Sala de Aula
Educação para o trânsito: a narrativa audiovisual na sala de aula
O que é preciso, por parte do mediador, é a devida organização, planejamento, observação da coesão e coerência em suas articulações

O uso de audiovisual nas dinâmicas em sala de aula é algo que, todos nós sabemos, funciona muito bem. O recurso que mescla imagem e vídeo possui natureza pedagógica e promove, além de entretenimento, distribuição de informações que permitem ampliar os níveis de aprendizagens diante dos conteúdos trabalhados ao longo de jornadas no Ensino Fundamental, Médio, Superior, além das engrenagens dos autodidatas. Quem vos escreve, por exemplo, aprendeu recentemente a fazer uma série de pratos nutritivos e saborosos por meio de receitas disponíveis nas mais diversas plataformas. O que muita gente envolvida com educação não sabe ou, nalguns casos, evita a preocupação, é a maneira como o recurso audiovisual será utilizado dentro e fora da sala de aula para melhorar a compreensão de determinados temas e permitir a emancipação intelectual de todos os envolvidos numa proposta educacional. Até nós, professores, aprendemos enquanto estamos preparando algo para articular com os nossos estudantes.
Aqui, não me refiro ao uso de narrativas exclusivamente documentais ou ficcionais. O propósito é o uso de reportagens, vídeos institucionais, campanhas publicitárias, dentre outros, materiais que podem carregar uma gama de sentidos imensa para promoção da reflexão numa imersão pedagógica. O que é preciso, por parte do mediador, é a devida organização, planejamento, observação da coesão e coerência em suas articulações, bem como o estabelecimento de objetivos traçados adequadamente. Não é chegar ao ambiente da sala de aula e exibir um vídeo e ficar somente no vazio do “o que vocês entenderam?”. É preciso articular com o livro didático, com uma apostila, criar questões para reflexão, associar com charges, tirinhas, infográficos, em linhas gerais, criar uma relevância para que o conteúdo seja compreendido como parte do processo de uma sequência didática. Aos leitores, uma breve história já contada em outro artigo publicado por aqui, memória problemática sobre este recurso, algo que gosto sempre de compartilhar com os pares profissionais que cotidianamente estão em suas missões pedagógicas.
Na época do vestibular, tive um professor de literatura que a cada aula, fazia questão de discorrer sobre a sua jornada de mestrado em Letras, na Universidade Federal da Bahia, com aulas frágeis que se continham a resumir os livros solicitados pelo processo seletivo, além de exibir filmes inspirados nestas produções. A estratégia do cinema é intensa, seja uma tradução direta do livro ponto de partida ou uma leitura comparada, mas no caso deste profissional, era meramente a exibição de um filme que, em seu desfecho, não gerava debates, comentários, não havia uma questão objetiva ou discursiva para nortear a atividade, em suma, um desastre pedagógico. A postura docente desta figura única em minha formação ainda é uma realidade em muitas salas de aula. Chegar e passar um vídeo com boas intenções não é o ideal. É preciso somar a intenção com a realidade, pois a sua compreensão do conteúdo não é igual a do outro. O mundo mudou muito recentemente e se nós não mudarmos, ficaremos distantes da realidade que parece nos espremer com suas evoluções tecnológicas frenéticas.
Estamos diante de estudantes cada vez mais formados pelas redes sociais, aplicativos e afins. É um manancial de informações para todos os lados que chega a ser sufocante. Neste processo, diante da possibilidade do recurso audiovisual numa sala de aula, o professor precisa sair de seu pedestal e atuar como mediador. Talvez ele saiba muito do assunto, mas vai encontrar jovens que também se interessam ou acessam aquele conteúdo que antes era cifrado, explicado em sala de aula e copiado pelos estudantes que clamavam pelo “envio dos slides para estudar”. Diante do exposto, caro leitor, o que pretendo aqui é refletir que o audiovisual em sala pode ser um grande contribuinte para tornar as aulas não apenas rizomáticas, isto é, enraizadas de acordo com a nossa realidade social interdisciplinar, mas também dinâmica, atrativa, promovedora de pessoas que possam ampliar as suas respectivas cidadanias ao ler e interpretar o mundo conforme ele realmente é: multifacetado, diverso, plural. Na sequência, apresentarei a proposta de 10 vídeos produzidos por instituições diversas. Do jornalismo ao material institucional.
