Clássicos da Sétima Arte
O Silêncio dos Inocentes
![história recente do cinema. Assim é O Silêncio dos Inocentes, tradução intersemiótica do romance homônimo de Thomas Harris,](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2021/07/O-Silêncio-dos-Inocentes.jpeg)
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Professor Leonardo Campos
Uma narrativa cinematográfica que mudou os rumos do suspense e se estabeleceu como um dos clássicos modernos mais envolventes e intrigantes da história recente do cinema. Assim é O Silêncio dos Inocentes, tradução intersemiótica do romance homônimo de Thomas Harris, dirigido por Jonathan Demme. Com roteiro assinado por Ted Tally, o filme conquistou as principais estatuetas da cobiçada premiação do Oscar em 1992 e se tornou uma referência em várias vertentes da produção contemporânea, desde a possibilidade de mesclar complexidade narrativa e entretenimento, ao desempenho dramático de todo o elenco, composição operística da trilha sonora, direção de fotografia e design de produção detalhistas e assertivos, dentre outros traços que o tornaram um dos melhores filmes de todos os tempos. Além de tudo isso, a obra nos apresentou o psicopata mais sedutor da história do cinema, figura perigosa, capaz de “matar” alguém apenas com as suas palavras silabadas, voz profunda e ritmada, olhos que quase não piscam, partes que integram esta criatura erudita, audaciosa, mas que na verdade é um monstro, uma espécie de ogro contemporâneo. Sim, falamos de Hannibal Lecter.
Ao longo dos 115 minutos de O Silêncio dos Inocentes, somos informados que um psicopata é o responsável por aterrorizar a região onde a história se desenvolve, tendo como modo de operação, atacar mulheres com um determinado perfil, isto é, vítimas robustas e brancas, encontradas em situações lastimáveis de violência. O responsável pela onda de horror é Buffalo Bill (Ted Levine), um perturbado homem que deseja customizar uma roupa feita de pele das suas vítimas, aos moldes de Ed Gein, conhecido por ter sido o Monstro de Plainfield. A polícia, ao investigar, vai contar com a astúcia da determinada Clarice Starling (Jodie Foster), personagem que não precisa enfrentar apenas o machismo oriundo dos policiais que a circunda, o risco da situação diante do psicopata, mas também terá de lidar com os agonizantes desafios psicológicos, propostos por um importante colaborador da sua “situação problema”: o mencionado Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), canibal enclausurado numa prisão de segurança máxima, figura chave para a resolução do caso, colaboração que chegará com alto custo para todos os envolvidos.
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Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), Clarice Starling (Jodie Foster) e Jack Crawford (Scott Gleen)
Ele sabe que Clarice Starling é supervisionada por Jack Crawford (Scott Gleen), um de seus desafetos, situação que torna o contato inicial desrespeitoso, mas aos poucos, permite que Lecter crie alguma afinidade com a jovem estagiária do FBI. Após o sequestro da filha de uma senadora, o caso ganha maiores proporções, o que faz a corrida pela caçada a Buffalo Bill se tornar mais intensa. Lecter lança a sua oferta: uma nova cela, com janelas e num local mais sofisticado, além da permissão de Clarice para o famoso “toma lá, da cá”, espécie de transformação da colaboração na investigação em sessão terapêutica para a moça. Neste processo, a cada informação cedida pela jovem agente, o psiquiatra canibal assimila mais dados sobre a personagem, permitindo que nós também criemos a identificação necessária para o envolvimento com o desfecho apoteótico da história evolutiva de uma mulher traumatizada pela morte trágica do pai, pelos cordeiros que eram ceifados na fazenda próxima para onde foi encaminhada quando ficou órfã. Ao tentar salvar um dos animais em determinada situação, acabou sendo enviada para uma instituição luterana onde permaneceu até tornar-se adulta e obstinada a seguir a carreira em investigação criminal.
