Internacional
Após prisão de Griner, Rússia avalia discutir troca de prisioneiros
O Kremlin permaneceu calado sobre a perspectiva de uma troca, dizendo que se as trocas de prisioneiros fossem discutidas na mídia, elas nunca aconteceriam

A Rússia disse nesta sexta-feira (5) que está pronta para discutir uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos em particular, um dia depois que um tribunal russo decidiu pela prisão da estrela norte-americana de basquete Brittney Griner por nove anos por crime de porte de drogas.
O processo contra Griner, duas vezes medalhista de ouro olímpica e estrela da WNBA, a mergulhou em um turbilhão geopolítico depois que a Rússia enviou tropas para a Ucrânia em 24 de fevereiro.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden, concordaram anteriormente sobre um canal diplomático que deve ser usado para discutir possíveis trocas de prisioneiros.
“Estamos prontos para discutir este tema, mas dentro da estrutura do canal que foi acordado pelos presidentes Putin e Biden”, disse Lavrov durante uma visita ao Camboja. “Se os americanos decidirem mais uma vez recorrer à diplomacia pública… isso é problema deles.”
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que Washington está preparado para se engajar com Moscou por meio dos canais diplomáticos estabelecidos. Ele disse que a condenação de Griner destacou sua detenção indevida pela Rússia e agravou ainda mais a injustiça que foi feita a ela.
O Kremlin permaneceu calado sobre a perspectiva de uma troca, dizendo que se as trocas de prisioneiros fossem discutidas na mídia, elas nunca aconteceriam.
“Os americanos já cometeram esse erro, decidindo de repente usar a diplomacia do megafone para resolver esses problemas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Não é assim que eles são resolvidos.”
Peskov se recusou a comentar a decisão do tribunal sobre Griner. Quando perguntado se ela poderia ser perdoada, ele disse que o procedimento de clemência estava codificado nas leis russas.
A sentença de Griner – que Biden chamou de “inaceitável” – pode abrir caminho para uma troca de prisioneiros que incluiria a atleta de 31 anos e um traficante de armas russo cumprindo pena de 25 anos de prisão nos Estados Unidos.
Os EUA já fizeram o que Blinken chamou de “oferta substancial” para garantir a libertação de norte-americanos detidos na Rússia, incluindo Griner e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan.
Griner foi presa em 17 de fevereiro no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, com cartuchos contendo óleo de haxixe em sua bagagem.
Os Estados Unidos argumentaram que ela foi detida injustamente e usada como moeda de troca política por Moscou. Autoridades russas rejeitaram a afirmação dos EUA, dizendo que Griner violou a lei russa e deveria ser julgada de acordo.
Cannabis é ilegal na Rússia para fins medicinais e recreativos.
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.