Cultura
Leonardo e seu livro sobre o cinema de Spike Lee
Acompanhe o bate-papo e depois compartilhe, combinado?


Leonardo Campos
Na esteira da série de reflexões sobre a linguagem do cinema e seus desdobramentos culturais, sociais e políticos, resgatamos a entrevista do professor e crítico de cinema Leonardo Campos, parte integrante do livro Palavra de Crítico: Introdução ao Cinema de Spike Lee. Realizada pela jornalista Mariana Dias, o material agora atualizado se mostra ainda muito pertinente e faz parte da sequência de divulgação dos próximos livros do escritor, enfileirados por conta da pandemia iniciada em 2020 e ainda com seus desdobramentos. Acompanhe o bate-papo e depois compartilhe, combinado?
Professor Leonardo, em primeiro lugar, uma breve apresentação da série Palavra de Crítico. Spike Lee é o primeiro de quantos cineastas que serão analisados futuramente?
Não faço ideia. A crítica de cinema é um dos exercícios que realizo em paralelo à docência e pesquisa. Já temos um segundo volume, voltado para Woody Allen, cadastrado desde 2018 e com lançamento concomitante ao Spike Lee para dezembro de 2019, modificado para 2020, mas adiado novamente por conta da pandemia iniciada em 2020, ainda em andamento. Penso em outros volumes com Martin Scorsese, Brian De Palma, Quentin Tarantino, John Carpenter e outros cineastas que fazem parte do meu universo de estudo e entretenimento. O volume sobre Wes Craven já está praticamente pronto, devo lançar ainda em 2022. Outros cineastas podem aparecer. Ainda não sei.
O subtítulo deixa claro ser uma leitura introdutória ao universo cinematográfico de Spike Lee. Como ocorreu o processo de seleção dos filmes com maior e menor destaque?
Exatamente. É apenas um feixe de olhares. O meu enquanto crítico e algumas observações de meus convidados, pares da vida acadêmica e crítica. Não contemplei uma análise detida de todos os filmes, mas fiz uma observação panorâmica entre Faça a Coisa Certa e Infiltrado na Klan, pois creio que sejam temas tangentes. Vejo a “Klan” como uma produção que retoma algumas reflexões de Spike Lee em 1989. O critério de seleção se relacionou com duas edições do Especial Consciência Negra do Portal Plano Crítico, realizadas em 2018 e 2019. Em cada ano dediquei uma semana inteira para publicação de textos sobre o cineasta. Logo mais, juntei tudo, organizei o material e o resultado é o livro em questão.
Quando começou a sua relação de cinéfilo e crítico com Spike Lee?
Eu já me considerava cinéfilo quando tive acesso ao primeiro filme de Spike Lee. Foi em 2006, O Plano Perfeito. Confesso que fui assistir por causa da Jodie Foster, uma de minhas atrizes prediletas. Mas como trabalhava em videolocadora na ocasião, a GPW, a maior do nordeste na época, o pessoal todo comentava e reiterava o nome do diretor constantemente. Não me despertou, até porque não considero O Plano Perfeito como um de seus filmes memoráveis.
Então já que houve contato antes do exercício docente, como Spike Lee saiu da crítica cinematográfica e da sua postura cinéfila para ganhar espaço na sala de aula?
Não uso a postura cinéfila nem a crítica dissociada da sala de aula. Para quem é professor e exerce a crítica é uma espécie de combo. Quando conheci mais detidamente o que chamo de “cinema de Spike Lee”, a Universidade Federal da Bahia utilizava filmes na segunda fase do vestibular. Eram questões discursivas que relacionavam narrativas cinematográficas selecionadas com as produções literárias. Era um processo bem interessante. Faça a Coisa Certa esteve na lista durante algum tempo. Utilizei o filme para dar aulas, pois na época eu estava perto de formar e já estagiava em escolas da rede particular em Salvador. Fiz seleção de emprego com uma aula sobre o filme, relacionado aos poemas da coletânea Cadernos Negros.
Então Spike Lee está em toda a sua base…
Sim. Foi um dos cineastas do começo de meu trabalho enquanto professor e crítico de cinema. Escrevi uma análise de Faça a Coisa Certa para um site que até hoje as pessoas digitalizam a tela e me enviam, pois aparece como uma das primeiras opções de busca do Google. Mas é um texto preambular, ainda não tinha a articulação que tenho hoje. Foi um bom começo.