Com a sua retórica deliciosamente ministrada, tanto nos momentos de tensão quanto nos diálogos mais simples, o canibal, mesmo dono de uma personalidade assustadora, dificilmente consegue repelir o público, pelo contrário, a cada aparição faz os nossos olhos brilharem de encantamento. É o que nos leva aos estudos sobre a presença do psicopata como herói da pós-modernidade, figuras que representam tudo aquilo que nós devemos repelir em nossos códigos civilizatórios. Astuto e inteligente, o Hannibal Lecter de Anthony Hopkins comete crimes enquanto as Variações Goldberg, de Bach, tomam o ambiente como condução musical de seus atos espúrios. Amante da literatura e da filosofia clássica, ele não se apresenta como um assassino vulgar qualquer, o que torna um breve momento de diálogo uma aula de análise do comportamento humano. Enquanto ele ceifa os algozes, pune os maléficos, o seu discípulo passional, Buffalo Bill, também tratado como James Gumb, aniquila mulheres inocentes, cobiça coisas que não lhe pertencem, extraídas de vítimas que tais como os cordeiros que nomeiam a história, são vítimas sacrificiais.
Ted Tally, no desenvolvimento do texto, conseguiu mapear os principais aspectos do romance de Thomas Harris e transforma-los sabiamente em material cinematográfico. Ao longo de seis anos de dedicação ao livro, o escritor construiu os seus personagens com cautela e complexidade, apuro que na versão cinematográfica também foi respeitado. Clarice é uma mulher com o passado traumático, Lecter é um ogro contemporâneo, uma besta que resgata tudo aquilo que é grotesco na história evolutiva da humanidade, uma espécie de Mefistófeles, de Goethe, sábio, corrosivo, audacioso e ciente de suas habilidades manipuladoras. Buffalo Bill é, tal como já mencionado, uma versão de Ed Gein, psicopata que também influenciou a criação de Norman Bates e Leatherface, de Psicose e O Massacre da Serra Elétrica, respectivamente. Na composição do personagem, temos também alguns traços de Ted Bundy e Heidnick Gary, o primeiro pelo fato de se fingir de ferido para atrair as vítimas e golpeá-las covardemente para levar ao caminho da morte e o segundo por manter um poço no porão da casa, espaço onde mantinha as suas vítimas. Num olhar mais geral, o psicopata também traz elementos de Gary Ridgway, o assassino de Green River. Após os seus atos criminosos, despejava os cadáveres neste rio ou em áreas arborizadas próximas.
Em sua estrutura com paralelismos, o filme traz dois mentores digladiando com distanciamento, isto é, Lecter e Crawford, referências para Bill e Starling, também um contra o outro, nesta narrativa primorosa por ser milimetricamente calculada em seu desenvolvimento dramático e estético. O design de produção de Kristi Zea, por exemplo, é um setor que se manteve com base em muitos estudos sobre os perfis dos assassinos que inspiraram a criação da história. Francis Bacon, o polêmico pintor da carne humana, figura controversa das artes visuais no século XX, serviu de referência para algumas passagens, em especial, a cena do ataque de Hannibal Lecter aos policiais, passagem próxima aos momentos decisivos desta narrativa com condução musical orquestrada por Howard Shore, compositor da textura percussiva firme, envolvente, melancólica em alguns trechos e aterrorizante em outros, melhor paisagem sonora da franquia baseada no universo literário criado por Thomas Harris. Os figurinos assinados por Colleen Atwood também são assertivos, ao apresentar Clarice com roupas e maquiagem sem brilhos e excessos, transmitindo visualmente a personalidade discreta, serena e solitária da investigadora.
Coeso e coerente em sua montagem, assumida pelo editor Craig McKay, O Silêncio dos Inocentes triunfa esteticamente, com grande destaque para a sua direção de fotografia, assinada por Tak Fujimoto, profissional que junto ao cineasta Jonathan Demme, concebe imagens com presença constante de close-up, tendo em vista aproximar Hannibal Lecter do público e causar a sensação de medo e desconforto. Outra estratégia do setor foi o estabelecimento do ponto de vista para que pudéssemos acompanhar em cena o que fosse mais próximo do olhar da heroína Starling. Muitas passagens emulam o olhar da personagem e nos permite compreender a história sob o seu ponto de vista. Quando no desfecho, em seu enfrentamento com Buffalo Bill, ela é mergulhada na escuridão da armadilha do antagonista, adentramos na mesma zona de desconforto da personagem, angustiada por não saber se conseguirá sair viva da jornada de horror estabelecida pelo psicopata acuado. Ainda sobre estética e elementos visuais, importante notar a presença do gato como elemento simbólico constante, além da mariposa da morte, inserida na garganta de suas vítimas como uma marca do assassino.
