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A Vida Depois do Tombo

Karol Conká obteve o maior índice de rejeição na história do BBB, eliminada com mais de 99% dos votos

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Sacada interessante dos realizadores de A Vida Depois do Tombo. Na reta final da edição 2021 do Big Brother Brasil, nada mais oportuno
Foto: Reprodução

Professor Leonardo Campos

Sacada interessante dos realizadores de A Vida Depois do Tombo. Na reta final da edição 2021 do Big Brother Brasil, nada mais oportuno para os negócios que o lançamento de uma série documental sobre a participante Karol Conká, rapper que representou o maior índice de rejeição na história do programa, eliminada com mais de 99% dos votos. É uma oportunidade para também refletirmos a cultura do cancelamento e a sua validade. Tendo funções múltiplas, desde o entretenimento aos debates sobre relacionamentos humanos, a produção vai além dos interessados no tema. Se você não assistiu uma edição completa sequer, tal como quem vos escreve, ainda assim, esta narrativa concisa e dinâmica pode ser contemplada sem risco de perder o chamado “fio da meada”, afinal, convenhamos, mesmo quem não liga sequer a TV nos canais abertos ou nunca passou o olho rapidamente no Globoplay para acompanhar o reality show na íntegra, provavelmente deve ter lido ao menos uma chamada na mídia sobre a rapper que protagoniza o documentário, mulher negra de trajetória complexa que causou irritação e ódio em muitos telespectadores, haja vista a sua postura agressiva, homofóbica e problemática na edição em questão do programa.

Antes de adentrar especificamente no documentário, pretendo fazer uma breve, mas talvez elucidativa excursão pelo tema do momento: a cultura do cancelamento. Hoje, queremos cancelar tudo. E há razões para isso. Com a suposta democratização que as redes sociais e os aplicativos deram aos usuários que antes eram apenas leitores, espectadores e internautas mais passivos, sem a oportunidade de gerar conteúdo e promover debates, algo que era limitado apenas ao parco espaço de seção dos leitores em revistas e jornais, muita gente acredita ser parte de um tribunal de julgamentos. Criticamos tudo, somos até intolerantes e algumas vezes, contraditórios. Não suportamos a isenção política de Ivete Sangalo, ateamos fogo nas obras racistas e eugênicas de Monteiro Lobato, desejamos o desemprego para José Mayer e Woody Allen, acusados de misoginia, criticamos o figurino de Alessandra Negrini ao trajar-se de índia numa edição passada do carnaval, acusando-a de apropriação indevida. São tantos os casos de cancelamento que nem uma tese de doutorado consegue dar conta de forma cabal do fenômeno.

E não é para menos. Um tema tão complexo, situado num terreno discursivo movediço, requer cuidado por parte de quem deseja coloca-lo em crise. Eu, por exemplo, já fiz palestra on-line defendendo a cultura do cancelamento, salvaguardas as devidas proporções, afinal, o cancelado, acredito, deve ter a chance de se retratar diante das acusações que lhe são apontadas. Não fosse assim, do que adiantaria defender os direitos humanos e alegar que qualquer um tem a chance de se reerguer e mudar, correto? A discussão sobre a cultura do cancelamento, no entanto, envolve outras complexidades. Vivemos tensos, insatisfeitos, mergulhados num cenário pandêmico que parece não ter fim. E, somado a tudo isso, nos tornamos mais intolerantes. Não suportamos mais injustiças, patroas que descuidam dos filhos das empregadas e deixam as crianças ao encontro da morte, tampouco temos paciência para representantes políticos alienados, patéticos e vergonhosamente despreparados, como temos hoje no cenário burlesco brasileiro.