Por falar em oportunidades, Spike Lee abriu as portas para o cinema independente realizado por outros realizadores negros?
Sim. É um dos tópicos que uso no começo da minha palestra, essa que você acabou de assistir. Nos anos 1980, cineastas negros não tinham a visibilidade no sistema estadunidense de produção. Spike Lee, de certa forma, abriu as portas para diversos novos realizadores. Era a época dos chamados “buddy movies”, aquelas comédias estereotipadas com Eddie Murphy. Houve também o Blaxploitation, retomado em Infiltrado na Klan em algumas passagens em tom de homenagem. Adianto, uma homenagem crítica, pois Spike Lee observa que apesar das chances que os negros tiveram nestes filmes, o olhar ainda era estigmatizado.
Parece que não há muita diferença social entre o universo de Spike Lee entre Faça a Coisa Certa e Infiltrado na Klan.
Confesso que não vejo diferença entre Ronald Reagan e Donald Trump. Há bastante similaridade na política interna e externa de ambos os presidentes. Claro que as coisas mudaram no que diz respeito ao tecido social. Houve grande avanço na representatividade, mas o racismo e a postura fascista continuam com as suas missões de assombrar as pessoas negras ao redor não apenas dos Estados Unidos, mas de todo o mundo. Não estou dizendo que Reagan e Trump são similares em todos os aspectos. Há as suas diferenças, mas negros, pores, imigrantes e demais pessoas consideradas oprimidas pelo rolo compressor de seus sistemas continuam esmagadas pelas propostas que visam apenas expansão econômica e reformulação da postura imperialista.
Mas há um “perrengue” com as mulheres e homossexuais, ao menos foi o que entendi ao longo de sua exposição.
Sim. Você está falando exatamente das considerações de intelectuais, tais como Bell Hooks e Douglas Kellner. O livro utilizado na exposição, A Cultura da Mídia, voltado aos Estudos Culturais, sempre está presente quando faço alguma análise do cinema de Spike Lee, pois o acho bastante lúcido quando aponta os pontos positivos e as possibilidades pantanosas que o cineasta retrata em suas discussões sobre um tema perigoso. O que Kellner traz é que Spike Lee tece críticas relevantes ao discurso de ódio estadunidense, mas prega isso de maneira que às vezes escorrega nas contradições, algo normal diante da quantidade de temas para contemplação. É complicado.
Um cinema de paradoxos?
Devo dizer que não saio numa cruzada em defesa exclusivista de Spike Lee. Alguns filmes são muito bons, outros medianos, alguns realmente “menores”. Os paradoxos estão presentes na vida de qualquer intelectual. Devemos acusar o cinema de Spike Lee de machista? Talvez, ao menos em seus primeiros anos. A mulher é constantemente presente como uma megera, chata, problemática, histérica. Quando não é assim, surge como objeto sexual dos homens. É um problema a ser corrigido? Sim, creio que isso tenha sido feito ao longo dos anos posteriores ao polêmico lançamento de Faça a Coisa Certa. Não tratar de todos os aspectos não significa que não haja preocupação. Não lembro de nenhum personagem homossexual em seus filmes.
Isso lhe incomoda?
Não, outras pessoas fizeram isso. Então acredito que diante de um tecido social tão complexo, cada um vai fazendo a sua parte e no final das contas o que precisamos é de engajamento de todas as partes. Não ter retratado as mulheres ou homossexuais não significa que o cineasta seja machista ou homofóbico. Douglas Kellner tece críticas, faz uma boa análise das primeiras produções do cineasta, mas acho que hoje o seu texto merecia uma leitura atualizada. É como a carreira de Madonna em seus primeiros momentos. Ele faz uma análise prévia, mas tal como Spike Lee, a artista ainda está viva e cheia de transformações em sua postura.
Falando em Madonna, ela trabalhou com Spike Lee.
Sim, uma participação bastante breve em Garota 6. Não é uma produção muito relevante na carreira de ambos. Madonna tentou se desafiar na época, mas a sua carreira cinematográfica não decolou como ela havia programado.
Curiosa também a relação entre Spike Lee e Bertold Brecht.
