Olhar do Viajante
Turismo consciente – 10 ações para colocar em prática
O turismo quando não é feito de forma responsável contribui para prejudicar os lugares e as pessoas que lá vivem


Flavia Requião – Consultora de viagens
Em geral, o turismo consciente é aquele que fazemos quando já temos a consciência de que, ao viajarmos, impactamos, de alguma maneira, o meio ambiente e a comunidade local do destino visitado. Mas não basta ter a consciência, precisamos colocar em prática aquilo que realmente acreditamos ser o melhor, mesmo que não seja o que a maioria faz.
Você sabia que nem sempre o turismo traz benefícios para os lugares que visitamos? O turismo, quando não é feito de forma responsável, ao invés de beneficiar o destino, contribui para prejudicar os lugares e as pessoas que lá vivem.
O turismo consciente se baseia nas três bases do desenvolvimento sustentável: O econômico, o social e o ambiental. Isso significa que as iniciativas do turismo consciente têm o objetivo de proteger o patrimônio natural e cultural, trazendo benefícios sociais e econômicos às comunidades locais.
Um exemplo disso, é quando visitamos lugares onde a natureza é quase intocada. Sem dúvida, é uma experiência incrível, mas sem a adoção de certos cuidados durante a visita, toda beleza do lugar corre risco de desaparecer. Já o “overtourism”, um termo muito falado hoje em dia, que quer dizer turismo massivo, é um problema que vem afetando vários destinos e prejudicando principalmente o meio ambiente.
Mas que atitudes e comportamentos, nós, como turistas, podemos exercitar, para, aos poucos, nos tornarmos verdadeiramente cidadãos conscientes e consequentemente turistas conscientes e responsáveis?
Dentre tantas maneiras, selecionei 10 ações que podem ajudar a nos tornarmos bons turistas:
1 – Pesquise sobre o destino que irá visitar
Informação é tudo! Quanto mais você se informa sobre o lugar que está indo, menores chances tem de a viagem dar errado. Quanto mais você souber sobre a região, suas paisagens, sua cultura e as tradições de seu povo, melhor será a sua vivência no local. Isso, com certeza, irá te ajudar a bem proceder e praticar um turismo consciente, principalmente quando visitamos destinos com culturas e hábitos bem diferentes do nosso.
2 – Tenha responsabilidade ambiental
Apesar de turismo sustentável não se resumir à ecologia, ela é uma parte importantíssima, já que a natureza é tudo. A responsabilidade ambiental deve começar a ser praticada dentro de nossa casa, mas preservar o meio ambiente quando fazemos turismo, é um dever. Se fizer passeio em meio à natureza, não recolha plantas, e principalmente, jogue o lixo no lixo. Leve sempre sua garrafinha de água, evitando comprar copos e garrafinhas descartáveis. Se puder, dê preferência a documentos e reservas digitais, ao invés de impressos, utilize a tecnologia a seu favor.
3– Não faça atividades que maltratem animais
Quando se gosta de animais, é natural que se busque conhecer e interagir com diferentes espécies durante a viagem. No entanto, quando participamos dessas atrações turísticas que envolvem animais, nem sempre temos a consciência dos problemas que estão por trás. Mesmo que, em alguns países, algumas práticas sejam regulamentadas ou culturalmente aceitas, temos que ter um olhar mais abrangente, cuidadoso, comprometido e ético. O ideal mesmo é que possamos viver a experiência com os animais, observando-os no seu habitat natural, onde a qualidade de vida deles está garantida e nossa segurança também.
4 – Respeite a cultura e as comunidades locais
Mais do que conhecer um destino e suas belezas, conhecer o seu povo, seus costumes e como eles vivem, nos ajuda a respeitar a cultura e as diferenças. Por isso, além da informação prévia sobre o destino, é muito importante ter um guia local, ou o ponto de turismo para se informar sobre o que é permitido e aceito naquele lugar. E sempre procure valorizar o patrimônio cultural.
5 – Compre produtos locais e apoie comunidades
Uma maneira de exercitarmos o turismo consciente é dando preferência a adquirir produtos, alimentos e artesanatos feitos pelas comunidades locais. Desta forma estamos apoiando e incentivando tanto financeiramente, quanto contribuindo para que a cultura daquele local seja reconhecida e valorizada.
6 – Opte por destinos menos massificados
É claro que os grandes ícones do mundo normalmente estão no sonho de viagem de muita gente, e não digo que esses lugares não devam ser visitados, mas uma forma de fugir do “overtourism”, é visitá-los fora dos períodos de alta temporada. Em contrapartida, temos uma infinidades de destinos incríveis mundo a fora, ainda pouco conhecidos e que não estão na rota do turismo de massa.