O inseto representa o seu desejo de transformação, levado para uma realidade assustadora quando ele começa a cometer os assassinatos e esfolar as suas vítimas para a confecção da roupa de pele humana, parte de seu projeto assombroso, oriundo da mente perturbada de alguém que teve a cirurgia de transição negada pelos médicos responsáveis por seu caso clínico. Ademais, por ser professor de Literatura e Cinema e Vídeo, sempre coloco a produção como parte integrante da formação dos interessados em aprender sobre cinema, seja pela composição dos quadros, design de produção, lições sobre direção de fotografia, montagem eficiente ou na criação de elementos dramáticos para roteiro que adaptar bem a base ponto de partida, importada da literatura. Assistir ao filme é como sentar diante de uma vigorosa e bem preparada aula de cinema. Jonathan Demme e sua equipe fizeram escola, estabeleceram um padrão seguido por diversas produções posteriores, numa remodelagem do suspense que inclui também referências para as séries televisivas sobre investigação criminal, tema exaustivo na atualidade, banalizados por realizações ficcionais que perderam a possibilidade de inovar diante do esgotamento temático.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
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Ponte Salvador-Itaparica tem execução aprovada por unanimidade pelo TCE-BA
A corte aprovou a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato
![sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/02/AnyConv.com__Imagem-do-WhatsApp-de-2025-02-11-as-17.36.19_ea08f086.webp)
Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) aprovaram, por unanimidade, nesta terça-feira (11), a homologação da proposta de consenso, que estabelece a repactuação do contrato para execução das obras de construção e operação do sistema da Ponte Salvador-Itaparica. Todos os conselheiros acompanharam a posição do voto do relator do processo, o presidente da Corte de Contas, conselheiro Marcus Presidio.
“Acatamos o consenso para que possa ser realizado e assinado o aditivo contratual entre a Concessionária e o Estado, da Ponte Salvador-Itaparica. O consenso foi no sentido de análise das cláusulas econômicas e financeiras. É viável a construção da ponte, que o Estado da Bahia, juntamente com a concessionária, coloque em prática a assinatura do aditivo e que dê início às obras no prazo estipulado”, declarou Presidio.
A proposta foi elaborada pela Comissão Consensual de Controvérsias e Prevenção de Conflitos, composta por auditores da Corte de Contas, integrantes do Ministério Público de Contas, da Procuradoria-Geral do Estado, da Secretaria da Fazenda (Sefaz-BA), da Secretaria da Casa Civil, da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e da Concessionária Ponte Salvador-Itaparica.
Para o secretário da Casa Civil, Afonso Florence, “essa experiência da mediação pelo Tribunal ajudou a viabilizar essa modernização, porque tinha havido a pandemia. A paralisação de todas as atividades tinha levado ao colapso do contrato. A população baiana pode comemorar. Eu já avisei ao governador, porque ele coordenou toda a negociação pessoalmente. 75% de andamento da sondagem, com expectativa de conclusão agora em março. Mas, a nossa expectativa é que agora a obra ganhe a velocidade”.
O presidente do TCE falou sobre o que motivou as mudanças em contrato. “Houve uma pandemia logo após a assinatura do contrato em vias do leilão da ponte. Por isso, há uma defasagem muito grande em termos financeiros e o Estado vinha, de lá em 2020 para cá, em discussões para que chegassem ao consenso, para que esses valores fossem elevados e compensados. Então, depois de profundas análises e discussões entre as partes, entre a concessionária, entre o Estado, o Tribunal de Contas chega à conclusão que financeiramente ainda é vantajosa para o Estado da Bahia manter esse contrato para que a ponte possa ser construída”.
Os participantes da sessão classificaram o momento como um feito histórico. Compareceram a procuradora-geral do Estado Barbara Camardelli Loi, os secretários estaduais da Fazenda, Manoel Vitório, da Infraestrutura, Sérgio Brito, e da Casa Civil, Afonso Florence, além dos principais dirigentes da Concessionária do Sistema da Ponte Salvador-Itaparica, entre os quais o diretor-presidente, Cláudio Brito Villas Boas e o presidente do Conselho de Administração, Lin Li. Também participaram da sessão todos os integrantes da Comissão Consensual.