A digressão foi relativamente logo, mas ela tem um propósito, caro leitor. O intuito aqui é apontar que não estamos mais tolerantes, o que é um grande risco, mas também que estamos enojados e não concebemos mais sequer a ideia de aceitar posturas e representações misóginas, homofóbicas, racistas, etc. Como se diz no popular, “já deu”. Diante do exposto, o que temos é um ambiente de interações de pessoas em seus limites, o que nos leva ao culto do cancelamento, em voga no mundo todo e discutido frequentemente no Brasil. Karol Conká, integrante da edição do Big Brother Brasil 2021, causou transtornos diversos, desistência de participantes, agiu de maneira tóxica e abusiva com diversos pares que circulavam pela vigiada casa e durante a pavimentação de seu caminho no programa, deu motivos de sobra para ser cancelada com merecimento. O que há de fenômeno por detrás disso é que ao passo que a cancelamos, tiramos qualquer oportunidade de redenção desta “personagem”, delineada em A Vida Depois do Tombo, documentário adequadamente dirigido, escrito e editado por realizadores conscientes do bom material que tinham em mãos para transformar em narrativa biográfica contemporânea analítica.

Do começo ao fim da série, somos levados a nos questionar: o cancelamento muda ou não os indivíduos que passam por esse processo de linchamento público? Há um lado sociológico para o cancelamento, explicitado em nossa angústia diante de um mundo injusto, cruel, sádico e que agora goza dos privilégios diante de algumas reparações históricas importantes. Como lidamos com o erro do próximo? Esse é outro ponto da produção, também questionadora no que diz respeito ao perigo do linchamento virtual e da exclusão definitiva do cancelado, postura de que certa forma, inibe ou anula o debate e não permite que a pessoa julgada não possa se defender ou até mesmo se desculpar diante dos seus erros. Assim, num mundo que passa por processos de desconstrução, o cancelamento é um reflexo do “basta” que carimbamos diante de posturas consideradas inadequadas, como quase todos os momentos de Karol Conká em sua estadia no BBB.

A punição educa? Sim. Mas também pode não ajuda o “outro”. Por isso, o botão do cancelamento não deve ser apertado aleatoriamente, como as gerações mais atuais tem feito, destroçando reputações e não permitindo que haja algo tão importante para as relações no tecido discursivo da nossa atual esfera virtual pública: o debate. Na ânsia por ser um justiceiro, cancelamos e damos ao acusado a penalidade que ele merece. O preço e as consequências por detrás disso, no entanto, pedem maior reflexão. Aqui, temos uma menina que passou por situações complexas na infância, sonhou em ser cantora, alcançou determinada visibilidade, mas perdeu o rumo das coisas com posturas tidas como inaceitáveis durante os meses em que esteve no BBB. A equipe realizadora esteve com a participante durante 25 dias, acompanhando-a em sua rotina, tendo em vista observar os desdobramentos de sua trajetória posterior ao programa. Patrícia Cupello, diretora da série, organiza depoimentos, expõe polêmicas para permitir o debate e gerencia a caminhada de uma mulher que precisou e ainda precisa lidar com a onda de ódio que a acompanhou após a saída.

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Os registros de gritos de telespectadores que diziam “fora macaca” no dia da eliminação revelam também outras camadas de complexidade por detrás dessa rejeição, com brechas que abrem a possibilidade para interpretações múltiplas que vão além da postura nociva da própria biografada. Em seus quatro episódios, a série documental começa com a eliminada diante da análise do cenário que foi estabelecido durante a sua estadia na casa. Bil é convidado a versar sobre o relacionamento dos dois durante a estadia na casa, numa lavagem de roupa suja que não desce o nível em momento algum, mantida sob uma redoma de seriedade. Logo mais, Karol Conká questiona o trabalho de sua equipe nas redes sociais, considerado falho, gerenciamento de crise que acredito, não seria suficiente para o estrago da participante rejeitada com o já mencionado maior número de votos da história do programa. Ademais, os episódios da segunda metade flertam com os abalos ocorridos na relação com os familiares após a saída do BBB e no desfecho, ela revela detalhes do passado que supostamente justificam a sua postura com Lucas, jovem que deixou o reality após revelar que não aguentava mais a opressão e manipulação promovida pela protagonista do documentário.

