, esse risco se torna cada vez maior.
Fonte: Frotas Unidas (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – O uso de celular no trânsito aumenta as chances de atropelamentos ou colisões, como apresentado no texto e na charge, conteúdos que apresentam esta causa como mais arriscada que o consumo de álcool pelos condutores de automóveis.
II – A charge apresenta dois personagens distraídos, expostos aos sérios riscos de envolvimento numa tragédia de trânsito, motivados pelo uso de suas redes sociais.
III – A charge e o texto indicam que o uso de celular no trânsito, a maior causa de atropelamentos e colisões no âmbito da mobilidade, deveriam ter punições mais severas pela legislação.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 06 – Celular no trânsito: a distração que pode ser fatal!
Uso do celular no trânsito é um risco. Vale lembrar que é permitido o uso de aplicativos de GPS ou similares, desde que o aparelho esteja obrigatoriamente fixado em um suporte localizado no para-brisa ou no painel do veículo. Qualquer outra situação, mesmo para o uso de aplicativos de localização, pode comprometer a atenção do motorista e, consequentemente, será passível de multa.
Mesmo com o carro parado no semáforo, o motorista que utilizar o celular estará cometendo uma infração. Portanto, crie hábitos que garantam a segurança daqueles que estão no seu carro e também ao seu redor. Lembre-se de que, ao usar o celular no trânsito, o motorista está colocando em risco a própria vida.
Fonte: Frotas Unidas (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – Ao usar figuras sonoras de linguagem e representação gráfica de um trágico sinistro de trânsito, a charge reflete sobre os riscos do uso de celular por condutores durante a mobilidade cotidiana.
II – A charge apresenta um personagem que tem nas postagens em suas redes sociais um hábito que supera a sua atenção no volante, numa reflexão sobre as pessoas que se arriscam cotidianamente na direção ao utilizarem celular.
III – A charge e o texto indicam que o motorista que usa o celular no trânsito coloca a sua vida em risco, além de cometer uma grave infração sujeito à multa.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 07 – O aumento de carros nas ruas gera mais poluição e outros problemas ambientais e de mobilidade?
Falar sobre o Dia Mundial Sem Carro (22/9) é refletir sobre a importância da mobilidade urbana para a qualidade de vida da população e os deslocamentos nas cidades. Isso porque, quanto mais veículos circulam nas ruas, maior é a emissão de poluentes na atmosfera e mais impactos para a saúde.
Em um planejamento de mobilidade urbana a classificação de prioridade é estruturada por: pedestres, ciclistas, transporte público (ônibus, metrô, trem), transporte de carga e, por último, carros e motos. Este é o modelo que ajuda a dar fluidez e equilíbrio ao ritmo das grandes cidades.
Neste contexto, o transporte coletivo é primordial para uma mobilidade urbana mais sustentável, gerando menos poluentes, congestionamentos, bem como ganho de tempo para as pessoas. Essa é uma solução que favorece para a melhora dos fluxos nas cidades, pois ocupa menos espaço e transporta mais gente.
Mobilidade urbana com sustentabilidade é uma das preocupações do projeto BRT Sorocaba e pensando na redução do impacto ambiental, a frota de veículos que está disponível para a população possui tecnologia para emitir menos ruídos e poluentes. Para se ter uma ideia dos benefícios do transporte coletivo, um ônibus BRT com capacidade para transportar 170 pessoas ajuda a reduzir significativamente a presença de mais carros no trânsito. Além disso, o fato de ter uma pista exclusiva e uma operação inteligente e dinâmica, permite deslocamentos mais rápidos e agilidade para o passageiro.
Para Manoel Ferreira, Diretor de Operações do BRT, as cidades que não investem em transporte coletivo estão sofrendo com ruas abarrotadas de carros e índices maiores de poluição do ar. Por isso, é fundamental o investimento estrutural para melhorar as condições operacionais, dessa maneira, os ônibus terão mais condições de desenvolver maior velocidade e, por consequência, oferecer mais qualidade ao serviço prestado. O eixo norte-sul do sistema BRT segue em operação parcial e de testes, e aos poucos, está dando um novo ritmo aos deslocamentos na cidade.
“Neste 22 de setembro, convidamos as pessoas a terem um dia diferente e optarem por fazer seus deslocamentos a pé, de bicicleta ou de transporte público. Que se permitam ter novas experiências e quem sabe a mudança de hábito se torne uma nova rotina. Assim, estaremos ajudando o meio ambiente e também contribuindo para a nossa saúde” , explica Ferreira.
