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Britney vs. Spears

Em linhas gerais, Britney vs. Spears é um documentário edificado com apuro jornalístico

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Professor Leonardo Campos

Uma das artistas mais promissoras da cultura pop contemporânea teve a sua vida revirada após os turbilhões da era prévia ao advento de Blackout, álbum que traduziu para o campo da música e do videoclipe, a trajetória de Britney Spears. Sob a tutela do pai, Jamie Spears, há mais de uma década, a cantora vive uma existência de clausura, podada de qualquer privilégio, obrigada a realizar participações em shows e programas televisivos mesmo contra a sua vontade, ainda pressionada nas escolhas pessoais, tendo que ganhar autorização formal até para coisas simples, como adquirir livros para os filhos ou fazer um breve passeio dirigindo. Lançado pelo serviço de streaming Netflix, Britney vs. Spears traz uma abordagem mais fluente e organizada das informações já dispostas em Framing Britney Spears: A Vida de Uma Estrela, produção do New York Times ovacionada pela crítica e público, mas considerada hipócrita pela celebridade biografada, opinião registrada numa postagem na rede social. Segundo Britney.

Em linhas gerais, Britney vs. Spears é um documentário edificado com apuro jornalístico. As informações estão devidamente organizadas, acompanhamos a análise de documentos com uma dose de sensacionalismo que não torna grave a abordagem adotada pelas produtoras, numa realização que pensada didaticamente, funciona como uma aula de procedimentos metodológicos para a condução de um documentário. É tudo muito fundamentado, com oportunidade de observação para lados diferenciados da questão central, a tutela na qual Britney Spears se encontra enredada, um processo que se arrasta por muito tempo e segundo relatos da artista e de pessoas que gravitam em torno de suas atividades pessoais e profissionais, é um dos casos mais abusivos de patriarcalismo da mídia contemporânea, uma celeuma que envolve tortura psicológica, trabalho forçado, dominação masculina, dentre outros tópicos para reflexão.

Tudo começou, sabemos, por volta de 2007. Britney não conseguia mais suportar as pressões oriundas de todos os lados. Casou, descasou no mesmo dia, foi pega com uso de drogas e álcool em situações comprometedoras, em especial, no trânsito, demonstrou incapacidade de dar conta dos filhos, apareceu em revistas, telejornais e nos diversos espaços da internet flagrada sem calcinha, dentre outros momentos de intimidade jogados para o público se divertir em casa, como se a sua vida fosse uma série para ficar maratonando diariamente. Raspou a cabeça, tomou medicação para equinos, foi pega diversas vezes em alta velocidade, fugindo dos olhares curiosos de fotógrafos persuasivos. Foi internada, depois saiu, retornando brevemente algum tempo depois. Caótica, a vida da cantora não era poupada quase nunca e qualquer aparição da moça era acompanhada por helicópteros, carros alucinados, motos envenenadas e curiosos desesperados por um pedaço da artista, tal como ela narra na canção Piece of Me.

Entre momentos aparentemente mais equilibrados e períodos de muita tensão, Britney Spears produziu novos álbuns, shows, esteve em programas televisivos, apresentações especiais, dentre outras incursões para divulgação de seu trabalho. O que o documentário e as reportagens sobre o assunto deflagram constantemente é a ausência de paz interior e liberdade para a artista exercer qualquer função ou vontade sem a autorização de seu tutor, o pai que agora é considerado o grande monstro da história. Acusado de permitir abusos contra a integridade psicológica da filha, Jamie Spears vem sendo pressionado nos últimos meses e a novela em torno da tutela da cantora parece chegar a um desfecho que valorize o ponto de vista e os interesses da aprisionada. Não há como negar, no entanto, que a árdua jornada impactou negativamente na saúde física e mental de Britney e é bem provável que ela nunca mais seja a artista que nos prometeu quando surgiu com o delicioso Baby One More Time. Um dos pontos mais críticos da permissividade de Jamie foi aceitar que a sua filha fosse explorada em prol do lucro, numa empreitada de espetáculos medicada com substâncias pesadas, noutros momentos, febril, ou até mesmo, incapacitada cognitivamente para realização de performances.

Prejudicada mentalmente, Britney Spears tem se manifestado entre uma postagem e outra nas redes sociais, sem fornecer nenhum depoimento oficial em algum programa televisivo há tempos. A sua saída deste processo vai gerar uma série de novas polêmicas e vamos precisar aguardar as cenas dos próximos capítulos para compreender como tudo vai se dar. Se for esperta, a artista deve aproveitar os ajustes que em breve podem ser favoráveis aos seus interesses e se afastar dos holofotes para recuperar o fôlego perdido diante de tantas atribulações. Uma pausa pode garantir, futuramente, uma volta brilhante aos palcos, momentos de excelente desempenho que acompanhamos com saudosismo nos trechos de videoclipes e performances que atravessam vários trechos do documentário, desde a sua abertura ao desfecho, escolha narrativa que adota um tom didático ao explicar para o espectador a trajetória da artista, tornando possível a compreensão de sua jornada mesmo para aqueles que não conhecem o trabalho de Britney.

