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Clássicos da Sétima Arte

O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger

É necessária uma breve recapitulação do personagem na cultura cinematográfica entre os filmes de 1984 e 1994. Confira!

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Fotos: Divulgação

Leonardo Campos

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger, lançado em 1994, o filme ponto de partida comemorava dez anos. O personagem havia passado por um extenso processo de desgastes no bojo da cultura pop e da indústria cultural, seara de produção que esmiúça tanto um tema ao ponto de qualquer tentativa de retorno ser enfrentada como algo repetitivo ou desnecessário. Com a sétima narrativa da franquia A Hora do Pesadelo, o veterano foi sábio ao desconsiderar qualquer coisa entre os capítulos dois e seis, tendo como foco a atriz que interpretou a final girl Nancy e os desdobramentos de Freddy Krueger em sua carreira. Antes de adentrar na análise da produção, creio que seja necessária uma breve recapitulação do personagem na cultura cinematográfica entre os filmes de 1984 e 1994.

No primeiro, Freddy começa a matar os jovens da Rua Elm Street e Nancy, juntamente com os seus amigos, busca uma alternativa de driblar os planos do monstro. Na continuação, o assassino dos pesadelos possui um jovem para fazê-lo cometer os seus crimes na “realidade”. Em sua terceira incursão, Freddy entra em combate com Nancy num hospital psiquiátrico, interessado em matar os sobreviventes da Rua Elm Street, enviados para o local numa tentativa dos familiares de salvaguardar as suas vidas ameaçadas. Ao longo do quarto filme, Freddy precisa enfrentar uma jovem com a sua trupe, os “guerreiros dos sonhos”, antecipação para o quinto filme, banal, ao retratar Krueger a atacar suas novas vítimas por meio dos pesadelos do feto da protagonista. No “último” embate, Freddy usa um sobrevivente de Springwood para descobrir o paradeiro de sua filha, jovem com novo nome e única a ter a capacidade de trancá-lo no inferno definitivamente.

Diante do exposto, temos bastante dispersão, narrativas burlescas demais, tentativas de humor que não funcionaram e a transformação do personagem numa piada ruim do cinema. Foi engajado com esta possibilidade de torná-lo mais forte e intenso que o realizador concebeu o retorno de Freddy Krueger. Tão magnético e instigante quanto o primeiro filme da franquia, a sétima incursão é um dos melhores exercícios da metalinguagem de toda a história do cinema, não apenas do subgênero slasher, mas numa análise mais panorâmica. Em parceria com Kevin Williamson, o cineasta Wes Craven adentraria dois anos depois no universo de Ghostface, outra obra-prima do cinema nos anos 1990, mas antes disso, fez muito bonito com o resgata de Freddy depois de tantas continuações ruins. Ao longo de seus 112 minutos, O Novo Pesadelo – O Retorno de Freddy Krueger não foca nas gravações de bastidores, erros e acertos da câmera, composição e contratação de elenco, dentre outras situações comuns de filmes metalinguísticos.

O seu foco é o impacto da ficção na vida dos atores que se tornam celebridades e como as fronteiras entre o que é realidade e o que é ficcional transforma-se em uma zona assustadoramente tênue. Também responsável pelo roteiro, Wes Craven nos conta a trajetória de Heather (Heather Langenkamp), uma mulher que se casou com Chase Porter (David Newson) e tem um filho, Dylan (Miko Hughes). Enquanto o marido exercer a função de supervisor de efeitos especiais para cinema, ela vive a temporada de mãe em tempo integral. Em Los Angeles, Heather precisa lidar com alguns terremotos frequentes, alegoria para a sua vida pessoal e estado psicológico, abalada pela presença constante de um fã obcecado que a liga constantemente e entoa a famosa música tema de Freddy Krueger, cenas que são acompanhadas pela condução musical de J. Peter Robinson na atmosférica trilha sonora.

