Saúde e Bem-Estar
Patrícia Seixas fala sobre agrotóxicos e Meio Ambiente
Em conversa com a bioorganizer Patrícia Seixas, elucidamos alguns pontos sobre o uso de agrotóxicos no Brasil
![ribunal Federal (STF) derrubou trechos de um decreto de 2021 que regulamentou a lei que trata de produção, pesquisa e registro de agrotóxicos](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/06/Agrotoxicos-topo.jpeg)
Por Leonardo Campos
Semana do Meio Ambiente. Os temas atualmente são tantos, da pandemia aos problemas que acometem os nossos solos, oceanos e espécies importantes para a manutenção de ecossistemas. Hoje, falaremos sobre um tema que dialoga diretamente conosco, seres humanos, criaturas habitantes deste planeta que a cada dia atravessa um período trevoso no que concerne aos cuidados com a sua estrutura biológica.
Abordagem reflexiva importante para 2021, o uso de agrotóxicos é o tema de nosso debate para coluna Saúde e Bem-estar. Em conversa com a bioorganizer Patrícia Seixas, elucidamos alguns pontos sobre o uso de agrotóxicos no Brasil, num diálogo com o meu texto especial para o Dia do Meio Ambiente, uma análise dos documentários O Veneno Está Na Mesa Parte 1 e Parte 2.
Preparados para a empreitada? No final da entrevista, dispomos de um elucidativo podcast para vocês. Leiam, ouçam e compartilhem, combinado?
Leonardo Campos – Professora Patrícia, ao assistir os documentários O Veneno Está na Mesa Parte I e Parte II, podemos refletir sobre a grave condição do uso de agrotóxicos em nosso país. Qual a sua impressão ao terminar as duas produções?
Patrícia Seixas – Esse é um tema quente, polêmico, inquietante. Assisti os documentários várias vezes…. São produções muito impactantes do cineasta Sílvio Tendler, que mostram os graves impactos sociais e ambientais decorrentes do uso abusivo dos agrotóxicos no nosso país, relatados por agricultores e vários especialistas, onde o cineasta defende um novo modelo de agronegócio se a gente quiser continuar vivendo e salvar o nosso planeta, eliminando o uso de agrotóxicos, eliminando o uso de transgênicos e investindo em uma agricultura orgânica, respeitando e preservando a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores.
LC – A sazonalidade é um dos pontos de maior destaque nos documentários e nos textos que circulam sobre o assunto. Parece que usamos a natureza, mas não deixamos que haja o tempo para que ela se restitua para usarmos novamente. Pode comentar?
PS – Os alimentos sazonais ou também conhecidos como alimentos da época ou da estação, são aqueles que são colhidos na sua época, no tempo natural de amadurecimento daquele alimento, sem intervenção tecnológica, preservando a qualidade nutricional daquele alimento. A questão é que não deixamos a natureza trabalhar no seu tempo. Para produzir vegetais fora da época e em grande escala, a agricultura utiliza agrotóxicos, pesticidas e outros compostos químicos que aceleram o amadurecimento forçado desses vegetais, muito prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.
![Semana do Meio Ambiente. Os temas atualmente são tantos, da pandemia aos problemas que acometem os nossos solos, oceanos e espécies](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/06/3.jpeg)
Professora Patrícia Seixas, pesquisadora constante de temas atuais em biologia e organização pessoal.
LC – Como se encontra a situação dos agrotóxicos em nosso país hoje. Os documentários ainda são atuais não é mesmo?
PS – São atuais. Desde 2008, o Brasil é o país que mais utiliza e consome agrotóxicos no mundo. Em 2019, o Brasil teve um número recorde de liberação de agrotóxicos, muitos dos quais não têm registros ou foram banidos em outros países da União Europeia e nos Estados Unidos porque muitos alimentos têm número alto de resíduos de pesticidas, o que os torna impróprios para o consumo e que são consumidos aqui, mas em outros países não são e não podem ser consumidos. Sabe, parece que existe uma contradição em relação aos agrotóxicos no nosso país: aqui, há um incentivo, um estímulo fiscal para quem utiliza agrotóxicos, gerando uma contradição entre a saúde da população e a economia do país, com privilégio de quem? Da economia do país, claro.