A ideia é que você observe o conteúdo e como questões objetivas e discursivas norteadoras foram criadas para permitir que haja reflexão e direcionamento em suas aulas. O tema é educação para o trânsito, vinculado com tópicos de literatura e cultura. Se você prestar bastante atenção, compreenderá que a proposta também pode se ramificar para os campos de atuação da Física, Química, Biologia, História, Geografia, dentre outros componentes curriculares de nossa educação tradicional. Para o nível superior, cabe também articulações com diversos segmentos: Direito, Engenharia, Letras, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Enfermagem, etc. As oportunidades são numerosas, mas é você, como mediador de processos, a pessoa mais capacitada para estabelecer as relações que considerar pertinentes para tornar a sua jornada atrativa, inteligente e diversificada. Observe os modelos de questões e faça a adaptação com o seu contexto, não copiando meramente o padrão, mas transformando-o, combinado?
Material das questões 01 e 02
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – As situações trágicas que ocorrem cotidianamente no trânsito custam muito aos cofres públicos, numa realidade considerada 90% falha humana e 10% por outras circunstâncias, tais como as condições do tempo ou o estado das vias.
II – Os motociclistas que utilizam celular durante as suas travessias se colocam diante da vulnerabilidade, expondo-se ao perder a visão lateral, colocando-se em situações perigosas.
III – Atropelamentos em vias próximas ao estabelecimento de passarelas é uma realidade no território brasileiro, algo que reflete a falta de educação para o trânsito por parte dos pedestres.
IV – O trânsito é um espaço que requer muita atenção e raciocínio, principalmente diante da nossa assustadora realidade violenta na mobilidade urbana cotidiana.
Questão 01 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão corretas.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa I está correta.
- d) apenas as alternativas II e IV estão corretas.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – O Código de Trânsito Brasileiro, criado em 1997, é dinâmico e passará sempre por alterações, haja vista o interesse das autoridades e especialistas em diminuir os impactos das tragédias cotidianas de trânsito.
II – O excesso nos limites de velocidade e o uso de celular na condução são alguns dos principais problemas de nossa realidade.
III – O Código de Trânsito Brasileiro tem sentido punitivo, mas segundo os especialistas, seria melhor que tivéssemos uma sociedade que se comportasse educadamente e de forma continuada, tendo em vista o estabelecimento de uma mobilidade mais segura.
IV – De acordo com os depoimentos, muitos sequer conhecem a legislação, numa sociedade que precisa resolver as questões do trânsito tendo a educação como norteadora.
Questão 02 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas as alternativas II e IV estão corretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa II está correta.
- d) todas as alternativas estão incorretas.
- e) apenas a alternativa III está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – O vínculo das questões impactantes das tragédias de trânsito deve ser realizado em associação com a Receita Federal e o campo da saúde, haja vista os impactos econômicos e sociais destes acontecimentos tratados como acidentes, mas que na verdade, são evitáveis.
II – A fiscalização é um tipo de medida antipática que mexe com todos os envolvidos na dinâmica do trânsito e ainda precisa lidar com questões constantes de nossa sociedade, tais como a politicagem e a falta de conscientização de muitos condutores e pedestres.
III – O trânsito em Brasília, durante muito tempo, era considerado um escândalo nacional no cenário da mobilidade, mudança realizada após muitas intervenções, em especial, as campanhas educacionais.
IV – Um dos depoimentos ironiza a falta de responsabilidade das pessoas que diminuem a velocidade em determinadas vias apenas para não ser multado.
Questão 03 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa II está correta.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa I está correta.
- d) apenas as alternativas II e IV estão corretas.
- e) todas as alternativas estão corretas.
Material das questões 04 e 05
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – O custo das vítimas envolvidas em tragédias de trânsito é debatido, além do destaque para a nossa realidade que era mais fatal para pedestres nos anos 1990, sendo hoje os motociclistas os mais acometidos.
