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Clássicos da Sétima Arte

A Hora do Pesadelo (1984)

Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que descarta tão rápido quanto constrói coisas

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Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que
Foto: Divulgação

Leonardo Campos

Freddy Krueger é um antagonista slasher que dispensa grandes apresentações. Você, leitor, pode até não ter assistido aos filmes, mas provavelmente sabe quem é o maníaco que assassina jovens incautos no mundo dos sonhos. Dirigido e roteirizado por Wes Craven em 1984, o personagem surgiu quando Michael Myers havia dado um intervalo em sua matança e Jason Voorhees começava a apresentar alguns sinais de cansaço. Com longa estrada na cultura pop desde que surgiu pela primeira vez, o humorado e irônico vilão das garras afiadas, trajado com sua blusa de listras vermelhas e verdes, juntamente com seu inconfundível chapéu, assustou plateias no mundo inteiro e serviu de referência para diálogos metalinguísticos em diversos filmes desde os anos 1980, desde breves menções, como Transformers e Deadpool, às ilações no primeiro episódios da franquia Pânico, além da presença em episódios de Looney Tunes, Todo Mundo Odeia o Chris, Doug, Turma da Mônica, The Simpsons, dentre muitas outras narrativas.

O que faz deste vilão um personagem com legado tão extenso? Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que descarta tão rápido quanto constrói coisas. Isso porque é forte, apresenta diálogos humorados, mas repleto de elementos filosóficos, permite reflexões em torno de suas origens, dentre outras questões em torno da estrutura narrativa que o inseriu na história relativamente recente do cinema. Além de ser forte enquanto personagem, Freddy Krueger foi concebido pelo excelente trabalho de maquiagem da equipe de Kathryn Fenton, setor que ganhou visual mais impactante com os figurinos de Dana Lyman e elementos do design de produção de Gregg Fonseca, todos captados pela direção de fotografia de Jacques Haitkin, eficiente nas cenas de perseguição, adequada nos ângulos que apresentam o antagonista em posição de poder, além da iluminação ideal para passagens soturnas e ambivalentes.

Robert Englund, no papel que definiu a sua carreira, é também um dos responsáveis por tornar o personagem memorável. Eis o enredo: um grupo de amigos assombrados pelo mesmo monstro. Nancy (Heather Langenkamp), Tina (Amanda Wyss), Rod (Nick Corri) e Glen (Johnny Depp) descobrem que dividem o mesmo pesadelo todas as noites, perseguidos por uma figura sombria trajada da maneira descrita anteriormente. É uma imagem desagradável, assustadora com a pele queimada e garras com lâminas afiadas e ameaçadoras. Depois de investigar e buscar diálogo, descobrem que o seu nome é Freddy Krueger. As coincidências começam a se conectar, numa assustadora trajetória de sangue quando percebem que a presença monstruosa é parte de uma vingança sobrenatural que promete um rastro de horror sem precedentes em Springwood. Nancy, mais astuta que os demais pertencentes do ciclo, percebe que os adultos escondem um segredo obscuro sobre o assunto quando o nome do “monstro” é mencionado.

Em camadas que se revelam aos poucos, somos informados que Freddy Krueger foi liberado pela justiça corrupta da cidade, incapaz de dar ao ceifador de crianças o final que os pais de muitas vítimas desejavam. Assim, os justiceiros decidem, eles mesmos, coibirem as futuras ações de um homem transtornado mentalmente. É quando Freddy, impedido de seguir adiante, é queimado vivo, deixando esta vida para se tornar a demoníaca entidade habitante dos pesadelos dos jovens incitados em descobrir os segredos por debaixo do tapete daquela cidade. Ao passo que Freddy é revelado, começa a ganhar mais força e liberdade para habitar as zonas da realidade. Destruir esse monstro acompanhado de diálogos sádicos e repleto de trocadilhos será o trabalho de Nancy, uma das melhores final girl dos anos 1980.