Cansada disso tudo, a atriz decide que precisa ficar o mais longe de tudo isso, isto é, sem contato com pessoas e situações da vida midiática. A abertura do filme, no entanto, nos reforça que as coisas não serão tão fáceis como imaginado. São créditos iniciais que emulam a abertura do primeiro filme. Primeiro contemplamos as mãos de alguém que constrói uma luva com navalhas. Logo mais, arranca a sua mãe e o sangue se esparrama, tendo no fundo alguém que grita “corta”. Sabemos, então, ser os bastidores de um filme de terror. A situação entra em descontrole quando a mão se movimenta sozinha e sai perambulando por trechos do set de filmagens, até chegar em um dos membros da equipe e matá-lo violentamente. A histeria é seguida de Heather despertando de seu pesadelo, com a casa sacudida por um abalo sísmico violento.

Há uma sensação estranha em torno de sua realidade, algo que será reforçado apenas adiante, com a chegada de Freddy Krueger a se apresentar, maquiado pela equipe de Howard Berger, excepcional em seu trabalho, reforçado pelo design de som supervisionado por Paul B. Klay, cuidadoso no tilintar as garras do antagonista que é uma ameaça sobrenatural, mas também faz estragos físicos. Ainda não sabemos quais são os planos de Freddy Krueger, mas tudo indica que será engajado para uma batalha épica. A trama continua com os demais conflitos na vida da personagem. Ela é constantemente citada na TV, o seu filho, Dylan, sofre de sonambulismo e apresenta comportamento instável, com algumas crises preocupantes. Tudo fica ainda pior quando o seu marido morre num acidente de carro provocado no retorno de uma viagem.

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Dizem que ele dormiu no volante, mas Heather desconfia de outra versão, principalmente depois que pede para ver o cadáver. Há algo estranho, como se o personagem da ficção estivesse presente na vida real, trajado pelos figurinos de Mary Jane Fort, eficientes na concepção do monstro para a nova era. Destaque também para a direção de fotografia de Mark Irwin, cuidadosa na captação dos espaços, bem como no posicionamento dos personagens e na iluminação de algumas passagens, em especial, na assustadora peça que um programa televisivo faz com Heather durante uma entrevista, ao levar Robert Englund para brincar com a atriz e divertir a plateia.  Convidada para voltar aos filmes, Heather demonstra desinteresse.

Assustada com tudo que acontece em sua volta, ela decide conversar com Wes Craven, o diretor do primeiro filme em que atuou. Eles refletem a condição do personagem, o legado da série e o cineasta diz que talvez Freddy Krueger tenha ganhado força descomunal e saído das malhas ficcionais para exercer o seu papel demoníaco na realidade. Aterrorizada e com ameaças cada vez mais próximas, tal como a morte de Julie (Tracy Minderdorff), cena muito bem orquestrada e que referencia Tina, a ser arrastada pelas paredes no primeiro filme, Heather precisa lutar pela sua vida e para conter Krueger e suas garras afiadas, focadas em agarrar o filho da atriz para atrai-la ao seu reinado de terror. Serpentes, fogo, espaços sinuosos, armas brancas afiadas e outros itens do design de produção de Cynthia Kay Charette transformam o último ato numa representação visual formidável do que pode ser considerado o espaço cênico de um pesadelo.

Com situações que beiram o pesadelo e a realidade, perseguições de todos os lados, das sobrenaturais aos elementos reais que a pressionam, a final girl de 1984 cumpre o seu papel protagonista e aceita o embate com Freddy ao adentrar em seu mundo infernal, num desfecho empolgante e com o final já esperado pelo público: o enjaulamento do antagonista nas profundezas, com retorno apenas no crossover com o monstro de Sexta-Feira 13, lançado em 2003, o exagerado e divertido Freddy vs. Jason, filme desconectado do universo de Nancy, focado exatamente no legado dos seus personagens principais. Se houvesse apenas esse filme e o primeiro, Freddy Krueger seria um personagem com o mesmo legado impactante. Mesmo no exercício do papel de fãs, é preciso reconhecer que a franquia A Hora do Pesadelo sobreviveria tranquilamente sem todas as continuações entre o segundo e o sexto filme, completamente descartáveis e nulos como entretenimento, tamanha a “ruindade” de suas estruturas narrativas.