Sob a direção de Erin Lee Carr, com a colaboração de textos produzidos por Sloane Klevin, Britney vs. Spears é praticamente ausente de trilha sonora, com imagens muito bem editadas por Jason Sager e Tim K. Smith, além da boa direção de fotografia dos depoimentos, assinada pela dupla formada por Megan Stacey e Shane Sigler. Daniel Rutledger, responsável pelos efeitos visuais e gráficos, torna a experiência mais fluente, com informações não transmitida apenas por meio dos depoimentos, mas pela investigação narrada pela dupla de produtoras. É um trunfo estético e narrativo, um tanto moroso em alguns breves trechos por retratar aspectos metodológicos de análise de dados que deixam o tom pop e esfuziante de Britney Spears de lado, afinal, não é a proposta falar do excelente desempenho da artista nos palcos, mas analisar as imbricações de sua vida pessoal e profissional, chacoalhados pelo lado nocivo da sociedade do espetáculo contemporânea, ávida por novos escândalos oriundos deste novela que parece não encontrar um fim, cheia de conflitos e crises envolvendo interesses financeiro e família tóxica.

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Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.

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Netflix anuncia regras para compartilhamento de senha

Ainda não há informação de quando essas regras começarão a valer para o Brasil

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A Netflix anunciou nesta terça-feira (23) que vai cobrar um adicional para usuários que compartilham suas senhas da plataforma com outras p

A plataforma de streaming Netflix, anunciou novas regras para compartilhamento de senhas entre os seus assinantes. As medidas começaram a ser implementadas na quarta-feira (8) no Canadá, Nova Zelândia, Portugal e Espanha. Ainda não há informação de quando essas regras começarão a valer para o Brasil.

Segundo a plataforma, a conta somente poderá ser usada em uma única residência. Será preciso configurar a “localização principal” na plataforma para que assinantes que morem juntos possam usar a mesma conta.

Para quem divide a conta mas moram em residências diferentes, haverá opção de transferir o perfil para uma nova conta, com o histórico, recomendações e a lista de conteúdos preservados.

A Netflix terá uma nova seção para “gerir acessos e dispositivos”, em que o assinante poderá controlar quem tem acesso à sua conta Netflix. A plataforma afirma que os assinantes poderão continuar usando a conta em celulares e dispositivos pessoais.

A plataforma também vai oferecer a opção de compra de um “assinante adicional” —em Portugal, o preço é de € 3,99, ou R$ 22, em que podem ser adicionadas até duas contas para pessoas que vivem fora da residência principal.

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Morre Stephen Greif, ator de ‘The Crown’, aos 78 anos

Greif começou a carreira nos anos 60, quando chegou ao sucesso nos palcos e nas telas

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Morreu nesta segunda-feira (26) o ator de The Crown, Stephen Greif, aos 78 anos. Um representante do artista confirmou a informação. A causa  
Foto: Divulgação

Morreu nesta segunda-feira (26) o ator de The Crown, Stephen Greif, aos 78 anos. Um representante do artista confirmou a informação. A causa da morte não foi divulgada.

Ele deu vida ao presidente da Câmara dos Comuns, Sir Bernard Weatherill, na quarta temporada da série e também se destacou em outras séries como “The Bill” e “Blake’s 7”.

Greif começou a carreira nos anos 60, quando chegou ao sucesso nos palcos e nas telas, recebendo diversos prêmios, como o Olivier, em 1979, por viver Biff em ‘Death of a Salesman’ do National Theatre.

O ator também se destacava pela voz. Fez trabalhos como narrador em vários games (como “Total War”, “Shadows: Awakening” e “Greedfall”) e em produções da TV (“Elliot da Terra”, “Doctor Who”).

Fonte: G1

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Netflix passará a cobrar pelo compartilhamento de senha

O primeiro país a ser implantada a ação vai ser os Estados Unidos e deve chegar nas demais regiões em seguida

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A Netflix anunciou nesta terça-feira (23) que vai cobrar um adicional para usuários que compartilham suas senhas da plataforma com outras p

A Netflix anunciou que vai cobrar uma taxa para o compartilhamento de senha dos usuários no início de 2023. O primeiro país a ser implantada a ação vai ser os Estados Unidos e deve chegar nas demais regiões em seguida. As informações são do The Wall Street Journal.

No início da transição, a empresa enviará mensagens para quem usa senhas alheias sugerindo que essas pessoas paguem por isso. Mais de 100 milhões de pessoas utilizam os serviços da Netflix com contas de terceiros.

A Netflix atingiu 2,4 milhões de assinantes no terceiro trimestre de 2022. A informação é do próprio streaming, que lidera desde seu lançamento, em 1997, como a plataforma favorita dos internautas. Atualmente, mais de 100 milhões de pessoas têm acesso ao catálogo da Netflix com contas de terceiros.

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