Em seu rastro de sangue e pavor, Freddy Krueger protagoniza cenas marcantes, tais como o assassinato de Tina, arrastada pelas paredes repletas de sangue, a descida de Glenn pela cama que o suga e depois, expele jarros frenéticos de sangue para todo lado, além da famosa perseguição da abertura, com o antagonista e seus braços enormes. Memorável também são as garras de Krueger na parede do quarto de Nancy, cena retomada na primeira temporada de Stranger Things num acertado tom metalinguístico. São passagens que tangem aos elementos estéticos de A Hora do Pesadelo, filme que só envelheceu diante dos efeitos visuais, mas é algo que não impacta em seus aspectos dramáticos bem concebidos por Wes Craven no auge do seu talento enquanto cineasta e dramaturgo, realizador “autor”, consciente dos desdobramentos de todos os setores de produção de seu filme.

Charles Bernstein, responsável pela trilha sonora, edifica de maneira eficiente a música que acompanha os personagens, composição que muita gente, ainda hoje, acha arrepiante, em especial, a canção de ninar, tão inesquecível quanto os arranjos de John Carpenter para Halloween – A Noite do Terror, conduções musicais memoráveis, na seara dos filmes slasher. São poucas notas, mas a quantidade eficiente para se tornar o tema principal de toda a franquia, melodia arrepiante que dialoga com a imagem de Krueger, fortalecida mais adiante, durante e depois do término do filme, cristalizado para sempre em nosso imaginário. Ainda sobre tópicos sonoros, importante também o trabalho envolvente da equipe de Jess Soraci no design de som, parte da equipe técnica importante no desenvolvimento de um filme de terror.

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Para a concepção de A Hora do Pesadelo, Wes Craven contou que emulou muitos elementos da sua vida, em especial, os seus medos de infância. Em texto de apresentação para o livro Never Sleep Again, de Thommy Huston, crítica genética bastante elucidativa do clássico slasher, o cineasta conta que tinha muitos pesadelos quando era criança. Ele sempre questionava a sua mãe sobre a possibilidade de acompanhá-lo nos sonhos e assim, ajuda-lo a resolver os conflitos desta seara assustadora de suas noites de sono. Objetiva e gentil, a sua mãe disse que “o sonho era o único lugar onde nós só podemos ir sozinhos”. Foi um momento amedrontador, mas fundamental para que nós, cinéfilos, ganhássemos anos depois, o filme com Freddy Krueger. Da janela do seu quarto que tinha vista para a rua onde um homem misterioso o assustou certa noite, ao se aproximar do vidro e olhar fixamente para Craven, enquanto tentava dormir, e os estudos sobre psicologia e sonhos, realizados durante a época de faculdade, a semente de Krueger atravessou um longo processo de germinação, por isso fixou-se tão bem quando teve a oportunidade de ganhar “vida” dentro da lógica mágica cinematográfica.

Ademais, ao longo de seus 91 minutos, A Hora do Pesadelo flerta com a ambivalência de seu desfecho que permite interpretações múltiplas. Teria sido um pesadelo coletivo de todas as pessoas da cidade, em especial, de Elm Street, reduto da classe média local e seus receios e inseguranças? Diferente de Jason, Michael ou qualquer outro assassino slasher, Freddy ataca as pessoas em seus pesadelos, algo mais difícil de escapar, pois tal como sabemos, não podemos comandar todos os aspectos desse ambiente onírico. Você, caro leitor, já deve ter tido um desses sonhos ruins, despencando de uma altura aterrorizante ou tendo que lidar com uma situação abominável, fora de seu controle, digamos, racional, não é mesmo? É com isso que A Hora do Pesadelo trabalha, um conjunto de conflitos estabelecidos diante de situações que muitas vezes fogem do nosso controle, matéria-prima básica para o desenvolvimento dramático que nos envolve e faz refletir e temer.

Vamos agora analisar o filme em pormenores. Preparados?

Na abertura deste slasher inovador, a equipe de Wes Craven destaca o modo de operação de Freddy Krueger na concepção de sua imagem aterrorizante. Um suéter de duas cores contrastantes, isto é, verde e vermelho, escolhidas cuidadosamente para os efeitos semióticos pretendidos pela narrativa e a confecção da icônica luva com garras afiadas, idealizada para destroçar, nos pesadelos, e, concomitantemente, na realidade, os jovens incautos de A Hora do Pesadelo. Design de som, trilha sonora e design de produção trabalham assertivamente para compor os elementos visuais atmosféricos que predominam ao longo de todo o filme.