![](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/06/Imagem-01-Alimentos-com-Agrotóxicos.jpeg)
Infográfico do Instituto Humanitas Unisinos
LC – Um dos pontos de destaque em O Veneno está na mesa 2 é o sumiço de documentos, a perseguição aos militantes e coisas do tipo. Parece que a corrupção é um problema tão grave quanto os agrotóxicos.
PS – São muitas as denúncias e pesquisas relatando que vários alimentos que consumimos têm excesso de agrotóxicos e problemas de higiene e que estão nas prateleiras sendo vendidos para consumo. Existe uma lei federal de agrotóxicos e que não é cumprida. A fiscalização comprova os absurdos, mas a impunidade continua e nós continuamos consumindo alimentos contaminados. Ai, você me pergunta. Mas, por que isto acontece? Porque as fraudes geram grandes lucros e a impunidade é praticamente certa. Somos lesados, roubados e feitos de bobos por aqueles inescrupulosos que têm poder, que enriquecem descumprindo as leis e as áreas do governo responsáveis pela fiscalização são complacentes, porque aqui no nosso país, reina a impunidade e parece que o crime compensa.
LC – Para nós, consumidores finais de muitos produtos prejudicados por agrotóxicos, como podemos diminuir os impactos em nossa higienização de alimentos?
PS – Infelizmente não é possível fazer muita coisa. O agrotóxico sistêmico, aquele que foi colocado no solo, não tem como tirar. Já o jateado, aquele colocado na superfície do vegetal, podemos reduzir uma boa quantidade lavando com uma bucha em água corrente e depois mergulhar o alimento em uma vasilha com 1 litro de água para 2 colheres de sopa de bicarbonato de sódio por 15 mim, enxaguar em água corrente e depois colocar no hipoclorito para eliminar os microrganismos, como já falamos em uma matéria anterior. Observem que são procedimentos diferentes para funções diferentes. Bicarbonato para reduzir quantidade de agrotóxicos e o hipoclorito para eliminar microrganismos.
LC – Professora Patrícia, pode comentar as propostas sobre agroflorestas? Qual a sua opinião?
PS – A agrofloresta ou sistema agroflorestal é uma prática muito antiga, porém seu conceito surgiu na década de 70. São combinações do plantio de espécies arbóreas com culturas agrícolas e/ou criação de animais, em um determinado espaço, onde todos os componentes do sistema interagem ecológica e/ou economicamente. É considerada uma das melhores alternativas para garantir a diversidade na agricultura. Ela considera a terra um ser vivo onde todas as vidas dependem dessa vida, dessa TERRA. É um sistema de agricultura em florestas onde se aprende tudo com e na natureza. Sua maior característica é produzir muitos alimentos ao mesmo tempo e em constância, trazendo inúmeras vantagens para o solo, ar e água, as quais refletem na qualidade de vida dos agricultores e até dos consumidores dos alimentos provenientes de agroflorestas. É uma proposta, sem dúvida alguma, extraordinária que cuida da natureza em sua totalidade.
LC – De volta ao processo de higienização de alimentos: quais são os alimentos que consumimos que mais são prejudicados pelos agrotóxicos?
PS – Sim… Quando se fala em agrotóxicos, a primeira coisa que vem à mente são os vegetais, certo? Porém, eles estão em outros alimentos como na soja, no trigo, no arroz, pães, leite e carnes. Provavelmente, são as carnes de animais e derivados e não os vegetais os que são mais prejudicados pelos agrotóxicos. Mas, como no Brasil, as análises sobre o teor de resíduos de agrotóxicos em alimentos são realizadas somente em vegetais, isso nos causa a falsa impressão de que os alimentos de origem animal estão livres de agrotóxicos. Mas, falando dos vegetais, os que mais são prejudicados pelos agrotóxicos são os consumidos in natura, como pepino, pimentão, morango, abacaxi, tomate, uva, alface, cenoura, laranja, mamão e maçã.
![Semana do Meio Ambiente. Os temas atualmente são tantos, da pandemia aos problemas que acometem os nossos solos, oceanos e espécies](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/06/Imagem-02-Alimentos-com-Agrotóxicos.jpeg)
Infográfico do Instituto Humanitas Unisinos
A forma de produção deles onde são colhidos com um pequeno ou nenhum intervalo de segurança entre a aplicação do agrotóxico e a colheita, gera produtos com inconformidades acima do limite permitido pela regulamentação ou por uso de agrotóxicos proibidos. Posso dar algumas dicas? Se possível, procure consumir alimentos orgânicos, com o selo de certificação. As feiras livres também oferecem alimentos de hortas e sítios de produtores locais com menos agrotóxicos. Compre alimentos frescos e da época, porque eles são mais baratos, mais saborosos e com menos agrotóxicos.
