Segurança
Estudo aponta 183 pessoas desaparecidas por dia no país
Dados fazem parte do Mapa dos Desaparecidos no Brasil, que analisou mais de 300 mil registros entre 2019 e 2021

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulga nesta segunda-feira (22) o estudo inédito Mapa dos Desaparecidos no Brasil. Para compor o retrato de um fenômeno recorrente, que não recebe a devida atenção das autoridades, os pesquisadores da entidade analisaram mais de 300 mil registros das polícias civis entre 2019 e 2021, que indicam em média 183 desaparecimentos a cada dia no Brasil. Do total de ocorrências, 200.577 referem-se a pessoas desaparecidas, e outros 112.246, a pessoas localizadas no período. Além dos números, o estudo traça um perfil das pessoas desaparecidas em cada unidade da federação e avalia a qualidade dos registros produzidos pelas autoridades policiais. O trabalho envolveu ainda entrevistas com policiais civis, peritos e promotores de justiça com expertise no assunto.
- Segundo o estudo, 29,3% são adolescentes de 12 a 17 anos, 2,8 vezes superior à média da população brasileira
- Homens representam 62,8% dos desaparecidos, e mulheres 37,2%.
- Os negros representam 54,3% do total de desaparecidos, mas 45,1% do total de pessoas localizadas; no caso dos brancos, ocorre o inverso
“A intenção dessa primeira edição do Mapa dos Desaparecidos no Brasil é apurar o olhar para um fenômeno recorrente e que não tem recebido a devida atenção das autoridades. O Estado tem o dever de procurá-la e os familiares têm direito à verdade e, se for o caso, ao luto, inclusive nas ocorrências de desaparecimentos voluntários”, explica Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Como o desaparecimento em si não constitui crime, em geral seu registro não dá início a um inquérito para a investigação. Porém, o desaparecimento de uma pessoa pode estar associado a muitos fenômenos: o adolescente que foge de casa em função de maus tratos, a pessoa portadora de transtornos mentais que fica perdida, a exploração sexual, o trabalho escravo ou o desaparecimento forçado”.
No levantamento, a questão dos desaparecimentos é analisada por meio do estudo de quatro temas distintos, porém correlatos nesse tipo de ocorrência: quem são as pessoas que desaparecem cotidianamente, o registro de seu desaparecimento por familiares ou amigos, os bancos de dados de desaparecidos e o trabalho policial de localização. Homens são maioria, respondendo por 62,8%, do total das ocorrências contra 37,2% das mulheres. Outro dado interessante mostra que 30% dos desaparecimentos ocorrem às sextas-feiras e aos sábados, corroborando a percepção de policiais entrevistados para o estudo.
O Mapa dos Desaparecidos no Brasil também mostra uma expressiva quantidade de adolescentes de 12 a 17 anos entre as pessoas desaparecidas, que representam 29,3% do total dos casos. Apesar de os adolescentes constituírem o principal grupo de desaparecidos na maior parte do país, o estudo pontua que o trabalho de investigação nestes casos em geral não é priorizado pelas polícias civis, por serem compreendidos como “problema de família”. Nessa perspectiva, não apenas as causas, mas também as responsabilidades e possibilidades de solução são deslocadas para o interior das unidades domésticas.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a taxa média no Brasil é de 29,5 desaparecidos por grupo de 100 mil pessoas, enquanto a de adolescentes chega a 84,4 desaparecimentos para cada 100 mil pessoas, 2,8 vezes superior à média nacional. O estudo também permitiu um recorte de raça entre os casos analisados. Do total de ocorrências com informação étnico-racial nos boletins, 54,3% são pretos e pardos; 45%, brancos.
No caso das pessoas localizadas, que somaram 122.246 no período, ocorre o inverso: constata-se que que os pretos e pardos são 45,1% do total de localizados, contra 54,1% dos brancos localizados. Importante ressaltar que mais de um quarto dos boletins (25,7%) analisados não contém informação sobre a raça das pessoas. Entre as pessoas localizadas, 60,3% são homens e 39,7%, mulheres. Os adolescentes de 12 a 17 anos são 30,1% do total dos casos.
