Ciência, Cultura & Sociedade
Geração Big Brother: Em Busca da Fama


Professor Leonardo Campos
Certa vez, o famoso artista pop Andy Warhol refletiu que haveria um dia em que todas as pessoas teriam os seus 15 minutos de fama. Ou então, os desejaria em algum momento. A reflexão profética é praticamente uma realidade na contemporaneidade, mas essa busca desenfreada pela projeção nas mídias para alcançar sucesso não é coisa da atualidade. Na terra de ninguém que é o ciberespaço, por exemplo, o circo de horrores se estabeleceu há algum tempo: as pessoas, tanto as famosas quanto os nossos colegas, bem como amigos e conhecidos constantemente apelam para ganhar atenção. Com as redes sociais, houve um aumento vertiginoso desse panorama. Já percebeu como tem se tornado uma celeuma frequente? Mesmo sem o que conhecemos por talento artístico, você já percebeu quantas pessoas estão ganhando os seus minutos de fama na mídia? Desprovidas de qualquer habilidade que as transforme em representantes de seus postos em músicas, videoclipes, filmes, programas televisivos e nas redes sociais, as celebridades do mundo contemporâneo e os seus anseios pela fama rendem discussões calorosas para os comunicólogos, mas nos assustam pela forma como buscam esse posto a qualquer custo, nem que seja através de situações consideradas extremas.
Será que tal postura realmente vale à pena? Há um diálogo em Tudo Sobre Minha Mãe, do cineasta Pedro Almodóvar, em que a personagem Huma Rojo (Marisa Paredes), famosa atriz de teatro que atravessa uma bela turnê com a peça Um Bonde Chamado Desejo, clássico moderno de T. Williams, confessa para a protagonista Manuela (Cecília Roth) que a fama não é isso tudo que se imagina, pois “depois que a pessoa se acostuma é como se não existisse”. A afirmação da personagem, trazida para o tecido da realidade, comprova-se ao olharmos artistas famosos que afundaram diante da incapacidade de lidar com os proventos e pressões diante do sucesso: Amy Winehouse, Britney Spears, Michael Jackson, Whitney Houston, etc. Diante disso, uma questão me veio quando esbocei os primeiros trechos desta reflexão iniciada em 2017 e retomada cinco anos depois: por qual motivo as pessoas alimenta esse desejo pela fama, mesmo diante de tantos exemplos que comprovam a efemeridade numa sociedade do espetáculo ávida por novidades responsáveis por descartar celebridades no mesmo ritmo que fabrica outras?
Para melhor compreender, fiz o habitual investimento em leituras de especialistas, o que chamamos na metodologia científica de referencial teórico para embasamento das minhas afirmações. De acordo com Lisete Barlach, psicóloga e professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, “a valorização do visual e do espetáculo é algo que surgiu e evoluiu no século XX, com grande influência da TV, do cinema e, agora, das multimídias e redes sociais”, isto é, “nosso parâmetro de bem estar e felicidade ficou intimamente ligado aos famosos e ao processo de superexposição destes indivíduos”. Antes de versar sobre figuras mais contemporâneas, farei uma breve digressão para ilustrar a linha de pensamento que se propõe aqui, combinado? O desejo por fama e glória não é algo atual. Ao longo do poema épico Ilíada, de Homero, a mãe do herói Aquiles faz uma aparição e o questiona sobre o desejo de ter uma vida longa, entretanto, tranquila, ou morrer cedo, mas ser lembrado pela eternidade. Como sabemos, o herói vai honrar o seu nome na guerra de Tróia, lutar pelos gregos e derramar bastante sangue. Como previa a profecia, no entanto, é tudo efêmero, pois o herói morre atingido no calcanhar, dando espaço para a famosa expressão popular que conhecemos atualmente, um símbolo de fragilidade.
Antes da conversa com a sua mãe, Aquiles recebera a visita de Odisseu, rei de Ítaca, convidando-o para a batalha na guerra que já se arrastava por bastante tempo. Aquiles avisa que vai pensar e antes da sua decisão, recebe um aconselhamento que pode ser definido como uma profecia devidamente delineada, isto é, ele pode ir para a guerra e demonstrar bravura, ter o seu nome eternizado, mas infelizmente, não sobreviverá ao conflito. O herói, desta forma, decide partir para o enfrentamento bélico com os troianos, mesmo ciente da condição. O seu interesse maior era ser eternizado. Alegoricamente, podemos relacionar com a busca pela fama na contemporaneidade, salvaguardadas as devidas proporções, obviamente, pois o que observamos no cenário contemporâneo é uma metáfora desgastada e bastante caricata da decisão de Aquiles, pois muitas pessoas alçadas para a fama submetem-se constantemente a situações que beiram ao extremismo. Se ser famoso é algo tão bom, por que as há artistas que agridem fotógrafos e jornalistas ao terem as suas vidas expostas?