Fonte: Diário do Transporte (adaptado)
Leia as alternativas. Reflita atentamente e interprete.
I – O texto e a tirinha refletem, com diferentes pontos de vista, a questão da mobilidade urbana contemporânea, caótica e a necessitar de projetos que envolvam sustentabilidade em sua concepção.
II – A tirinha ironiza os congestionamentos de trânsito e traça uma relação com os incentivos governamentais na compra de automóveis, algo que promove inchamento do tráfego.
III – A tirinha, em diálogo com o texto, nos permite refletir que outras opções de mobilidade precisam ser adotadas para melhorar o fluxo no trânsito, tornando-o mais sustentável.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa I está correta.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Questão 08 – Colisão entre motociclistas e automóveis: uma celeuma do trânsito contemporâneo.
Desde outubro de 2013 uma publicação assombra os motoristas na internet, afirmando que acidentes envolvendo carro e motocicleta configuram atropelamento ao invés de colisão. O texto, creditado ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), é uma farsa. Só para garantir, e o boato perder força, mais uma vez, colisão com moto não é atropelamento.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (NBR 10697:1989), o que define o termo “atropelamento” é um acidente em que um ou mais pedestres ou animais sofrem o impacto de um veículo, estando pelo menos uma das partes em movimento. Logo, tendo em vista que o motociclista não é um pedestre, e sim o condutor de um veículo automotor de duas rodas, o abalroamento entre um automóvel e uma motocicleta deve ser considerado uma colisão, caso ambos estejam em movimento.
EXCEÇÃO: O artigo 68 do Código de Trânsito Brasileiro considera os (moto) ciclistas desmontados empurrando o veículo como pedestres. Caso o piloto sofra o impacto de um veículo nessa situação, o acidente é considerado atropelamento.
Fonte: Auto Papo UOL (adaptado)
I – O texto e charge refletem sobre os altos índices de sinistros envolvendo motociclistas, vítimas que sofrem atropelamentos por causa de motoristas alcoolizados na condução.
II – A charge reflete sobre os sinistros envolvendo motociclistas, um problema grande em nosso cotidiano de mobilidade, haja vista a presença de muitos condutores imprudentes.
III – O texto analisa o mito em torno da noção de atropelamento envolvendo motociclistas, situação que durante algum tempo, foi alvo de equívocos interpretativos.
Com base na charge, no texto e em suas habilidades interpretativas, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa III está correta.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) as alternativas II e II estão incorretas.
- d) apenas a alternativa II está correta.
- e) todas as alternativas estão corretas.
Se você tentou responder, já conferiu quantas questões acertou? O conteúdo foi criado para que você, leitor, possa compartilhar. Utilize em suas avaliações, em atividades na sala de aula, promova a distribuição de informações tão valiosas sobre um tema relevante para o estabelecimento assertivo da cidadania de todos: o educar para o trânsito, para a mobilidade segura entre pedestres, ciclistas, condutores de automóveis, dentre outros.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio
Augusto Conte. Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados
entre 2015 e 2018, focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema”e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Sala de Aula
A Corrente do Bem
No texto de hgoje, o professor Leonardo Campos fala sobre as relações entre cinema e ensino de matemática


Leonardo Campos
Dizem que gentileza gera gentileza. No desenvolvimento do drama A Corrente do Bem, a vida não é nada gentil com o protagonista da narrativa em seu desfecho, no entanto, o legado deixado pelo jovem após colocar em prática um trabalho escolar nos demonstra como boas ações ainda podem ser possíveis num mundo colapsado por comportamentos egoístas, relacionamentos tóxicos, desigualdade social bastante violenta, dentre outras celeumas que acompanham a humanidade em seu processo evolutivo. Lançado em 2000, sob a direção de Mimi Leder, responsável por conduzir o roteiro de Leslie Dixon, dramaturga que toma como ponto de partida, o livro homônimo de Catherine Ryan Hyde, o filme nos apresenta a trajetória de um garoto cheio de ideais, influenciado pelas ideias de seu professor, se tornando responsável por colocar em prática um projeto considerado utópico, mas que funciona de maneira muito eficiente e muda a realidade de diversas pessoas que gravitam em torno de sua existência.
