Internacional
Putin afirma que campanha na Ucrânia mal começou
Falando em uma reunião com líderes parlamentares, desafiou o Ocidente a tentar derrotá-la no campo de batalha

Vladimir Putin emitiu uma de suas advertências mais ameaçadoras até agora, alegando que Moscou mal iniciou sua campanha na Ucrânia e desafiou o Ocidente a tentar derrotá-la no campo de batalha.
Falando em uma reunião com líderes parlamentares na quinta-feira (7), o presidente russo disse que as perspectivas de qualquer negociação se tornarão mais fracas à medida que o conflito se arrastar.
“Todo mundo deve saber que, em geral, ainda não começamos nada a sério”, disse ele. “Ao mesmo tempo, não rejeitamos as negociações de paz. Mas aqueles que as rejeitam devem saber que quanto mais longe for, mais difícil será para eles negociarem conosco.”
Putin também acusou os aliados ocidentais da Ucrânia de alimentar as hostilidades, alegando que “o Ocidente quer lutar contra nós até o último ucraniano” e que eles eram bem-vindos para tentar, mas isso só traria tragédia para a Ucrânia.
“Hoje ouvimos que eles querem nos derrotar no campo de batalha. O que você pode dizer – deixe-os tentar”, disse ele.
“Ouvimos muitas vezes que o Ocidente quer lutar conosco até o último ucraniano. Esta é uma tragédia para o povo ucraniano, mas parece que tudo está caminhando para isso”.
O líder russo também se enfureceu contra o “liberalismo totalitário” que ele disse que o Ocidente tentou impor ao mundo inteiro e repetiu sua afirmação de longa data de que o Ocidente está usando o conflito na Ucrânia para tentar isolar e enfraquecer a Rússia.
“Eles simplesmente não precisam de um país como a Rússia”, disse Putin. “É por isso que eles usaram terrorismo, separatismo e forças internas destrutivas em nosso país.”
Ele acusou que as sanções ocidentais contra a Rússia não conseguiram atingir seu objetivo de “semear divisão e conflito em nossa sociedade e desmoralizar nosso povo”. No entanto, ele admitiu que as sanções estavam criando dificuldades, “mas não com o que os iniciadores da blitzkrieg econômica contra a Rússia estavam contando”.
“O curso da história é imparável e as tentativas do ocidente coletivo de impor sua versão da ordem global estão fadadas ao fracasso”, disse Putin.
O principal negociador da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, rejeitou a ideia de Putin de um plano dirigido contra a Rússia pelo Ocidente.
“Não existe um plano de ‘ocidente coletivo’. Apenas um exército Z específico que entrou na Ucrânia soberana, bombardeando cidades e matando civis”, tuitou Podolyak. “Todo o resto é uma propaganda primitiva.”
Os líderes parlamentares russos responderam aos comentários de Putin e um deles, Sergei Mironov, do partido A Just Russia, encorajou-o a criar uma agência especial para facilitar a integração dos territórios ucranianos ocupados na Rússia – uma ideia que Putin prometeu discutir.
Promotores russos também pediram sentenças de prisão na quinta-feira para um proeminente ativista da oposição e para um membro do conselho da cidade de Moscou que se manifestou contra as ações da Rússia na Ucrânia.
Alexei Gorinov, que foi detido em abril, é o primeiro representante russo eleito a ser preso por divulgar “informações sabidamente falsas” sobre o exército russo, uma acusação que acarreta uma pena máxima de 15 anos de prisão.
Gorinov criticou as ações militares de Moscou na Ucrânia em uma reunião do conselho em março, cuja gravação já está disponível no YouTube. O vídeo o mostra expressando ceticismo sobre um concurso de arte infantil planejado em seu distrito eleitoral, enquanto “todos os dias crianças morrem” na Ucrânia. Um promotor russo pediu uma sentença de sete anos.
Os promotores também pediram que Andrei Pivovarov, ex-chefe da organização Rússia Aberta, seja condenado a cinco anos de prisão por “dirigir uma organização indesejável”, segundo seu advogado, Sergei Badamshin.
Pivovarov foi retirado de um avião com destino a Varsóvia no aeroporto de São Petersburgo pouco antes da decolagem em maio do ano passado. Ele foi levado para a cidade de Krasnodar, no sul, onde foi acusado de apoiar um candidato local em nome de uma organização “indesejável”. A acusação criminal é baseada em suas postagens nas redes sociais apoiando candidatos independentes nas eleições municipais de Krasnodar.
Desde que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro, as forças russas capturaram grandes áreas do país, mais recentemente a região leste de Luhansk.
Mas seu progresso tem sido muito mais lento do que muitos analistas previam, e depois de não conseguir capturar Kyiv e outras grandes cidades no nordeste da Ucrânia no início da campanha, as forças de Moscou mudaram seu foco para o centro industrial oriental de Donbass.
No início desta semana, os militares russos reivindicaram o controle da província de Luhansk, uma das duas que compõem Donbas, e estão se preparando para pressionar sua ofensiva na vizinha Donetsk.
Internacional
Brics cobra US$ 1,3 trilhão em financiamento climático até a COP30
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento

Os países do Brics publicaram nesta segunda-feira (7) uma declaração conjunta em que cobram os países mais ricos a ampliarem a participação nas metas de financiamento climático. A iniciativa de captação de recursos, chamada Mapa do Caminho de Baku a Belém US$ 1,3 trilhão, destaca a importância de se chegar a esse valor até a COP30, em novembro.
“Expressamos séria preocupação com as lacunas de ambição e implementação nos esforços de mitigação dos países desenvolvidos no período anterior a 2020. Instamos esses países a suprir com urgência tais lacunas, a revisar e fortalecer as metas para 2030 em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a alcançar emissões líquidas zero de GEE [gases do efeito estufa] significativamente antes de 2050, preferencialmente até 2030, e emissões líquidas negativas imediatamente após”, diz um dos trechos do documento.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais bandeiras do grupo, reunido na Cúpula de Líderes, no Rio de Janeiro. Nesse sentido, o Brics reforça o papel da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e o Acordo de Paris como principal canal de cooperação internacional para enfrentar a mudança do clima.
O entendimento é de que a mobilização de recursos é responsabilidade de países desenvolvidos para com países em desenvolvimento. O grupo reconhece que há interesses comuns globais, mas capacidades e responsabilidades diferenciadas entre os países.
O texto aponta a existência de capital global suficiente para lidar com os desafios climáticos, mas que estão alocados de maneira desigual. Além disso, enfatiza que o financiamento dos países mais ricos deve se basear na transferência direta e não em contrapartidas que piorem a situação econômica dos beneficiados.
“Enfatizamos que o financiamento para adaptação deve ser primariamente concessional, baseado em doações e acessível às comunidades locais, não devendo aumentar substancialmente o endividamento das economias em desenvolvimento”, ressalta o documento.
Os recursos públicos providos por países desenvolvidos teriam como destino as entidades operacionais do Mecanismo Financeiro da UNFCCC, incluindo o Fundo Verde para o Clima (GCF), o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o Fundo de Adaptação, o Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), o Fundo para Países Menos Desenvolvidos e o Fundo Especial para Mudança do Clima.
Além do envolvimento de capital público, são defendidos investimentos privados no financiamento climático, de forma a proporcionar também o uso de financiamento misto.
“Destacamos que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), proposta para lançamento na COP30, tem potencial de ser um instrumento promissor de finanças mistas, capaz de gerar fluxos de financiamento previsíveis e de longo prazo para a conservação de florestas em pé”, diz a declaração.
Mercado de carbono
Outros destaques da declaração foram a defesa dos dispositivos sobre mercado de carbono, vistos como forma de catalisar o engajamento do setor privado. O Brics se compromete a trocar experiências e atuar em cooperação para promover iniciativas na área.
Em outro trecho do documento, é mencionado o apoio ao planejamento nacional que fundamenta as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), vistas como “principal veículo para comunicar os esforços de nossos países no enfrentamento à mudança do clima”.
Há ainda espaço para condenação e rejeição às medidas protecionistas unilaterais, tidas como punitivas e discriminatórias, que usam como pretexto as preocupações ambientais. São citados como exemplo, mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), requisitos de diligência prévia com efeitos negativos sobre os esforços globais para deter e reverter o desmatamento, impostos e outras medidas.
Internacional
Líderes chegam para a reunião de Cúpula do Brics
A 17ª reunião de cúpula do grupo acontece neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM)

Os chefes de governo e representantes dos países que integram o Brics começaram a chegar, pouco antes das 9h30 deste domingo (6), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), para a 17ª reunião de cúpula do grupo. Depois do anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro líder a chegar foi o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi.
Até as 10h10, já haviam chegado também o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly; o príncipe dos Emirados Árabes Unidos, Khalid Bin Mohamed Bin Zayed Al-Nahyan; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
O Brics tem, como membros permanentes, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Indonésia, Egito, Etiópia e Emirados Árabes. Além disso, há dez nações parceiras: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Neste domingo e na segunda-feira (7), os líderes conversarão e farão discursos em sessões especiais. A primeira sessão, pela manhã, tratará de paz, segurança e reforma da governança global.
Estão previstas uma declaração conjunta dos líderes da cúpula e outras três declarações temáticas: sobre inteligência artificial, financiamento climático e doenças socialmente determinadas.
Internacional
Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ele enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu

Morreu nesta terça-feira (13), no Uruguai, o ex-guerrilheiro, ex-presidente e ícone da esquerda latino-americana José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, aos 89 anos. Mujica enfrentava um câncer de esôfago e estava recolhido em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças.
Conhecido como “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, por dirigir um fusca dos anos 1970, doar parte do salário para projetos sociais e pelas reflexões políticas com forte teor filosófico, Mujica presidiu o Uruguai de 2010 a 2015.
Defensor da integração dos países latino-americanos e caribenhos, Pepe se tornou referência da esquerda do continente durante uma época em que representantes da esquerda e centro-esquerda assumiram diversos governos da região, como Venezuela, Argentina, Equador, Bolívia e Brasil.