Em seu primeiro encontro com Freddy Krueger, Tina atravessa uma aterrorizante jornada com muito uso de efeitos especiais, direção de fotografia com iluminação soturna e design de som que evidencia o perigo representado pelo antagonista dos pesadelos. Na esteira do legado de A Hora do Pesadelo, esta é uma das passagens mais emblemáticas e recorrentes quando o filme é referenciado na cultura pop.

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Logo após o seu “amargo pesadelo” de Tina, acompanhamos uma passagem com atmosfera ainda onírica, nebulosa, na rua onde Freddy Krueger vai tornar a existência dos jovens da narrativa num pesadelo constante. As crianças que brincam de pular corda entoam a emblemática música tema, numa contagem numérica aterrorizante, responsável por reforçar os horrores do antagonista no passado e o seu retorno para o tempo presente. No carro vermelho, referência direta ao monstro das garras afiadas e ao seu caminho de sangue, os personagens incautos se apresentam para o espectador, vítimas de um pesadelo que parecerá não ter fim.

Num encontro entre os jovens para assistir filmes e comer pipoca, eles compartilham as coincidências em torno do mesmo pesadelo nas últimas noites. Cada um descreve Fredy Krueger e a similaridade das situações oníricas despertará a curiosidade de Heather, uma final girl com faro investigativo. Na sequência seguinte, um dos momentos de contato entre o antagonista e Heather, passagem também bastante referenciada na cultura pop.

Apesar de alguns efeitos especiais não surtirem o mesmo efeito da época, 1984, A Hora do Pesadelo traz sequências icônicas que tal como já mencionado, ganharam versões metalinguísticas em outros filmes, séries, videoclipes, etc. A cena em questão é parte do pesadelo de Tina, momento em que sua vida é aniquilada pelo antagonista com garras afiadas e mortais. Mais adiante, o design de som delineia o quão sádico é Freddy Krueger, figura que traça faíscas com suas garras e não poupa ninguém quando o assunto é o estabelecimento de sua vingança contra os jovens de Elm Street, algo devidamente explicado no desfecho.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Outra passagem memorável: Freddy Krueger ataca Tina e o seu namorado é quem leva a culpa pelo crime sangrento. Arrastada pelas paredes do quarto, a cena foi uma das mais trabalhosas para Wes Craven e teve releitura no assassinato da babá de Dylan, o filho de Heather, no também ótimo O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger. Inspirada nos efeitos de filmes como O Picolino, com seus cenários móveis e diferenciados, os realizadores de A Hora do Pesadelo capricharam na concepção e entregaram uma boa cena, ainda muito eficiente para os padrões do público contemporâneo.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Nesta sequência, proposital ou não, a caminhada de Nancy se assemelha ao trilhar de Jamie Lee Curtis como Laurie Strode em Halloween: A Noite do Terror, de 1978, clássico de John Carpenter que ganhou ressonâncias na onda slasher dos anos 1980. A moça atravessa a rua tranquila, sem grandes dispersões e barulhos, até encontrar com o namorado de Tina, na posição de fugitivo. Mais adiante, outra sequência de pesadelo, desta vez, na escola. Cena também memorável e bastante reiterada em outros filmes, tais como a refilmagem de 2010 e o turbinado crossover de Freddy Krueger com Jason Vorhees, de Sexta-Feira 13.

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Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

A famosa sequência do pesadelo na escola continua, com o cadáver de Tina ensanguentado, para o horror de Nancy. Na sala de aula, a perspectiva dos realizadores nos remete, mais uma vez, ao clássico momento de Jamie Lee Curtis também estudando, enquanto Michael Myers espreita do lado de fora. São construções estruturais diferentes, mas com mesma perspectiva.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Duas passagens também emblemáticas: o banho de Nancy, ameaçada pela presença de Freddy Krueger em sua banheira, e a angustiante subida pelas escadas, momento em que o antagonista estabelece uma série de peripécias para a garota enfrentar, trechos que se aproxima do final apoteótico e dinâmico. Nas passagens exclusivamente oníricas, a direção de fotografia capricha no uso da luz azul, tendo em vista buscar o efeito imersivo desejado.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