O passado da moça revela histórias com um pai alcoólatra e abusivo, motivações que talvez expliquem a postura tóxica da rapper. Você, leitor, o que acha?

Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.

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Netflix anuncia regras para compartilhamento de senha

Ainda não há informação de quando essas regras começarão a valer para o Brasil

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A Netflix anunciou nesta terça-feira (23) que vai cobrar um adicional para usuários que compartilham suas senhas da plataforma com outras p

A plataforma de streaming Netflix, anunciou novas regras para compartilhamento de senhas entre os seus assinantes. As medidas começaram a ser implementadas na quarta-feira (8) no Canadá, Nova Zelândia, Portugal e Espanha. Ainda não há informação de quando essas regras começarão a valer para o Brasil.

Segundo a plataforma, a conta somente poderá ser usada em uma única residência. Será preciso configurar a “localização principal” na plataforma para que assinantes que morem juntos possam usar a mesma conta.

Para quem divide a conta mas moram em residências diferentes, haverá opção de transferir o perfil para uma nova conta, com o histórico, recomendações e a lista de conteúdos preservados.

A Netflix terá uma nova seção para “gerir acessos e dispositivos”, em que o assinante poderá controlar quem tem acesso à sua conta Netflix. A plataforma afirma que os assinantes poderão continuar usando a conta em celulares e dispositivos pessoais.

A plataforma também vai oferecer a opção de compra de um “assinante adicional” —em Portugal, o preço é de € 3,99, ou R$ 22, em que podem ser adicionadas até duas contas para pessoas que vivem fora da residência principal.

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Morre Stephen Greif, ator de ‘The Crown’, aos 78 anos

Greif começou a carreira nos anos 60, quando chegou ao sucesso nos palcos e nas telas

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Morreu nesta segunda-feira (26) o ator de The Crown, Stephen Greif, aos 78 anos. Um representante do artista confirmou a informação. A causa  
Foto: Divulgação

Morreu nesta segunda-feira (26) o ator de The Crown, Stephen Greif, aos 78 anos. Um representante do artista confirmou a informação. A causa da morte não foi divulgada.

Ele deu vida ao presidente da Câmara dos Comuns, Sir Bernard Weatherill, na quarta temporada da série e também se destacou em outras séries como “The Bill” e “Blake’s 7”.

Greif começou a carreira nos anos 60, quando chegou ao sucesso nos palcos e nas telas, recebendo diversos prêmios, como o Olivier, em 1979, por viver Biff em ‘Death of a Salesman’ do National Theatre.

O ator também se destacava pela voz. Fez trabalhos como narrador em vários games (como “Total War”, “Shadows: Awakening” e “Greedfall”) e em produções da TV (“Elliot da Terra”, “Doctor Who”).

Fonte: G1

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Netflix passará a cobrar pelo compartilhamento de senha

O primeiro país a ser implantada a ação vai ser os Estados Unidos e deve chegar nas demais regiões em seguida

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A Netflix anunciou nesta terça-feira (23) que vai cobrar um adicional para usuários que compartilham suas senhas da plataforma com outras p

A Netflix anunciou que vai cobrar uma taxa para o compartilhamento de senha dos usuários no início de 2023. O primeiro país a ser implantada a ação vai ser os Estados Unidos e deve chegar nas demais regiões em seguida. As informações são do The Wall Street Journal.

No início da transição, a empresa enviará mensagens para quem usa senhas alheias sugerindo que essas pessoas paguem por isso. Mais de 100 milhões de pessoas utilizam os serviços da Netflix com contas de terceiros.

A Netflix atingiu 2,4 milhões de assinantes no terceiro trimestre de 2022. A informação é do próprio streaming, que lidera desde seu lançamento, em 1997, como a plataforma favorita dos internautas. Atualmente, mais de 100 milhões de pessoas têm acesso ao catálogo da Netflix com contas de terceiros.

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