Bicentenário da Independência
Batalhão Quebra-Ferro comanda a ‘Volta dos Caboclos’

Depois de três dias na Praça 2 de Julho, no Campo Grande, os carros emblemáticos do Caboclo e da Cabocla retornam nesta quarta-feira (5) ao Pavilhão 2 de Julho, no Largo da Lapinha, a partir das 18h. O evento, denominado “A Volta dos Caboclos”, contará mais uma vez com o trabalho de um grupo de homens que desempenham um papel essencial nos festejos pelo 2 de Julho: os integrantes do Batalhão Quebra-Ferro. Composto na maioria por servidores da Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman), esses homens assumem a responsabilidade de conduzir os carros do caboclo e da cabocla durante o desfile, no trajeto Lapinha-Campo Grande-Lapinha.
Para eles, membros do Batalhão Quebra-Ferro, a data do 2 de Julho é muito mais do que apenas um evento a ser coordenado. É uma oportunidade ímpar de se reunir, juntamente com as suas respectivas famílias, em torno de um propósito comum: honrar a história e a identidade baianas, com a responsabilidade de preservar e transmitir às gerações futuras o legado de coragem, resiliência e determinação desses heróis do passado.
No caso das imagens, o caboclo representa os bravos índios e mestiços baianos que lutaram fervorosamente pela Independência da Bahia em 1823. Já a cabocla, que se uniu às comemorações em 1849, simboliza a grandeza e o papel da Índia Paraguaçu nessa luta histórica.
Um dos membros do Batalhão Quebra-Ferro há mais de 30 anos é o supervisor da Seman Pedro Hamburgo, conhecido pelos corredores da secretaria da Prefeitura de Salvador como Tuchê. Para ele, a festa é de extrema importância para o povo brasileiro, especialmente para o povo baiano, que participou ativamente da luta e conquista da Independência.
Tuchê revelou satisfação em reviver anualmente todo o trajeto, repleto de casas enfeitadas desde a Lapinha até o Campo Grande. Apesar de ser peça carimbada na Independência, porém, não sabe dizer quando o Batalhão Quebra-Ferro começou a tomar as ruas nos festejos.
“Quando eu cheguei o Batalhão Quebra-Ferro já existia. Eu tenho mais de 30 anos que saio, mas o tempo correto eu não sei. Alguns historiadores dizem que o batalhão desfilou uma certa época, depois parou, e retornou depois. Eu não sei, pois não foi na minha época”, contou Hamburgo.
Espiritualidade
O Batalhão Quebra-Ferro também une a celebração da Independência com a devoção e a espiritualidade. Durante o desfile, orixás e caboclos são celebrados, e muitas pessoas comparecem para agradecer e fazer pedidos.
“Muitos me pedem uma flor para mim para fazer chás e, no ano seguinte, dizem que o filho ou o neto se recuperaram de alguma doença. Então a fé que as pessoas têm no caboclo e na cabocla representa muito mais até do que a Independência para eles”, contou Pedro Hamburgo.
Paixão
Raimundo Conceição é servidor da Seman e tem aproximadamente 20 anos de experiência no Batalhão Quebra-Ferro. Sua função envolve suspender os fios para a passagem dos caboclos. “O que despertou o desejo de desfilar foi estar ali na companhia e ter a motivação de estar junto do desfile”, explicou.
Já Jecivaldo Simões, com experiência de 16 anos no grupo, é um dos responsáveis por garantir a manutenção dos carros dos caboclos. Segundo ele, esses veículos antigos exigem cuidados preventivos e um trabalho constante para garantir que estejam sempre em condições adequadas para a celebração.
Responsável pela organização do Batalhão Quebra-Ferro, Paulo Teixeira, que atua na ouvidoria da Seman, fez questão de enfatizar a importância da parte cívica e do trabalho desenvolvido pelos participantes do desfile. Ele descreveu esse trabalho como “artesanal, feito à mão e com o coração”.