Na próxima semana, dialogaremos sobre o lado biológico do amor, haja vista o Dia dos Namorados aqui no Brasil. Aguardamos vocês na próxima semana, combinado?
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Saúde e Bem-Estar
Falta de higiene é a principal preocupação dos brasileiros na Hora H
Estudos apontam que a higiene íntima adequada é essencial não só para a saúde física, mas também para a saúde emocional durante o sexo
![levantadas — que vão desde falhas de desempenho até contrair uma IST — o medo que mais se destacou foi a falta de higiene do](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2024/10/AnyConv.com__still-life-dispenser-bottle-1.webp)
Uma pesquisa realizada com usuários do aplicativo Ysos revelou quais receios dominam a mente das pessoas na hora H. Entre todas as apreensões levantadas — que vão desde falhas de desempenho até contrair uma IST — o medo que mais se destacou foi a falta de higiene do contatinho.
A Higiene em primeiro lugar
De acordo com a pesquisa, 100% dos entrevistados admitiram ter algum nível de receio de que sua parceria não seja higiênica, e 42,9% afirmaram sentir “muito medo” disso. Essa preocupação, no entanto, é bem válida, pois a falta de higiene pode gerar desconforto, repulsa e até riscos de saúde, como infecções.
De acordo com a sexóloga Tamara Zanotelli, estudos apontam que a higiene íntima adequada é essencial não só para a saúde física, mas também para a saúde emocional durante o sexo. “Sentir-se limpo e confiar na higiene da parceria é um pré-requisito importante para uma experiência prazerosa e sem preocupações. O temor da falta de asseio pode ser um reflexo do aumento da conscientização sobre autocuidado e da popularização de discursos ligados ao bem-estar sexual”, diz.
Medos relacionados a performance e desempenho
A pesquisa também revelou que falhar na performance, especialmente no contexto de ejaculação precoce ou de não satisfazer a parceria, é uma preocupação relevante. 78,6% dos participantes demonstraram algum medo de deixar sua parceria insatisfeita, o que sugere que as expectativas em torno do prazer alheio continuam a pesar sobre as relações sexuais.
Eduardo* foi um dos entrevistados durante a pesquisa. Ele revelou que brochar ou ser vítima de desprezo ou chacota por parte do parceiro são alguns dos seus piores medos na Hora H. “Algumas vezes, durante o sexo, não consegui manter a ereção. Nas primeiras vezes foi bastante deprimente, mesmo que a outra pessoa dissesse que estava tudo bem”.
Curiosamente, 50% dos entrevistados não temem que a parceria goze rápido demais. Para Mayumi Sato, CMO do aplicativo, isso pode indicar uma mudança na forma como o prazer é negociado nas relações. “Enxergamos a hipótese de que o prazer do outro está se tornando mais central e os egoístas estão se extinguindo”, afirma.
ISTs e quebra de confiança
O medo de contrair uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) também está entre os mais expressivos. 92,7% dos participantes afirmaram ter receio de se expor a uma IST, sendo 57,1% com muito medo. “Esse dado é um reflexo direto da importância da educação sexual e da conscientização sobre práticas seguras, como o uso da camisinha”, diz Mayumi.
Por outro lado, a prática do stealthing (retirada da camisinha sem consentimento) é um medo crescente: 71,4% dos entrevistados revelaram receio de que o contatinho retire o preservativo durante a relação, com 50% sentindo muito medo. Isso reflete como questões de confiança e consentimento estão cada vez mais em pauta no campo das relações sexuais.
Limites e Intimidade: Quando o Medo é de Rir ou Gemer Demais
Alguns receios mais inusitados também aparecem nos dados. Enquanto 50% dos entrevistados não temem que a parceria dê gemidos altos demais durante o sexo, metade também não se importa em ter uma crise de riso no meio da relação. Essa leveza pode indicar uma maior aceitação dos momentos imperfeitos e humanizados do sexo, com menos pressão pela “performance ideal”.