O sabor da fama pode ser agridoce para alguns. Para outros, pode ser bastante amargo. Um ponto, no entanto, sempre é levantado quando promovo o debate com meus estudantes em sala de aula. Convenhamos, diante das críticas e dos perigos que envolvem a questão, temos que considerar: não é tão bom ter determinados privilégios? É o que me perguntam constantemente. Ser capa de revista, estrelar filmes ou campanhas de moda, adentrar para o imaginário coletivo, usufruir dos melhores maquiadores, cabelereiros, usar as melhores roupas e sapatos, ampliar o número de seguidores no Instagram e assim, gozar de muitos privilégios que uma pessoa comum supostamente não pode alcançar. Quem não gostaria de mimos do tipo? Acredito que poucos. Ir aos eventos sem precisar de ingresso ou convite, ganhar bastante dinheiro, circular entre pessoas famosas que admiramos e aparecer na televisão. Tudo isso é fama e tem um sabor peculiar, mas o problema é que há muita gente disposta a arriscar a própria vida em prol da causa. Outras se perdem dentro do processo e violam os limites da ética, do bom-senso e até mesmo de suas respectivas sanidades, algo tão caro num mundo pós-pandêmico.
Em minha navegação com bússola, isto é, as palavras-chave adequadas para o encontro de reflexões que dialoguem com o tema, tive acesso ao elucidativo artigo de Nelson Traquina, intitulado “O estudo do Jornalismo no século XX”, texto onde o especialista reforça o meu ponto de vista e alega que esta busca desenfreada por fama não é algo tão atual. Ele aponta que essa prática de deslumbramento pelo mundo das celebridades nos remete também ao século XV, especificamente no ano da morte de Shakespeare, por volta de 1616, época em que 30% dos 25 livros noticiosos tratavam do modo de vida das rainhas, bem como notícias sensacionalistas e assassinatos misteriosos e polêmicos. Considerei a informação bastante curiosa, pois muita gente acredita que a busca pela fama é algo especificamente do mundo atual. Como já mencionado, sabemos que isso se tornou mais intenso com a “certa” democratização da internet, da televisão, bem como o advento das redes sociais. Assim, ser uma celebridade, aparentemente, é fazer parte de um esquema de vendas, não apenas de pequenas e grandes marcas, mas também da imagem de uma pessoa. Além da vontade de ser parte da teia glamorosa tecida cotidianamente pelos jornais e redes sociais, os adeptos ao posto de famosos tornam-se um perigo para si mesmos quando a obsessão pela fama se torna uma questão patológica, algo ilustrados em três exemplos, selecionados para o leitor.
Em Busca da Fama 01: Inês Brasil, Quem é Essa Garota?
Prazer culposo: eu também gargalho com alguns vídeos de Inês Brasil. Confesso. Pronto, falei. Quando bate o tédio e a mente está cansada de tanta produção intelectual, basta um clique no YouTube para o espetáculo de horror e humor se fazer diante dos meus olhos. Toda vez que a vejo, lembro do que aponta o psiquiatra Eduardo Arnet, numa entrevista concedida há alguns anos na mídia. Ele diz que “desejar ser visto ou ouvido é algo inerente ao ser humano, comportamento que pode ser observado desde a infância”. Colocação simples, mas muito elucidativa para entendermos Inês Brasil, parte do que chamo de cultura do excesso. Como pode uma mulher tão incoerente fazer tanto sucesso? Sinal dos nossos tempos? Como lidar? Basta sentar para assistir a um vídeo da musa dos “cibernavegadores” que temos, da melhor maneira possível, uma aula de coesão e coerência pronta para os estudantes que se preparam para o ENEM. Leia-se: uma aula de como a falta de coesão e coerência podem prejudicar uma mensagem.
Chego a me questionar se a pictórica personagem é real ou apenas uma construção midiática. Será que é possível existir alguém assim? Verdade seja dita, Inês Brasil é um sucesso: nas boates que frequenta fazendo os seus shows, o público faz questão de lotar. São palavras soltas sem uma mensagem conexa, além de absurdos para levar o público ao riso, como por exemplo, o microfone penetrado em si mesma, num espetáculo trash realizado em Manaus, ação que ganhou bastante repercussão na internet. Por ter apoiado um político genocida na eleição brasileira de 2018, a celebridade perdeu muitos de seus seguidores, mas em nosso cenário posterior ao advento da pandemia da covid-19, o “vírus” do nonsense desta senhora continua em circulação, mesmo que o vigor de antes não seja mais o mesmo. Inês Tânia Lima da Silva é descrita em seu perfil na internet como cantora, compositora, vlogueira, dançarina e web-celebridade. A “artista” ganhou notoriedade com o vídeo enviado para a seleção dos participantes do Big Brother Brasil 2013, publicado no final de 2012, material que “viralizou” no ciberespaço e até hoje é um recordista de acessos, ao surgir constantemente nas redes sociais.
