Internacional
Ucrânia e Rússia assinam acordo para reiniciar exportações de grãos
O acordo teve o apoio da ONU para permitir a exportação de milhões de toneladas de grãos de portos bloqueados do Mar Negro

A Ucrânia e a Rússia assinaram um acordo apoiado pela ONU para permitir a exportação de milhões de toneladas de grãos de portos bloqueados do Mar Negro, potencialmente evitando a ameaça de uma crise alimentar global catastrófica.
A cerimônia de assinatura no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, contou com a presença do secretário-geral da ONU, António Guterres, e Recep Tayyip Erdoğan, presidente da Turquia, que desempenhou um papel fundamental durante meses de negociações tensas.
Guterres disse em comentários na cerimônia que o acordo abriria caminho para volumes significativos de exportações de alimentos da Ucrânia e aliviaria uma crise alimentar e econômica no mundo em desenvolvimento. Ele disse que “o farol da esperança estava brilhando no Mar Negro” e pediu à Rússia e à Ucrânia que implementem totalmente o acordo.
Em Kyiv, há um profundo ceticismo sobre as intenções da Rússia, mas Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que a Ucrânia confia na ONU e na Turquia para policiar o acordo.
O objetivo do acordo é garantir a passagem de grãos e bens essenciais, como óleo de girassol, de três portos ucranianos, incluindo Odesa, mesmo com a guerra continuando em outras partes do país. A ONU havia alertado que a guerra arriscava desnutrição em massa e fome.
O acordo também visa garantir a passagem segura de produtos fertilizantes fabricados na Rússia, essenciais para garantir altos rendimentos futuros nas lavouras, em meio aos esforços para aliviar uma crise alimentar global provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Autoridades da ONU disseram esperar que os embarques preliminares de grãos possam começar no sábado, com a esperança de atingir os níveis de exportação pré-guerra dos três portos ucranianos – uma taxa de 5 milhões de toneladas métricas por mês – dentro de semanas.
De acordo com funcionários da ONU, sob acordos assinados pelo ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e pelo ministro da infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov:
- Uma coalizão de funcionários turcos, ucranianos e da ONU monitorará o carregamento de grãos em navios nos portos ucranianos antes de navegar por uma rota pré-planejada pelo Mar Negro, que continua fortemente minado por forças ucranianas e russas.
- Os navios-piloto ucranianos guiarão os navios comerciais que transportam os grãos para navegar pelas áreas minadas ao redor da costa usando um mapa de canais seguros fornecido pelo lado ucraniano.
- Os navios cruzarão o Mar Negro em direção ao estreito de Bósforo, na Turquia, enquanto são monitorados de perto por um centro de coordenação conjunto em Istambul, contendo representantes da ONU, Ucrânia, Rússia e Turquia.
- Os navios que entram na Ucrânia serão inspecionados sob a supervisão do mesmo centro de coordenação conjunta para garantir que não estejam carregando armas ou itens que possam ser usados para atacar o lado ucraniano.
- Os lados russo e ucraniano concordaram em reter ataques a qualquer um dos navios comerciais ou portos envolvidos na iniciativa de transportar grãos vitais, enquanto monitores da ONU e da Turquia estarão presentes nos portos ucranianos para demarcar as áreas protegidas pelo acordo.
Guterres disse que a intermediação de um acordo desse tipo entre dois países em guerra era “sem precedentes” e que “traria alívio para os países em desenvolvimento à beira da falência e as pessoas mais vulneráveis à beira da fome”.
“E ajudará a estabilizar os preços globais dos alimentos, que já estavam em níveis recordes antes mesmo da guerra – um verdadeiro pesadelo para os países em desenvolvimento”, acrescentou.
“Especificamente, a iniciativa que acabamos de assinar abre caminho para volumes significativos de exportações comerciais de alimentos de três portos ucranianos importantes no Mar Negro – Odesa, Chernomorsk e Yuzhny.”