7 – Prefira viajar fora da alta temporada
Como já foi mencionado, em alta temporada, seja qual for o destino, normalmente o turismo será massificado. Se houver a possibilidade de viajar nos períodos de meia ou baixa temporada, além de ser mais econômico, você não irá enfrentar superlotações, preços inflacionados de produtos e serviços e poderá aproveitar com muito mais tranquilidade o destino, além de contribuir para o menor impacto no meio ambiente.
8 – Não desperdice água e energia
Não desperdice água ou energia no hotel, pousada ou outro local onde estiver hospedado. Lembre-se que a água é um bem precioso e hoje, mais do que nunca, temos que nos preocupar com isso. Evite trocar toalhas e roupa de cama de forma desnecessária e sempre desligue luz e ar condicionado quando sair do ambiente, isso ajuda a não desperdiçar água e energia.
9 – Dê preferência a estabelecimentos sustentáveis
Para haver um turismo consciente, não basta somente o turista fazer a sua parte, é preciso a adoção das práticas por parte dos empreendimentos turísticos. Hoje, é muito fácil sabermos quais empresas trabalham de maneira sustentável e as que contribuem para o turismo consciente. Os sites dos órgãos oficiais de turismo e premiações ajudam a encontrar meios de hospedagem, agências de turismo e outros negócios que sejam reconhecidos por suas práticas.
10 – Compartilhe boas ideias
E, por último, mas não menos importante, espalhe a ideia para seus amigos e para outros turistas. Ao compartilharmos boas ideias e ações responsáveis, nós estamos fazendo nossa parte.
Dessa forma, conseguimos compreender, pelo menos um pouco, porque colocar em pratica turismo consciente é tão importante, necessário e urgente. Que em nossas próximas viagens, estejamos mais atentos para ajudarmos na transformação e o desenvolvimento do destino que visitamos.
Flavia Requião é autora do Blog Olhar do Viajante e consultora de viagens da Bahia Vista Turismo
Olhar do Viajante
Lágrimas que molham as calçadas do mundo
O frio no outono de Praga, o cão fiel de olhar vazio, a mulher ajoelhada, suas lágrimas que molharam a calçada e sua dor são a repetição de fatos e suas tragédias


André Curvello é jornalista e secretário de Comunicação do Estado da Bahia
Praga, República Checa, 5 de novembro de 2024. Eu estava no centro antigo, numa rua bem próxima do belíssimo relógio astronômico. Fazia frio, com o termômetro acusando 6 graus. Um outono com temperatura rigorosa no país onde se diz que existem apenas duas estações: o inverno e a outra, que faz frio. Longe de casa, tentando me desligar da rotina e da insana velocidade massacrante da vida, observo a história e o vai e vem dos turistas extasiados diante de tanta beleza cultural e arquitetônica. Estava ainda impactado com as palavras da Cheka Alena, uma guia viúva, mãe e avó.
Ela acabara de nos levar ao bairro judeu e não escondia sua indignação ao contar a história das atrocidades do nazismo. Numa calçada, estavam cravadas placas de bronze com os nomes de moradores locais acompanhados da informação: “assassinados”. Que tristeza na história da humanidade! Tudo fruto da doença totalitária e de um falso nacionalismo sem propósito, que matou milhões de inocentes. Será que aprendemos com tudo aquilo ou será que continuamos cometendo crimes contra a humanidade?
Em meio a tantos devaneios e reflexões, pergunto a Alena se aquela mulher logo à frente é de fato uma pessoa carente e necessitada. A mulher vestida de preto estava ajoelhada, com o rosto bem próximo à calçada, acompanhada por um cão fiel e observador. Num copo de papel em frente à cabeça da mulher, depositei uma moeda de coroa checa, cujo valor não me recordo. A moeda chocou com uma outra já depositada ali. A guia me disse que tudo indicava que era, de fato, uma pessoa carente.
Voltei a me aproximar da mulher e, desta vez, depositei no copo plástico uma nota de 20 euros. A guia lhe perguntou de onde ela era, e a resposta da mulher foi um acesso de pranto, que pareceu ser acompanhado pelo seu cão. Ela aproximou mais o rosto da calçada e continuou chorando, como se suas lágrimas fossem a resposta exata.
Segui caminho rumo à ponte Carlos IV, sentindo-me muito menos do que um nada, deixando para trás uma calçada molhada de lágrimas de alguém ao frio, acompanhada de sua história e de seu cão. Tudo isso, ou apenas isso.
