Internacional
Salman Rushdie é mantido no respirador após atentado
O autor de Versos Satânicos foi esfaqueado no pescoço e no tronco quando estava prestes a dar uma palestra em Nova York.

O escritor Salman Rushdie permanece em um respirador após ser atacado no palco em um evento no oeste do estado de Nova York na manhã de sexta-feira (12).
Rushdie, o autor cujos escritos levaram a ameaças de morte do Irã na década de 1980, foi esfaqueado no pescoço e no tronco quando estava prestes a dar uma palestra no oeste de Nova York.
Rushdie, de 75 anos, foi submetido a uma cirurgia, e Andrew Wylie, seu porta-voz, disse em comunicado no início da noite de sexta-feira que o autor foi colocado em um respirador e sofreu ferimentos significativos: “As notícias não são boas. Salman provavelmente perderá um olho; os nervos de seu braço foram cortados; e seu fígado foi esfaqueado e danificado.”
Mais tarde, as autoridades identificaram o homem suspeito de esfaquear Rushdie como Hadi Matar , de 24 anos, de Fairview, Nova Jersey, que havia comprado um passe para o evento.
Um repórter da Associated Press testemunhou um homem invadir o palco da Chautauqua Institution e começar a agredir Rushdie quando ele estava sendo apresentado para dar uma palestra para uma plateia de centenas de pessoas sobre liberdade artística.
Os participantes atordoados ajudaram a arrancar o homem de Rushdie, que havia caído no chão. Um policial do estado de Nova York que fazia a segurança no evento prendeu o agressor.
“Um homem pulou no palco não sei de onde e começou o que parecia ser uma pancada no peito, golpes repetidos no peito e no pescoço”, disse Bradley Fisher, que estava na platéia. “As pessoas gritavam, gritavam e ofegavam.”
Um médico na platéia ajudou Rushdie enquanto os serviços de emergência chegaram, disse a polícia.
Fotos tiradas por um repórter da Associated Press mostram Rushdie deitado de costas, com um socorrista agachado sobre ele. As pernas do autor estavam sendo levantadas acima do peito, presumivelmente para manter o sangue fluindo para o coração.
O entrevistador de Rushdie, Henry Reese, 73, também foi atacado e sofreu um pequeno ferimento na cabeça, disse a polícia.
Reese, que co-fundou uma organização que oferece residências a escritores que enfrentam perseguição, recebeu alta do hospital na sexta-feira e disse em comunicado que Rushdie era “um dos grandes defensores da liberdade de expressão e da liberdade de expressão criativa”. Ele acrescentou: “O fato de que esse ataque possa ocorrer nos Estados Unidos é indicativo das ameaças aos escritores de muitos governos e de muitos indivíduos e organizações”.
O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, descreveu o ataque como “aterrorizante”. Ele escreveu no Twitter: “Somos gratos aos bons cidadãos e socorristas por ajudá-lo tão rapidamente”.
O ataque aconteceu pouco antes das 11h na Chautauqua Institution, perto de Erie, no oeste do estado de Nova York, perto do Lago Erie, cerca de 644 km a noroeste da cidade de Nova York.
Rushdie, autor de 14 romances, havia sido convidado a falar sobre a importância de os EUA oferecerem asilo a escritores e outros artistas no exílio.
Imagens de telefone capturadas momentos após o ataque mostram membros da platéia subindo ao palco para ajudar. Suspiros são ouvidos ao redor do auditório enquanto membros do público imediatamente evacuam o espaço.
O New York Post, citando fontes policiais, descreveu o suspeito Matar como simpático ao governo iraniano. Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, as autoridades disseram que o motivo do ataque não era claro.
O livro de Rushdie, The Satanic Verses, foi proibido no Irã desde 1988, pois muitos muçulmanos o consideram uma blasfêmia. Um ano depois, o falecido líder do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa, ou edito, pedindo a morte de Rushdie. Uma recompensa de mais de US$ 3 milhões também foi oferecida para quem matar Rushdie.
O governo do Irã há muito se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permaneceu.
Em 2012, uma fundação religiosa iraniana semi-oficial aumentou a recompensa por Rushdie de US$ 2,8 milhões para US$ 3,3 milhões.
Rushdie descartou essa ameaça na época, dizendo que não havia “nenhuma evidência” de pessoas interessadas na recompensa. Naquele ano, Rushdie publicou um livro de memórias, Joseph Anton, sobre a fatwa.
O presidente da França, Emmanuel Macron, twittou: “Nos últimos 33 anos, Salman Rushdie simbolizou a liberdade e a luta contra o obscurantismo. O ódio e a barbárie acabaram de atingi-lo, tão covarde. Sua luta é nossa e universal. Hoje, mais do que nunca, estamos ao seu lado”.
Nos EUA, onde Rushdie mora, a governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, disse em entrevista coletiva que um policial estadual salvou a vida de Rushdie e do moderador.
Ela acrescentou: “Ele está vivo, ele foi transportado de avião. Mas aqui está um indivíduo que passou décadas falando a verdade ao poder, alguém que esteve por aí sem medo, apesar das ameaças que o seguiram durante toda a sua vida adulta.”
Rushdie encontrou fama com Midnight’s Children, sobre o nascimento da Índia, que ganhou o prêmio Booker em 1981.
O autor viveu escondido por muitos anos em Londres sob um programa de proteção do governo britânico depois que o aiatolá Khomeini emitiu uma fatwa pedindo sua execução por Os Versos Satânicos.
Finalmente, em 1998, o governo iraniano retirou seu apoio à sentença de morte.
Foi nomeado cavaleiro em 2008.
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.