A pandemia produziu impactos também no número de desaparecidos. De 2019 para 2021, a taxa caiu 22,3% em praticamente todas as faixas etárias, com exceção do número de desaparecidos entre 40 e 49 anos, que cresceu 2,6%. O estudo pontua que o crescimento nessa camada da população pode estar associado à perda de emprego e renda na pandemia.
“Adultos atingidos pelo desemprego e sem perspectivas de reinserção no mercado de trabalho, dado o contexto dos primeiros meses de pandemia, podem ter se somado às estatísticas dos desaparecimentos voluntários: sem renda, isolados pelo vírus e impossibilitados de pagar o aluguel, a única alternativa, para muitos, pode ter sido as ruas” afirma Talita Nascimento, pesquisadora do FBSP e uma das autoras do estudo. Segundo a publicação, pesquisa divulgada em 2021 pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas, da Universidade Federal de Minas Gerais, estimou que entre janeiro e maio de 2020, mais de 26 mil novas pessoas se encontravam em situação de rua no Brasil.
O Mapa dos Desaparecidos inclui também uma discussão sobre a Lei 13.816/19, que cria a Política Nacional de Pessoas Desaparecidas, cujos resultados são, até o momento, nada animadores. “Infelizmente, estamos falando de um problema que atinge os brasileiros há décadas e que recebe pouca atenção do Poder Público. Os desaparecimentos são um problema que aflige famílias, que muitas vezes obtêm êxito em suas buscas por um familiar, mas em outras acabam vivendo com essa dúvida sobre seu paradeiro por décadas”, destaca Lima. “Com esse estudo, queremos jogar luz sobre esse problema e mostrar que existem soluções para integração de bancos de dados e trocas de informação entre os diferentes níveis federais, sem que sejam necessários grandes investimentos em tecnologia. Para o FBSP, o foco não deve ser concentrado só na tecnologia, mas, antes, na pactuação de protocolos, regras de cooperação inter e intrafederativa e, sobretudo, na ideia de que segurança, como um direito social, exige um olhar que não esteja preso às dinâmicas criminais apenas”.
Para conferir o estudo completo, faça o download no site do FBSP pelo endereço https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/05/mapa-dos-desaparecidos-relatorio.pdf.
Metodologia
O Mapa dos Desaparecidos no Brasil é a primeira consolidação acerca do perfil dos desaparecidos e localizados já feita no país. Para a realização do estudo, foram analisados os dados de registros de ocorrência de desaparecimento e de localização de pessoas, solicitados às 27 polícias civis, via Lei de Acesso à Informação. As recomendações e demais reflexões acerca do tratamento dado a esse tipo de ocorrência foram construídas a partir do trabalho desenvolvido pelos pesquisadores do FBSP junto a policiais civis, peritos e promotores de justiça com expertise reconhecida no assunto.
Sobre o FBSP
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi constituído em março de 2006 como uma organização não-governamental, apartidária, e sem fins lucrativos, cujo objetivo é construir um ambiente de referência e cooperação técnica na área de atividade policial e na gestão de segurança pública em todo o País. Composto por profissionais de diversos segmentos (policiais, peritos, guardas municipais, operadores do sistema de justiça criminal, pesquisadores acadêmicos e representantes da sociedade civil), o FBSP tem por foco o aprimoramento técnico da atividade policial e da governança democrática da segurança pública. O FBSP faz uma aposta radical na transparência e na aproximação entre segmentos enquanto ferramentas de prestação de contas e de modernização da segurança pública.