II – A fiscalização é um tipo de “medida antipática” que mexe com todos os envolvidos na dinâmica do trânsito e ainda precisa lidar com questões constantes de nossa sociedade, tais como a politicagem e a falta de conscientização de muitos condutores e pedestres.
III – Mesmo com as mudanças, ainda vivemos os impactos de uma mudança desorganizada do êxodo rural para os espaços urbanos, bem como uma educação desvinculada da ideia de termos a bicicleta como um modal legitimamente respeitado.
IV – As tragédias de trânsito causam transtornos e podem ser tão mortais tanto quanto alguns outros problemas crônicos de saúde, tais como a AIDS e o câncer.
Questão 04 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) apenas a alternativa IV está correta.
- Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Tragédias de trânsito, ocasionadas por comportamentos indevidos de condutores e pedestres, tem causado a morte e a invalidez de gente saudável, algo que mexe nas engrenagens econômicas de nossa sociedade, afinal, estamos refletindo sobre parte da população ativa.
II – O excesso de álcool e o abuso dos limites de velocidade são dois grandes responsáveis pelos sinistros de trânsito, num cenário de mobilidade que pede transporte público intermodal de qualidade como um dos caminhos para melhoria dos assustadores índices dos dados estatísticos.
III – O trânsito é refletido como um espaço perigoso, cenário que carece de condutores mais educados e preparados, lugar de tensão que ocasiona sérios problemas de ordem psicológica para profissionais que atuam neste segmento.
IV – Alguns depoimentos ironizam o comportamento inadequado de condutores que se preocupam em agir corretamente diante do semáforo quando estão diante de algum fiscal ou recurso tecnológico de supervisão, como os pardais.
Questão 05 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão corretas.
- b) apenas a alternativa IV está correta.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) todas as alternativas estão incorretas.
Material das questões 06 e 07
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Qualquer quantidade de álcool pode ser considerada insegura e segundo uma pesquisa apresentada na produção, temos a hipótese de variação na qualidade da fiscalização como um dos motivos para a diferença nos padrões de consumo e infração para cada região brasileira.
II – Um dos depoimentos alega que o método de concepção da estrutura das vias brasileiras é dos anos 1980, projeto obsoleto, pois entendemos que as bases da pavimentação precisam estar seguras para que não haja problemas na mobilidade.
III – O uso de álcool na direção e o excesso de velocidade são apontados como as grandes celeumas para o índice de internações e ocupações em leitos hospitalares das vítimas de tragédias de trânsito.
IV – A pavimentação que permite a mobilidade de modais de vários tipos enfrenta as questões do clima, bem como o peso diverso dos automóveis, superfície que precisa ser eficiente para lidar com ações de penetração da chuva, trincas, dentre outros contratempos.
Questão 06 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) apenas a alternativa IV está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – A dança da mobilidade urbana modificou-se com o advento dos aplicativos de entrega de mercadorias, num cenário de aumento da frota, diminuição da velocidade e presença de engarrafamentos constantes.
II – A Lei Seca, em seus primeiros momentos, carecia de força na fiscalização, algo que foi organizado posteriormente com propostas mais assertivas.
III – O uso de álcool deprime o sistema nervoso e altera a atenção dos condutores, causando a diminuição dos reflexos e, concomitantemente, pondo a mobilidade em risco.
IV – Em algumas regiões do país, a comparação entre o consumo de álcool na direção entre homens e mulheres sofre variações, com diferença da região norte.
Questão 07 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) apenas a alternativa IV está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Para vencer a violência constante no trânsito, os depoentes alegam que é preciso mais amor, carinho e respeito ao outro nos espaços de deslocamento, tendo em vista promover uma travessia segura pelas vias coletivas.
II – O conceito de ética é refletido, associado ao ideal de sua aplicação para um trânsito dinâmico, seguro e agradável para todos os envolvidos.
III – O vídeo reflete que em momentos diferentes, ocupamos espaços diferentes no cenário da mobilidade, por isso, numa dinâmica que envolve estresse, perigo e agressividade diante daqueles que se comportam sem educação no trânsito.