Kubrakov disse que o acordo foi possível graças à defesa militar ucraniana das águas ao largo da costa ucraniana do Mar Negro. Em junho, a Ucrânia empurrou as forças russas da Ilha da Cobra, perto de Odesa. A Ucrânia alegou que a Rússia planejava usar a ilha para lançar uma invasão terrestre.
O acordo ajudaria a impulsionar a economia ucraniana, acrescentou. “Mais de 20 milhões de toneladas de grãos estão em depósitos desde o ano passado”, disse ele. “Se a equipe do presidente não conseguisse tirar essa questão de um beco sem saída, os agricultores ucranianos questionariam a própria necessidade de semear campos para o próximo ano.”
O acordo é o produto de meses de negociações constantes e difíceis entre funcionários da ONU, incluindo Guterres, e importantes autoridades russas e ucranianas, que abordaram o assunto pela primeira vez em abril.
Autoridades dos EUA acusaram o governo russo de efetivamente “armamentar alimentos” ao fazer reféns de grãos ucranianos para reduzir os efeitos das sanções sobre as exportações russas. Ainda assim, os EUA e a UE garantiram às empresas que transportam produtos agrícolas russos que não estão violando as sanções antes da assinatura do acordo.
Altos funcionários da ONU disseram antes da assinatura do acordo que a desminagem da costa da Ucrânia não era vista como uma opção viável. Autoridades ucranianas expressaram preocupação de que a remoção de minas defensivas de seu litoral aumentaria sua vulnerabilidade a ataques russos.
Mas o texto final contém disposições para uma potencial operação de varredura de minas por uma parte acordada para verificar se a rota marítima dos navios permanece segura, bem como uma potencial embarcação de busca e salvamento no Mar Negro.
Funcionários da ONU enfatizaram que o acordo para evitar ataques inclui apenas áreas específicas nos portos da Ucrânia cobertas pelo acordo de grãos.
Acrescentaram que se comprometeram com a indústria naval e seguradoras para garantir que os custos comerciais do seguro dos embarques de grãos não se tornem punitivos, elevando assim o custo do grão no mercado internacional.
Os detalhes foram finalizados depois que Erdoğan se encontrou com o presidente da Rússia, em Teerã, no início desta semana, disseram autoridades em Ancara. A Turquia tem autoridade sobre o tráfego marítimo que entra e sai do Mar Negro.
İbrahim Kalın, porta-voz de Erdoğan, disse que o acordo seria “crítico para a segurança global de grãos”.
A Ucrânia é o quinto maior exportador de trigo do mundo, mas as exportações estão paralisadas desde o início da guerra, com cerca de 20 milhões de toneladas de grãos presos em silos em Odesa, perto da linha de frente.
O Departamento de Estado dos EUA disse que saudou o acordo “em princípio” e está focado em responsabilizar a Rússia por implementá-lo.
Putin efetivamente chamou o acordo de quid-pro-quo no início desta semana, dizendo que a Rússia “facilitaria a exportação de grãos ucranianos, mas estamos procedendo do fato de que todas as restrições relacionadas à exportação de grãos russos serão suspensas”.
Embora as exportações russas de grãos não tenham sido sancionadas pelos EUA, algumas companhias de navegação evitaram transportar mercadorias russas por causa dos riscos financeiros e de reputação envolvidos.
Robert Mardini, diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, disse que o acordo “salva a vida de pessoas em todo o mundo que lutam para alimentar suas famílias”.
“Em nenhum lugar as consequências são sentidas com mais força do que em comunidades já afetadas por conflitos armados e choques climáticos”, disse ele. “Por exemplo, nosso monitoramento de mercado, nos últimos seis meses, viu o preço dos alimentos básicos subir 187% no Sudão, 86% na Síria, 60% no Iêmen, 54% na Etiópia, em comparação com o mesmo período do ano passado.”
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.
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