Segurança
Militares erradicam 11 mil pés de maconha em Jaguarari
Um suspeito foi encontrado na operação, sendo encaminhado à polícia judiciária para a tomada das medidas cabíveis

Policiais Militares do 6º BPM apreenderam pés de maconha e detiveram um homem suspeito pelo cultivo da erva, na manhã de quarta-feira (23) no distrito de Flamengo, cidade de Jaguarari.
Os militares realizavam rondas na região, quando foram acionados através de denúncia de que existia uma plantação de maconha na região do Distrito de Flamengo. Ao chegarem ao local, a equipe constatou o fato. Foram encontrados 11 mil pés de maconha.
Um suspeito foi encontrado na operação, sendo encaminhado à polícia judiciária para a tomada das medidas cabíveis. Os pés de maconha foram incinerados, com prévia coleta de amostras que foram encaminhadas às autoridades competentes para tomada das medidas pertinentes.
Segurança
Ação da Polícia Militar gera renda e oportunidades para a comunidade do Bairro da Paz
A ação social gratuita contou com desfile de moda, apresentação musical e exposição de arte

Uma programação de arte, música, moda e cultura esteve disponível nesta sexta-feira (25), na Casa da Música, na Lagoa do Abaeté, no bairro de Itapuã, em Salvador, para toda comunidade do Bairro da Paz e região. A ação social gratuita, desenvolvida pelo Governo do Estado, por meio da Base Comunitária de Segurança (BCS) do Bairro da Paz, contou com desfile de moda, apresentação musical e exposição de arte, garantindo renda, inclusão e oportunidades para a população local.
De acordo com o major PM Albert Nogueira, comandante da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), o objetivo é apresentar as iniciativas desenvolvidas pela Polícia Militar da Bahia (PMBA) na comunidade do Bairro da Paz, através da BCS. “Dentre todas as temáticas que trabalhamos, a arte é uma delas. Então, a nossa equipe, juntamente com professores da comunidade, resolveu fazer um evento para marcar o final do primeiro semestre do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e trazer algo diferente. Hoje, a BCS do Bairro da Paz tem em torno de 12 projetos e 500 alunos participando”, explicou.
Um exemplo é o projeto Pró Recicla, que há seis anos, faz com que mulheres costureiras gerem a própria renda, transformando uniformes descartados da PM em roupas e artesanato. O desfile de moda fez parte da iniciativa na Casa da Música, com peças produzidas pela estilista Maria Gama, que envolveu meninas da comunidade. “Estamos iniciando agora esse projeto com essas fardas, dando aula de costura para crianças a partir de sete anos de idade. Algumas já estão conseguindo vender bolsas, bonecas, e isso prova que estão sendo aprovadas. No total, já temos dez alunas envolvidas, o que é muito satisfatório para nós”, disse.
Quem mostrou tamanha habilidade foi a pequena Mayla Gabrielle Coutinho, de apenas 9 anos, que costurou a própria roupa para desfilar no evento – um conjunto azul com colete e saia. “Estou muito feliz aqui, mostrando o que aprendi para outras pessoas e utilizando várias camisas que iam para o lixo”.
A cabo PM, Fabiana Sena, destacou a utilização de peças de matriz africana durante o desfile, que neste 25 de julho, marca uma celebração importante: o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. “O maior objetivo desse projeto é gerar renda para essas mulheres que aprendem também um ofício, que é o de costurar. Hoje escolhemos homenagear a presença da mulher negra dentro da nossa instituição (Polícia Militar), com esse mix de peças reutilizadas e os tecidos africanos”, enfatizou.
Na música, uma apresentação artística marcou a retomada do projeto “Primeiro Som da BCS Bairro da Paz”, que já alcançou 800 crianças e adolescentes através de aulas de música. As aulas são ministradas pelo percussionista soldado PM Daniel Moraes e cadeirante, que na ocasião, destacou a importância da ação social na comunidade. “É uma oportunidade de ajudarmos as crianças a saírem da ociosidade e, consequentemente, impedir que sejam recrutadas para o mundo do tráfico”, salientou.