Na trama, o professor Eugene Simonet (Kevin Spacey) ministra um componente curricular que podemos definir como “Estudos Sociais”. Todo ano, ele aplica um projeto em suas aulas, mas como é de se esperar no âmbito educacional em escala global, a sua expectativa é que alguém apresente algo transformador, no entanto, a realidade comprova a cada período o contrário. Trabalhos repetitivos, nada inovadores, sempre focados na mesmice. Desta vez, diferentemente do esperado, há uma proposta bastante peculiar, desenvolvida pelo jovem Trevor McKinney (Haley Joel Osment). O garoto cria uma corrente do bem, inspirado no projeto do professor que pede aos seus estudantes uma proposta capaz de mudar o mundo. Assim, Trevor pensa em algo para fazer pelo outro que não possa fazer para si mesmo. Em sua ideia, ele pretende promover uma ação para três pessoas, indivíduos que, por sua vez, fazem para mais três, e assim, em progressão aritmética, permite que o bem se espalhe por meio desta corrente.
Utópico, Trevor é desacreditado pelos colegas de sala de aula, mas observado com admiração por seu professor, alguém que inicialmente acha a proposta grandiosa demais, no entanto, abraça fortemente a ideia do estudante que rapidamente coloca o ideal em ação, para o espanto de muitos, inclusive de sua mãe, surpreendida pela presença de um estranho em casa após chegar de uma maratona de drinques servidos em seu trabalho na madrugada. O que começa com 3 parte para 9, depois para 27 e assim sucessivamente, numa progressão que sai de Las Vegas e se espalha pelos Estados Unidos, ganhando visibilidade na mídia e modificando a vida de todos que são tocados por esta corrente. Ao romper barreiras geográficas, numa era antecessora ao advento dos aplicativos e redes sociais, as ideias do jovem Trevor contaminam. Para o espectador mais exigente, focado no cinema enquanto estética e narrativa, A Corrente do Bem é puro exagero. Excessivamente dramático, é um daqueles filmes que imploram ao público por lágrimas, em especial, no desfecho trágico que tira todos os envolvidos de seus eixos.
Mas, é também uma lição sobre o quão podemos criar coisas grandiosas, mesmo numa existência turbulenta.
A vida do pequeno Trevor não é nada fácil. Ele convive com a sua mãe, Arlene (Helen Hunt), uma mulher que trabalha como garçonete nas noites de uma boate de strip-tease, além de outras funções em estabelecimentos do ramo de atendimento durante um dia, uma pessoa que batalha bastante para dar sustento ao filho, mas sequer possui tempo hábil para acompanhar os seus estudos e crescimento, algo que tradicionalmente se esperar num mundo de obrigações da maternidade. Ademais, Arlene sofre de alcoolismo e ainda tem no pai de Trevor um fantasma assombroso, prestes a reaparecer a qualquer momento, personagem interpretado por Jon Bon Jovi. Ele é um homem nocivo, com histórico de violência doméstica, criatura que pode aparecer a qualquer instante e elaborar o caos dentro de casa, medo que acompanha o garoto, mesmo com as promessas de sua mãe sobre nunca mais aceitar o indivíduo novamente, principalmente depois que Trevor testemunhou situações de agressão e ficou bastante traumatizado.
Esteticamente, A Corrente do Bem funciona assertivamente. Os figurinos de David Rosenbloom são críveis e funcionam como elemento de identificação dos personagens com as suas necessidades dramáticas e perfis. Na direção de fotografia, Oliver Stapleton consegue captar, por meio de enquadramentos eficientes, as emoções propostas pela narrativa, dando também ênfase ao design de produção de Leslie Dilley, cuidadoso tanto no ambiente escolar quanto na casa de Trevor e Arlene. Para quem possui uma compreensão básica de cinema, não é difícil reconhecer o estilo de Thomas Newman, responsável pela trilha sonora, no desenvolvimento dos 123 minutos de A Corrente do Bem, condução musical que lembra bastante os seus trabalhos em Beleza Americana e Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento, isto é, uma sonoridade condizente com o movimento visto em tela, espécie de composição didática que nos ajuda a ampliar as reflexões sobre os temas abordados pela produção. Em linhas gerais, um ótimo trabalho.