“É um esforço reconhecido e valorizado pelas pessoas nas ruas. É um momento em que todos se reúnem, junto com suas famílias, para participar do evento. As pessoas estão presentes do início ao fim, segurando a corda e demonstrando seu apoio. Desde as primeiras horas da manhã, já há pessoas querendo prestar suas homenagens. A continuidade desse trabalho, com o apoio da Prefeitura, é fundamental”, disse.
Valdec da Silva está engajado no desfile do 2 de julho há quase 21 anos. Para ele, a cada ano que passa, a compreensão e o amadurecimento sobre o significado dessa data histórica se aprofundam. Ele alertou a importância de manter viva essa tradição e considera o desfile do 2 de Julho como uma religião.
Bicentenário da Independência
Cortejo Artístico celebra Dia da Cultura Popular com desfile
A Funceb comemorou a data com um desfile Sob o Sol da Liberdade pelas ruas do Centro Histórico de Salvador

Em comemoração ao Dia da Cultura Popular, a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), através do Centro de Formação em Artes (CFA), realizou, nesta terça-feira (22), o Cortejo Artístico Sob o Sol da Liberdade, que percorreu as ruas do Centro Histórico de Salvador. A celebração amplia também as homenagens pelo bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, enaltecendo a diversidade cultural do estado. Atualmente, 1500 crianças e jovens participam da Escola de Dança da Funceb, seja em cursos preparatórios, técnicos ou nos cursos livres.
O cortejo contou com 19 alas, alinhadas com os princípios da decolonialidade, trazendo para o foco de seus processos criativos e apresentações artísticas a importância de compreender outras histórias, dando voz e espaço a outras narrativas e novas perspectivas. As alas foram formadas por cerca de 500 estudantes e professores dos cursos da FUNCEB/CFA, que abrangem as áreas de dança, teatro, música, circo e artes visuais. Participaram também integrantes de grupos culturais, como o Olodum, Banda Didá, Ilê Aiyê e Filhos de Gandhi.
A diretora geral da Funceb, Piti Canella, destacou a importância de fortalecer a cultura popular e de retomar os tradicionais cortejos no Centro Histórico, como forma de manter viva a cultura popular. “A Bahia é um estado tão grande quanto alguns países da Europa, e a gente tem 27 territórios de identidade. Então celebrar, fazer parte da educação dessas crianças, que estão aqui na escola de dança, é uma forma de saudar essa memória, essa cultura tão presente no nosso dia a dia, e sem esquecermos do passado, dessas histórias, reviver tudo isso no contexto artístico”, enfatiza a diretora.
Piti comemora ainda a retomada do evento, que aconteceu pela última vez em 2018. “O que a gente quer fazer agora é fazer uma retomada geral da cultura do país. Depois de seis anos com a cultura sofrendo, a gente quer aproveitar a alegria das crianças e celebrar um pouco com elas, reviver e mostrar que a vida pode ser alegre, festejada com o que a gente já tem, com o que somos e de onde vier”, completa, Piti Canella.
Este ano, Lisset Neres, 8 anos, ingressou como aluna de dança na Funceb, e participa de aulas de balé e de danças criativas, além de hip hop, capoeira, dança moderna e regional. Emocionada com sua primeira apresentação aberta ao público, Lisset diz como se sente. “Eu fico muito feliz de saber que eu estou em um lugar que tem bastante cultura, que é o Pelourinho. E saber que eu estudo aqui me deixa muito realizada”, conta a aluna.
A coordenadora do Curso Preparatório da Escola de Dança da Funceb, Rose Bárbara, explicou que o tema do projeto foi inspirado na mostra Sob o Sol da Liberdade, apresentada no TCA, em 2022, sob direção de Márcio Fidelis e Eduardo Hunter, e que a adaptação para o cortejo considerou o perfil dos alunos. “O cortejo, que já tem uma longa história na Funceb, foi pensado na faixa etária das crianças, que é de cinco a 10 anos e de 11 a 17 anos. Adaptamos as apresentações para essa caminhada pelas ruas do Pelourinho”.
