Por: Iza França @sou_izafranca
Vivemos em uma época em que o desempenho virou identidade. Já não dizemos “estou bem”, dizemos “estou produtiva”. O verbo produzir substituiu o verbo existir, e o tempo livre se tornou sinônimo de culpa.
A pressa virou virtude. O descanso, desconfiança. A pausa, preguiça. Entre entregas e metas, a sociedade aprendeu a medir valor pelo volume de tarefas, e não pela qualidade de presença.
O curioso é que, quanto mais produzimos, menos nos sentimos realizados. Trabalhamos sem parar, mas a sensação é de escassez constante. Corremos o tempo todo, mas não sabemos exatamente para onde. O excesso de produtividade nos tornou exaustos, não eficientes.
A produtividade que valia como propósito se transformou em anestesia. Um jeito de não encarar o vazio que sobra quando o fazer não preenche mais o ser.
Talvez o verdadeiro sucesso esteja em reaprender a parar. Em desacelerar sem culpa. Em entender que uma mente sobrecarregada não cria, apenas repete.
Produtividade é importante. Mas humanidade é essencial.

