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O preço da produtividade

Entre entregas e metas, a sociedade aprendeu a medir valor pelo volume de tarefas, e não pela qualidade de presença

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Foto: Pixabay

Por: Iza França @sou_izafranca

Vivemos em uma época em que o desempenho virou identidade. Já não dizemos “estou bem”, dizemos “estou produtiva”. O verbo produzir substituiu o verbo existir, e o tempo livre se tornou sinônimo de culpa.

A pressa virou virtude. O descanso, desconfiança. A pausa, preguiça. Entre entregas e metas, a sociedade aprendeu a medir valor pelo volume de tarefas, e não pela qualidade de presença.

O curioso é que, quanto mais produzimos, menos nos sentimos realizados. Trabalhamos sem parar, mas a sensação é de escassez constante. Corremos o tempo todo, mas não sabemos exatamente para onde. O excesso de produtividade nos tornou exaustos, não eficientes.

A produtividade que valia como propósito se transformou em anestesia. Um jeito de não encarar o vazio que sobra quando o fazer não preenche mais o ser.

Talvez o verdadeiro sucesso esteja em reaprender a parar. Em desacelerar sem culpa. Em entender que uma mente sobrecarregada não cria, apenas repete.

Produtividade é importante. Mas humanidade é essencial.

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Iza França é jornalista, relações públicas e gestora de comunicação com mais de 20 anos de experiência em comunicação corporativa. Atuou em grandes empresas e liderou agências que atendem marcas de diferentes setores. Hoje, compartilha reflexões sobre reputação, liderança feminina, carreira e gestão, além do propósito e do papel humano da comunicação no mundo digital. @sou_izafranca
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O esgotamento da autenticidade

A sinceridade virou estratégia, o “ser de verdade” virou filtro — e até o desabafo vem roteirizado para caber nos stories

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E, nesse paradoxo entre o que mostramos e o que somos, nasce um novo tipo de cansaço: o esgotamento da autenticidade. 
Foto: Pixabay

Por: Iza França @sou_izafranca

Estamos vivendo a era da autenticidade performática. Todo mundo quer parecer verdadeiro, mas poucos estão dispostos a sustentar o preço da verdade. 

A sinceridade virou estratégia, o “ser de verdade” virou filtro — e até o desabafo vem roteirizado para caber nos stories. 

Falar de vulnerabilidade dá engajamento, mas vivê-la exige coragem. Mostrar bastidores emociona, mas lidar com as próprias sombras é o que realmente transforma. 

E, nesse paradoxo entre o que mostramos e o que somos, nasce um novo tipo de cansaço: o esgotamento da autenticidade. 

Porque manter uma imagem espontânea todos os dias dá trabalho. 

Precisar provar que é real é o sintoma de uma geração que desaprendeu a ser sem se mostrar. 

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Nas empresas, a coerência também virou espetáculo. 

Fala-se de cultura, propósito e diversidade em posts que soam inspiradores, mas, quando as câmeras se apagam, voltamos aos velhos comportamentos. 

E talvez seja aí que a confiança se perca — não na ausência de discurso, mas no excesso de discurso sem prática. 

Autenticidade não é sobre transparência absoluta, mas sobre consistência. 

É sobre alinhar o que se diz com o que se faz. Sobre não precisar de aplauso para ser quem se é. 

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Enquanto a imagem continuar mais importante que a essência, a autenticidade continuará sendo apenas mais um personagem da era digital. 

E personagem, por definição, cansa — porque não vive, apenas atua. 

Iza França é jornalista, relações públicas e gestora de comunicação com mais de 20 anos de experiência em comunicação corporativa. Atuou em grandes empresas e liderou agências que atendem marcas de diferentes setores. Hoje, compartilha reflexões sobre reputação, liderança feminina, carreira e gestão, além do propósito e do papel humano da comunicação no mundo digital. @sou_izafranca 
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O fim da palavra 

Em tempos de excesso de discurso e escassez de ação, recuperar o valor da palavra é um ato de resistência

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De promessas políticas a notas corporativas, de juras de amor a compromissos sociais, a palavra anda barata. E quando o verbo se
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Por: Iza França @sou_izafranca

Vivemos um tempo em que tudo se diz, mas pouco se cumpre. As palavras perderam o peso que um dia tiveram. São lançadas com a mesma leveza com que se posta uma foto: com filtro, emoção momentânea e nenhuma consequência. O discurso virou performance, e a verdade, produto de ocasião. 