Dia histórico
Depois que o conselheiro presidente concluiu a leitura do seu voto, a procuradora-geral do Estado, Barbara Camardelli ocupou a tribuna para um breve pronunciamento, quando observou que o chamado projeto da ponte é, na verdade, um equipamento de infraestrutura que permitirá o desenvolvimento socioeconômico da Bahia, salientando o papel de estimulador do desenvolvimento econômico e social que o projeto tem. “Realizar este equipamento significa transformar a Bahia e colocar a Bahia interligada e nós teremos aqui a possibilidade de pensarmos o nosso Estado como um grande espaço territorial de circulação norte, sul, leste e oeste, e que garantirá novos investimentos, com certeza, e o desenvolvimento que isso leva e causa à população”.
Para Antonio Honorato, deve ser elogiado o esforço pelo diálogo, concretizado pela instalação da Comissão de Consensualismo; a mesma linha foi seguida pelo conselheiro João Bonfim, que disse ser compreensível a necessidades das alterações no contrato, em razão das mudanças econômicas no cenário mundial e parabenizou todos os envolvidos no processo que resultou na concretização de uma proposta consensual para superar os impasses.
No seu voto, o conselheiro Marcus Presidio fez uma exposição acerca das circunstâncias que levaram à criação da Comissão para atuar de forma decisiva pela consensualidade e destacou que o esforço dedicado a esta conciliação, com manifestações favoráveis dos auditores e do Ministério Público de Contas, “encoraja os gestores a saírem da inação dos últimos anos e a prosseguirem com os investimentos planejados, os quais, ao final e ao cabo, legarão uma ponte, espinha dorsal de um ambicioso sistema, que pertencerá ao Estado da Bahia, ao povo baiano, e não a este ou àquele concessionário”.
Levando em conta as mudanças no cenário internacional, a proposta de conciliação formulada pela Comissão contemplou seis pontos principais: a alteração da Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto para 10,72% ao ano; a elevação do aporte público total para R$ 5,07 bilhões, na data base de agosto de 2024; a alteração do valor da contraprestação anual para R$ 371 milhões, nos primeiros 10 anos de operação plena, e R$ 170 milhões, no período subsequente de operação plena (do ano 11 ao 29), valores na data base de agosto de 2024; a atualização do valor do contrato para ajustar-se às alterações promovidas; a extensão do cronograma de execução das obras de cinco para seis anos; e a redução do prazo de operação efetiva de 30 para 29 anos.
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Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas acontece em Brasília
O evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028 e contou com a participação do governador Jerônimo Rodrigues
![O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas,](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/02/AnyConv.com__Imagem-do-WhatsApp-de-2025-02-11-as-16.08.37_d82596b8.webp)
O governador Jerônimo Rodrigues participou, nesta terça-feira (11), da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, em Brasília. Promovido pelo Governo Federal, o evento reúne gestores municipais eleitos para o mandato 2025-2028, com uma programação voltada à capacitação e ao fortalecimento da governança municipal.
Antes da cerimônia de abertura, Jerônimo destacou a importância da parceria entre União, estados e municípios para o desenvolvimento das cidades e a implementação de políticas públicas. “A Bahia está aqui, reunida desde ontem, com a união dos prefeitos, a UPB [União dos Municípios da Bahia] se articulando, para avaliarmos o que podemos aproveitar de melhor nos programas do Governo Federal para o nosso estado”, afirmou o governador.
Apoio a todos
Em discurso no encontro, o presidente Lula reforçou que divergências políticas ou ideológicas não interferirão na relação entre o Governo Federal e os municípios. O presidente garantiu que nenhum gestor será prejudicado por não ter votado nele ou por não apoiar sua administração.
“Não haverá, em hipótese alguma, um banco, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o BRB, o Basa ou o BNDES, deixar de atender aos interesses de um governador ou de uma cidade por questões ideológicas”, declarou ele.
Participação baiana
A presença expressiva de prefeitos baianos no evento reforçou o compromisso do Estado com o fortalecimento da gestão municipal. O encontro oferece mais de 170 atividades simultâneas, abordando temas como segurança pública, enfrentamento das mudanças climáticas, transição energética, saúde, educação e desenvolvimento regional. Além disso, os gestores municipais recebem orientações técnicas sobre financiamento, acesso a recursos federais e modelos inovadores de administração pública.
O Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas segue até quinta-feira (13), promovendo debates e capacitações para garantir que os novos gestores municipais iniciem seus mandatos com planejamento estratégico e alinhamento às políticas públicas federais.
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Bahia ampliará investimentos para a população LGBTQIAPN+
O anúncio do Governo do Estado foi realizado durante a abertura das atividades 2025 do “Ocupa CPDD”
![Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+,](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/01/AnyConv.com__WhatsApp-Image-2025-01-23-at-11.54.57.webp)
Com um investimento bianual estimado em R$ 6,3 milhões, o maior da história da Bahia em políticas públicas para a população LGBTQIAPN+, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), deu início nesta quinta-feira (23), às atividades de 2025 do Centro de Proteção e Defesa dos Direitos LGBT (CPDD/LGBT), no Casarão da Diversidade, em Salvador.
A ação, conhecida como “Ocupa CPDD”, teve uma programação gratuita durante todo o dia, o qual incluiu apresentações culturais com performance artística de Beca Baroni e Haus Of Bushido, acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica (Enem/Encceja) e retificação de prenome e gênero.
A proposta foi promover uma verdadeira ocupação do espaço por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, público assistido pelo projeto, uma mostra das ações previstas para o biênio sob a vigência do Termo de Colaboração firmado entre a SJDH e o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (Gapa Bahia).
“O CPDD é um equipamento público, com funcionamento desde 2018, que atende pessoas LGBT vítimas de violência e/ou precisam de orientação sobre os seus direitos. Acabamos de anunciar que o Gapa passa a gerir o espaço, uma organização importante da sociedade civil que é nossa parceira na realização dessa iniciativa; além disso, comemoramos a ampliação, não só da equipe, mas dos recursos, que tivemos um incremento de 142% do valor investido nessa política pública do Governo do Estado, totalizando R$ 6,3 milhões”, afirmou o secretário da SJDH, Felipe Freitas.
Atendida no CPDD há três anos, a estudante universitária e mulher trans, Maria Estrela Felipa de Souza, 26, foi em busca hoje, de atendimento jurídico. “Vim fazer uma escuta com o serviço social referente aos meus documentos. Mudei de nome, relatei ao banco, mas continuam enviando correspondências em meu nome antigo. Tive dúvidas de como notificar a agência e agora estou sendo orientada. Gosto muito do atendimento daqui porque é o nosso público que nos escuta e acolhe. Já passei por psicóloga e outras equipes. Aqui me reconheço como sou e posso ter acesso às ações de cidadania”, explicou.
Mais sobre o CPDD
O CPDD LGBT articula ações de prevenção às ameaças e violações dos direitos das pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, oferecendo atendimento especializado com foco na promoção de direitos e combate às violências contra a população LGBTQIAPN+. O seu funcionamento está vinculado ao Plano Plurianual 2024-2027, e dialoga com a missão institucional da SJDH de defender a dignidade da pessoa humana através de políticas públicas de acesso à justiça e de promoção e proteção dos Direitos Humanos.
Entre os atendimentos oferecidos estão acolhimento psicossocial, encaminhamento para solicitação de benefícios sociais, orientação pedagógica e cursos preparatórios para a Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoas trans, retificação de prenome e gênero, apoio e fomento de empreendimentos de pessoas LGBTQIA+ e acolhimento de atividades culturais ou grupos de cultura LGBTQIA+ no Casarão da Diversidade.
“Esse espaço é uma porta aberta para todas as pessoas da Bahia, que estejam aqui, que sofrem violência. Temos uma equipe multiprofissional que vai acolhê-las e encaminhá-las a partir dessa denúncia. Atividades culturais e artísticas também acontecem no espaço, para que elas possam também experimentar um lado não violento e a produção da cidadania”, comentou a coordenadora-geral do CPDD e diretora da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) Keyla Simpson.
O centro funciona no Casarão da Diversidade, localizado na Rua do Tijolo nº 8, Pelourinho, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, por demanda espontânea. A partir de abril, o CPDD terá outra unidade, em uma cidade do interior do Estado, que será anunciada pela SJDH em março. O telefone de atendimento é o 71 3321-4576/ 71 99606-5505 (WhatsApp).