Internacional
Ex-secretária de 96 anos é presa após fugir do julgamento
Irmgard Furchner tinha 18 anos quando trabalhou no campo de concentração de Stutthof, na Polônia ocupada pelos nazistas

Uma mulher de 96 anos que trabalhava como secretária de um comandante de um campo de concentração nazista foi presa após tentar fugir de seu asilo e perder o início de seu julgamento no norte da Alemanha.
Irmgard Furchner, que tinha 18 anos quando começou a trabalhar no campo de Stutthof na costa do Báltico, na Polônia ocupada pelos nazistas, deveria ser julgada na quinta-feira (23), sob a acusação de ajudar e encorajar o assassinato de milhares de prisioneiros.
Depois que ela não compareceu, o porta-voz do tribunal Frederike Milhoffer disse que um mandado de prisão havia sido emitido. “Ela saiu de casa de manhã cedo em um táxi em direção a uma estação de metrô”, disse Milhoffer.
Furchner não foi muito longe. Na tarde de quinta-feira, Milhoffer anunciou que ela havia sido pega e que um médico estava avaliando se sua saúde permitiria que ela fosse detida.
As acusações não podem ser lidas a menos que Furchner, que enfrentará julgamento no tribunal de menores por causa de sua pouca idade na época dos crimes alegados, esteja presente no tribunal pessoalmente. A próxima audiência está marcada para 19 de outubro.
Sobreviventes do Holocausto, alguns dos quais foram presos no campo que ficava perto da cidade portuária de Gdansk, deveriam comparecer ao julgamento no tribunal distrital de Itzehoe, perto de Quickborn, ao norte de Hamburgo, para testemunhar sobre suas experiências.
Furchner é acusada de ajudar e encorajar assassinato em 11.412 casos, bem como cumplicidade em 18 casos de tentativa de homicídio. Ela é a primeira mulher a ser julgada em décadas por crimes relacionados ao Terceiro Reich.
O processo contra ela está sendo aberto como resultado do julgamento de John Demjanjuk, um ex-guarda do campo de concentração de Sobibor, que em 2011 foi condenado por auxiliar e incitar o assassinato de 28.000 pessoas, estabelecendo um novo precedente legal. O juiz da época disse que por menor que fosse o papel de uma pessoa, desde que pudesse ser provado que ela havia sido uma “engrenagem” da “máquina de destruição”, ela poderia ser responsabilizada pelos crimes cometidos.
A decisão abriu a porta para mais processos. Em 2016, Oskar Gröning, de 94 anos, que trabalhava como contador em Auschwitz, foi condenado a quatro anos de prisão por sua participação no assassinato em massa sistemático de milhares de pessoas no campo. No mesmo ano, Reinhold Hanning, 94, um guarda em Auschwitz, foi condenado a cinco anos de prisão por seu envolvimento. Demjanjuk, Gröning e Hanning morreram antes de terem que cumprir suas sentenças, enquanto aguardavam o resultado de seus recursos.
Outro ex-guarda de Stutthof, Bruno Dey, foi sentenciado a dois anos de liberdade condicional por um tribunal de menores em julho de 2020 e não apelou. Ele aceitou sua culpa e expressou remorso. Ele ainda está vivo.
Os promotores no julgamento de Furchner terão que provar se e em que medida o primeiro secretário do comandante do campo Paul Werner Hoppe, um major da SS, a principal organização paramilitar de Adolf Hitler, contribuiu para os assassinatos em massa que ocorreram lá.
Em sua folha de acusação, os promotores afirmam que Furchner entre junho de 1943 e abril de 1945 “ajudou os responsáveis no campo no assassinato sistemático de prisioneiros judeus, guerrilheiros poloneses e prisioneiros de guerra soviéticos da Rússia, em seu papel de estenógrafa e secretária do campo comandante.”
A defesa buscará argumentar que, como alguém que estava restrito a uma mesa, encarregado de ler, classificar e escrever cartas e telegramas em nome de Hoppe, bem como enviar transmissões de rádio, mas que não se sabe ter prejudicado fisicamente aqueles no campo, Furchner não pode ser responsabilizado pelo assassinato de milhares de prisioneiros.
