Meio Ambiente
Mundo está na ‘estrada para o inferno climático’, alerta chefe da ONU
Em seu discurso na Cop27, António Guterres afirmou que a luta por um planeta habitável será vencida ou perdida nesta década
![A humanidade está em uma “estrada para o inferno climático”, alertou o secretário-geral da ONU, dizendo que a luta por um planeta](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2022/11/63669963_605.jpg)
A humanidade está em uma “estrada para o inferno climático”, alertou o secretário-geral da ONU, dizendo que a luta por um planeta habitável será vencida ou perdida nesta década.
António Guterres disse aos líderes mundiais na abertura da cúpula climática da ONU Cop27 no Egito na segunda-feira (7): “Estamos na luta de nossas vidas e estamos perdendo… E nosso planeta está se aproximando rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível.
“Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador.”
Ele disse que o mundo enfrentará uma escolha difícil na próxima quinzena de negociações: ou países desenvolvidos e em desenvolvimento trabalhando juntos para fazer um “pacto histórico” que reduziria as emissões de gases de efeito estufa e colocaria o mundo em um caminho de baixo carbono – ou fracasso, que traria colapso climático e catástrofe.
“Podemos assinar um pacto de solidariedade climática ou um pacto de suicídio coletivo”, acrescentou.
Ele disse que o mundo tem as ferramentas necessárias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em energia limpa e tecnologia de baixo carbono.
“Uma janela de oportunidade permanece aberta, mas apenas um estreito raio de luz permanece”, disse ele. “A luta climática global será vencida ou perdida nesta década crucial – sob nossa vigilância. Uma coisa é certa: quem desiste com certeza vai perder.”
Abdel Fatah al-Sisi, presidente do Egito, disse em seu discurso de abertura da cúpula que pessoas pobres e vulneráveis em todo o mundo já estavam experimentando os efeitos do clima extremo: “A intensidade e a frequência dos desastres climáticos nunca foram tão altas, em todos os quatro cantos do mundo, trazendo onda após onda de sofrimento para bilhões de pessoas. Não é hora hoje de pôr fim a este sofrimento?”
Mais de 100 chefes de Estado e de governo de todo o mundo se reuniram no resort egípcio de Sharm El-Sheikh na segunda-feira para dois dias de reuniões a portas fechadas e eventos públicos para discutir a crise climática.
Rishi Sunak, o primeiro-ministro britânico, participará por um dia, junto com Olaf Scholz da Alemanha, Emanuel Macron da França e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Joe Biden, o presidente dos EUA, virá no final da semana, após as eleições de meio de mandato dos EUA.
Mia Mottley, a primeira-ministra de Barbados, apresentará uma nova iniciativa sobre financiamento climático para o mundo em desenvolvimento, e líderes africanos, incluindo William Ruto, do Quênia, Macky Sall, do Senegal, e George Weah, presidente da Libéria, estão nas negociações. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, também está no encontro.
A partir de quarta-feira (9), os líderes mundiais entregarão a autoridades e ministros o restante da quinzena de negociações. No entanto, a cúpula promete ser tensa e difícil, com poucas chances de um avanço.
Os países estão se reunindo à sombra da guerra na Ucrânia, uma crise mundial de energia e custo de vida e crescentes tensões globais. Países ricos e pobres estão em desacordo, pois as grandes economias não conseguiram reduzir as emissões de gases de efeito estufa com rapidez suficiente, e os países mais pobres que sofrem o impacto da crise climática estão recebendo pouco da assistência financeira de que precisam e que foi prometida.
A conferência Cop27 teve um início lento, com os negociadores gastando mais de 40 horas no fim de semana discutindo sobre o que estaria na agenda. Ao final, ficou acertado que seria discutida a polêmica questão de perdas e danos – que se refere aos piores impactos da crise climática, que são muito graves para os países se adaptarem.
Os países pobres que sofrem perdas e danos querem um mecanismo financeiro que lhes dê acesso a financiamento quando ocorrerem desastres como furacões, inundações e secas, destruindo sua infraestrutura e dilacerando seu tecido social.
Não é provável que essas conversações forneçam um acordo final sobre perdas e danos, mas os países esperam progressos nas formas de angariar e desembolsar financiamento.
Na maioria das cúpulas climáticas da ONU, ativistas e manifestantes desempenham um papel fundamental. No entanto, o Egito reprime a dissidência e suas prisões estão cheias de presos políticos. O governo de Sisi prometeu que as vozes dos ativistas climáticos serão ouvidas, mas suas atividades foram reduzidas, com os manifestantes mantidos em um local separado e obrigados a se registrar com antecedência para obter permissão até mesmo para pequenas manifestações.