Entretanto, o silêncio durante o sexo ainda desperta desconforto: 71,4% das pessoas demonstraram medo de que a parceria fique muda. A comunicação durante o ato é uma forma importante de conectar-se emocionalmente e, por isso, o silêncio pode ser percebido como um sinal de falta de interesse ou conexão.
Sexo anal e medo de passar vergonha
O sexo anal também é um campo que desperta inseguranças, especialmente ligadas à possibilidade de sujar a parceria, conhecido como “passar cheque”. 57,2% dos entrevistados temem sujar alguém, e 64,3% sentem mais medo de serem sujados. Esses dados mostram que, além do desconforto físico, o receio de constrangimentos ainda pesa bastante nesse tipo de prática.
Sobre o Ysos
O Ysos é um aplicativo que permite os amantes do sexo liberal a encontrar o terceiro elemento para um ménage a trois . Lançado em 2018 pelo Sexlog, maior rede social adulta do país, a plataforma está disponível para Android e iOS e pode ser baixada na Play Store e na App Store.
Saúde e Bem-Estar
Ligadas por Fios 2023 é lançada no Shopping da Bahia
A campanha estimula a doação de mechas de cabelo para confecção de perucas para mulheres em tratamento contra o câncer
![através da Superintendência de Prevenção à Violência lançou, na manhã desta segunda-feira (2), a campanha 'Ligadas por Fios'.](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2023/10/2-1.webp)
Chegou a hora de doar autoestima para as mulheres em tratamento contra o câncer e lembrar os cuidados e a prevenção da doença. A Secretaria da Segurança Pública, através da Superintendência de Prevenção à Violência lançou, na manhã desta segunda-feira (2), a campanha ‘Ligadas por Fios’.
A iniciativa, que visa a arrecadação de mechas de cabelo para confecção de perucas para mulheres em tratamento contra o câncer, chega à quarta edição. O lançamento contou com a participação do subsecretário da SSP, Marcel Oliveira, da secretaria de Políticas para as Mulheres, Elisângela Araújo, da superintendente da Sprev, TC Denice Santiago, e das madrinhas da campanha, entre elas a primeira-dama do estado, Tatiana Veloso, Adriana Rangel, e a diretora do Departamento de Polícia Técnica, Ana Cecília Bandeira.
Nos stands montados ao longo do mês no centro de compras, além de conhecer o trabalho do Instituto Amor em Mechas, parceiro da campanha e entidade sem fins lucrativos responsável pela confecção das perucas, interessados em doar podem fazer a retirada da mecha e depositar na urna. Ações de cuidado feminino também estão disponíveis no local.
“É um orgulho para a SSP participar de uma campanha tão solidária, além de alertar sobre a necessidade de autocuidado e do diagnóstico precoce para a completa cura da doença”, afirmou o subsecretário, que aproveitou para convidar as baianas a conhecerem o trabalho realizado pela Sprev há quatro anos na coleta de mechas.
Quem optar por levar a doação já cortada, que deve ter o mínimo de 15 centímetros de comprimento, urnas também estarão disponíveis nas sedes das quatro Forças de Segurança, além do Centro de Operações e Inteligência e prédio administrativo da SSP.
Após a confecção das perucas, mulheres em tratamento e que não têm condições de custear são selecionadas para receber os itens de forma gratuita, junto a outros acessórios que compõem o kit do amor, contendo também lenços, bijuterias, turbantes entre outras peças.
Saúde e Bem-Estar
Luiz Antônio fala sobre o profissional de Enfermagem
Confira a entrevista e acompanhe o podcast. Aproveite e deixe seu comentário
![Leonardo Campos, vamos conversar com o profissional de enfermagem Luiz Antônio Araújo dos Santos Filho, técnico em enfermagem formado pelo](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/11/5beb0f0ad807a708345113.jpeg)
![](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/04/LeonardoFotoNova.jpg)
Leonardo Campos
Na edição de hoje da coluna semanal Saúde e bem-estar, conduzida por quem vos escreve, o professor universitário, pesquisador e crítico de cinema Leonardo Campos, vamos conversar com o profissional de enfermagem Luiz Antônio Araújo dos Santos Filho, técnico em enfermagem formado pelo Centro de Formação Técnica Irmã Dulce, jovem que atualmente é membro da equipe de atendimento do Hospital Professor Eládio Lassere, situado em Águas Claras, bairro de Salvador. Confira a entrevista e depois acompanhe o podcast que escrevi e dirigi, narrado pelos jornalistas Emerson Miranda (@emersonmirandatv) e Caio Batista (@caiovbatista), com transcrição e edição de Yasmin Bessa (@yasminbessa). Leia, reflita, compartilhe e deixe os seus comentários, combinado?