De promessas políticas a notas corporativas, de juras de amor a compromissos sociais, a palavra anda barata. E quando o verbo se desvaloriza, a confiança entra em crise. Já não basta falar bonito — é preciso sustentar o que se diz quando o palco se apaga. 

No ambiente corporativo, multiplicam-se os manifestos, os “propósitos”, os “valores inegociáveis”. Mas o eco se perde quando a prática desmente o discurso. E assim, a palavra morre mais uma vez — agora não pela mentira, mas pela incoerência. 

No campo pessoal, a lógica se repete. Prometemos presença e entregamos distração. Dizemos “estou aqui” enquanto olhamos o celular. Juramos amor, mas fugimos do compromisso. Falamos de empatia, mas reagimos com indiferença. O vocabulário da emoção virou moeda inflacionada. 

O fim da palavra não é o silêncio — é o ruído. É a saturação de vozes que não dizem nada. E talvez a maior revolução do nosso tempo seja devolver às palavras o que lhes pertence: verdade, intenção e consequência. 

Porque quando a palavra perde o valor, tudo o que resta é o barulho. E barulho não constrói nada. 

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Iza França é jornalista, relações públicas e gestora de comunicação com mais de 20 anos de experiência em comunicação corporativa, atuou em grandes empresas e liderou agências que atendem marcas de diferentes setores. Hoje, compartilha reflexões sobre reputação, liderança feminina, carreira e gestão e o propósito e o papel humano da comunicação no mundo digital. @sou_izafranca
 
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Mulheres que não cabem mais no molde 

Hoje, há um novo tipo de mulher surgindo e ela não pede mais desculpas por existir

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Durante muito tempo, ensinaram às mulheres a se encaixar. No tom de voz, na roupa adequada, no sorriso contido, na cadeira que lhes
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Por: Iza França @sou_izafranca

Durante muito tempo, ensinaram às mulheres a se encaixar. No tom de voz, na roupa adequada, no sorriso contido, na cadeira que lhes era permitida ocupar. Crescemos acreditando que precisávamos ser leves, agradáveis, equilibradas e, de preferência, discretas. O mundo corporativo aplaudia quem soubesse “se colocar”. As relações valorizavam quem “não complicasse”. Mas o preço da adequação foi alto: muitas deixaram de ser inteiras para caber no que esperavam delas. 

Hoje, há um novo tipo de mulher surgindo e ela não pede mais desculpas por existir. Não é sobre ser rebelde, é sobre ser inteira. Essa mulher fala quando precisa, recua quando quer, não quando mandam. Ela aprendeu que vulnerabilidade não é fraqueza, que ambição não é pecado e que o silêncio, quando bem usado, é poder. 

No trabalho, lidera sem precisar endurecer. Em casa, ama sem se anular. Nas escolhas, ousa priorizar o que antes seria impensável: ela mesma. 

É uma mulher que entendeu que gentileza não é submissão, e que firmeza não precisa vir embalada em culpa. 

Há quem ainda a chame de difícil, intensa ou insuportável — e tudo bem. Porque talvez o incômodo seja o som de velhos padrões ruindo. A mulher que não cabe mais no molde está abrindo espaço para uma nova forma de ser e estar no mundo: autêntica, complexa e inteira. 

Ela não quer ser admirada pela resiliência com que suportou, mas pela coragem com que escolheu não suportar mais. 

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Iza França é jornalista, relações públicas e gestora de comunicação com mais de 20 anos de experiência em comunicação corporativa, atuou em grandes empresas e liderou agências que atendem marcas de diferentes setores. Hoje, compartilha reflexões sobre reputação, liderança feminina, carreira e gestão e o propósito e o papel humano da comunicação no mundo digital. @sou_izafranca
 
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