Meio Ambiente
Inema investiga descarte irregular de arraias na Marina do Bonfim
O objetivo da operação foi identificar os responsáveis pela infração ambiental e adotar as medidas cabíveis
![Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) esteve na Marina do Bonfim para apurar o descarte irregular de arraias,](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/02/AnyConv.com__WhatsApp-Image-2025-02-05-at-16.45.31.webp)
Na manhã desta quarta-feira (5), uma equipe de fiscalização do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) esteve na Marina do Bonfim para apurar o descarte irregular de arraias, em ação conjunta com a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA). O objetivo da operação foi identificar os responsáveis pela infração ambiental e adotar as medidas cabíveis.
O diretor de Fiscalização do Inema, Eduardo Topázio, destacou que assim que o instituto tomou conhecimento, informou a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), que iniciou a remoção do material, a questão agora é garantir que o responsável seja identificado e responsabilizado. “Ao chegarmos, encontramos as arraias, identificamos que se tratava de um descarte de animais já tratados, preparados para comercialização. Segundo relatos de moradores, trabalhadores e transeuntes da região, o descarte ocorreu na madrugada de segunda para terça-feira e teria sido feito por um caminhão baú. As informações coletadas serão analisadas para subsidiar as investigações e possíveis autuações”.
O diretor também destacou que caso identificado, o responsável será punido. Se for de fato uma pessoa jurídica descartando material poluente em local inadequado, poderá sofrer processo administrativo, ser multado e até ter suas atividades interditadas, conforme avaliação técnica e jurídica.
A Major Érica Patrícia, comandante da COPPA, e sua equipe prestaram apoio tanto em terra quanto no mar, utilizando uma embarcação para ajudar na localização dos materiais e investigação da autoria.
O Inema disponibiliza canais para atendimento de denúncias oriundas da população, através do número 0800-071-1400 ou e-mail denuncia@inema.ba.gov.br. A identidade do denunciante será preservada.
Meio Ambiente
Comunidade de Itaparica se mobiliza contra coral invasor na BTS
A espécie cresce rapidamente e compete com corais nativos, comprometendo os recifes que protegem a costa contra erosões
![Uma ameaça silenciosa cresce nos recifes da Baía de Todos-os-Santos (BTS): o coral invasor Chromonephthea braziliensis, que pode](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/01/AnyConv.com__54254651956_029d70cd2d_o.webp)
Uma ameaça silenciosa cresce nos recifes da Baía de Todos-os-Santos (BTS): o coral invasor Chromonephthea braziliensis, que pode comprometer a biodiversidade marinha local. Para enfrentar esse desafio, a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em parceria com instituições de pesquisa, estão conduzindo uma expedição na Ilha de Itaparica para planejar a erradicação da espécie.
A operação, iniciada em dezembro de 2024 e com previsão de término em fevereiro, vem reunindo esforços de especialistas de diversas instituições, pescadores e marisqueiras para proteger o ecossistema local. Durante a segunda expedição, realizada nesta terça-feira (15), a equipe da Sema/Inema dialogou com representantes da comunidade local e autoridades locais como está avançando a operação, os possíveis impactos do coral e as estratégias de combate. As próximas expedições estão programadas para os dias 22 e 29 de janeiro, com o encerramento das atividades previsto para o dia 4 de fevereiro.
“A nossa prioridade é garantir que a erradicação do coral invasor seja segura, eficiente e com o menor impacto ambiental possível. Já realizamos outros mergulhos de monitoramento e estamos avaliando as metodologias mais adequadas para remoção”, afirmou Luana Pimentel, diretora de Política e Planejamento Ambiental da Sema.
Os estudos em andamento indicam que uma combinação de métodos pode ser eficaz: a aplicação de sal azedo diretamente no coral e a remoção manual. “A injeção de sal azedo apresenta alta taxa de mortalidade do coral e reduz os impactos ambientais. Já a remoção manual é eficiente para eliminar colônias inteiras, mas exige extremo cuidado para evitar a dispersão de fragmentos que podem originar novas colônias”, explicou Francisco Barros, pesquisador da Ufba.
“Pequenos pedaços dos corais podem ser levados pela correnteza e dar origem a novas colônias, ampliando a invasão. Por isso, a capacitação das equipes é fundamental para que o processo de remoção seja eficaz e seguro”, explicou Francisco Barros, pesquisador da Ufba integrante da equipe técnica do projeto.
Apenas na área monitorada, a remoção pode atingir cerca de uma tonelada de corais invasores. Segundo os pesquisadores a espécie cresce rapidamente e compete com corais nativos, comprometendo os recifes que protegem a costa contra erosões. “Quanto antes controlarmos, maior será a chance de evitar danos irreversíveis, acrescentou outro pesquisador da Ufba, Rodrigo Maia.
Impactos na comunidade local
Geraldo Pereira, pescador com mais de 20 anos de experiência, relatou que a presença do coral invasor já afeta pesca local. “Percebi a diminuição de mariscos e outras espécies. Quando pescamos diariamente, conhecemos cada detalhe do ambiente, e algo diferente nos chamou a atenção. Não imaginávamos que esse coral poderia causar tanto impacto”, afirmou.