IV – Ser gentil, avisar ao condutor do lado que a porta do carro está aberta, ou então, o pneu está com problemas, é o que se espera de alguém educado para o trânsito, um gerador de gentilezas que exerce a sua cidadania praticando os seus direitos e deveres.
Questão 08 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa II está correta.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa I está correta.
- d) apenas as alternativas III e IV estão corretas.
- e) todas as alternativas estão corretas.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Considerada por muitos como um modal que atrapalha, as bicicletas estão autorizadas a circular nas pistas onde os carros também trafegam, não sendo uma exclusividade desta modalidade de deslocamento apenas as ciclovias.
II – O trânsito é um espaço formado por seres humanos, não por personagens, num cenário que precisa respeitar o Código de Trânsito em suas observações sobre os cuidados do maior para o menor, isto é, automóveis, motociclistas, ciclistas e pedestres, nesta ordem.
III – Os altos índices de tragédias de trânsito custam muito aos cofres públicos e deflagram a necessidade de eficiência das campanhas educativas, inovadoras e humanizadas.
IV – É preciso entender o trânsito como um espaço social com pessoas que ocupam posições diferentes em momentos distintos, isto é, um pedestre num dia pode ser condutor noutro, por isso, precisamos de comportamentos educados e respeitosos constantemente.
Questão 09 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão corretas.
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) apenas a alternativa IV está correta.
Material para resolução das questões 10 e 11.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Tratado como território de selvageria, o trânsito é apresentado na produção como um espaço de tensão, um ambiente que requer atenção redobrada e direção defensiva.
II – O documentário televisivo explora a correria como a responsável pela distribuição de sentenças de morte em nosso trânsito considerado caótico.
III – A produção analisa duas histórias trágicas e apresenta os atores sociais acometidos pelas situações de violência e descuido no cenário do trânsito brasileiro, desde as vítimas fatais aos que enfrentam o luto pela ausência de entes queridos.
IV – A narração do documentário, sensacionalista, evidencia as manobras perigosas que não permitem uma segunda chance para que comete erros, situações que culminam em tragédias evitáveis, casos as pessoas fossem mais conscientizadas no trânsito.
Questão 10 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) todas as alternativas estão incorretas.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa III está correta.
- d) apenas as alternativas II e III estão corretas.
- e) apenas a alternativa IV está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – O documentário jornalístico reflete sobre o poder do automóvel como uma perigosa arma no espaço da mobilidade urbana, numa produção que se escora no sensacionalismo para chocar, com repetições excessivas de depoimentos, perdendo um pouco a oportunidade de levantar mais pontos educativos no que tange aos tópicos da violência no trânsito.
II – Nos depoimentos, há deflagrada uma sensação de impunidade para os crimes de trânsito no cenário brasileiro, ações que deveriam sair da esfera culposa para a dolosa, tendo em vista fazer justiça de maneira mais assertiva.
III – Uma das vítimas apresentadas no documentário sofreu os percalços de ser carona de um condutor alcoolizado, responsável por uma tragédia que selou o destino enlutado de uma família.
IV – Com uma abordagem mais focada no sensacionalismo que radiografa a dor dos entrevistados, o documentário passa por questões educativas, mas se desdobra mais na captação do luto alheio para chocar os telespectadores.
Questão 11 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa II está correta
- b) apenas a alternativa III está correta.
- c) apenas a alternativa IV está correta.
- d) todas as alternativas estão incorretas.
- e) todas as alternativas estão corretas.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – Os incidentes de trânsito causam muitas lesões em nervos periféricos, além de fraturas e traumatismos de diversos tipos, numa realidade prejudicial para o equilíbrio econômico e humano de nossa sociedade que precisa de formações educacionais ainda mais sólidas e assertivas.
II – A produção reflete que por mais que seja visual, uma tragédia de trânsito também carrega impactos psicológicos, num cenário com muitas vítimas acometidas por traumas reversíveis, mas parciais, tornando-se incapacitadas de ser o que eram antes em suas práticas diárias.
III – As pessoas sempre acham que tragédias assim acontecem com os outros, mas não com elas mesmas, numa realidade que envolve excesso de velocidade, ultrapassagem indevida e uso do celular e álcool na direção como alguns dos principais problemas de postura no trânsito.