A hora da verdade: Nancy sonha durante um exame e nesta dinâmica, traz o chapéu de Freddy Krueger para a realidade. Mais adiante, a sua mãe alcoólatra expõe a verdade para a filha: Freddy foi morto no passado, acusado de ter abusado dos jovens desta rua. Agora, sublimados pelos acontecimentos recalcados na mente, o grupo precisará se articular para sobreviver, algo que, no entanto, já não é mais viável para dois deles, aniquilados impiedosamente por Freddy.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Interessante observar como A Hora do Pesadelo possui um manancial de cenas icônicas. Nestas passagens, temos um ataque de Freddy Krueger pelo telefone, tentativa de manter Nancy constantemente aterrorizada e, mais adiante, o momento em que o namorado da garota, interpretado por Johnny Depp, é sugado pela cama, numa das melhores passagens da produção.

Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Como uma boa protagonista, Nancy percebe que precisará enfrentar de uma vez por todas o seu maior pesadelo. Para isso, prepara o campo de batalha e produz as suas próprias armadilhas, mantendo-se distante do comum na narrativa slasher, filmes que em geral, a mocinha depende do homem para salvar a si e aos demais. Com atmosfera que mescla sonho e realidade, a direção de fotografia trabalha assertivamente na composição da luz, um dos trunfos do filme.

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Para quem conhece A Hora do Pesadelo, a resposta não é complexa. Freddy Krueger é um ícone sobrevivente na cultura pop, âmbito de produção que

Deitada na cama, Nancy espera o antagonista aparecer em seus pesadelos, para assim trazê-lo para a realidade e eliminar de uma vez por todas o seu reinado de horror. Adiante, após uma angustiante sequência de batalha e perseguição, Nancy organiza o fim de seu algoz com o elemento que mais o aterroriza: o fogo. Freddy Krueger aparentemente é aniquilado, mas uma passagem final, aparentemente pesadelo, indica que as coisas não se encerraram tão fácil. O psicopata onírico retornaria, tantas vezes, em filmes sofríveis, até reencontrar o seu criador em 1993, no metalinguístico O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger, analisado em pormenores na próxima seção.

 

Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.

Clássicos da Sétima Arte

Ponte Salvador-Itaparica tem execução aprovada por unanimidade pelo TCE-BA

A corte aprovou a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato

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sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da
Foto: Joá Souza/GOVBA

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) aprovaram, por unanimidade, nesta terça-feira (11), a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato para execução das obras de construção e operação do sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da Corte de Contas, conselheiro Marcus Presidio.

“Acatamos o consenso para que possa ser realizado e assinado o aditivo contratual entre a Concessionária e o Estado, da Ponte Salvador-Itaparica. O consenso foi no sentido de análise das cláusulas econômicas e financeiras. É viável a construção da ponte, que o Estado da Bahia, juntamente com a concessionária, coloque em prática a assinatura do aditivo e que dê início às obras no prazo estipulado”, declarou Presidio.

A proposta foi elaborada pela Comissão Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos, composta por auditores da Corte de Contas, integrantes do Ministério Público de Contas, da Procuradoria-Geral do Estado, da Secretaria da Fazenda (Sefaz-BA), da Secretaria da Casa Civil, da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica.

Para o secretário da Casa Civil, Afonso Florence, “essa experiência da mediação pelo Tribunal ajudou a viabilizar essa modernização, porque tinha havido a pandemia. A paralisação de todas as atividades tinha levado ao colapso do contrato. A população baiana pode comemorar. Eu já avisei ao governador, porque ele coordenou toda a negociação pessoalmente. 75% de andamento da sondagem, com expectativa de conclusão agora em março. Mas, a nossa expectativa é que agora a obra ganhe a velocidade”.

O presidente do TCE falou sobre o que motivou as mudanças em contrato. “Houve uma pandemia logo após a assinatura do contrato em vias do leilão da ponte. Por isso, há uma defasagem muito grande em termos financeiros e o Estado vinha, de lá em 2020 para cá, em discussões para que chegassem ao consenso, para que esses valores fossem elevados e compensados. Então, depois de profundas análises e discussões entre as partes, entre a concessionária, entre o Estado, o Tribunal de Contas chega à conclusão que financeiramente ainda é vantajosa para o Estado da Bahia manter esse contrato para que a ponte possa ser construída”.