Agradando ou não enquanto narrativa, A Corrente do Bem suscita uma série de questionamentos. É um daqueles filmes ideais para trabalhos escolares em projetos transdisciplinares ou o que chamamos de “cinema espelho” para professores assistirem em suas formações continuadas, tendo em vista refletirem sobre as suas práticas docentes. Dentro os debates, na época de seu lançamento, muita gente comentou a injustiça da lição final, pois mesmo após criar algo tão grandioso, o garoto tem a sua vida arrancada ao tentar defender um colega vítima de agressão por valentões da escola, uma realidade não apenas estadunidense, mas algo de escala global, uma das preocupações para quem vive dentro dos muros escolares cotidianamente. Para estas pessoas, quando meus interlocutores, sempre devolvo a pergunta, provocando sobre, de fato, a vida ser assim em muitos momentos, afinal, “coisas ruins acontecem com pessoas boas”, não é verdade? Ademais, a narrativa é elucidativa ao ser utilizada como reflexão de vida, em especial, para aqueles que atuam com liderança, empreendedorismo e educação.
Sempre exponho, como crítico de cinema e professor, o potencial do cinema não apenas como entretenimento, mas também como elemento motivador em diversas esferas de nossas vidas. Ao debater A Corrente do Bem, por exemplo, elucido o caráter pedagógico da trama ao permitir que professores repensem as suas práticas, mesmo em cenários de muita tensão. No personagem de Kevin Spacey, o professor responsável por ressoar os seus ideais no pequeno Trevor, podemos observar o quão o educador precisa compreender sobre a realidade dos seus estudantes, figuras que são parte de um microcosmo, sujeitos como o próprio mentor, capazes de conduzir ações, estabelecer condutas inteligentes e realização de julgamentos pertinentes, mesmo sem a especialização e formação dos docentes, algo a ser pensado numa era que ainda traz, habitados em sala de aula, profissionais que acreditam na intocabilidade de seus conhecimentos em relação ao que o estudante traz enquanto experiência, num modelo de ensino autocrático e defasado.
Ainda sobre educação, creio ser pertinente também pensar A Corrente do Bem como uma narrativa que traz um professor capaz de permitir o desenvolvimento da autorresponsabilidade de seus estudantes nas dinâmicas em sala de aula. Mesmo sendo complexo, afinal, Trevor e muitos de seus colegas são oriundos de uma região conhecida periférica da cidade, a ação demonstrada no projeto de Eugene Simonet dialoga com os princípios da cidadania, das práticas que desenvolvem habilidades e competências capazes de transformações, mesmo que pequenas, no entorno dos envolvidos, situações que ressoam em suas existências futuras. É o olhar para o mundo como protagonista, em posturas individuais capazes de estabelecimento da diferença. Trevor é um personagem desafiador, pois conduz a sua presença em aula com participação ativa, questionando quando não compreende determinadas ideias ou discorda de posicionamentos. Persistente, ele reage mesmo diante das dificuldades na execução de sua missão.
É isso, mesmo sendo demasiadamente idealista, que esperamos de nossos estudantes enquanto professores. Não é mesmo? Ao menos, conforme relatos de colegas na experiência docente, ansiamos por salas de aula preenchidas por indivíduos interessados em modificar as suas realidades, num processo que transforma a todos os envolvidos. Dentre outras discussões relevantes, A Corrente do Bem nos ajuda a pensar os nossos projetos inovadores e o impacto causado nas famílias, muitas vezes, receptores que enxergam propostas diferenciadas como coisas fora da curva e desnecessárias para os seus filhos, pessoas que em tese, deveriam aprender conceitos mais imediatos e supostamente práticos para a vida. Curioso observar também como Trevor não se importa com a nota em si, mas com o desenvolvimento de seu processo, em algo bastante debatido sobre mudanças estruturais nos processos avaliativos em voga na contemporaneidade, ainda focada no boletim como indicador de resultados.
Para uma proposta matemática, A Corrente do Bem traz reflexões sobre a lógica da multiplicação. Quantas pessoas conseguiram ser atingidas pela ação de Trevor? Em suas respectivas participações, basta que um indivíduo realize algo por três pessoas e essas três pessoas realizem algo para mais três e assim sucessivamente, adentrando na progressão geométrica e permitindo, assim, que compreendamos numericamente uma determinada situação. Aqui, temos a fase 0, constituída pela primeira pessoa da corrente, neste caso, Trevor, seguido da fase iniciada pelas pessoas que ele beneficiou e, consequentemente, os contemplados pelas ações destes beneficiados. O protagonista ajudou a pessoa em situação de rua, depois a sua mãe, juntamente com o seu professor. Por meio do lema Pay For Foward (Passe Adiante), estas pessoas conduziriam as suas ações garantindo que os demais sigam o esquema. Desta maneira, um professor de matemática, por exemplo, pode debater o filme em propostas transdisciplinares e, assim, permitir que o aprendizado seja amplificado por uma observação filosófica deste campo do saber humano tão essencial para a nossa formação escolar e cidadã.