IV – Um dos relatos é sobre os caminhoneiros que “engolem a lua”, expressão utilizada para se referir aos motoristas que passam horas dirigindo, cansados, tendo em vista alcançar as metas da circulação de mercadorias e garantir o seu sustento, colocando-se, no entanto, em perigo.
Questão 12 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa III está correta. .
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa II está correta.
- d) todas as alternativas estão corretas.
- e) apenas a alternativa I está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – A junção da fiscalização, informação e educação pode redefinir o cenário de nossa mobilidade considerada pelos depoimentos como violenta e corrupta, com indivíduos que adquirem carteiras de habilitação por meios ilegais.
II – O uso do celular na direção e a ausência de condutores que dão seta corretamente para indicar mudança de rumo são alguns dos catalisadores de tragédias no trânsito.
III – O processo de formação de condutores é criticado pelos participantes, especialistas que investiram em reformulações das avaliações teóricas, anteriormente focadas na memorização, bem como reforçam a necessidade de punições mais firmes para educar a população.
IV – Um dos depoimentos comenta sobre a ironia de se ter regras iguais para uma sociedade desigual, alegando que é preciso valorizar os formadores de condutores e ter uma educação para o trânsito diluída nos mais diversos segmentos da educação em nosso país.
Questão 13 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa III está correta. .
- b) todas as alternativas estão incorretas.
- c) apenas a alternativa II está correta.
- d) todas as alternativas estão corretas.
- e) apenas a alternativa I está correta.
Leia as alternativas. Reflita atentamente e intérprete.
I – A produção reflete que carecemos de uma atuação cívica melhor, com campanhas que precisam ser permanentes, não temporárias, indo além de eventos como o Maio Amarelo.
II – O uso do celular é um problema constante no cenário da mobilidade e só perde como infração para o excesso de velocidade e o uso inadequado de álcool na direção.
III – Criticamos muito o condutor que utiliza o celular na direção, mas também precisamos conscientizar os pedestres, pois muitos caminham e atravessam faixas com olhar vidrado em mensagens e demais utilidades de seus aparelhos tecnológicos.
IV – A mudança diante dos dados estatísticos que apresentam índices assustadores pode ocorrer assertivamente com maior eficiência do poder público, bem como uma postura cidadã da população em busca de reconfiguração comportamental e cultural.
Questão 14 | Com base no vídeo e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa correta:
- a) apenas a alternativa IV está correta.
- b) todas as alternativas estão corretas.
- c) apenas a alternativa I está correta.
- d) todas as alternativas estão incorretas.
- e) apenas a alternativa II está correta.
Acompanhe o gabarito e veja quais questões você acertou. Se for professor, remodele para a sua sala de aula. Reajuste as questões, adapte-a utilizando contos, crônicas e outras publicações relacionadas para promoção do debate. Invista na educação para o trânsito e faça de sua aula um momento de pleno exercício da cidadania.
Sala de Aula
A Corrente do Bem
No texto de hgoje, o professor Leonardo Campos fala sobre as relações entre cinema e ensino de matemática


Leonardo Campos
Dizem que gentileza gera gentileza. No desenvolvimento do drama A Corrente do Bem, a vida não é nada gentil com o protagonista da narrativa em seu desfecho, no entanto, o legado deixado pelo jovem após colocar em prática um trabalho escolar nos demonstra como boas ações ainda podem ser possíveis num mundo colapsado por comportamentos egoístas, relacionamentos tóxicos, desigualdade social bastante violenta, dentre outras celeumas que acompanham a humanidade em seu processo evolutivo. Lançado em 2000, sob a direção de Mimi Leder, responsável por conduzir o roteiro de Leslie Dixon, dramaturga que toma como ponto de partida, o livro homônimo de Catherine Ryan Hyde, o filme nos apresenta a trajetória de um garoto cheio de ideais, influenciado pelas ideias de seu professor, se tornando responsável por colocar em prática um projeto considerado utópico, mas que funciona de maneira muito eficiente e muda a realidade de diversas pessoas que gravitam em torno de sua existência.