Rose Bárbara destacou ainda a relevância de apresentar o cortejo nas ruas do Centro Histórico e de como a experiência colabora para o conhecimento dos estudantes dos cursos da Funceb, promovendo o intercâmbio e reafirmando o compromisso da Fundação com os movimentos culturais locais. “Vivenciar esse espaço aberto é muito importante para o aluno, porque uma coisa é dançar na sala de aula, outra coisa é dançar dentro do teatro, outra coisa é você dançar para o público em um evento de grande esfera, que envolve toda a comunidade local, além de turistas. É uma experência para aquelas crianças que têm o desejo de seguir na carreira artística”, explica Rose Bárbara.
Aluna do curso Preparatório em Dança, desde os cinco anos de idade, Émile Daiana, hoje aos 17 anos, está a uma passo de formar-se em dança. A aluna desfila na ala das Molduras, no Cortejo Sob Sol da Liberdade e fala sobre as contribuições que essas ações culturais trazem para sua formação. “Esses eventos agregam ainda mais aos nossos conhecimentos e demonstra a cultura popular, a dança para os povos. O Cortejo ajuda a diminuir o preconceito com a dança africana, por exemplo”, disse Émile.
Bicentenário da Independência
Eduneb lança coletânea sobre guerra na Bahia pela Independência do Brasil
A obra, no formato e-book, é composta por 14 textos inéditos de pesquisadores da Bahia, de outros estados do país e do Canadá

A Editora da Uneb (Eduneb) vai lançar a coletânea Bahia, 2 de Julho: uma guerra pela Independência do Brasil, no formato e-book, nesta quarta-feira (26), às 16h, no Teatro Uneb, Campus I, em Salvador.
Organizada pelas docentes Maria das Graças Leal, Virgínia Barreto e Avanete Sousa, a obra é composta por 14 textos inéditos de pesquisadores da Bahia, de outros estados do país e do Canadá, a partir de estudos historiográficos sobre a luta da Independência do Brasil na Bahia, que teve seu desfecho no dia 2 de julho de 1823.
Os textos abordam aspectos da história social, cultural, econômica, política e religiosa da época; tratam de temas como a escravização e questões de gênero, além de figuras como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Felipa, e representações de festividades comemorativas do acontecimento histórico.
“No mês e ano em que comemoramos o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, essa edição é uma contribuição da Editora da Uneb para a ressignificação e disseminação da real história dessa luta, evidenciando nela o papel decisivo do povo baiano. Uma obra que impressiona pelo seu conteúdo e pela sua beleza estética. Concebida para tocar o coração dos brasileiros”, destaca Sandra Soares, diretora da Eduneb.
Segundo Maria das Graças Leal, a coletânea é “um espaço de reflexão historiográfica sobre a Independência na Bahia. Distribuída em cinco partes, compostas por textos de historiadores e historiadoras, a obra discute os contextos de transformações político-institucionais, econômicas, culturais, sociais e simbólicas, valorizando o importante marco fundador da história baiana e nacional. Também valoriza, por meio de obras literárias e imagéticas, a riqueza artística de autoras e autores baianos que produziram representações em torno da temática da Independência”.
A edição tem curadoria artística de Marielson Carvalho e conta com ilustrações de artistas de diversos estilos e técnicas, pinturas, grafismos, fotografias, cordel, poema e crônica, evidenciando a diversidade estética da cultura baiana e nacional.
A publicação é uma parceria da Editora da Uneb (Eduneb) com a produtora cultural Mwana Produções, contando com patrocínio da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) e do Governo do Estado, por meio do programa Fazcultura.
O projeto da obra, aprovado no Fazcultura, prevê a impressão de mil unidades do livro, inicialmente, a serem distribuídas gratuitamente em bibliotecas comunitárias e escolares, universidades, para parceiros, patrocinadores e equipe envolvida na criação da obra.