O bairro judeu e suas sombras, a mulher e suas lágrimas. De onde ela seria? Família? Mais uma pessoa nas ruas da Europa e do mundo. Existem ainda hoje tantas outras brutalidades que significam mortes e assassinatos. Brutalidades que dissipam famílias e interrompem a felicidade dos inocentes. Tudo em nome do preconceito, da usura, do poder pelo poder. Tudo motivado pelo ódio e pela intolerância.
A história sempre deixa lições dolorosas, as quais simplesmente insistimos em não aprender. O frio no outono de Praga, o cão fiel de olhar vazio, a mulher ajoelhada, suas lágrimas que molharam a calçada e sua dor são a repetição de fatos e suas tragédias. Mas que diferença tem para os turistas aquelas lágrimas e uma dor que eles não sentem e fingem não enxergar? Eles viajam com seus sonhos, necessidades e indiferenças. Mas a história é atenta e impiedosa.
Olhar do Viajante
Alta temporada e os protocolos de viagens
O ano inicia com notícias não tão favoráveis em relação a pandemia de Covid-19 e o seu impacto nas viagens


Flavia Requião
Verão, férias escolares, alta temporada, viagens a todo vapor, certo? Nem tanto… O período mais desejado dos viajantes ainda não é como antes.
O ano inicia com notícias não tão favoráveis em relação a pandemia de Covid-19 e consequentemente o seu impacto nas viagens.
Mesmo com um número crescente de vacinados, muitos com terceira dose e a poucos dias do início da vacinação de crianças, a chegada de novas variantes do Coronavírus, juntamente com o da Influenza, começa a comprometer os planos de viagens de muita gente.
Como as informações mudam quase diariamente, é fundamental acompanhar de perto todos os novos protocolos, além das notícias para buscar viagens mais seguras e com o mínimo de imprevistos.
Dentre as principais exigências estão:
Certificado de vacinação
Diversos países, desde o ano passado, já começaram a adotar como protocolo de entrada de turistas, o comprovante de imunização. No Brasil, inúmeros estabelecimentos em todo o país, vêm aderindo ao critério e exigindo o Certificado de Vacinação contra a Covid-19. Para as viagens rodoviárias intermunicipais na Bahia e os embarques nos cruzeiros, também, desde dezembro 2021, o certificado é obrigatório.
Formulários de saúde
De acordo com o destino de viagem, seja ela nacional ou internacional, formulários com declaração de saúde poderão ser exigidos para monitoramento de casos. É importante conferir a exigência do destino que irá viajar.
Teste PRC ou antígeno para Covid-19
Desde que as fronteiras dos países começaram a abrir, o teste PCR ou antígeno para Covid-19, passou a ser um dos principais requisitos para entrada, conforme protocolo de cada país.
Uso de máscaras específicas
O uso de máscaras, além de obrigatórias, já fazem parte do nosso vestuário atual. Porém, em se tratando de viagens, é dada uma atenção maior em relação ao tipo de máscaras aceitas, sendo exigidos modelos específicos que oferecem maior proteção e menor risco de contágio. Os principais modelos exigidos são máscaras cirúrgicas descartáveis, tipos PFF2 e N95, ambos sem válvula, modelos de tecido com tripla camada. Atenção: antes de embarcar certifique-se nos sites das companhias aéreas quais os modelos são permitidos.
Seguro de viagem com cobertura Covid-19
Os seguros de viagens, que já eram de suma importância em qualquer viagem, em alguns destinos passam a ser obrigatórios e com cobertura em caso de contágio e tratamento do Covid-19. Consulte sempre os diferentes tipos de planos e coberturas oferecidas.
E para os turistas que chegam ao Brasil, assim como os brasileiros que retornam, as exigências continuam:
- Comprovante de imunização, com vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou pela OMS, com pelo menos 14 dias antes do embarque;
- Teste PCR negativo para coronavírus feito em até 72 horas antes da viagem ou teste negativo de antígeno realizado 24 horas antes do embarque;
- Declaração de Saúde do Viajante (DSV).
Mesmo com todos os cuidados, o risco de contágio existe e por isso sempre considere que em uma viagem, principalmente internacional, a mesma poderá ser interrompida por alteração/cancelamento de serviços por motivos de força maior, além da obrigatoriedade de uma quarentena no país visitado.
Vale ressaltar, também, que mesmo com todos esses novos protocolos, não podemos nos esquecer daqueles que há quase 2 anos já nos é conhecido e já deve estar incorporado aos nossos hábitos e que contribuem para a prevenção do contágio e disseminação dos vírus, como: uso de máscara em locais públicos; lavar as mãos, usar álcool em gel 70% e evitar aglomerações.