Agora, vamos para uma análise em pormenores do filme, preparados?

Em seu costumeiro bom trabalho metalinguístico, Wes Craven abre O Novo Pesadelo com os bastidores de gravação do filme dentro do filme. A confecção da lendária luva e a presença do elemento fogo demonstram um paralelo com o preâmbulo da produção de 1984. Os envolvidos na empreitada testam a fotografia, os efeitos especiais e maquiagem. Esta é a tônica de todo o filme: demonstrar para o público a consciência referencial e inserir o espectador no clima nostálgico proposto pela narrativa.

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Ainda na mesma passagem, Wes Craven faz uma de suas primeiras participações, encarnando em cena o papel de diretor responsável pelo filme dentro do filme. Na imagem abaixo, Dylan é carregado pelo pai e passeia pelos bastidores. Eles sequer imaginam que Freddy Krueger está preparado para retornar, mais uma vez, agora, sob o crivo de seu papel criador.

As coisas parecem não caminhar muito bem em casa. Dylan demonstra um comportamento que será desenvolvido perigosamente ao passo que a narrativa evolui. Ameaçados pelos terremotos que assolam a cidade, algo que de fato acontecia enquanto os envolvidos filmavam O Novo Pesadelo. Na imagem com os danos causados pelo evento sísmico, uma alusão ao horror de Freddy Krueger toma conta da tela: as referências estão nas garras do antagonista, um trabalho da cenografia que ao lado da direção de arte e dos adereços, tornam o filme uma produção assertiva em sua dinâmica visual.

A protagonista Heather, a Nancy do primeiro filme, agora de volta como ela mesma, recebe ligações estranhas e precisa lidar com o comportamento estranho de seu filho. Aparentemente, o garoto é ameaçado pela presença de Freddy Krueger, entidade interessada em sair da zona em que se encontra para estabelecer o seu reino de horror na realidade. Afastada do gênero, Heather recebe trotes constantes de um fã insano, interessado em desestabilizar o seu cotidiano.

Convidada para participar de um programa televisivo, Heather debate com o apresentador o legado e o impacto cultural de Freddy Krueger. Na plateia, os fãs demonstram a afeição que possuem diante do personagem icônico. Camisetas, faixas, colecionáveis e outros produtos integram a passagem, encerrada com a chegada inesperada de Robert Englund, o intérprete de Freddy Krueger, convidado para fazer uma surpresa para a atriz que neste momento, já não se encontra tão bem diante das pequenas crises de seu filho em casa, comportamento que evoluirá para uma jornada desesperada ao passo que o filme avança. Aqui, a famosa música tema e algumas incursões da direção de fotografia emulam cenas de produções anteriores da franquia.

Após a gravação do programa, Heather reencontra Robert Englund nos bastidores, desta vez, sem os trajes e maquiagem alusivos ao antagonista Freddy Krueger. Ambos falam de perspectivas e compartilham sonhos estranhos que ocorrem com certa frequência. Em passagem pelos escritórios da New Line, a “casa” de Freddy, Heather reencontra antigos realizadores que desejam a sua presença em uma nova incursão de A Hora do Pesadelo. Krueger está morto? Sim, responde o produtor, mas os fãs querem mais e assim, os envolvidos criaram uma história nova e incrível, tendo Heather como protagonista.

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No escritório da New Line Cinema, Heather reencontra Bob Shaye, o produtor da franquia A Hora do Pesadelo. O personagem descreve em detalhes o projeto para a nova incursão de Freddy Krueger no cinema, mas Heather é firme ao dizer que não quer mais se ver vinculada aos filmes de terror. Ele expõe questões sobre cachê, visibilidade, mas a atriz não parece confortável para reencontrar o antagonista da luva com lâminas afiadas. No ambiente, a direção de arte atua forte na inserção de adereços que demonstram o extenso legado de Freddy na era da reprodutibilidade e da cultura dos fãs. Este é um dos pontos mais primorosos do filme: o cuidado com os detalhes visuais e a concepção de elementos referenciais.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