Ainda é uma relação com o livro de Douglas Kellner. Ele diz que tal como Brecht em alguns momentos, o cinema de Spike Lee abre espaço para reflexões amplas, sem único ponto central. A multiplicidade de sentidos e propostas permite que as pessoas possam interpretar várias coisas, o que amplia o discurso reflexivo de seus filmes, mas também os coloca num terreno perigoso.
O que seria esse terreno perigoso?
O final de Faça a Coisa Certa, por exemplo, é uma exposição desse discurso modernista aberto. Assim que os créditos prometem subir, aparece uma citação de Martin Luther King Jr. Quando você pensa que vai acabar ali e que a ideia do cineasta é propor a paz entre os homens e a aceitação das suas respectivas situações diante de um discurso de paz, os créditos nos ofertam uma citação de Malcolm X que fala da necessidade de enfrentar o “inimigo” com violência quando necessário. Qual a posição de Spike Lee? Ele é mais voltado aos ideais de Luther King ou Malcolm X? O filme deixa rastros para as duas possibilidades.
O autor “acusa” Spike Lee de ser simpático ao discurso de Malcolm X?
Sim. Ele diz que apesar de haver alguns traços das ideias de Martin Luther King Jr., o que Spike Lee propõe ao longo de todo o filme é algo mais voltado ao que Malcolm X acreditava como ideal de revolução social.
Crocklyn – Uma família de Pernas pro Ar ficou de fora da seleção.
Somente por questão editorial. Não foi incluso como uma das produções dos especiais realizados na Semana da Consciência Negra de 2018 e 2019. O filme é uma produção bem pessoal de Spike Lee, pois entende-se que em seu enredo há diversas relações com momentos da vida do cineasta. A trilha é comovente, a história é doce. Não é o meu “Spike Lee predileto”, mas está entre algumas de suas produções mais notáveis.
Pelo que compreendi ao longo de sua fala, Spike Lee insere debates sobre xenofobia até mesmo em filmes que não tratam exclusivamente das questões raciais, como por exemplo, em O Plano Perfeito…
Sim, a cena com a questão árabe. Ali é o retrato dos Estados Unidos pós 11 de setembro. Uma era de insegurança, medo e pânico social, desconfiança. Qualquer imigrante oriental era visto como um inimigo em potencial e a mídia tratava isso constantemente. Nós, brasileiros, não ficamos distantes dessas discussões nos jornais que se dizem nacionais.
Desde o período, Spike Lee não tinha feito as pazes de maneira definitiva com a crítica.
De 2006? Sim. Pelo menos conforme o meu olhar de crítico desde a época. As referências ao cineasta vinham sempre do passado. Faça a Coisa Certa, Malcolm X ou Febre na Selva. Crianças Invisíveis não fez o sucesso que prometeu, O Plano Perfeito foi mais um filme de roubo com estratégias inteligentes e os seus documentários foram vistos por quantidade menor de pessoas quando comparado aos exercícios ficcionais.
Infiltrado na Klan trata de um tema ácido e escorregadio com muito humor. Há precedentes na história do cinema?
Sindicato de Ladrões, de Elia Kazan. Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick… A Montanha dos Sete Abutres, de Billy Wilder… são tantos.
Em determinado momento de sua fala você brincou que Spike Lee poderia ter dirigido o premiado Crash – No Limite. Pode falar mais sobre?
Sim, apenas suposição. Acho que seria um filme bem impactante. Podia correr o risco de pesar muito a mão também, afinal, por se tratar de uma produção com questões raciais, Spike Lee correria o risco de entrar em alguma contradição. Ali foi uma fala bem pontual, apenas uma elucubração. “Crash” retrata não apenas tópicos raciais, mas é um tratado sobre as relações humanas na contemporaneidade. Os vidros dos carros blindados para a violência que nos separa do contato humano diário. O problema diante dos preconceitos, a nossa falta de tato diante do “outro”. Há problemas no filme? Sim, mas isso não impede a produção de ser um discurso poderoso sobre os tópicos que acabei de citar. Eu gosto bastante e sempre que posso, utilizo em meus debates.
E o discurso de Spike Lee ao receber o Oscar por Melhor Roteiro. Adequado?