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Os participantes da sessão classificaram o momento como um feito histórico. Compareceram a procuradora-geral do Estado Barbara Camardelli Loi, os secretários estaduais da Fazenda, Manoel Vitório, da Infraestrutura, Sérgio Brito, e da Casa Civil, Afonso Florence, além dos principais dirigentes da Concessionária do Sistema da Ponte Salvador-Itaparica, entre os quais o diretor-presidente, Cláudio Brito Villas Boas e o presidente do Conselho de Administração, Lin Li. Também participaram da sessão todos os integrantes da Comissão Consensual.

Dia histórico

Depois que o conselheiro presidente concluiu a leitura do seu voto, a procuradora-geral do Estado, Barbara Camardelli ocupou a tribuna para um breve pronunciamento, quando observou que o chamado projeto da ponte é, na verdade, um equipamento de infraestrutura que permitirá o desenvolvimento socioeconômico da Bahia, salientando o papel de estimulador do desenvolvimento econômico e social que o projeto tem. “Realizar este equipamento significa transformar a Bahia e colocar a Bahia interligada e nós teremos aqui a possibilidade de pensarmos o nosso Estado como um grande espaço territorial de circulação norte, sul, leste e oeste, e que garantirá novos investimentos, com certeza, e o desenvolvimento que isso leva e causa à população”.

Para Antonio Honorato, deve ser elogiado o esforço pelo diálogo, concretizado pela instalação da Comissão de Consensualismo; a mesma linha foi seguida pelo conselheiro João Bonfim, que disse ser compreensível a necessidades das alterações no contrato, em razão das mudanças econômicas no cenário mundial e parabenizou todos os envolvidos no processo que resultou na concretização de uma proposta consensual para superar os impasses.

No seu voto, o conselheiro Marcus Presidio fez uma exposição acerca das circunstâncias que levaram à criação da Comissão para atuar de forma decisiva pela consensualidade e destacou que o esforço dedicado a esta conciliação, com manifestações favoráveis dos auditores e do Ministério Público de Contas, “encoraja os gestores a saírem da inação dos últimos anos e a prosseguirem com os investimentos planejados, os quais, ao final e ao cabo, legarão uma ponte, espinha dorsal de um ambicioso sistema, que pertencerá ao Estado da Bahia, ao povo baiano, e não a este ou àquele concessionário”.

Levando em conta as mudanças no cenário internacional, a proposta de conciliação formulada pela Comissão contemplou seis pontos principais: a alteração da Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto para 10,72% ao ano; a elevação do aporte público total para R$ 5,07 bilhões, na data base de agosto de 2024; a alteração do valor da contraprestação anual para R$ 371 milhões, nos primeiros 10 anos de operação plena, e R$ 170 milhões, no período subsequente de operação plena (do ano 11 ao 29), valores na data base de agosto de 2024; a atualização do valor do contrato para ajustar-se às alterações promovidas; a extensão do cronograma de execução das obras de cinco para seis anos; e a redução do prazo de operação efetiva de 30 para 29 anos.

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Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas acontece em Brasília

O evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028 e contou com a participação do governador Jerônimo Rodrigues

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O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas,
Foto: Henrique Raynal | CC

O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. Promovido pelo Governo Federal, o evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028, com uma programação voltada à capacitação e ao fortalecimento da governança municipal.

Antes da cerimônia de abertura, Jerônimo destacou a importância da parceria entre União, estados e municípios para o desenvolvimento das cidades e a implementação de políticas públicas. “A Bahia está aqui, reunida desde ontem, com a união dos prefeitos, a UPB [União dos Municípios da Bahia] se articulando, para avaliarmos o que podemos aproveitar de melhor nos programas do Governo Federal para o nosso estado”, afirmou o governador.

Apoio a todos

Em discurso no encontro, o presidente Lula reforçou que divergências políticas ou ideológicas não interferirão na relação entre o Governo Federal e os municípios. O presidente garantiu que nenhum gestor será prejudicado por não ter votado nele ou por não apoiar sua administração.

“Não haverá, em hipótese alguma, um banco, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BRB, o Basa ou o BNDES, deixar de atender aos interesses de um governador ou de uma cidade por questões ideológicas”, declarou ele.