A acusação deve usar como prova alguns dos papéis, incluindo relatórios de ordens de deportação para o campo de concentração de Auschwitz, que ela compilou e assinou com “Di”, as duas primeiras letras de seu nome de solteira.
Como comandante do campo, as tarefas de Hoppe incluíam cumprir ordens de execução, compilar listas de deportação para Auschwitz e dar ordens de assassinato em massa por gás venenoso na câmara de gás em Stutthof.
Stutthof, 23 milhas (37 km) a leste de Gdansk, foi estabelecido pelos nazistas em 1939 como um campo de prisioneiros para civis. Posteriormente, foi transformado em um campo de concentração. Mais de 100.000 judeus e prisioneiros políticos de 28 países foram mantidos lá, 65.000 dos quais foram assassinados.
Furchner foi chamada como testemunha em julgamentos ligados a Stutthof, incluindo o de seu ex-chefe Hoppe e outros líderes SS no campo, em três ocasiões, de 1954 a 1982. Em cada ocasião, ela disse que não sabia nada sobre os assassinatos que ocorreram lá e não teve contato com prisioneiros.
Fonte: The Guardian
Internacional
Vaticano confirma morte do papa por AVC e colapso cardiovascular
A Santa Sé ainda não divulgou detalhes sobre as cerimônias fúnebres nem sobre os próximos passos com relação à sucessão papal

Um boletim médico oficial divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Vaticano informa que o papa Francisco foi vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), seguido por coma e colapso cardiovascular irreversível.
O relatório de óbito é assinado pelo professor Andrea Arcangeli, diretor da Direção de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano. A morte foi constatada por meio de registro eletrocardiotanatográfico, método que identifica o momento exato da parada cardíaca (7h35 no horário local; 2h35 no horário de Brasília).
O documento também informa que o papa apresentava histórico clínico de insuficiência respiratória aguda, pneumonia multimicrobiana bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo 2.
“Declaro que as causas da morte, segundo meu conhecimento e consciência, são aquelas indicadas acima”, afirmou Arcangeli no relatório.
A Santa Sé ainda não divulgou detalhes sobre as cerimônias fúnebres nem sobre os próximos passos do Vaticano com relação à sucessão papal.
Fonte: Agência Brasil
Internacional
Papa Francisco morre aos 88 anos, nesta segunda (21)
Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história

Morre o Papa Francisco, aos 88 anos. O anúncio foi dado, com pesar, da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminêcia, o cardeal Farrell, com as seguintes palavras:
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã (2h35 horário de Brasília), o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja.
Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.
Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
Neste domingo (20), o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, deixando sua última mensagem para a Igreja e o mundo.
Nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Ele também foi o primeiro pontífice da era moderna a assumir o papado após a renúncia do seu antecessor e, ainda, o primeiro jesuíta no posto.
Internacional
Trump toma posse com discurso protecionista e de combate à imigração ilegal
O presidente dos EUA reafirmou a intenção de retomar o Canal do Panamá reiterou que o Golfo do México passará a se chamar Golfo da América

Por cerca de 30 minutos, Donald Trump fez nesta segunda-feira (20) seu primeiro discurso como novo presidente dos Estados Unidos. Ele reafirmou a intenção de retomar o Canal do Panamá e de combater a imigração ilegal no país, em especial a partir da fronteira com o México. O Golfo do México, reiterou Trump, passará a se chamar Golfo da América.
O presidente afirmou que declarará emergência nacional de energia, de forma a retomar, em larga escala, a produção de fontes não sustentáveis, em especial petróleo e gás, para garantir as reservas estratégicas do país, bem como a disponibilização de energia para as indústrias norte-americanas. E prometeu também revogar obrigações de cunho ambientalista em favor de veículos elétricos, de forma a manter o compromisso com as montadoras de veículos com motores à combustão.