Muito. Ele foi bastante ético, pois retomou a história de seus ancestrais, falou dos indígenas que tiveram os seus territórios roubados e ceifados pela colonização europeia. Foi uma fala breve, mas brilhante e comovente. Nas redes sociais o assunto ganhou visibilidade e sobrou até para Trump, nome que Spike Lee evita falar. Ele o chama de “agente laranja”.
Parece até contigo durante a palestra. Não falou o nome de…
Por favor, melhor não mencionar. Evito utilizar até mesmo como citação em meus textos. É uma palavra-chave a ser evitada em meu discurso. Não sei se é coerente, mas não consigo sequer utilizar as palavras “presidente” e “dito cujo” na mesma sentença. É pura vergonha alheia. A sensação é a mesma de Spike Lee com Trump.
Me parece que Trump não gostou nem um pouco e revidou, estou certa?
Sim, ele não utilizou o termo, mas em suma, o que pretendia dizer ali era que Spike Lee se comportava como uma espécie de “racista reverso”, equívoco que muita gente branca utiliza para justificar determinados posicionamentos militantes semelhantes ao do cineasta.
E a “treta” com Green Book, achou coerente?
Sim, pois tudo depende do local de fala. Assisti ao filme com uma amiga militante e não nos demos conta das questões abordadas por Spike Lee. Ele, tal como a família dos personagens da cinebiografia não gostaram da forma como o negro é retratado. Ainda há algo de subserviente por ali. Confesso que achei o filme emocionante e com uma mensagem realmente muito bonita, mas por detrás desses elementos reluzentes há questões raciais pontuais que pessoas mais envolvidas na discussão percebem e na era das redes sociais, tratam logo de polemizar.
Pantera Negra foi aclamado por Spike Lee. Também considera um avanço?
Considero. Muitas crianças se sentiram aclamadas, pois ao longo da história dos últimos séculos sabemos dos perigosos discursos de representação. Mas ainda é um começo. Há muito trabalho a ser feito. Um dos pontos mais bacanas e que tenho como referência é a pesquisa realizada por Ruth Carter, parceira de Spike Lee em diversos de seus filmes. Ela foi pesquisar trajes em variados pontos do continente africano e onde esteve, buscou autorização dos povos para o seu processo de apropriação cultural. É uma lição para muitos artistas que bebem das fontes alheias sem sequer dar os devidos créditos.
Para finalizar, pode fazer uma súmula do que você define por “O Cinema de Spike Lee”?
É um conjunto de produção sobre resistência, luta contra o sistema opressor, debates acerca da condição das pessoas negras diante de uma sociedade que se expressa por meio do consumo. É um “cinema” voltado para as questões sociais, mas que não deixa de lado os elementos estéticos. Em parceria com Ruth Carter e Terence Blanchard, por exemplo, os figurinos e composições musicais deste cinema são comprovações cabais de uma estética que atende às demandas artísticas do audiovisual. Engajado, Spike Lee é um cineasta que fez história e demonstrou relevância em sua produção que em boa parte, pode ser considerada autoral. O resto vocês podem conferir na leitura das críticas.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
São João 2025
Bahia reforça saúde pública nos festejos com ações preventivas e assistenciais
A operação tem foco na prevenção de ISTs, acolhimento ambulatorial e suporte a vítimas de acidentes com fogos e queimaduras

O Governo do Estado preparou um pacote de ações que totaliza R$ 12,2 milhões em investimentos para reforçar a assistência à saúde durante os festejos juninos de 2025. A operação abrange 13 municípios do interior e a capital, com foco na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), acolhimento ambulatorial e suporte a vítimas de acidentes com fogos e queimaduras, ocorrências típicas do período.
As medidas incluem a implantação de 13 estandes de testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites B e C, sendo um em Salvador e os demais em cidades que concentram grandes eventos juninos, como Amargosa, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim e Ibicuí. A capital baiana também contará com três postos de saúde temporários, localizados no Pelourinho, em Paripe e no Parque de Exposições.
Cada dia de funcionamento dos estandes tem capacidade para realizar até mil testes, e a expectativa é ultrapassar a marca de 50 mil exames realizados durante os festejos juninos. No ano passado, foram cerca de 20 mil testagens em sete municípios.
“Nosso compromisso com a vida e com o cuidado se fortalece ainda mais neste período, em que milhares de baianos e visitantes se reúnem para celebrar o São João. Com esta estrutura, garantimos acesso à saúde, promovemos a prevenção e acolhemos quem precisa”, afirmou a secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana.