Luiz, conta para os nossos leitores um pouco de sua trajetória. Enfermagem foi algo aleatório ou paixão?
Eu comecei com direito, mas não me identifiquei, apesar de colegas sempre dizerem que eu seria um ótimo criminalista. Por outro lado, eu sempre gostei de cuidar das pessoas, de fazer curativo, de verificar sinais vitais. A área da saúde me fascina muito, e hoje estar na minha área me faz querer saber sempre mais, então posso dizer que sim… é paixão.
Como é o seu cotidiano na unidade hospitalar em que trabalha?
Meu cotidiano é maravilhoso. Eu chego no hospital, coloco minha farda, vou fazer a visita dos meus pacientes, vou verificar os sinais vitais – que é verificar temperatura, aferir a pressão, olhar o HGT – que é dar uma olhada na glicemia do paciente para ver se está normal. Dou os meus medicamentos, aí vou dar os meus banhos nos leitos, vou fazer os curativos, e aí depois vai evoluir, né… que é anotar tudo aquilo que realizei e verifiquei no paciente.
Um dia no hospital é… uns dias são tranquilos, outros dias são corridos por conta da nossa cidade que é um pouco violenta, chegam pessoas em situações graves, de vítima de PAF – que é perfuração por arma de fogo – ou acidente de moto, carro, e aí é aquela correria total. Mas quanto mais desafiador, mais gratificante, pois eu tenho a chance de me tornar um profissional melhor. E é isso, eu amo falar sempre.
O que é preciso para ser um bom profissional de enfermagem?
Para ser enfermeiro ou técnico não basta ter amor para ajudar as pessoas, é preciso também ter determinação, estudar muito, saber lidar com pessoas, estar atento, ter o emocional controlado – pois surgem situações inesperadas e extremas – ser firme, ser agradável, ser forte -pois vamos lidar com muito sangue, feridas, secreções – e muita gente não suporta isso. É uma profissão boa com áreas extensas para trabalhar. Como qualquer outro emprego, é preciso foco, determinação, amor. Que você tenha uma linda carreira e seja um ótimo profissional. Então siga em frente, vai lá, busca o seu melhor e venha para cá, junto comigo, trabalhar e ajudar os outros.
O acolhimento adequado é um dos principais pontos de equilíbrio no desenvolvimento do trabalho no cotidiano hospitalar, correto?
O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do paciente em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo, no processo de saúde e adoecimento. É importante o acolhimento para que aconteça a organização das filas de espera no serviço de saúde, para que aqueles usuários que precisem mais, sejam atendidos com prioridade e não por ordem de chegada, senão assim virará uma bagunça.
Um bom enfermeiro tem que saber lidar com a diversidade…
Sim. Não só os enfermeiros, mas todos. Médicos, fisioterapeutas, professores, advogados, entre outros. Devemos respeitar as diferenças que abrangem religião, orientação sexual…ter mais empatia. As diferenças não estão apenas só no aspecto físico, mas também na forma de como o indivíduo enxerga o mundo, principalmente no hospital onde estamos apenas para salvar vidas, e não julgar ou negar socorro só por não pensarmos ou agirmos da mesma forma.
E para terminarmos, o enfermeiro precisa se impor. Comenta para nosso leitor essa condição do profissional no cotidiano hospitalar.
O profissional de enfermagem precisa se impor, porque dessa questão de que o enfermeiro, culturalmente, é menos que o médico, isso vai muito da postura de cada enfermeiro. De não se impor como profissional, com conhecimento de saber o que está fazendo. Não só os enfermeiros em si, os técnicos também, pois estamos mais próximos aos pacientes no dia a dia e sabemos como eles estão evoluindo. Aí entra a importância de termos que estar sempre preparados, pois o paciente pode rebaixar, pode ter uma parada, e temos que estar sempre preparados, pois muitas vezes o hospital não tem os recursos necessários.
Agora, acompanhe o nosso podcast. Na próxima edição, o nosso convidado retorna para falar mais sobre enfermagem, autocuidado, saúde e bem-estar, dentre outros temas tangenciais, combinado?