O sangue de artista circula na história de sua família. O seu pai foi cantor e compositor da Escola de Samba Quilombo dos Palmares. Inês já cantou no coral da Igreja e depois de um tempo no Rio de Janeiro, morou com o marido na Alemanha. Em 16 de junho de 2016, foi parte da campanha de divulgação da série Orange is The New Black, produto original do serviço de streaming Netflix. Musa da internet, a subcelebridade deu o retorno positivo que a campanha buscou, mas não trouxe uma molécula de oxigênio para a carreira de uma artista que talvez não possa ser rotulada como tal. Ou será que pode? Você, caro leitor, o que acha? Em 2016, ao recorrer ao fappening, isto é, vazamento de vídeos sexuais, Inês comprovou mais uma vez a fragilidade da sua imagem e a necessidade de se manter presente. Lembrou-me de trechos do A Vida é um Filme: fama e celebridade no século XXI, organizado por Eduardo Cintra Torres e José Pedro Zúquete, reflexões que tratam da fama e da idolatria na cultura dos tabloides, afirmando que estes produtos são “enlatados para consumo rápido que entram e saem rapidamente”, isto é, “pessoas que ganham notoriedade repentina, por conta de algum escândalo na mídia”. Algumas delas desaparecem no ar sem deixar vestígios. Inês Brasil mostra-se eficaz neste sentido. No “ar” desde 2013, ainda consegue views com suas postagens. Como explicar este fenômeno?
Ei, Essa Não é a Britney Spears: Uma Análise de Lorna Bliss
Revelada no mesmo programa que o fenômeno vocal Susan Boyle, Lorna Bliss chocou os telespectadores em duas performances extremamente apelativas no divertido Britain’s Got Talent. Cover da cantora Britney Spears desde 2001, a garota possui semelhanças físicas com a artista, além de uma dimensão psicológica bem direcionada: ser performer e fazer sucesso, mesmo que para isso, tenha que passar por constrangimentos e humilhações. Bliss fez plástica para ficar ainda mais parecida com a sua musa. Quando Britney teve o seu momento colapso em 2007, a moça também raspou a cabeça, numa atitude de “solidariedade”, pois de qualquer maneira, precisava emular o fenômeno que acompanhava cotidianamente. Com um roupão preto que a deixava misteriosa no palco, a candidata do Britain’s Got Talent começou a performance ao som de Toxic, uma das canções do álbum In The Zone. Logo nos primeiros segundos da apresentação, jogou o roupão para o lado e ficou praticamente nua. Vaiada por conta da coreografia descompassada, pela voz de Pato Donald e pelos demais exageros, a jovem deixou o palco.
Os produtores do programa compreenderam as controvérsias e deram outra chance para a sua apresentação, desta vez mais certinha e bem elaborada, repleta de dançarinos e mapa de palco organizado, no entanto, tal como a artista que admira, Lorna Bliss não tinha a voz suficiente para cantar, e, por isso, foi eliminada da competição. Mais adiante, no X-Factor, provocou outra polêmica. Era 2012 e no palco, a moça se apresentou ao som da canção Till The World’s End, do álbum Femme Fatale, de Spears. O resultado, por sua vez, foi ainda pior, pois a performance era igualmente apelativa. Diferente do programa anterior, não rolou segunda chance. Talvez consciente da inabilidade para ganhar prêmios em shows de talento, Lorna Bliss continua o seu trabalho como cover da musa Britney Spears. Tentativas em programas de auditório do tipo? Ao menos em minhas pesquisas, não encontrei nenhum vestígio da garota que desejou, e ainda deve desejar, ser famosa a qualquer custo.
“Eu Já Contei Tantas Mentiras Que Comecei a Acreditar Nelas”: Fama e Psicopatia
Em A Busca pela Fama, artigo da jornalista Paloma Bueno, publicado no Correio Paulista, a especialista afirma que a fama em alguns casos deixou de ser consequência, mas um objetivo. Plataformas como BBB e outros genéricos são veículos que promovem o desejo de fama alimentado por estes indivíduos, muitas vezes baseados em aspectos superficiais. A busca pela fama às vezes se torna patológica. Na ficção, filmes e séries já trataram muito bem a temática, tais como o musical Hairspray – Em Busca Pela Fama e a série Star, ambos sobre jovens em busca de sucesso no bojo da indústria cultural. No entanto, nenhum deles é tão impactante quanto Pânico 4, orquestrado por Wes Craven e escrito por Kevin Williamson, filme que encerra a franquia com uma interessante discussão sobre a obsessão pela fama e pelos tais “minutos de sucesso” na sociedade do espetáculo. Na produção, a protagonista Sidney (Neve Campbell) já foi vítima nos três filmes anteriores. Dez anos depois da sua história de vida ter se tornado um fenômeno midiático contra a sua vontade, ela decidiu escrever para espantar os fantasmas do passado. Com o livro, vem a turnê de lançamento. O problema é que na parada em sua cidade natal, a semente do mal que habita o seu passado retornou para ceifar não apenas a sua vida, mas eliminar as pessoas que gravitam em torno da sua existência. É a sina de Sidney.