Na trama, o professor Eugene Simonet (Kevin Spacey) ministra um componente curricular que podemos definir como “Estudos Sociais”. Todo ano, ele aplica um projeto em suas aulas, mas como é de se esperar no âmbito educacional em escala global, a sua expectativa é que alguém apresente algo transformador, no entanto, a realidade comprova a cada período o contrário. Trabalhos repetitivos, nada inovadores, sempre focados na mesmice. Desta vez, diferentemente do esperado, há uma proposta bastante peculiar, desenvolvida pelo jovem Trevor McKinney (Haley Joel Osment). O garoto cria uma corrente do bem, inspirado no projeto do professor que pede aos seus estudantes uma proposta capaz de mudar o mundo. Assim, Trevor pensa em algo para fazer pelo outro que não possa fazer para si mesmo. Em sua ideia, ele pretende promover uma ação para três pessoas, indivíduos que, por sua vez, fazem para mais três, e assim, em progressão aritmética, permite que o bem se espalhe por meio desta corrente.
Utópico, Trevor é desacreditado pelos colegas de sala de aula, mas observado com admiração por seu professor, alguém que inicialmente acha a proposta grandiosa demais, no entanto, abraça fortemente a ideia do estudante que rapidamente coloca o ideal em ação, para o espanto de muitos, inclusive de sua mãe, surpreendida pela presença de um estranho em casa após chegar de uma maratona de drinques servidos em seu trabalho na madrugada. O que começa com 3 parte para 9, depois para 27 e assim sucessivamente, numa progressão que sai de Las Vegas e se espalha pelos Estados Unidos, ganhando visibilidade na mídia e modificando a vida de todos que são tocados por esta corrente. Ao romper barreiras geográficas, numa era antecessora ao advento dos aplicativos e redes sociais, as ideias do jovem Trevor contaminam. Para o espectador mais exigente, focado no cinema enquanto estética e narrativa, A Corrente do Bem é puro exagero. Excessivamente dramático, é um daqueles filmes que imploram ao público por lágrimas, em especial, no desfecho trágico que tira todos os envolvidos de seus eixos.
Mas, é também uma lição sobre o quão podemos criar coisas grandiosas, mesmo numa existência turbulenta.
A vida do pequeno Trevor não é nada fácil. Ele convive com a sua mãe, Arlene (Helen Hunt), uma mulher que trabalha como garçonete nas noites de uma boate de strip-tease, além de outras funções em estabelecimentos do ramo de atendimento durante um dia, uma pessoa que batalha bastante para dar sustento ao filho, mas sequer possui tempo hábil para acompanhar os seus estudos e crescimento, algo que tradicionalmente se esperar num mundo de obrigações da maternidade. Ademais, Arlene sofre de alcoolismo e ainda tem no pai de Trevor um fantasma assombroso, prestes a reaparecer a qualquer momento, personagem interpretado por Jon Bon Jovi. Ele é um homem nocivo, com histórico de violência doméstica, criatura que pode aparecer a qualquer instante e elaborar o caos dentro de casa, medo que acompanha o garoto, mesmo com as promessas de sua mãe sobre nunca mais aceitar o indivíduo novamente, principalmente depois que Trevor testemunhou situações de agressão e ficou bastante traumatizado.
Esteticamente, A Corrente do Bem funciona assertivamente. Os figurinos de David Rosenbloom são críveis e funcionam como elemento de identificação dos personagens com as suas necessidades dramáticas e perfis. Na direção de fotografia, Oliver Stapleton consegue captar, por meio de enquadramentos eficientes, as emoções propostas pela narrativa, dando também ênfase ao design de produção de Leslie Dilley, cuidadoso tanto no ambiente escolar quanto na casa de Trevor e Arlene. Para quem possui uma compreensão básica de cinema, não é difícil reconhecer o estilo de Thomas Newman, responsável pela trilha sonora, no desenvolvimento dos 123 minutos de A Corrente do Bem, condução musical que lembra bastante os seus trabalhos em Beleza Americana e Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento, isto é, uma sonoridade condizente com o movimento visto em tela, espécie de composição didática que nos ajuda a ampliar as reflexões sobre os temas abordados pela produção. Em linhas gerais, um ótimo trabalho.