Estrutura reforçada e foco em prevenção
Além dos 13 estandes de testagem, que funcionam em datas variáveis entre os dias 18 e 29 de junho, a operação mobilizará 3.540 plantões extras em unidades estaduais, além de equipes da ouvidoria, da corregedoria e da vigilância em saúde. Também serão distribuídos um milhão de preservativos.
Neste ano as cidades com estruturas estatuais são Salvador, Cruz das Almas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Ibicuí, Alagoinhas, Irecê, Senhor do Bonfim, Camaçari, Itaberaba, Jequié, Cachoeira e Eunápolis. Em 2024, nos sete municípios onde os estandes foram implantados, foram registrados 209 diagnósticos positivos para sífilis, 21 para HIV, 13 para hepatite C e quatro para hepatite B.
A operação São João 2025 representa uma ampliação substancial da atuação da Sesab em relação ao ano anterior, quando apenas sete municípios receberam estandes de testagem. “A saúde pública deve ser presença concreta nos territórios, principalmente onde há grandes aglomerações e celebrações populares. Esse esforço preventivo e assistencial salva vidas, reduz riscos e fortalece o SUS na ponta”, acrescentou Roberta Santana.
Referência no atendimento a queimados
O investimento incluirá também reforço nos plantões do Hospital Geral do Estado (HGE), unidade que conta com um Centro de Tratamento de Queimados. São cerca de 200 profissionais atuando para oferecer tratamento especializado à população. Funcionando 24 horas por dia, o CTQ dispõe de leitos distribuídos nas alas pediátrica e adulto. São leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria prontos para dar a assistência necessária ao paciente que sofre algum tipo de queimadura.
Reconhecido nacionalmente, o centro é um dos mais bem equipados do país, contando, inclusive, com centro cirúrgico. O CTQ do HGE está preparado para oferecer cuidados especializados e abrangentes aos pacientes com queimaduras, buscando sempre os melhores resultados de recuperação e reabilitação.
Queimaduras em queda, mas crianças seguem vulneráveis
Dados do São João de 2024 revelam um recuo nos atendimentos por queimaduras nas unidades estaduais, caindo de 71 em 2023 para 66 no ano passado, uma redução de 7%. O Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, concentrou a maior parte dos casos, com exatamente 47 atendimentos tanto em 2023 quanto em 2024. Destes, 44,6% eram crianças com menos de 13 anos.
Não foram registrados casos graves, mas a presença de crianças entre as vítimas acende alerta sobre a necessidade dos pais, familiares e responsáveis estarem atentos.
São João 2025
Mais de 280 municípios terão reforço na segurança e ampla programação cultural
O Governo do Estado lançou em Tanhaçu um pacote de ações para assegurar os festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro em todo estado

O Governo do Estado lançou oficialmente, neste sábado (31), em Tanhaçu, o ‘São João da Bahia 2025’ no interior, com um pacote de ações para assegurar os festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro em mais de 280 municípios. O governador Jerônimo Rodrigues e secretários estaduais, participaram das boas-vindas à maior festa do estado, na praça oficial do município, que contou com show do cantor Adelmário Coelho nesta noite de lançamento.
Na ocasião, o chefe do Executivo baiano acompanhou a apresentação de quadrilhas e destacou a importância de realizar a abertura dos festejos em cidades menores da Bahia e sobre as ações prioritárias do governo, que envolvem reforço na segurança, plantões na área da saúde e dos direitos humanos, além de uma ampla programação cultural e gratuita.
“Reafirmamos o nosso compromisso em promover uma festa democrática e acessível para baianos e turistas. Portanto, a cada ano estamos inovando e fazendo com que os pequenos municípios sejam conhecidos e tenham a festa valorizada. Aqui na região de Tanhaçu há muitos atrativos, como cachoeiras, belezas naturais. Inclusive autorizei um volume de recursos para que a Polícia Militar esteja presente, ações de saúde e programação cultural diversa, com apresentação de bandas já consolidadas e de artistas locais”, disse Jerônimo Rodrigues.