Para uma proposta em sala de aula, você pode iniciar uma discussão posterior ao processo de exibição do filme com um mapa mental. Observe.
Para consolidação do conhecimento, numa proposta com o filme em sala de aula, o professor pode trabalhar com questões objetivas (múltipla escolha, asserção/razão, complementação simples), discursivas (com descritores que permitam a resolução de um problema), a criação de um projeto com a turma, numa ação coletiva iniciada com observações individuais, além de solicitar a elaboração de mapas mentais sobre o relacionamento das ideias do filme com lógicas de multiplicação e progressão geométrica. Ao lado de um professor de Produção Textual, o responsável por estudos matemáticos pode ampliar as reflexões com uma proposta de redação, juntamente com debates sobre o assunto em componentes curriculares diversos, tais como Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Cultura Digital, Projeto de Vida, dentre outros.
Já pensou numa articulação entre as ideias de A Corrente do Bem com debates sobre uma ação do tipo na era das redes sociais e aplicativos? É um ponto de partida pertinente para Cultura Digital, também capaz de ressoar nas propostas de intervenção de uma produção escrita. Pensado como filme para um projeto maior, as discussões sobre os limites geográficos da corrente de Trevor podem culminar numa interessante roda de conversa em nas aulas de Geografia. Para Projeto de Vida, há peculiaridades do filme que aproximam a sua narrativa das reflexões sobre como os estudantes pretendem delinear as suas trajetórias e, consequentemente, as dinâmicas de seu entorno. Assim, tem-se um instigante debate sobre construção da cidadania. Dá até mesmo para elaborar seminários onde grupos construam apresentações com suas próprias propostas para um mundo melhor, tendo tópicos como introdução, objetivos (o geral e os específicos), justificativa, problema/hipótese, processos metodológicos, dentre outros, construindo uma ponte segura entre o Ensino Fundamental e Médio com as demandas do Ensino Superior e a vida profissional dos estudantes, mais preparados e conscientes dos mecanismos da metodologia da pesquisa para melhor desenvolverem as suas respectivas formações intelectuais.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Sala de Aula
A leitura como hábito para o crescimento pessoal
Ler abre diversas portas em nossas jornadas pessoais e profissionais, sabia?


Professor Leonardo Campos
Há estudos que comprovam a eficiência dos hábitos de leitura para proteção do cérebro, pois pessoas que leem com frequência tem menor chance de desenvolver demência e diminuem os riscos do Mal de Alzheimer, além de ter uma rotina com cargas de estresse reduzidas, pois ler permite viagens tão relaxantes quanto ouvir música, permitindo que a carga do cotidiano seja suavizada. As pessoas que tem na leitura um hábito permanente também conseguem desenvolver mais empatia, sabia? Ao ler, o indivíduo pode compreender mais o que o “outro” sente e, assim, por meio das experiências em suas jornadas literárias, consegue interpretar melhor comportamentos e fazer ilações que podem ser úteis para as suas relações interpessoais cotidianas. Tão importante quanto o exercício físico é o treino da mente, por isso, aderir ao processo constante de leitura permite que tal segmento tenha atuação nos diferentes circuitos neurais e nesta dinâmica, processos de estimulação cerebrais promovam mudanças significativas em sua maneira de agir e pensar. Ademais, ler ajuda na aprendizagem de conteúdos diversos, pois influencia a forma como lidamos com os diversos assuntos, além de ampliar o nosso vocabulário. Por isso, ler deve ser parte de sua rotina diária, tal como se alimentar e dormir.
Mas, afinal, quais são os principais tipos de leitura?
Como posso organizar uma eficiente rotina de leitura?