A expedição conta com o apoio da Capitania dos Portos, da Marinha, e da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA), além de parcerias técnicas com instituições como UFBA, USP, UFAL, UFRPE, Senai/Cimatec e a ONG Pró-Mar. “Esse é um processo que exige conhecimento técnico, planejamento estratégico e execução cuidadosa. Não é apenas retirar o coral invasor, precisamos garantir que a remoção seja segura e não provoque outros impactos ao ecossistema”, destacou Carla Guimarães, integrante do Inema na expedição.
O coral invasor, cientificamente conhecido como Chromonephthea braziliensis, representa uma grave ameaça à Baía de Todos-os-Santos. Além de liberar substâncias tóxicas que afetam corais nativos, sua proliferação reduz habitats essenciais para peixes e outras espécies marinhas. A erradicação é crucial para preservar a biodiversidade e os recursos naturais que sustentam as comunidades costeiras.
Meio Ambiente
Estado firma parceria com universidades para remoção de corais invasores na BTS
O trabalho segue até o dia 4 de fevereiro, quando poderão ser iniciadas as operações para remoção efetiva dos octocorais
![Proteger os recifes de corais da Baía de Todos-os-Santos (BTS) e a biodiversidade marinha tem sido o desafio de uma equipe](https://bahiapravoce.com.br/wp-content/uploads/2025/01/AnyConv.com__Imagem-do-WhatsApp-de-2025-01-08-as-14.09.30_3bba16e8.webp)
Proteger os recifes de corais da Baía de Todos-os-Santos (BTS) e a biodiversidade marinha tem sido o desafio de uma equipe de 10 pesquisadores de três universidades brasileiras, junto a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a Capitania dos Portos da Marinha e a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa). O grupo de trabalho embarcou rumo a Itaparica, nesta quarta-feira (8), para a segunda etapa de um experimento que pretende eliminar um octocoral invasor, da espécie ‘chromonephthea braziliensis’, da Baía de Todos-os-Santos (BTS).
A experiência dos mergulhadores e pescadores nativos da Ilha de Itaparica, na observação dos corais, foi o que possibilitou a identificação do coral invasor, em 2023, e do experimento no final de dezembro de 2024. Segundo Tiago Porto, superintendente de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, uma das principais preocupações da pasta é em relação a extinção de algumas espécies marinhas e do impacto na pesca de subsistência.
“Esse octocoral é uma espécie do oceano Índico, da região de Singapura. Quando ele aparece em um ambiente que está em equilíbrio, pode acabar com espécies marinhas que fornecem alimentos para peixes e animais de pesca da região. Além de ocuparem espaços, competindo com espécies nativas de corais. Isso desequilibra todo o ecossistema”, explicou Porto, acrescentando que a principal evidência, indica que os corais chegaram à Bahia por meio de incrustação em plataformas de petróleo do litoral do Rio de Janeiro.
Pescador subaquático há mais de 30 anos, Xandinho Domício, de 61 anos, observou os primeiros corais ainda no começo da instalação das colônias.
“Quando comecei a notar esses corais, eles eram muito pequenos, branquinhos. Eles se espalham mais em lugares de pedra, com concreto. Então, eles acharam uma brecha, aqui, e agora tá tudo tomado. E espantaram os peixes! Antes encostava robalo grande, tainha. Os peixes estão sumindo!”, lamentou Xandinho.
Durante a ação de monitoramento dos testes, para eliminação dos octocorais, foram analisadas reações nas amostras das colônias em contato com sal azedo, vinagre, água doce e aquelas removidas manualmente, com espátula.
Uma das pesquisadoras do grupo Tatiane Aguiar, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apontou para resultados no manejo com sal azedo e na remoção manual. “A gente começou o experimento no dia 22 de dezembro. A gente veio aqui com sete dias, já analisamos alguns resultados, e agora, com 15 dias, podemos adiantar que o tratamento com sal azedo e o tratamento manual, de raspagem, são os mais efetivos até agora. Onde a gente raspou, está liso, como estava quando a gente terminou de fazer, e o sal azedo está, inclusive, limpando as pilastras. São resultados preliminares, não são resultados conclusivos, porque a checagem será de 30 dias”, compartilhou a pesquisadora, após mergulho e averiguação das amostras.
O trabalho segue até o dia 4 de fevereiro, quando poderão ser iniciadas as operações para remoção efetiva dos octocorais. Toda a pesquisa e processo de remoção das colônias estão sendo feitos em parceria também com a organização socioambiental Pró-Mar e o Senai-Cimatec. Pesquisadores das Universidades Federal de Alagoas e de São Paulo.
As licenças ambientais estão sendo emitidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pela Sema e o Inema, considerando que os recifes afetados estão localizados em Áreas de Preservação Permanente (APP) e em uma Unidade de Conservação Estadual, a Área de Preservação Ambiental (APA) Baía de Todos-os-Santos.