Política
Aracaju sofre com caos na limpeza e gestão conturbada de Emília Corrêa
Entre greves, nomeações polêmicas e desgaste interno, a imagem de autoridade começa a ruir
A capital sergipana vive momentos de tensão sob a gestão da prefeita Emília Corrêa (PL). Eleita com a promessa de renovação e eficiência administrativa, a primeira mulher a comandar Aracaju enfrenta uma série de críticas que colocam em xeque sua capacidade de liderança e gestão pública.
Quando a gestão da direita vira piada
A recente nomeação de uma secretária de comunicação abertamente crítica ao bolsonarismo expõe o quanto a prefeitura perdeu o controle sobre o próprio discurso – e mostra que, por trás do marketing conservador, sobra improviso e falta comando.
A prefeita, que se vendeu como alternativa “de princípios” ao progressismo, agora amarga críticas internas e externas por escolhas contraditórias, como a recente indicação de Gleice Queiroz – militante conhecida por vídeos e postagens detonando Bolsonaro, denunciando o país “acostumado a viver de fake”, ironizando o “abandono da Educação” e até comemorando a inelegibilidade do ex-presidente. Para quem prometia “mão de ferro” contra a esquerda, ficou feio: a gestão patina entre greves de serviços básicos, críticas ao aparelhamento político e desgaste na base.
Caos na Limpeza Urbana
Um dos principais pontos de desgaste da atual administração é a recorrente paralisação dos serviços de coleta de lixo. Em junho, funcionários da empresa Renova cruzaram os braços pela segunda vez em menos de dois meses, cobrando direitos básicos como tíquete-alimentação e vale-transporte. A deputada estadual Linda Brasil (PSOL) classificou a situação como “um novo capítulo da novela do lixo” e acusou a prefeita de má gestão e aparelhamento político da administração municipal.
A coleta irregular tem gerado acúmulo de resíduos nas ruas, aumentando o risco de doenças e entupimentos de canais. A própria prefeita admitiu que a empresa contratada não tinha condições de prestar o serviço, levantando questionamentos sobre os critérios de contratação e a responsabilidade da gestão.
Privatização e Estado Mínimo
Outro ponto de polêmica é o Projeto de Lei nº 289/2025, que institui o Programa de Promoção às Parcerias Público-Privadas. O vereador Iran Barbosa (PSOL) criticou duramente a proposta, apontando que ela reflete uma visão de Estado mínimo e transfere responsabilidades públicas para o setor privado. Além disso, o projeto foi considerado inconstitucional por não estar previsto na Lei Orçamentária Anual, o que pode configurar crime de responsabilidade.
Servidores desvalorizados
A gestão também tem sido alvo de críticas pela falta de reajuste salarial aos servidores públicos, apesar do aumento da receita municipal. Dados apresentados por Iran Barbosa mostram que a prefeitura investiu apenas 41,29% da Receita Corrente Líquida com pessoal, bem abaixo do limite prudencial de 51,3%, o que indica margem para valorização dos trabalhadores.
Planejamento estratégico ou marketing político?
Embora a prefeita tenha promovido reuniões para validar metas e objetivos do Planejamento Estratégico 2025–2028, críticos apontam que a gestão tem se apoiado mais em discursos e marketing do que em ações concretas. A participação da prefeita no Smart City 2025, em São Paulo, foi marcada por uma apresentação sobre a modernização do transporte público, mas a realidade local ainda enfrenta desafios estruturais.
Promessas X Realidade
Emília Corrêa iniciou seu mandato com promessas de eficiência, transparência e responsabilidade. No entanto, os primeiros meses de gestão têm sido marcados por crises operacionais, decisões controversas e uma crescente insatisfação popular. A prefeita ainda tem tempo para reverter esse cenário, mas precisará mais do que discursos inspiradores — será necessário governar com firmeza, técnica e compromisso com os aracajuanos.
Política
Jerônimo anuncia R$ 500 milhões em investimentos para povos indígenas na Bahia
Governador encerra Acampamento Terra Livre com pacote histórico para educação, saúde, cultura, habitação e infraestrutura
O governador Jerônimo Rodrigues reafirmou, nesta quinta-feira (6), o compromisso com a valorização dos povos originários durante a 7ª edição do Acampamento Terra Livre Bahia 2025 (ATL-BA), realizado na área verde da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em Salvador. O evento, promovido pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), reuniu mais de 2 mil indígenas de 55 municípios e teve como tema “Clima e Território: duas lutas, um direito”.
Jerônimo anunciou um pacote de R$ 500 milhões em investimentos para áreas como educação, saúde, cultura, habitação, infraestrutura, abastecimento de água e desenvolvimento rural, por meio de convênios e autorizações de licitação.
“Quando uso o meu cocar indígena, não o utilizo como enfeite, mas como símbolo da minha origem. Hoje anunciamos um conjunto de investimentos que garantirá às comunidades indígenas o que lhes é de direito”, afirmou o governador.