Primeiro é preciso começar de algum lugar. Se for literatura e você não tiver ainda habituado, comece por crônicas e contos, indo posteriormente para os romances. É uma maneira de não enfrentar volumes maiores de texto e estabelecer barreiras que o desanime. Se sua jornada diária estiver conectada com o mundo acadêmico, treine também com a leitura de textos científicos de sua área, tendo em vista ampliar os seus horizontes interpretativos e promover o conhecimento acerca de modalidades mais diversas de escrita. Muita gente me questiona sobre iniciar com os livros físicos ou investir nos digitais. Sinceramente, apesar da pegada sustentável e da mobilidade dos e-books, ainda prefiro aderir aos livros impressos, pois acredito que haja uma relação maior de pertencimento e descanso, também, para a visão, fora que nos suportes digitais, a tendência para mudarmos da leitura para redes sociais, aplicativos e outras distrações é bem maior. Assim, sem fundamentação científica, prefiro o físico, mas depende muito do desprendimento do leitor.
Dizem que ler durante a noite dá sono, por isso, invista em leituras diurnas, não apenas nas pausas, mas em deslocamentos no metrô, dentre outras paradas e travessias. É uma maneira bacana de exercitar a mente, principalmente para aqueles desacostumados com a prática tão necessária para se manter relevante socialmente na contemporaneidade. Ademais, não esqueça de carregar consigo um livro, em qualquer oportunidade, pois nas passagens do seu dia, a leitura pode se tornar uma belíssima opção de acompanhamento, seja na fila de um banco, de loja ou na sala de espera para um atendimento clínico. Crie, para você, as oportunidades, para que a prática da leitura se transforme uma rotina orgânica do cotidiano. Para isso, é importante que não haja desistência no primeiro obstáculo, combinado? As conquistas neste processo não estão garantidas como numa ciência exata, mas é bem possível que aliando Hábitos de Leitura com Conhecimentos Gerais, você turbine o seu perfil profissional e as suas habilidades e competências no âmbito do pleno exercício de sua cidadania.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Sala de Aula
Argumentação e escrita nas questões discursivas
Leia, coloque as sugestões em prática e ótimos estudos, combinado?


Professor Leonardo Campos
Na dinâmica dos concursos, vestibulares e processos avaliativos, tal como o ENADE, as questões discursivas se estabelecem como um grande desafio para os candidatos. Sabemos que a escrita fluente é algo que se relaciona diretamente com hábitos de leitura, por isso, apesar de macetes e sugestões para melhoria da estrutura de um texto escrito neste tipo de ocasião, desenvolver uma rotina de estudos que contemple assertivamente o treinamento para a elaboração de textos argumentativos é um dos caminhos não apenas para situações avaliativas, mas também algo a ser levado para a vida. Escrever bem permite a abertura de portas no competitivo cotidiano profissional, além de permitir que possamos colocar para a apreciação do outro, as nossas ideias, desde as legendas em redes sociais, aos e-mails que enviamos, nos discursos que precisamos elaborar em situações especiais ou qualquer modelo de mensagem que tenha como direcionamento, passar uma mensagem eficiente para nossos receptores.
No caso das questões discursivas, o candidato precisa levar em consideração que os seguintes aspectos serão avaliados em sua jornada argumentativa: a explicação e solução para um determinado problema apresentado, a aplicação de conteúdos aprendidos sobre assuntos pontuais para aplicação em situações inovadoras, argumentação que trace comparações ou classificação de dados e informações, estabelecimento de relações de causa e efeito ao longo da exposição argumentativa, demonstração da capacidade de sintetizar ideias sem prejudicar a dinâmica da escrita, formulação de conclusões com base nos elementos fornecidos ao longo do enunciado que deve ser lido e atendido adequadamente, bem como comprovar a habilidade de manter organizado, por meio da escrita, as ideias, de maneira lógica, coesa, coerente, pois neste processo avaliativo, são levados em consideração, as suas estratégias argumentativas, vocabulário minimamente expressivo e adequação gramatical, ou seja, elementos básicos de regência e concordância verbal e nominal, acentuação, pontuação, dentre outros.
Quando ministro aulas, oficinas e cursos sobre escrita para este tipo de situação, geralmente aconselho os candidatos a não escrever parágrafos longos demais, tendo em vista evitar a perda de coesão com as possíveis inadequações no uso da vírgula. Demonstrar erudição é importante, mas utilizar palavras que fogem do significado daquilo que se pretende dizer pode ser um problema, por isso, sempre indico que saiba usar adequadamente cada palavra empregada no texto. Divagações podem funcionar no discurso oral, mas na escrita, é preciso optar pela objetividade, pois neste esquema avaliativo, o número de linhas disponíveis para a argumentação precisa ser atendido sem prejuízo ao conteúdo das ideias. Sendo assim, torna-se fundamental manter-se atento ao tema e ao enunciado, para evitar fuga do que é solicitado ou transparecer que está enrolando por não saber muito sobre o que foi proposto. Neste ponto, adentramos nas discussões sobre atualidades. Entender um pouco de muitas coisas pode ser o guia de sobrevivência para quem está num processo avaliativo.