Depois de muitas cenas metalinguísticas, o filme alcança o seu auge com a revelação dos responsáveis pelos crimes. Jill (Emma Roberts) é parte do projeto de matança. Tocada pela tocha da inveja por conta do sucesso da prima, decide esboçar o seu próprio plano de celebridade. Ela pretende matar Sidney, para surgir como heroína de uma cena criminal que deixou imenso rastro de sangue. Ela, como sobrevivente, iria se transformar numa celebridade instantânea. Ao revelar a sua identidade, Jill deixa claro que atualmente, basta acontecer algo ruim na vida de alguém para que esta pessoa se torne famosa, reforçando ainda que a internet é um dos lugares onde as pessoas se tornam famosas atualmente. Para a jovem, não é preciso ter amigos, mas fãs. Ela reitera que hoje ninguém lê e tudo que precisamos se encontra na internet. A reflexão é de 2011, mas ainda cabível na atualidade. O que Jill faz para simular o lugar de vítima beira ao absurdo, talvez ao nonsense, mas na verdade é uma alegoria da falta de limites das pessoas quando o assunto é saciar o desejo por fama e sucesso.
Mas, Afinal, Vale a Pena Ser Uma Pessoa famosa?
Os psicólogos estadunidenses Daniel Kahne e Amos Tversky desenvolveram alguns estudos sobre raciocínio humano que desaguam no campo da heurística, isto é, ciência que tem por objetivo a descoberta de fatos. Para os especialistas, há uma tendência em muitos seres humanos para o que eles chamam de “heurística da representatividade”, isto é, a celebridade deve possuir traços que permitam rotulá-la e integrá-la num conjunto. Seremos populares quanto mais se recordarem de nós. Para isso, alguns recorrem para atitudes como chamar à atenção, revelando a vida íntima, expondo histórias de sexo, morte, sedução, tendo em vista despertar a curiosidade pública. Há alguns anos, um programa televisivo fez uma reportagem de grande repercussão, intitulada “Síndrome da Fama”. Nos depoimentos, algumas pessoas disseram que fariam de tudo para estar ao lado de seus ídolos, mas, em contrapartida, tais ídolos deixavam claros em seus depoimentos que fariam de tido para ter sossego e uma vida comum. Complexo, concorda? Alguns estudos nos mostram que determinadas pessoas colocam as suas vidas em risco, através de comportamentos autodestrutivos e perigosos, tendo em vista acompanhar a popularidade de seus ícones midiáticos. No Instagram, por exemplo, é algo cotidiano.
É atraente ser famoso? Sim. Na abertura, explanei uma série de privilégios que podem justificar essa busca. O problema é que a fama vem como uma série de variantes: a liberdade tolhida para dizer o que pensa, ou então, o preço que se paga pela que é dito, principalmente diante das redes sociais e das formas de comunicação contemporâneas, a famosa cultura do cancelamento. Bastou um deslize para os prints e compartilhamentos destruírem a carreira de determinadas celebridades instantâneas ou manchar a trajetória de pessoas já consagradas. Para alguns famosos, a fama beira ao insuportável, principalmente quando o assédio se torna excessivo. Além da falta de privacidade, você pode sofrer represálias ou ser alfinetado em momentos difíceis da sua vida, tais como luto ou fracasso pela perda de algum ente famoso. Ter inteligência emocional e não transformar tudo em apenas deslumbramento é um dos caminhos para se manter famoso por longa data. Um dos caminhos é o equilíbrio diante de tantas emoções e egos possivelmente inflados. Inês Brasil é um caso que requer um estudo mais profundo, mas outras subcelebridades do mesmo quilate não tiveram vida tão longa.