Quem foi ao local também conferiu uma exposição de arte com telas produzidas com material reciclado, a partir do tecido do fardamento em desuso, e pintadas por alunos do Proerd. Essa atividade de arte é resultado da parceria da PMBA com a artista plástica Eneida Tosta, que realizou oficinas artísticas com o conteúdo aplicado durante o Proerd, responsável por atender duas mil crianças e adolescentes no Bairro da Paz.
BCS em ação
Inaugurada há 13 anos, a BCS Bairro da Paz faz parte da 15ª CIPM, comandada pelo major PM, Albert e o capitão PM, Queiróz. Outros projetos de inclusão são realizados nas áreas de esporte e educação, a exemplo de um cursinho preparatório para o Enem, ministrado por policiais militares.
Segurança
Bombeiros fortalecem atuação no manejo da fauna afetada por incêndios
A capacitação promoveu uma troca de conhecimentos entre especialistas do Inema e a corporação

Resgatar um animal silvestre em meio ao fogo exige mais que coragem: demanda preparo técnico especializado. Com esse objetivo, 40 bombeiros militares da Bahia que atuam no programa Bahia Sem Fogo concluíram, nesta quinta-feira (24), um curso intensivo de manejo de fauna realizado no Parque Zoobotânico, em Salvador. A capacitação promoveu uma troca de conhecimentos entre especialistas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a corporação que atua diretamente no manejo da fauna afetada por incêndios.
Durante a formação, os bombeiros receberam orientações sobre o resgate de animais silvestres em cenários críticos, aprofundando os conhecimentos já consolidados. Aprenderam a identificar sinais de estresse em aves, répteis e mamíferos, além de técnicas de contenção e primeiros socorros. A atividade combinou teoria e prática, com simulações de resgate, transporte e cuidados, reforçando protocolos seguros para a proteção dos animais e dos próprios profissionais.
Coordenadora estadual do Bahia Sem Fogo, Daniela Fernandes explicou que a capacitação surgiu de uma demanda do comitê gestor do programa e deve ser levada a outras regiões. Segundo ela, o manejo da fauna exige preparo técnico não apenas durante incêndios, mas em diversas situações. “A Sema reconhece e apoia o trabalho do Corpo de Bombeiros na proteção da fauna. Os resultados são fruto da integração entre prevenção e resposta rápida”, afirmou.
Desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Bahia Sem Fogo é uma iniciativa permanente do Governo do Estado voltada à prevenção e ao combate aos incêndios florestais. O programa conta com a participação de diversos órgãos públicos, tendo o Corpo de Bombeiros como um de seus principais executores.
Integração e multiplicação de saberes
Representantes do Corpo de Bombeiros que acompanharam a capacitação destacaram que, cada vez mais, as ocorrências de incêndio envolvem animais feridos ou desorientados. A formação, portanto, amplia a capacidade de resposta da corporação e fortalece a atuação conjunta entre as instituições envolvidas no programa.
O Capitão Serrão ressaltou o caráter estratégico da atividade, que reuniu bombeiros da capital e do interior. “A maioria dos participantes atua diretamente na linha de frente contra os incêndios florestais. O conhecimento adquirido será colocado em prática e também replicado em futuras formações, para formar multiplicadores de boas práticas em todo o estado”, destacou.
Para a médica veterinária Marta Calazans, do Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) Salvador, responsável pelo último dia da capacitação, encerrar o curso ao lado do Corpo de Bombeiros foi uma oportunidade valiosa de integrar saberes e fortalecer a proteção da fauna silvestre.
“Cada profissional aqui trouxe sua especialidade, e o nosso papel no CETAS é apoiar com máxima dedicação quem está na linha de frente. O envolvimento dos bombeiros nas perguntas, nas trocas e na atenção aos detalhes mostra o quanto essa parceria é essencial para fortalecer a proteção da fauna em situações de incêndio florestal”, afirmou.