Educação e cultura
Entre as medidas, está a construção de quatro escolas de tempo integral em aldeias indígenas e a convocação de 41 professores para atuar em 28 unidades escolares. Também serão erguidos oito centros culturais em municípios como Alcobaça, Curaçá e Santa Cruz Cabrália.
Habitação e infraestrutura
Uma parceria com o Ministério das Cidades vai viabilizar 98 unidades habitacionais em aldeias, integradas ao programa Minha Casa Minha Vida Rural. Além disso, foram autorizadas obras de pavimentação e requalificação em áreas indígenas e sistemas de abastecimento de água em 45 aldeias.
Saúde e desenvolvimento
O pacote inclui a construção de duas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e ampliação de programas de alimentação e apoio produtivo. Durante o ATL-BA, a Feira Saúde Mais Perto ofereceu serviços médicos e exames, beneficiando centenas de indígenas.
A secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, destacou a dimensão histórica das ações:
“Nunca tivemos um volume de investimentos tão grande como esse. São R$ 500 milhões que simbolizam cuidado, acolhimento e reparação histórica.”
COP 30
Lula lança Fundo Florestas Tropicais para Sempre durante Cúpula do Clima em Belém
Iniciativa prevê US$ 125 bilhões para conservação das florestas e destina recursos a povos indígenas e comunidades locais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente, nesta quinta-feira (6), o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), durante a Cúpula do Clima, em Belém (PA). A apresentação ocorreu em um almoço oferecido pelo governo brasileiro a líderes internacionais, ocasião em que Lula convidou outras nações a aderirem à iniciativa.
“As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais não estão à altura do desafio”, afirmou o presidente.
Fundo inovador para conservação
Segundo Lula, o TFFF é um mecanismo financeiro inovador para apoiar países na preservação das florestas tropicais, presentes em mais de 70 nações. Diferente de modelos baseados em doações, o fundo será composto por investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, complementando mecanismos de redução de emissões de gases do efeito estufa.
A proposta prevê um aporte inicial de US$ 25 bilhões com adesões governamentais, podendo chegar a US$ 125 bilhões com participação do setor privado. Os recursos serão aplicados em projetos de alta rentabilidade, garantindo retorno para investidores e financiamento da manutenção das áreas preservadas.
“Os lucros serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores. Esses recursos irão diretamente para os governos nacionais, que poderão garantir programas soberanos de longo prazo”, explicou Lula.
Benefícios e monitoramento
O fundo também destinará 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais. O monitoramento será feito por satélites, assegurando que o desmatamento permaneça abaixo de 0,5% nos países elegíveis. A estimativa é pagar US$ 4 por hectare preservado, abrangendo 1,1 bilhão de hectares distribuídos em 73 países.
O mecanismo será hospedado pelo Banco Mundial, com um modelo de governança considerado inovador. O governo brasileiro já realizou um aporte inicial de US$ 1 bilhão, anunciado em setembro, durante diálogo promovido pelo Brasil e pelo secretariado da ONU (UNFCCC).
“É simbólico que a celebração do seu nascimento seja feita aqui em Belém, rodeada de sumaúmas, açaizeiros, andirobas e jacarandás. Em poucos anos poderemos ver o fruto desse fundo”, concluiu Lula.
COP 30
Lula recebe líderes mundiais em Belém para a Cúpula do Clima
Cidade paraense se torna centro das discussões globais sobre meio ambiente e lança fundo para preservação das florestas tropicais
Belém (PA) começou a receber, nesta quinta-feira (6), chefes de Estado e lideranças internacionais para a Cúpula do Clima, que se estende até sexta-feira (7). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a Plenária Geral de Líderes, dando início a dois dias de debates sobre mudanças climáticas, preservação ambiental e cooperação global.
A primeira plenária temática ocorre ainda hoje à tarde, com o tema “Clima e Natureza, Florestas e Oceanos”. Outras duas estão previstas para sexta-feira. Durante as sessões, cada líder terá até cinco minutos para apresentar propostas e compromissos. Representantes de organizações internacionais também participam das discussões.
Após a abertura, Lula oferece um almoço oficial para marcar o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa que busca garantir recursos para países que preservam florestas tropicais, como o Brasil e outras nações amazônicas. O presidente deve reforçar a importância do fundo como mecanismo de apoio à conservação e ao desenvolvimento sustentável.
Belém preparada para ser capital simbólica
A cidade passou por obras de infraestrutura e, de forma simbólica, tornou-se a capital do país durante a COP30, que segue até 21 de novembro. Para garantir a segurança do evento, Lula decretou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), atendendo a pedido do governador do Pará, Helder Barbalho. A medida segue protocolos adotados em grandes encontros internacionais, como o G20 e a reunião dos BRICS.
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