Para estas pessoas, cabe o devido exercício da inteligência emocional, pois muitas não conseguem se firmar na mídia por muito tempo, como é o caso da maioria dos ex-participantes de programas como o Big Brother Brasil e A Fazenda. Aos que posam nus em revistas ou fazem constantes barracos em eventos, o sucesso ainda perdura por um tempo maior, mas na maioria dos casos, o ostracismo é o caminho mais certo. No final das contas, para que serve a celebridade? Alguns especialistas acreditam que “o famoso” seja a tela na qual as pessoas comuns projetam coisas que lhe faltam. Para que elas servem? Estes mesmos profissionais apontam que elas agenciam uma diferenciação num mundo que se deseja construído por iguais. A grande falácia deste processo é o fato de que muita gente acredita que o sucesso está atrelado ao reconhecimento público. A popularidade, em muitos casos, pouco tem a ver com a contribuição de muitos “desconhecidos” para o progresso da humanidade. O que dizer de cientistas, professores, jornalistas, médicos e domésticas que fazem grandes coisas pelo desenvolvimento social sem sequer serem notados durante a trajetória de suas vidas? A nossa sociedade está doente e carece de propostas de intervenção urgentes, pois uma revolução reflexiva precisa, mais do que nunca, ser “televisionada” e compartilhada.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Ciência, Cultura & Sociedade
Gattaca: Experiência Genética
A trama se situa num futuro não exatamente muito distante, contexto onde vigora uma ditadura da genética


Leonardo Campos
Candidato ao posto de clássico moderno e referência nos meandros da metodologia da pesquisa, Gattaca: A Experiência Genética é uma narrativa sobre os limites da ciência e seus aspectos sociais, políticos e econômicos, um campo cheio de regras, axiomas, leis e teoremas, estabelecidos para que os responsáveis por suas manipulações sigam fielmente os direcionamentos, nalgumas vezes, transbordados quando há vantagens que nem sempre dialogam com aquilo que se convencionou a chamar de postura ética do pesquisador. Ao longo de seus envolventes 106 minutos, contemplamos uma trama que reflete os impactos da intervenção genética em nosso mundo, na produção Gattaca, dividido entre os seres humanos gerados biologicamente e aqueles concebidos graças ao advento das evoluções científicas. Neste cenário sombrio, temos um eficiente debate sobre o papel da ciência em nosso cotidiano, em especial, o desenvolvimento da genética na dinâmica dos seres vivos, numa reflexão sobre bioética e seus desdobramentos, afinal, por mais positiva que seja o avanço tecnológico neste campo, estamos lidando com a perigosa eugenia, algo que nas mãos da humanidade conflituosa, pode gerar caos.
A trama Gattaca se situa num futuro não exatamente muito distante, contexto onde vigora uma ditadura da genética. Numa espécie de processo eugênico, a ciência faz a separação dos indivíduos válidos e inválidos, sendo os primeiros os dominantes nas relações sociais. O cineasta Andrew Niccol adentra pelo viés das narrativas sobre o lado vilanesco da ciência, sabiamente trabalhado em ao longo da história do cinema, em filmes como Metrópolis, de Fritz Lang, dentre outros. Aqui, ele demonstra o quão a sociedade fictícia se encontra submissa aos ditames de um discurso científico opressivo, numa existência onde os seres humanos artificiais ocupam melhores posições e os considerados inferiores, isto é, com probabilidades de problemas genético, os espaços de menor favorecimento social. Em Gattaca: A Experiência Genética, o espectador é apresentado ao mundo dos filhos da fé e dos filhos da ciência. Ao nascer, o individuo que antes tinha o destino nas mãos da vontade divina agora pode ter o seu perfil delineado pela engenharia genética. Logo em seu nascimento, apenas uma gota de seu sangue permite a impressão de um diagnóstico que conduzirá toda a sua vida, num processo que flerta com todas as etapas de uma tradicional investigação científica, da introdução da proposta ao estabelecimento dos objetivos, da justificativa, do desenho antecipado do problema e da hipótese, aos métodos selecionados e os desdobramentos das análises que tem como destino, o encontro de respostas assertivas.
Nestes cálculos, as probabilidades definem as suas qualidades genéticas, psicológicas, físicas e possíveis doenças e até o desenvolvimento da causa de morte no futuro das pessoas. Diante do exposto, conhecemos o adulto Vincent Freeman (Ethan Hawke), interpretado por Mason Gamble na infância e por Chad Christ na adolescência, um homem que é filho de Deus, ou seja, nasceu com as seguintes porcentagens nas chances para desenvolvimento de problemas: 60% para questões neurológicas, 42% para depressão, 89% de capacidade de se concentrar e 92% para a possibilidade de desenvolver distúrbios cardíacos. Desde a sua infância, ele sonha em ingressar no projeto Gattaca, uma agência que treina os melhores astronautas para missões espaciais exploratórias. O grande conflito é que a sua ficha é taxativa: ele não possui os requisitos para alcançar uma vaga, pois é um filho de Deus, portanto, possui elementos que o tornam uma figura enfraquecida diante das vantagens físicas dos filhos da ciência. Além disso, psicologicamente ele é um personagem circunspecto, desanimado, haja vista a sua trajetória em família.
