Internacional
Rússia assume controle de Lyman e ataque à Donbass continua
A cidade de 20.000 habitantes fica na estrada para Sloviansk e Kramatorsk, dois dos principais centros populacionais de Donbas

O Exército da Rússia confirmou neste sábado (28) que agora controla a cidade estratégica de Lyman, no leste da Ucrânia, enquanto o ataque de Moscou à região de Donbass continua.
Lyman, uma cidade de 20.000 habitantes, fica na estrada para Sloviansk e Kramatorsk, dois dos principais centros populacionais de Donbas que ainda não estão sob controle russo.
“A cidade de Krasny Liman foi totalmente libertada dos nacionalistas ucranianos”, disse o Ministério da Defesa da Rússia em um comunicado, usando o antigo nome da cidade.
A Ucrânia está em desvantagem em Donbas, o coração industrial do país onde as forças apoiadas pela Rússia já tomaram território há oito anos e que agora se tornou o centro da invasão da Ucrânia por Moscou após as tentativas fracassadas de tomar as principais cidades de Kyiv e Kharkiv .
Em seu discurso diário em vídeo na noite de sexta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse que os russos “concentraram artilharia máxima, reservas máximas em Donbas”, tornando a vida muito difícil para o exército ucraniano.
“Há ataques de mísseis e ataques de aeronaves – tudo”, disse Zelenskiy.
A atenção desta semana foi focada na cidade de Sievierodonetsk, que, se capturada, daria à Rússia o controle de toda a região de Luhansk. A cidade esteve sob intenso bombardeio de artilharia e mísseis durante toda a semana, e os russos assumiram o controle do hotel Myr na periferia da cidade.
Na manhã de sábado, o governador regional de Luhansk, Serhiy Haidai, disse que os russos até agora não conseguiram avançar mais do que o hotel.
“Ainda não conseguimos tirá-los de lá, apesar das perdas. Mas eles também não são capazes de avançar mais. Suas táticas são sempre as mesmas: algumas horas de bombardeio e depois tentam avançar”, escreveu ele.
O ministro da Defesa da Ucrânia disse que entregas militares estrangeiras estão ajudando as forças ucranianas na linha de frente, observando três sistemas que agora estão em uso ativo contra os russos: obuses M777 e FH70, bem como a artilharia autopropulsada Caesar. Ele também disse que os sistemas americanos de obuses M109 chegaram à Ucrânia.
“Imaginar isso em março teria sido impossível. Mas hoje é uma realidade”, escreveu Oleksii Reznikov no Facebook.
Ao mesmo tempo, as autoridades ucranianas continuam exigindo mais entregas de armas do oeste, dizendo que correm o risco de serem desarmadas em Donbas e precisam das entregas com urgência.
Houve relatos em Washington de que o Pentágono pode estar se preparando para enviar à Ucrânia sistemas avançados de foguetes de longo alcance para ajudar sua batalha no Donbas, algo que o exército ucraniano e os líderes políticos vêm solicitando há meses.
Enquanto isso, as forças russas também realizaram um teste demonstrativo de um novo míssil hipersônico no sábado. O míssil Zircon, que foi testado pela primeira vez no final de 2020, foi disparado de uma fragata no Mar de Barents e atingiu um alvo no Mar Branco, no Ártico, a 1.000 quilômetros de distância, disse o Ministério da Defesa da Rússia.
O Zircon pode atingir velocidades de até 10 vezes a velocidade do som e voa a baixa altitude, dificultando sua interceptação.
Também no sábado, o ex-presidente da Ucrânia Petro Poroshenko disse que foi impedido de deixar o país, acusando Zelenskiy de quebrar um “cessar-fogo político” em vigor desde o início da guerra. Poroshenko deveria viajar para uma reunião da assembléia parlamentar da Otan em Vilnius.
Zelenskiy derrotou Poroshenko em uma eleição de 2019 e, antes do início da guerra, os promotores estavam investigando Poroshenko por sua participação em um esquema de exportação de carvão supostamente corrupto. Muitos observadores sugeriram que as acusações eram politicamente motivadas.
Após a eclosão da guerra, as autoridades ucranianas suspenderam as atividades de vários partidos políticos com plataformas pró-Rússia, mas outros foram autorizados a continuar, incluindo o partido Solidariedade Europeia de Poroshenko. Apesar do desentendimento de longa data entre Zelenskiy e Poroshenko, ambos pareciam deixar suas brigas de lado para se concentrar na ameaça da Rússia.
“Existe o risco de que, com esta decisão, as autoridades tenham quebrado o ‘cessar-fogo político’ em vigor durante a guerra… que é um dos pilares da unidade nacional diante da agressão russa”, disse o gabinete de Poroshenko em comunicado.
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.