Para o secretário de Cultura, Bruno Monteiro, a iniciativa vai fortalecer a preservação cultural que a festa tem para o Nordeste. “É o Governo do Estado presente com o edital de apoio aos municípios para a contemplação artística, porque mais uma vez é aquele momento em que a cultura mostra todo o seu potencial de reunir, de celebrar uma tradição, mas sobretudo, de gerar desenvolvimento, emprego e renda para o povo baiano. Como diz a nossa campanha esse ano, maior que essa festa só o nosso amor pelo São João e pela Bahia”, comentou.
Mais segurança
Para garantir mais segurança para baianos e turistas durante os festejos, serão empregados 12 mil policiais e bombeiros durante a Operação São João 2025. As Forças Estaduais desenvolverão ações preventivas, de inteligência e resgate em 281 municípios, somando quase R$ 30 milhões em investimentos.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) ativará, no período das festas, o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), com a presença de 20 órgãos estaduais, federais, municipais e concessionárias de serviços. A operação contará também com cobertura de câmeras de reconhecimento facial e emprego de Plataformas de Observação Elevada (POE), pesquisa de satisfação promovida pela Ouvidoria e também postos para atendimentos de públicos vulneráveis.
O Corpo de Bombeiros também fará ações preventivas e emergenciais nas localidades dos eventos, prestando serviços de atendimento pré-hospitalar, busca e salvamento, além de prevenção e combate a incêndio.
Receptivo e Capacitação no Turismo
A Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) promoveu o São João da Bahia em encontros com operadores turísticos e agentes de viagem dos principais mercados emissores de visitantes nacionais para a Bahia: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília. Além da divulgação dos atrativos e da infraestrutura, foram realizados encontros de negócios. O órgão também realiza capacitações voltadas para trabalhadores e empresários da cadeia do turismo, no período que antecede a festa, bem como a contratação de atrações para incrementar a programação das cidades baianas. Durante as comemorações, os visitantes contarão com receptivo especial.
De acordo com o secretário da pasta, Maurício Bacelar, mais de dois milhões de visitantes devem movimentar a festa no estado. “O São João é a maior manifestação cultural do povo nordestino, e é aqui na Bahia que ele tem a sua maior expressão. O governo está atento a esta festa, porque ela valoriza a nossa cultura, aumenta a autoestima da população, movimenta a economia, que deve ser estimulada em mais de R$ 3 bilhões, além de gerar emprego e renda. A partir de hoje, os municípios estão por conta da sanfona, da zarumba e do triângulo e todos ao som do forró”, disse.
Postos de testagem
Através da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), o governo também vai disponibilizar 13 estandes de Testagem Rápida em 12 municípios do interior (Cruz das Almas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Ibicuí, Alagoinhas, Irecê, Senhor do Bonfim, Camaçari, Itaberaba, Jequié, Cachoeira e Eunápolis), no período de 19 a 24 de junho.
Mais de 3,5 mil catadores e catadoras beneficiados
Condições de trabalho digno serão garantidas a 3.566 catadores e catadoras de resíduos sólidos no São João e São Pedro 2025, a partir de ações da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda Esporte (Setre), em Salvador e outros 13 municípios do interior do estado. Os catadores e catadoras contarão com Centrais de Apoio ao Catador geridas por 11 cooperativas de reciclagem que compram o material coletado pelos trabalhadores praticando preços justos.
O investimento da Setre será de quase R$ 1 milhão para ações em Salvador, Barreiras, Itaetê, Castro Alves, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Jequié, Lauro de Freitas, Camaçari, Ilhéus, Itabuna, Senhor do Bonfim, Porto Seguro e Eunápolis. Os catadores receberão fardamento, água e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): botas e luvas.
São João nas bibliotecas estaduais
Os festejos juninos serão também celebrados nas bibliotecas estaduais. A Fundação Pedro Calmon (FPC), unidade vinculada à Secretaria Estadual de Cultura (Secult-BA), organiza uma série de atividades. Uma das ações acontecerá na Biblioteca Juracy Magalhães Júnior, em Itaparica, onde serão realizadas contações de histórias, mostras bibliográficas de festejos juninos, bate-papo sobre tradições juninas, louvor a Santo Antônio e atrações para o público infantil.
Festa junina sem racismo e intolerância
Durante os festejos juninos, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) realiza uma campanha de combate ao racismo e à intolerância religiosa em sete municípios baianos: Cachoeira, São Sebastião do Passé, Senhor do Bonfim, Irecê, Ituberá, Camaçari e Salvador. As ações incluem mobilização social, distribuição de materiais educativos e projeções em palcos e locais de grande circulação, sempre das 17h às 22h.