É claro que devemos ser especialistas de determinados assuntos, próprios de nossa área de atuação, mas conhecer um pouco do que é tema recorrente no mundo contemporâneo é parte de nosso ingresso para circular por espaços diversos. Quem vos escreve, por exemplo, é formado em Letras e Cinema, mas não significa que tenha que me limitar e não dialogar sobre Meio Ambiente, Educação, Segurança Alimentar e Nutricional, dentre outros assuntos que se tornaram tangenciais em meu cotidiano, por motivos diversos, muito além da preparação de projetos para o ENADE. Assim, na questão discursiva, além da organização das ideias, do devido fluxo de conhecimentos gerais para reflexão, relação e aplicação de conceitos, controle do espaço disponível para respostas e citações relevantes, é preciso também aderir ao rascunho, algo que muitos estudantes preferem fugir, sem sequer imaginar que essa postura pode ser prejudicial ao texto que escreve, pois é no rascunho que habita a elaboração das ideias.
Diante do exposto, o seu uso deve ser considerado indispensável. O rascunho serve para o autor se comportar como uma espécie de leitor crítico de sua própria composição textual, numa dinâmica que permite a elaboração de alterações antes de entregar a versão argumentativa final, tendo na revisão, a melhoria na qualidade do que escreveu. Rascunhar é treino, hábito de dedicação para aqueles que desejam os melhores resultados. Um paradoxo, por exemplo, no meio do texto, pode ser resolvido quando o autor relê o que compôs e reorganiza as ideias de sua produção. Ao rascunhar, o candidato tem a chance de reler a proposta, anotar as suas ideias, criar sentido entre os elementos elencados para compor o texto e, assim, determinar melhor o começo, o meio e o fim de sua escrita. Ademais, além destas dicas valiosas, proponho sempre que o indivíduo responda as questões de provas anteriores, uma ótima solução para treinamento, afinal, na questão discursiva, o “chute” não é uma possibilidade.
Ao lidar com uma questão discursiva, o candidato precisa ter em mente que vai elaborar um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão. Neste tipo de produção textual, é preciso iniciar com uma declaração afirmativa ou negativa sobre algo, desenvolver contemplando de maneira explicativa todos os pontos para, mais adiante, concluir com uma proposta de intervenção ou solução para o tema explorado. E, como costumo dizer aos meus estudantes, sair do clichê que delega apenas ao Estado as obrigações diante de uma situação problemática que requer ajuste. Sociedade civil, espaços educacionais, a mídia, ONGS e tantos outros setores de nossas vidas podem ser responsáveis por abraçar causar necessárias para a mudança do que está estabelecido. Outro ponto que destaco é a importância de cuidar da caligrafia e manter a legibilidade do que está escrito, afinal, a banca avaliadora consta de seres humanos, não de robôs que fazem uma leitura programada. Respeitar os limites das linhas, margens e parágrafos também é muito pertinente, pois se passa uma ideia de organização da arquitetura textual.
Censura nunca é e nunca deve ser uma opção, mas nas questões discursivas, precisamos evitar discursos demasiadamente inflamados, isto é, ser coerente e coeso na militância, evitar posições partidárias que prejudiquem a escrita, como por exemplo, “todo bandido deve ser morto” ou “todo político é ladrão”. Se afastar de abordagens categóricas também é algo muito problemático, tipo “todo gay é afetado” ou “todo branco é um racista”, dentre coisas do tipo, inacreditavelmente muito comuns em respostas e redações de processos avaliativos. No enunciado, há um manancial de palavras-chave que precisam ser inseridas na sua produção, num texto que deve ir direto ao ponto e prezar pela objetividade. Ademais, escrever com autonomia também é um ponto importantíssimo, pois é necessário fundamentar a sua argumentação com teorias e discursos especializados, mas evitar frases prontas, apontamentos vagos e atribuir erroneamente algumas máximas aos autores errados. Um exemplo: citar algo de Clarice Lispector e atribuir ao Arnaldo Jabor, dentre outros deslizes, também bastante costumeiros.
Aos leitores, desejo uma excelente jornada de escrita, continuem praticando e, se ainda não começaram, a hora é agora, combinado?
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
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