A direção de fotografia não deixa de captar, constantemente, detalhes que nos remetem ao imperioso legado visual de Freddy Krueger na cultura pop. Ainda em conversa com Bob Shaye, Heather é informada que o seu marido, também um profissional de cinema, tinha sido escalado para compor a equipe do novo filme e já trabalhava na concepção do novo protótipo da luva do antagonista, notícia que toma Heather de surpresa e a faz sair do local desconfortável.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Dylan apresenta um comportamento cada vez mais estranho e insiste em assistir ao filme A Hora do Pesadelo, como se estivesse hipnotizado pelas imagens da produção de 1984. Heather chega em casa após a reunião com Bob Shaye e encontra o filho tendo uma das crises que se tornaram habituais. Abaixo, o protótipo da nova luva de Freddy Krueger, elaborada pelo marido de Heather, figura ficcional que mais adiante, perderá a vida para o antagonista dos pesadelos.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

A angustiante sequência da primeira morte. Heather perde o seu marido. Ele retornava para casa, tendo em vista assessorar a esposa diante das crises de Dylan, mas não consegue encontrar o seu caminho por conta de um ataque de Freddy Krueger. No necrotério, Heather é levada para fazer o reconhecimento do corpo e, para sua surpresa, descobre que o principal ferimento do acidente parece realizado por garras semelhante ao que o antagonista de A Hora do Pesadelo fazia em seus filmes. Questionando a sua sanidade, a atriz começa a temer de verdade e inicia a sua jornada de enfrentamento com o maníaco dos pesadelos.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Freddy Krueger e sua astúcia: Heather não encontra paz nem no enterro do marido. Abalada, as pessoas inicialmente acham que é desdobramento do luto, mas logo adiante, a sanidade da personagem é colocada em xeque. Adiante, Dylan continua a sua jornada obsessiva e acorda no meio da madrugada para assistir ao clássico A Hora do Pesadelo. Assustada, Nancy decide intervir, mas o filho demonstra um comportamento ainda mais agressivo.

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Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Cada vez mais agressivo, Dylan é encaminhado para dormir. A direção de fotografia trabalha com tons azulados em sua iluminação, estabelecendo assim um clima soturno e onírico, definição cabal da atmosfera desta franquia sobre pesadelos mortais. Heather já está convicta do espiral de emoções que a guiará nos próximos dias. O sobrenatural se estabelece na realidade, pois conforme a imagem, o garoto assistia aos trechos de A Hora do Pesadelo com a televisão desconectada da tomada.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Freddy Krueger se aproxima e a atmosfera, ainda azulada, reforça o caráter onírico da sua presença maligna. Heather tem outro encontro com o antagonista, agora, prenúncio da montanha-russa de emoções que se desdobra até o desfecho. Dylan, em plena madrugada, caminha pela casa cantando a clássica música tema do filme e deixa a sua mãe aterrorizada. Numa manifestação inesperada, mostra todo o potencial manipulador de Freddy e fere a sua mãe com facas adaptadas em seus dedos, tal como a luva do monstro. O caminho para o hospital é garantido e neste espaço, o terror vai ganhar protagonismo com novas mortes.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Aqui, o design de produção gerencia a direção de arte e a cenografia para criar espaços que emulem os elementos visuais da franquia e crie uma identidade com as garras de Freddy Krueger, onipresente também em pequenas passagens que nos remetem ao seu reinado de terror. Na cena abaixo, Heather recebe uma ligação e a clássica cena do primeiro filme, da língua que sai pelo telefone, se repete, deixando-a cada vez mais atordoada.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Lin Shaye, irmã de Bob, o produtor, faz uma pequena participação como enfermeira no momento de atendimento de Dylan no hospital. Heather, estarrecida, procura Wes Craven para compreender o conteúdo do roteiro de seu novo filme. O diretor narra que tem tido pesadelos terríveis e o desaguar terapêutico tem sido o texto dramático. Eles debatem a presença de Freddy Krueger e, consequentemente, expõe pela metalinguagem o legado e o impacto cultural deste personagem intrigante e com presença firme na cultura pop.

Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

No hospital, a sanidade de Heather é questionada. Será que ela tem deixado o seu filho assistir aos filmes de terror que protagonizou? Num momento que faz referência ao assassinato de Tina em A Hora do Pesadelo, a babá de Dylan é impiedosamente aniquilada por Freddy Krueger, agora forte e com destreza para estabelecer o seu reinado de horror. Faltam poucos instantes para a narrativa ser encerrada e Heather precisa lutar com todas as suas forças para liberar a si e ao seu filho das terríveis forças do mal desta criatura aterrorizante.

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Quando Wes Craven elaborou o projeto para o retorno para o seu irônico e sagaz antagonista das garras afiadas, O Novo Pesadelo – O Retorno

Na linha do conto popular de João e Maria, Heather segue os caminhos dos comprimidos indutores do sono para encontrar Freddy Krueger em seu território. O maligno personagem já levou Dylan e agora é o momento da batalha final. Lá, o antagonista é derrotado pelo uso do elemento que mais o deixa temeroso: as chamas ardentes do fogo, num trecho que encerra a jornada e sob o crivo de Wes Craven, é a última incursão de Freddy Krueger até o marombado Freddy Vs. Jason e a razoável refilmagem de A Hora do Pesadelo, lançada em 2010.

Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.

Clássicos da Sétima Arte

Ponte Salvador-Itaparica tem execução aprovada por unanimidade pelo TCE-BA

A corte aprovou a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato

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sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da
Foto: Joá Souza/GOVBA

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) aprovaram, por unanimidade, nesta terça-feira (11), a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato para execução das obras de construção e operação do sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da Corte de Contas, conselheiro Marcus Presidio.

“Acatamos o consenso para que possa ser realizado e assinado o aditivo contratual entre a Concessionária e o Estado, da Ponte Salvador-Itaparica. O consenso foi no sentido de análise das cláusulas econômicas e financeiras. É viável a construção da ponte, que o Estado da Bahia, juntamente com a concessionária, coloque em prática a assinatura do aditivo e que dê início às obras no prazo estipulado”, declarou Presidio.

A proposta foi elaborada pela Comissão Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos, composta por auditores da Corte de Contas, integrantes do Ministério Público de Contas, da Procuradoria-Geral do Estado, da Secretaria da Fazenda (Sefaz-BA), da Secretaria da Casa Civil, da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica.

Para o secretário da Casa Civil, Afonso Florence, “essa experiência da mediação pelo Tribunal ajudou a viabilizar essa modernização, porque tinha havido a pandemia. A paralisação de todas as atividades tinha levado ao colapso do contrato. A população baiana pode comemorar. Eu já avisei ao governador, porque ele coordenou toda a negociação pessoalmente. 75% de andamento da sondagem, com expectativa de conclusão agora em março. Mas, a nossa expectativa é que agora a obra ganhe a velocidade”.

O presidente do TCE falou sobre o que motivou as mudanças em contrato. “Houve uma pandemia logo após a assinatura do contrato em vias do leilão da ponte. Por isso, há uma defasagem muito grande em termos financeiros e o Estado vinha, de lá em 2020 para cá, em discussões para que chegassem ao consenso, para que esses valores fossem elevados e compensados. Então, depois de profundas análises e discussões entre as partes, entre a concessionária, entre o Estado, o Tribunal de Contas chega à conclusão que financeiramente ainda é vantajosa para o Estado da Bahia manter esse contrato para que a ponte possa ser construída”.

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Os participantes da sessão classificaram o momento como um feito histórico. Compareceram a procuradora-geral do Estado Barbara Camardelli Loi, os secretários estaduais da Fazenda, Manoel Vitório, da Infraestrutura, Sérgio Brito, e da Casa Civil, Afonso Florence, além dos principais dirigentes da Concessionária do Sistema da Ponte Salvador-Itaparica, entre os quais o diretor-presidente, Cláudio Brito Villas Boas e o presidente do Conselho de Administração, Lin Li. Também participaram da sessão todos os integrantes da Comissão Consensual.