Mesmo sem garantias, o importante é não deixar de planejar e atentar-se sempre aos protocolos e restrições atualizadas de cada país, estados, cidade, seguindo as orientações das autoridades de saúde locais para que possa aproveitar ao máximo.
Flavia Requião é autora do Blog Olhar do Viajante e consultora de viagens da Bahia Vista Turismo
Olhar do Viajante
Bagagem extraviada: se ligue nas dicas de como evitar
Essa é uma situação que causa muito desconforto, e em alguns casos, pode até arruinar a viagem


Flavia Requião
Uma das coisas que mais preocupam qualquer viajante, independentemente do destino que esteja viajando, é sua bagagem, e a possibilidade dela ser extraviada. Obviamente é uma situação que causa muito desconforto, e em alguns casos, pode até arruinar a viagem.
Como viajar é uma “caixinha de surpresas”, temos que estar preparados psicologicamente e estrategicamente para viver essas situações. Por isso o melhor remédio é a prevenção, e algumas atitudes simples fazem minimizar os riscos de problemas maiores. Vamos conferir?
1 Não deixe etiquetas de voos antigos
A primeira regra para se evitar um extravio é sempre retirar as etiquetas de voos antigos na bagagem. Na maioria vezes a bagagem é extraviada por uma falha humana, e deixar a etiqueta antiga, pode confundir os responsáveis por direcionar as malas para cada voo e destino.
2 Uma boa identificação da sua bagagem
Tão importante quanto as informações que deverão conter na etiqueta de sua bagagem, é escolher uma etiqueta com material resistente, pois no caso de sua mala ser extraviada, a etiqueta é a maneira mais eficiente de identificá-la. Outra dica importante, que vale muito a pena, é a de personalizar a sua mala. Pode ser com uma fita bem colorida ou adesivo chamativo. Investir numa capa de mala também é uma excelente opção, pois além de identificar ela protege a bagagem.
3 Coloque identificação dentro da bagagem
E como a prevenção é o melhor remédio, sempre oriento também colocar um papel com sua identificação (nome/endereço/telefone) dentro da sua mala, pois caso perca a etiqueta e apareça uma mala igual a sua, as autoridades podem abrir e identificá-la.
4 Fotografe sua mala, dentro e fora.
Fotografar sua mala por fora facilita no processo de busca e identificação numa possibilidade de perda ou extravio, já as fotos internas comprovam o que você levava nela na hora de pedir o ressarcimento, caso não encontre mais a bagagem.
5 Evitar muitas conexões ou conexões com tempo curto
Outra maneira de minimizar as chances de malas extraviadas, é dar preferência à voos com menos conexões, visto que, quanto mais troca de aeronaves, maiores são as chances da mala não embarcar no seu voo ou ficar no aeroporto. Mas, se as conexões forem necessárias, escolha aquelas com mais tempo, ao menos 3hs de um voo a outro, pois para que as bagagens sejam transferidas, é necessário um tempo hábil.
6 Chegue cedo ao aeroporto
Como é necessário tempo hábil para a bagagem chegar ao porão do avião, na hora do check-in, evite fazê-lo em cima da hora, pois suas bagagens serão despachadas com pressa, o que aumentam as chances delas serem despachadas em voo errado ou até mesmo não serem embarcadas.
7 Confira os dados de usa bagagem durante o check-in
E por fim, mas não menos importante, no momento do check-in, ao despachar suas malas, confira com atenção se a etiqueta colocada pela companhia aérea, está com seu nome, destino e número de voos corretos.
Mas se ainda assim, minha bagagem for perdida ou extraviada, o que devo fazer?
Por mais cuidado e possíveis precauções que possamos ter, o extravio de bagagem é uma realidade e pode acontecer com qualquer viajante.
Caso isso aconteça, o primeiro passo é se dirigir imediatamente ao balcão da companhia aérea e preencher o Relatório de Irregularidade de Bagagem (RIB).
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em casos de extravio de bagagem, as companhias aéreas nacionais possuem um prazo de até 7 dias para a devolução em voos nacionais, e de até 21 dias em voos internacionais.
Dentro deste período sem suas malas, o passageiro tem direito a uma compensação financeira para a compra de itens básicos. O valor desse ressarcimento, que é estipulado por cada empresa, e é válido apenas se você estiver fora do seu domicílio e mediante a apresentação dos comprovantes das compras.
Se tiver um seguro de viagem, é importante acioná-lo imediatamente, pois além da seguradora ajudar na busca da bagagem, o assegurado terá direitos a outras indenizações.
Caso as malas não sejam entregues dentro dos prazos determinados, a empresa deve indenizar o passageiro até uma semana após o período estipulado para a devolução. Esta indenização também pode ser reivindicada por meio do Procon ou de uma ação judicial.