A unidade móvel do Centro de Referência Nelson Mandela oferece atendimento direto, acolhimento, registro de denúncias de discriminação racial ou intolerância religiosa e apoio psicológico, social e jurídico.
Direitos Humanos e Assistência Social
A Secretaria da Justiça e Direitos Humanos (SJDH) realiza, de 19 a 24 de junho, o Plantão Integrado de Direitos Humanos durante os festejos de São João nos municípios de Amargosa e Santo Antônio de Jesus. A ação tem como objetivo prevenir e reduzir violações de direitos, com atuação focada em medidas preventivas e protetivas, garantindo mais segurança e acolhimento à população.
A Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) vai atuar durante os festejos juninos no interior da Bahia, com foco na proteção de crianças e adolescentes. As ações incluem combate ao trabalho infantil e à exploração sexual, por meio de mobilização social, distribuição de materiais educativos e kits informativos, além de recursos lúdicos como os brinquedos vigilantes Lulu Alerta e Ursinho Atento.
A Seades esteve presente em Tanhaçu, no lançamento do São João da Bahia, e também nos municípios de Amargosa e Senhor do Bonfim, em parceria com as prefeituras. A atuação contará ainda com plantões integrados junto a outros órgãos estaduais, reforçando a vigilância e o enfrentamento às violações de direitos.
Elas à Frente nos Festejos Juninos
Durante os festejos juninos, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) realizará uma série de ações em 30 municípios baianos. A campanha “Oxe, Me Respeite!” terá foco na prevenção à violência contra a mulher, oferecendo acolhimento, capacitação de equipes e distribuição de materiais informativos.
Outra iniciativa é o projeto “Elas à Frente nos Festejos Juninos”, que promove feiras temáticas para incentivar a inclusão produtiva de mulheres, valorizando a agricultura familiar e a economia solidária.
Seinfra e Agerba reforçam ações nas estradas e no ferry-boat
Para garantir mais segurança e conforto no São João do interior, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) estão preparadas para intensificar a fiscalização nas estradas, rodoviárias e no sistema ferry-boat, com apoio da Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal. A operação busca garantir viagens mais seguras para quem vai aproveitar os festejos juninos pelo estado.
O ferry-boat conta com mais guichês, atendimento prioritário e acompanhamento das filas em tempo real pelo Filômetro: internacionaltravessias.com.br/filometro.
Mais de 2 mil quilômetros de rodovias passam por serviços de roçagem, sinalização e manutenção. Alguns dos trechos beneficiados são:
- BA-046: Santo Antônio de Jesus – Nazaré
- BA-131: Senhor do Bonfim – Saúde – Jacobina
- BA-142: Mucugê – Barra da Estiva – Tanhaçu
- BA-502: Feira de Santana – Conceição da Feira – BR-101
Transmissão dos festejos
Mais uma vez, a TVE e a Rádio Educadora FM realizam a maior transmissão da história das Festas Juninas com shows ao vivo do São João da Bahia. Serão 14 dias de cobertura em mais de 100 shows em Salvador e Amargosa, entre os dias 13 de junho a 2 de julho. Também está prevista transmissão nacional pela TV Brasil e emissoras parceiras, além do acesso pelo canal no Youtube da TVE (youtube.com/tvebahia).
São João 2025
Municípios habilitados para os festejos juninos são anunciados
Governo da Bahia selecionou 223 cidades que poderão firmar convênios de apoio técnico e financeiro para a festa

O Governo do Estado da Bahia por meio da Sufotur publicou o resultado da seleção pública de projetos para o “São João da Bahia e Demais Festejos Juninos 2025”. Ao todo, 223 municípios foram habilitados e poderão firmar convênios de cooperação técnica e financeira com o Estado. A lista completa dos municípios habilitados pode ser consultada por meio do site: www.ba.gov.br/sufotur.
O edital tem como objetivo apoiar a realização dos festejos juninos em diversas cidades baianas, fortalecendo a programação cultural, o turismo e a geração de emprego e renda durante o período. Com a habilitação, os municípios terão acesso a recursos destinados à organização das festas, estruturação dos eventos e contratação de atrações artísticas.
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