Bicentenário da Independência
Exposição destaca personagens na luta pela Independência do Brasil
A visitação pode ser feita desta quarta (19) até 27 deste nês, das 9h às 17h30, no Espaço Caixa Cultural, na Rua Carlos Gomes

Maria Quitéria, os Encourados de Pedrão, Joana Angélica, o Corneteiro Lopes e até mesmo o Caboclo e a Cabocla. Todos eles estão retratados na mostra “Verdade e Liberdade – A Saga Baiana da Libertação Nacional”. Através de elementos como fotos, vídeos, instalação, música e figurinos serão apresentados os personagens baianos que fizeram parte da luta contra o domínio português. A abertura aconteceu nesta terça-feira (18), com a presença do governador Jerônimo Rodrigues e da presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Rita Serrano. A exposição representa a culminância das celebrações pelo Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, e revivem esse momento histórico.
De acordo com o governador Jerônimo Rodrigues, exposições como essa têm grande relevância por apresentar um pouco mais da história do Brasil e da Bahia, e é uma forma de a população ter mais acesso à cultura gratuitamente. “A exposição conta a verdade da libertação do Brasil na perspectiva de baianos, de brasileiros, que por cada canto desse país, fez um motim, uma rebelião, uma revolta, para que a gente pudesse ser um país independente. Mas, a exposição também nos mostra que a autonomia não é totalmente completa. A gente precisa se libertar do preconceito, da pobreza, da fome. Vamos incluir as escolas nas visitações, para os alunos estarem mais próximos”, afirmou Jerônimo.
O curador da mostra, Ricardo Carvalho, explica o processo de composição da exposição. “A ideia foi trazer a independência do Brasil na Bahia para os dias atuais. Porque a gente não pode pensar a história como algo que ficou parado no tempo. Queremos mostrar o quanto esses personagens estão absolutamente vivos, permanentes no espírito do povo baiano”.
Gratuita, a visitação pode ser feita desta quarta-feira (19) até 27/08, das 9h às 17h30, no Espaço Caixa Cultural, que fica Rua Carlos Gomes, no Centro de Salvador. Com fotografias de Armando CR, Amanda Tropicana, Pedro Nunes, Elis Tuxa e Marcos Socco e poesias de Maviael Melo, a mostra narra, de forma subjetiva e afetiva, os personagens, além de apresentar os locais históricos onde os fatos ocorreram, revelando a contemporaneidade dos sítios urbanos e rurais. Um vídeo mapping produzido pelo VJ Davi Gabiru, com narração do jornalista José Raimundo, vai contar detalhes da luta pela Independência.
A presidente da CEF, Maria Rita Serrano, destaca a importância da Caixa Cultural em realizar uma exposição mostrando os personagens importantes que marcaram a luta pela Independência. “Resgatar isso através da cultura é importante para valorizarmos a nossa história. Por isso, estamos com várias exposições itinerantes pelo país”.
Programação alternativa
Em paralelo à exposição, nos dias 19, 20 e 21 de julho serão realizadas outras atividades nas dependências da Caixa Cultural Salvador relacionadas com as celebrações pelo Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. Nestes três dias, vai ocorrer o seminário “Do Grito à Liberdade”, contando com sete mesas temáticas. A programação será encerrada com a apresentação musical da cantora Marcia Short na sexta-feira (21), às 20h. As inscrições para as atividades podem ser realizadas no site caixacultural.gov.br.
-
Serviçoshá 3 dias
Vagas de emprego para esta sexta-feira (6)
-
Serviçoshá 3 dias
Simm oferece 289 vagas para esta sexta-feira (6)
-
Infraestruturahá 3 dias
Ponte sobre Rio Jequitinhonha será reaberta para veículos leves
-
Segurançahá 3 dias
Governador promove oito policiais e bombeiros militares a coronel