Quando pequeno, seus pais tiveram outro filho, Anton Freeman (Loren Dean), uma criança oriunda da ciência, socialmente com mais credibilidade que Vincent. Assim, a repressão advinda do campo científico não se mantém emaranhado em sua vida apenas na fase adulta, mas ao longo de toda a sua formação. Contemplamos tudo isso ao longo da narração em primeira pessoa do filme, com flashbacks explicativos para a postura do protagonista Vincent, figura que rouba a identidade de um nadador desabilitado após um acidente que o deixou tetraplégico, falsificação utilizada para adentrar no espaço de seu tão sonhado projeto de vida, algo que, no entanto, o coloca em risco. Após um assassinato, as coisas mudam e mesmo após a transformação física do personagem, bem como alguns ajustes de ordem comportamental, todos se tornam alvo de uma investigação que pode desmascará-lo. Ao tentar driblar o sistema e subverter uma ordem que delineia destinos predeterminados pela manipulação do DNA para a fabricação de organismos “melhorados”, Vincent também põe em risco a sua vida, numa perigosa e empolgante jornada que funciona como entretenimento de qualidade, bem como reflexões filosóficas intrigantes sobre a relação da humanidade com os próprios pilares tecnológicos que cria.
Na composição da estrutura cinematográfica de Gattaca: A Experiência Genética, o cineasta Andrew Niccol contou com uma eficiente equipe técnica, responsável pelo assertivo estabelecimento da materialidade fílmica em prol do tema debatido nos diálogos e situações do texto dramático. A textura percussiva de Michael Nyman, imersiva, acompanha as cenas que se passam pelos cenários devidamente dirigidos artisticamente pelo design de produção assinado por Jan Roells, setor que cria ambientes equilibrados, próximos do realismo de nosso mundo contemporâneo, mas com elementos que emulam as fascinantes ficções com teor científicos, conhecidas por delinear em cena, traços estéticos que nos remetem ao “futurismo”. Ademais, na direção de fotografia, Slawomir Idziak cria ângulos que nos permitem sentir a vulnerabilidade de alguns personagens, com planos que reforçam o contexto de tensão no qual as figuras ficcionais estão espalhadas, uma malha narrativa onde a ditadura da engenharia genética reforça preconceitos e fixa um amontado de castas sociais conflituosas, imersas num angustiante lugar de controle social e determinismo genético, retrato da nossa realidade, alegorizado por meio do brilhante tema desenvolvido nesta trama sobre a ciência e seus impactos positivos e negativos para a humanidade, afinal, as redes sociais e as novas tecnologias estão ai para nos mostrar que apesar de dominarmos aquilo que pode melhorar a nossa vida, também nos tornamos reféns de seus efeitos colaterais, não é mesmo?
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
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Introdução: A Porta de Entrada de Seu Projeto de Pesquisa
Este é um momento importante para fisgar o leitor e garantir interesse na continuidade da leitura de sua empreitada científica


Leonardo Campos
Todas as etapas de um projeto de pesquisa são importantes. Com a introdução, não seria diferente, correto, caro leitor? Em nosso breve e elucidativo artigo com toques de tutorial, explanarei sobre os principais passos para adoção durante a elaboração da parte introdutória de seu projeto, um momento importante para fisgar o leitor e garantir interesse na continuidade da leitura de sua empreitada científica. Como porta de entrada, o seu texto deve ser limpo, atraente, coeso, coerente, fornecer subsídios para comprovação da relevância social de seu tema, bem como segurança diante da proposta escolhida para trabalho. Sendo o primeiro contato com as perspectivas de seu processo investigativo, é na introdução que você expõe a questão da sua pesquisa, o desenvolvimento do problema e a pertinência de sua hipótese, num cartão de visitas que precisa convencer os leitores sobre a significância de sua jornada.
Observe este infográfico. Leia. Faça uma análise e depois reflita sobre os pontos abordados. Foi produzido para um curso de Enfermagem, mas pode ser pensado para qualquer outra área do conhecimento. Ademais, não precisa ser seguido fidedignamente, mas adaptado para a sua realidade de pesquisa.
Observou. Descreverei mais detalhadamente sobre os pontos adiante. Sigamos.