Dia histórico

Depois que o conselheiro presidente concluiu a leitura do seu voto, a procuradora-geral do Estado, Barbara Camardelli ocupou a tribuna para um breve pronunciamento, quando observou que o chamado projeto da ponte é, na verdade, um equipamento de infraestrutura que permitirá o desenvolvimento socioeconômico da Bahia, salientando o papel de estimulador do desenvolvimento econômico e social que o projeto tem. “Realizar este equipamento significa transformar a Bahia e colocar a Bahia interligada e nós teremos aqui a possibilidade de pensarmos o nosso Estado como um grande espaço territorial de circulação norte, sul, leste e oeste, e que garantirá novos investimentos, com certeza, e o desenvolvimento que isso leva e causa à população”.

Para Antonio Honorato, deve ser elogiado o esforço pelo diálogo, concretizado pela instalação da Comissão de Consensualismo; a mesma linha foi seguida pelo conselheiro João Bonfim, que disse ser compreensível a necessidades das alterações no contrato, em razão das mudanças econômicas no cenário mundial e parabenizou todos os envolvidos no processo que resultou na concretização de uma proposta consensual para superar os impasses.

No seu voto, o conselheiro Marcus Presidio fez uma exposição acerca das circunstâncias que levaram à criação da Comissão para atuar de forma decisiva pela consensualidade e destacou que o esforço dedicado a esta conciliação, com manifestações favoráveis dos auditores e do Ministério Público de Contas, “encoraja os gestores a saírem da inação dos últimos anos e a prosseguirem com os investimentos planejados, os quais, ao final e ao cabo, legarão uma ponte, espinha dorsal de um ambicioso sistema, que pertencerá ao Estado da Bahia, ao povo baiano, e não a este ou àquele concessionário”.

Levando em conta as mudanças no cenário internacional, a proposta de conciliação formulada pela Comissão contemplou seis pontos principais: a alteração da Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto para 10,72% ao ano; a elevação do aporte público total para R$ 5,07 bilhões, na data base de agosto de 2024; a alteração do valor da contraprestação anual para R$ 371 milhões, nos primeiros 10 anos de operação plena, e R$ 170 milhões, no período subsequente de operação plena (do ano 11 ao 29), valores na data base de agosto de 2024; a atualização do valor do contrato para ajustar-se às alterações promovidas; a extensão do cronograma de execução das obras de cinco para seis anos; e a redução do prazo de operação efetiva de 30 para 29 anos.

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Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas acontece em Brasília

O evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028 e contou com a participação do governador Jerônimo Rodrigues

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O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas,
Foto: Henrique Raynal | CC

O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. Promovido pelo Governo Federal, o evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028, com uma programação voltada à capacitação e ao fortalecimento da governança municipal.

Antes da cerimônia de abertura, Jerônimo destacou a importância da parceria entre União, estados e municípios para o desenvolvimento das cidades e a implementação de políticas públicas. “A Bahia está aqui, reunida desde ontem, com a união dos prefeitos, a UPB [União dos Municípios da Bahia] se articulando, para avaliarmos o que podemos aproveitar de melhor nos programas do Governo Federal para o nosso estado”, afirmou o governador.

Apoio a todos

Em discurso no encontro, o presidente Lula reforçou que divergências políticas ou ideológicas não interferirão na relação entre o Governo Federal e os municípios. O presidente garantiu que nenhum gestor será prejudicado por não ter votado nele ou por não apoiar sua administração.

“Não haverá, em hipótese alguma, um banco, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BRB, o Basa ou o BNDES, deixar de atender aos interesses de um governador ou de uma cidade por questões ideológicas”, declarou ele.

Participação baiana

A presença expressiva de prefeitos baianos no evento reforçou o compromisso do Estado com o fortalecimento da gestão municipal. O encontro oferece mais de 170 atividades simultâneas, abordando temas como segurança pública, enfrentamento das mudanças climáticas, transição energética, saúde, educação e desenvolvimento regional. Além disso, os gestores municipais recebem orientações técnicas sobre financiamento, acesso a recursos federais e modelos inovadores de administração pública.