Trump voltou a afirmar que, para proteger os trabalhadores americanos, pretende tributar produtos com origem em outros países. Reiterou alguns de seus posicionamentos contrários à chamada ideologia de gênero, dizendo que “há apenas dois gêneros: o masculino e o feminino”, e que porá “fim à política de tentar fazer engenharia social da raça e do gênero, promovendo uma sociedade que será baseada no mérito, sem enxergar a cor”.
Imigração ilegal
“Toda entrada ilegal será imediatamente impedida, e iniciaremos processo de devolução de milhões de imigrantes ilegais a seus países de origem. Restabeleceremos a política do ‘fique no México’ e porei em prática a lei de prender e deportar. Tropas serão enviadas para o sul para dificultar a entrada em nosso país. Além disso, vou designar os cartéis [de drogas] como organizações terroristas internacionais”, discursou o presidente, que, pela segunda vez, assume a Casa Branca.
Trump acrescentou que vai retomar uma legislação de 1708 sobre imigrantes, pela qual seu governo poderá utilizar todas as forças de segurança pública para “eliminar gangues” que praticam crimes em cidades e bairros norte-americanos. “Como comandante chefe, não há responsabilidade maior do que defender nosso país de ameaças e invasões. Farei isso em um nível nunca antes visto em nosso país”, disse ele, ao afirmar que, em breve, alterará o nome do Golfo do México para Golfo da América.
Poderosa e respeitada
O novo presidente disse que fará os Estados Unidos retornarem a seu lugar como a nação mais poderosa e respeitada do mundo. “Teremos a maior força armada que o mundo já viu”, afirmou.
Tump lembrou que o Canal do Panamá foi uma obra americana cedida àquele país, ao custo de 38 mil vidas perdidas durante sua construção. “Depois disso, fomos tratados de forma cruel, após oferecermos esse presente que jamais deveria ser dado. O espírito desse presente foi totalmente violado, com sobretaxas aos navios americanos. Não fomos tratados de forma justa, sobretudo pela China, que opera o canal. Por isso, vamos tomá-lo de volta”, prometeu.
“Minha mensagem hoje é de que é hora, mais uma vez, de agirmos com coragem, vigor e com a vitalidade das maiores nações da história”, complementou.
Energia
Trump anunciou que, ainda nesta segunda-feira, vai declarar emergência nacional da energia, com o objetivo de diminuir preços e ajudar setores industriais do país, além de recompor as reservas estratégicas de petróleo.
“Seremos mais uma vez um país industrial, com maior quantidade de petróleo e gás do que qualquer outro país. Diminuiremos os preços e preencheremos novamente nossas reservas estratégicas. E exportaremos nossa energia. Seremos novamente uma nação rica com o ouro negro que está sob nossos pés”, disse.
“E vamos pôr fim a acordos verdes. Vamos revogar as obrigações sobre veículos elétricos, salvando nossa indústria automotiva e mantendo compromisso com nossas montadoras”, acrescentou.
O presidente prometeu fazer, em breve, uma reforma do sistema de comércio “para proteger os trabalhadores e as famílias americanas. Por isso, em vez de tributar nossos cidadãos, estabeleceremos tarifas para outros países.”
Era de ouro
“A era de ouro dos Estados Unidos começa agora. Daqui em diante, nosso país florescerá e será respeitado. Seremos invejados por todo mundo, e não permitiremos que ninguém tire vantagem da gente. Colocarei a América em primeiro lugar”, afirmou.
Segundo Trump, os EUA enfrentam uma crise de confiança “após um establishment corrupto e radical, onde os pilares foram rompidos, dificultando o enfrentamento de crises simples”, em referência a problemas como o incêndio que assolou Los Angeles. Criticou também o sistema de saúde que não atuou de forma satisfatória em situações de desastre e o sistema de educação “que faz nossos alunos odiarem nosso país”.
“Mas tudo mudará rapidamente a partir de hoje”, afirmou Trump. “Minha vida foi salva para tornar a América grande novamente”, acrescentou, ao lembrar o atentado de que foi vítima durante a campanha eleitoral.
No discurso de posse, Donald Trump também reiterou a defesa da liberdade de expressão, algo que, segundo ele, foi colocado em risco pelo governo anterior.