O número de páginas para a introdução é relativo e depende das normas dispostas nos editais da instituição na qual você desenvolve a pesquisa. O seu tema deve ocupar o maior espaço do texto, numa escrita que pode (e deve) contemplar os principais conceitos, um percurso histórico do tema, dados de outras pesquisas (quando houver) realizadas anteriormente, num processo explicativo do autor (você) para o leitor, tendo como uma das principais preocupações, a determinação da abrangência da pesquisa. Recentemente, uma estudante de Jornalismo me abordou para uma orientação que se referia ao fenômeno da Cultura do Cancelamento. Na proposta introdutória, ela não especificava qual era o seu recorte temporal, bem como o seu objeto. Se este fosse um projeto esboçado para um edital de seleção para mestrado, doutorado ou adentrar numa iniciação científica, provavelmente o material seria descartado, com a reprovação divulgada nos resultados posteriormente. Explico os motivos.
Mesmo que o título forneça pistas, o texto introdutório precisa evidenciar a natureza do trabalho de maneira mais elucidativa possível. Deve atravessar, talvez indiretamente, os objetivos, a finalidade da pesquisa e a justificativa. Lembre-se, caro leitor: é na introdução que fisgamos o leitor, neste caso, os avaliadores. É um texto onde teremos uma ideia geral do projeto, parte onde o autor diz por quais motivos escolheu o assunto, tendo em vista delinear a importância de seu conteúdo. Somente na justificativa foi possível compreender que a estudante em final de curso se referia ao cancelamento por meio de uma observação detida aos participantes do reality show Big Brother Brasil, numa análise pertinente sobre os desdobramentos das opiniões destes indivíduos durante a participação no programa, culminando na aceitação ou ojeriza do público em relação aos seus posicionamentos, no linchamento virtual das redes sociais e afins. Observe que uma temática interessante quase deixou de ser levada adiante por falta de comprometimento com o texto de abertura, um trecho valioso, tal como o preâmbulo de filme, série ou romance que prende a nossa atenção e mesmo que decepcione, nos leva adiante em sua jornada.
Assim é com a introdução se sua pesquisa. É o momento de contextualização dos caminhos pavimentados em sua proposta. Precisa ser atrativa, motivar a continuidade do interesse de quem lê (e avalia), bem como traçar as contribuições advindas do tema recortado na jornada que você pretende trilhar em seu projeto. O texto? Claro, conciso e “preciso”. Como já mencionado, demonstrar os antecedentes de sua abordagem, “produzir um design” para que o leitor compreenda quão pertinente é a sua linha de raciocínio para a investigação escolhida, numa escrita que deve prezar pelo tom persuasivo e, num movimento questionador, levantar indagações sobre a temática, numa conexão assertiva com as partes subsequentes, isto é, um ritmo empolgante na abertura, para que os objetivos, justificativas, hipóteses, problemas, metodologias, mapeamento bibliográfico, orçamento e cronograma, bem como os anexos e referências consultadas no formato solicitado pela ABNT estejam organicamente unificados como partes constituintes de uma tessitura alinhada, coesa e coerente com os seus propósitos.
Boa escrita!
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Ciência, Cultura & Sociedade
Os tipos de conhecimento em `Quase Deuses`
A narrativa traz para a cena os impasses de personagens em buscar explicações para as investigações científicas que empreendem


Leonardo Campos
Uma jornada pelos caminhos do conhecimento. Eis uma definição possível para Quase Deuses, telefilme dirigido por Joseph Sargent, cineasta que se baseia no roteiro de Robert Caswell e Peter Silverman para nos contar uma edificante história de superação lançada em 2004, uma saga de dedicação e empreendedorismo que atualmente é bastante mencionada em aulas de projeto de vida, cursos de metodologia da pesquisa, dentre outras áreas da aprendizagem humana. Tocante, sem apelar para um tom novelesco excessivo, algo comum na seara das produções cinematográficas para televisão, a narrativa traz para a cena os impasses de personagens mergulhados no interesse crítico para buscar explicações para as investigações científicas que empreendem, tendo o campo da medicina como espaço de desenvolvimento dos conflitos dramáticos internos, isto é, situados num caso específico de análise, bem como os externos, conectados com os desafios pessoais na vida destas figuras ficcionais com vidas atribuladas e cheias de obstáculos, mas focadas em encontrar as soluções que escreveriam os seus nomes para a eternidade, haja vista a inspiração numa história real para a concepção do filme.
Ao longo dos 110 minutos de Quase Deuses, nos deparamos com o cotidiano de Vivien Thomas (Yassin Bey) e Alfred Blalock (Alan Rickman), o primeiro, um homem negro, pobre, desacreditado diante da possibilidade de saída do determinismo que o sufoca, sendo o segundo, um médico renomado da Universidade de Vanderbilt, em Nashville, ambos situados na década de 1940, uma era de conflitos bélicos mundiais e muitas mudanças de paradigmas sociais. A relação deles começa depois que Vivien consegue uma vaga de faxineiro na universidade. Curioso, ele sempre executa os seus serviços observando como as coisas funcionam ao redor, numa postura de pesquisador. O rapaz não quer apenas limpar e receber o seu salário no final do período, mas conhecer como se desdobram os processos por onde passa. Ele tem faro de investigador, posicionamento inicial que o fará ir tão longe, mais que o esperado, tornando-se um renomado cientista e médico, ganhador do Honoris Causa, em 1976. Acompanhamos cada passo seu com a trilha sonora emotiva de Christopher Young, importante para o impacto dramático de cada passagem transformadora na vida destes personagens que aprendem muito entre si.