Participação baiana

A presença expressiva de prefeitos baianos no evento reforçou o compromisso do Estado com o fortalecimento da gestão municipal. O encontro oferece mais de 170 atividades simultâneas, abordando temas como segurança pública, enfrentamento das mudanças climáticas, transição energética, saúde, educação e desenvolvimento regional. Além disso, os gestores municipais recebem orientações técnicas sobre financiamento, acesso a recursos federais e modelos inovadores de administração pública.

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O Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas segue até quinta-feira (13), promovendo debates e capacitações para garantir que os novos gestores municipais iniciem seus mandatos com planejamento estratégico e alinhamento às políticas públicas federais.

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Bahia ampliará investimentos para a população LGBTQIAPN+

O anúncio do Governo do Estado foi realizado durante a abertura das atividades 2025 do “Ocupa CPDD”

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Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+,
Foto: Ascom/SJDH

Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), deu início nesta quinta-feira (23), às atividades de 2025 do Centro de Proteção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD/LGBT), no Casarão da Diversidade, em Salvador.

A ação, conhecida como “Ocupa CPDD”, teve uma programação gratuita durante todo o dia, o qual incluiu apresentações culturais com performance artística de Beca Baroni e Haus Of Bushido, acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica (Enem/Encceja) e retificação de prenome e gênero.

A proposta foi promover uma verdadeira ocupação do espaço por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, público assistido pelo projeto, uma mostra das ações previstas para o biênio sob a vigência do Termo de Colaboração firmado entre a SJDH e o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (Gapa Bahia).

“O CPDD é um equipamento público, com funcionamento desde 2018, que atende pessoas LGBT vítimas de violência e/ou precisam de orientação sobre os seus direitos. Acabamos de anunciar que o Gapa passa a gerir o espaço, uma organização importante da sociedade civil que é nossa parceira na realização dessa iniciativa; além disso, comemoramos a ampliação, não só da equipe, mas dos recursos, que tivemos um incremento de 142% do valor investido nessa política pública do Governo do Estado, totalizando R$ 6,3 milhões”, afirmou o secretário da SJDH, Felipe Freitas.

Atendida no CPDD há três anos, a estudante universitária e mulher trans, Maria Estrela Felipa de Souza, 26, foi em busca hoje, de atendimento jurídico. “Vim fazer uma escuta com o serviço social referente aos meus documentos. Mudei de nome, relatei ao banco, mas continuam enviando correspondências em meu nome antigo. Tive dúvidas de como notificar a agência e agora estou sendo orientada. Gosto muito do atendimento daqui porque é o nosso público que nos escuta e acolhe. Já passei por psicóloga e outras equipes. Aqui me reconheço como sou e posso ter acesso às ações de cidadania”, explicou.

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Mais sobre o CPDD

O CPDD LGBT articula ações de prevenção às ameaças e violações dos direitos das pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, oferecendo atendimento especializado com foco na promoção de direitos e combate às violências contra a população LGBTQIAPN+. O seu funcionamento está vinculado ao Plano Plurianual 2024-2027, e dialoga com a missão institucional da SJDH de defender a dignidade da pessoa humana através de políticas públicas de acesso à justiça e de promoção e proteção dos Direitos Humanos.

Entre os atendimentos oferecidos estão acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica e cursos preparatórios para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoas trans, retificação de prenome e gênero, apoio e fomento de empreendimentos de pessoas LGBTQIA+ e acolhimento de atividades culturais ou grupos de cultura LGBTQIA+ no Casarão da Diversidade.

“Esse espaço é uma porta aberta para todas as pessoas da Bahia, que estejam aqui, que sofrem violência. Temos uma equipe multiprofissional que vai acolhê-las e encaminhá-las a partir dessa denúncia. Atividades culturais e artísticas também acontecem no espaço, para que elas possam também experimentar um lado não violento e a produção da cidadania”, comentou a coordenadora-geral do CPDD e diretora da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) Keyla Simpson.

O centro funciona no Casarão da Diversidade, localizado na Rua do Tijolo nº 8, Pelourinho, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, por demanda espontânea. A partir de abril, o CPDD terá outra unidade, em uma cidade do interior do Estado, que será anunciada pela SJDH em março. O telefone de atendimento é o 71 3321-4576/ 71 99606-5505 (WhatsApp).

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