Internacional
Finlândia confirma intenção de aderir à Otan
A proposta de adesão deve ser apresentada ao parlamento para ratificação nesta segunda-feira. (16)

A Finlândia confirmou formalmente que pretende ingressar na Otan, abandonando décadas de não alinhamento militar em uma decisão histórica desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A Finlândia está solicitando a adesão à Otan”, disse o presidente do país, Sauli Niinistö, em entrevista coletiva. “Uma Finlândia protegida está nascendo como parte de uma região nórdica estável, forte e responsável. Ganhamos segurança e também a compartilhamos. É bom ter em mente que a segurança não é um jogo de soma zero.”
A primeira-ministra, Sanna Marin, disse que a proposta agora será enviada ao parlamento para ratificação. “Nossa decisão é histórica”, disse ela. “Como membros da Otan, também seremos responsáveis pela segurança da aliança como um todo.”
Com o partido no poder da vizinha Suécia também realizando uma reunião decisiva sobre a adesão à aliança defensiva de 30 membros na próxima semana, o ataque de Moscou à Ucrânia parece inaugurar a expansão da Otan que Vladimir Putin afirmou querer impedir.
A Finlândia compartilha uma fronteira de 1.300 km com a Rússia e, como a Suécia, mantém políticas rígidas de neutralidade e não alinhamento desde o final da Segunda Guerra Mundial, vendo a adesão à Otan como uma provocação a Moscou.
No entanto, a invasão da Ucrânia por Putin em 24 de fevereiro levou a uma profunda mudança em seu pensamento, com o apoio público à adesão à Otan triplicando para cerca de 75%. As pesquisas mostram que uma maioria entre 50 e 60% também é a favor na Suécia.
Três dias depois que os líderes da Finlândia disseram que “devem solicitar a adesão à Otan sem demora”, a proposta de adesão deve ser apresentada ao parlamento para ratificação na segunda-feira.
Niinistö ligou para seu colega russo, Putin, no sábado e informou que seu país pretendia se juntar à Otan, em uma conversa que ele descreveu como “direta”. Ele acrescentou: “Evitar tensões foi considerado importante”.
A Rússia alertou repetidamente a Finlândia e a Suécia contra a adesão à Otan, dizendo que tal medida a obrigaria a “restaurar o equilíbrio militar” fortalecendo suas defesas na região do Mar Báltico, inclusive com o uso de armas nucleares.
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Putin respondeu ao apelo de Niinistö dizendo que a adesão à Otan “seria um erro, já que não há ameaça à segurança da Finlândia”, de acordo com uma leitura da ligação divulgada pelo Kremlin.
Depois que uma revisão parlamentar sueca de vários partidos na sexta-feira disse que a adesão à Otan aumentaria a segurança nacional da Suécia e ajudaria a estabilizar a região nórdica, os líderes dos social-democratas no poder no país também estavam preparados no domingo para descartar a oposição de longa data do partido à adesão à Otan.
Com uma decisão prevista para o início da noite, a mídia sueca informou que – supondo que Helsinque envie sua inscrição na segunda-feira – Estocolmo provavelmente seguirá o exemplo já na terça-feira, com a aliança pronta para lançar o processo de adesão imediatamente depois.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que ambos os países serão “recebidos de braços abertos” e que o processo de adesão será rápido, embora a aprovação formal por todos os membros da aliança possa levar vários meses.
No entanto, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, expressou sua oposição à medida, com base no que ele disse ser a atitude acomodatícia dos países em relação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está na lista de organizações terroristas da UE.
O vice-secretário-geral da Otan, Mircea Geoană, disse no domingo estar confiante de que as preocupações da Turquia sobre a adesão da Finlândia e da Suécia à aliança podem ser abordadas. “Estou confiante que, se esses países decidirem se tornar membros da Otan, seremos capazes de recebê-los para encontrar todas as condições para que o consenso seja alcançado”, disse ele.
O ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Pekka Haavisto, também disse estar “confiante” em chegar a um acordo com a Turquia.
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.