Voltemos ao contato entre a dupla. Ao perceber que Vivien Thomas é um homem interessado e curioso, o Dr. Alfred começa a lhe garantir algumas oportunidades adicionais. Há momentos de observação de experimentos, contemplação de procedimentos, numa jornada que permite ao faxineiro sair da posição fixa importante, mas redutora, levando-o como auxiliar para o Hospital John Hopkins, numa época em que se relacionar com pessoas negras era tabu, tempo conflituoso que exigir ceder o lugar para os brancos num transporte público ou ter banheiros diferentes para cada grupo, em linhas gerais, uma tenebrosa fase da história humana que de vez em quando, se repete na contemporaneidade, por mais que afirmemos que passamos por consideráveis mudanças sociais. A esposa de Vivien, sempre preocupada, teme que as experiências do marido sejam ousadas demais e os deixem numa posição comprometedora futuramente. Ele, persistente, segue o seu sonho e consegue convencer a todos de sua competência, num trunfo belíssimo.
Sua trajetória é de superação sem aderir aos milagres ou religiosidade. Vivien Thomas é técnico no que faz, focado na metodologia, humilde quando os caminhos não levam para o esperado e consciente da necessidade de recomeçar quando percebe que realizou uma escolha equivocada. Em sua pesquisa com animais, faz procedimentos e experimenta muito, antes de chegar aos resultados finais, uma aula para a juventude contemporânea impaciente e obcecada pelo Google como via exclusiva para as suas respostas. É na exatidão científica que o personagem prospera, numa era de tantas dispersões e dificuldades como qualquer outra, marcada pela recessão econômica, desdobramento da Crise de 1929, época de taxas altíssimas de desemprego e miséria, queda do poder de compra e da renda, bem como da produção industrial em escala mundial. Sem falar na já mencionada segregação racial, um impasse que poderia ter acabado de vez com os primeiros passos galgados por Vivien Thomas, ao lado do Dr. Alfred, seu mentor, figuras unificadas para a resolução da Síndrome do Bebê Azul, um problema cardiológico que foi resolvido depois de muito trabalho, leitura, investigação e testes laboratoriais, em suma, após uma jornada exaustiva, mas necessária, de pesquisa embasada por métodos sérios.
Eles precisam descobrir como resolver a cianose provocada pela deficiência no transporte de oxigênio no sangue do bebê que desenvolve o problema quando nasce, nalguns casos, logo quando pequeno, uma condição que o deixa com a pela azulada ou arroxeada, cor que pode ser efeito da junção de sangue oxigenado com o não oxigenado, problema de saúde oriundo de má formação congênita. É uma situação raríssima que encontrou respostas significativas na empreitada do médico e de seu auxiliar. Nós contemplamos estas passagens com a direção de fotografia de Donald M. Morgan, eficiente na captação dos momentos de duelo entre os investigadores e a sociedade, personagens que atravessem os cenários do design de produção de Vincent Peranio, também assertivo ao emular com cautela as décadas por onde a trama se passa, além de construir um espaço de trabalho para a dupla que é simples, mas imersivo no que tange aos aspectos visuais de um local para experimentos científicos. Ademais, Quase Deuses também é uma narrativa para reflexão sobre os diversos tipos de conhecimento, sabia?
Nos momentos em que os dois homens debatem sobre como descobrir a cura para a cura do bebê e assim, explicar tal fenômeno, nós temos pontos de articulação com o conhecimento filosófico, obtido na lógica e na construção de conceitos. Após numerosas tentativas com animais que não dão certo, os testes acabam levando Vivien para o seu objetivo, num diálogo com o que chamamos de conhecimento sensível, aquele obtido através dos sentidos, neste caso, pelo olhar atento do personagem. Quando um representante religioso deseja intervir na cirurgia, alegando que os médicos querem interceder diante da vontade divina, temos impregnado o conhecimento religioso. No caso do conhecimento científico, podemos contemplar a sua passagem em diversos momentos de Quase Deuses, em especial, quando Vivien Thomas se apaixona pelos estudos na área de medicina e começa a devorar todos os livros possíveis sobre o assunto, numa busca por problemas, hipóteses, respostas por meio de experimentos e investigação.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
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