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O Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas segue até quinta-feira (13), promovendo debates e capacitações para garantir que os novos gestores municipais iniciem seus mandatos com planejamento estratégico e alinhamento às políticas públicas federais.

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Bahia ampliará investimentos para a população LGBTQIAPN+

O anúncio do Governo do Estado foi realizado durante a abertura das atividades 2025 do “Ocupa CPDD”

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Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+,
Foto: Ascom/SJDH

Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), deu início nesta quinta-feira (23), às atividades de 2025 do Centro de Proteção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD/LGBT), no Casarão da Diversidade, em Salvador.

A ação, conhecida como “Ocupa CPDD”, teve uma programação gratuita durante todo o dia, o qual incluiu apresentações culturais com performance artística de Beca Baroni e Haus Of Bushido, acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica (Enem/Encceja) e retificação de prenome e gênero.

A proposta foi promover uma verdadeira ocupação do espaço por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, público assistido pelo projeto, uma mostra das ações previstas para o biênio sob a vigência do Termo de Colaboração firmado entre a SJDH e o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (Gapa Bahia).

“O CPDD é um equipamento público, com funcionamento desde 2018, que atende pessoas LGBT vítimas de violência e/ou precisam de orientação sobre os seus direitos. Acabamos de anunciar que o Gapa passa a gerir o espaço, uma organização importante da sociedade civil que é nossa parceira na realização dessa iniciativa; além disso, comemoramos a ampliação, não só da equipe, mas dos recursos, que tivemos um incremento de 142% do valor investido nessa política pública do Governo do Estado, totalizando R$ 6,3 milhões”, afirmou o secretário da SJDH, Felipe Freitas.

Atendida no CPDD há três anos, a estudante universitária e mulher trans, Maria Estrela Felipa de Souza, 26, foi em busca hoje, de atendimento jurídico. “Vim fazer uma escuta com o serviço social referente aos meus documentos. Mudei de nome, relatei ao banco, mas continuam enviando correspondências em meu nome antigo. Tive dúvidas de como notificar a agência e agora estou sendo orientada. Gosto muito do atendimento daqui porque é o nosso público que nos escuta e acolhe. Já passei por psicóloga e outras equipes. Aqui me reconheço como sou e posso ter acesso às ações de cidadania”, explicou.

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Mais sobre o CPDD

O CPDD LGBT articula ações de prevenção às ameaças e violações dos direitos das pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, oferecendo atendimento especializado com foco na promoção de direitos e combate às violências contra a população LGBTQIAPN+. O seu funcionamento está vinculado ao Plano Plurianual 2024-2027, e dialoga com a missão institucional da SJDH de defender a dignidade da pessoa humana através de políticas públicas de acesso à justiça e de promoção e proteção dos Direitos Humanos.

Entre os atendimentos oferecidos estão acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica e cursos preparatórios para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoas trans, retificação de prenome e gênero, apoio e fomento de empreendimentos de pessoas LGBTQIA+ e acolhimento de atividades culturais ou grupos de cultura LGBTQIA+ no Casarão da Diversidade.

“Esse espaço é uma porta aberta para todas as pessoas da Bahia, que estejam aqui, que sofrem violência. Temos uma equipe multiprofissional que vai acolhê-las e encaminhá-las a partir dessa denúncia. Atividades culturais e artísticas também acontecem no espaço, para que elas possam também experimentar um lado não violento e a produção da cidadania”, comentou a coordenadora-geral do CPDD e diretora da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) Keyla Simpson.

O centro funciona no Casarão da Diversidade, localizado na Rua do Tijolo nº 8, Pelourinho, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, por demanda espontânea. A partir de abril, o CPDD terá outra unidade, em uma cidade do interior do Estado, que será anunciada pela SJDH em março. O telefone de atendimento é o 71 3321-4576/ 71 99606-5505 (WhatsApp).

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