Agradando ou não enquanto narrativa, A Corrente do Bem suscita uma série de questionamentos. É um daqueles filmes ideais para trabalhos escolares em projetos transdisciplinares ou o que chamamos de “cinema espelho” para professores assistirem em suas formações continuadas, tendo em vista refletirem sobre as suas práticas docentes. Dentro os debates, na época de seu lançamento, muita gente comentou a injustiça da lição final, pois mesmo após criar algo tão grandioso, o garoto tem a sua vida arrancada ao tentar defender um colega vítima de agressão por valentões da escola, uma realidade não apenas estadunidense, mas algo de escala global, uma das preocupações para quem vive dentro dos muros escolares cotidianamente. Para estas pessoas, quando meus interlocutores, sempre devolvo a pergunta, provocando sobre, de fato, a vida ser assim em muitos momentos, afinal, “coisas ruins acontecem com pessoas boas”, não é verdade? Ademais, a narrativa é elucidativa ao ser utilizada como reflexão de vida, em especial, para aqueles que atuam com liderança, empreendedorismo e educação.
Sempre exponho, como crítico de cinema e professor, o potencial do cinema não apenas como entretenimento, mas também como elemento motivador em diversas esferas de nossas vidas. Ao debater A Corrente do Bem, por exemplo, elucido o caráter pedagógico da trama ao permitir que professores repensem as suas práticas, mesmo em cenários de muita tensão. No personagem de Kevin Spacey, o professor responsável por ressoar os seus ideais no pequeno Trevor, podemos observar o quão o educador precisa compreender sobre a realidade dos seus estudantes, figuras que são parte de um microcosmo, sujeitos como o próprio mentor, capazes de conduzir ações, estabelecer condutas inteligentes e realização de julgamentos pertinentes, mesmo sem a especialização e formação dos docentes, algo a ser pensado numa era que ainda traz, habitados em sala de aula, profissionais que acreditam na intocabilidade de seus conhecimentos em relação ao que o estudante traz enquanto experiência, num modelo de ensino autocrático e defasado.
Ainda sobre educação, creio ser pertinente também pensar A Corrente do Bem como uma narrativa que traz um professor capaz de permitir o desenvolvimento da autorresponsabilidade de seus estudantes nas dinâmicas em sala de aula. Mesmo sendo complexo, afinal, Trevor e muitos de seus colegas são oriundos de uma região conhecida periférica da cidade, a ação demonstrada no projeto de Eugene Simonet dialoga com os princípios da cidadania, das práticas que desenvolvem habilidades e competências capazes de transformações, mesmo que pequenas, no entorno dos envolvidos, situações que ressoam em suas existências futuras. É o olhar para o mundo como protagonista, em posturas individuais capazes de estabelecimento da diferença. Trevor é um personagem desafiador, pois conduz a sua presença em aula com participação ativa, questionando quando não compreende determinadas ideias ou discorda de posicionamentos. Persistente, ele reage mesmo diante das dificuldades na execução de sua missão.
É isso, mesmo sendo demasiadamente idealista, que esperamos de nossos estudantes enquanto professores. Não é mesmo? Ao menos, conforme relatos de colegas na experiência docente, ansiamos por salas de aula preenchidas por indivíduos interessados em modificar as suas realidades, num processo que transforma a todos os envolvidos. Dentre outras discussões relevantes, A Corrente do Bem nos ajuda a pensar os nossos projetos inovadores e o impacto causado nas famílias, muitas vezes, receptores que enxergam propostas diferenciadas como coisas fora da curva e desnecessárias para os seus filhos, pessoas que em tese, deveriam aprender conceitos mais imediatos e supostamente práticos para a vida. Curioso observar também como Trevor não se importa com a nota em si, mas com o desenvolvimento de seu processo, em algo bastante debatido sobre mudanças estruturais nos processos avaliativos em voga na contemporaneidade, ainda focada no boletim como indicador de resultados.
Para uma proposta matemática, A Corrente do Bem traz reflexões sobre a lógica da multiplicação. Quantas pessoas conseguiram ser atingidas pela ação de Trevor? Em suas respectivas participações, basta que um indivíduo realize algo por três pessoas e essas três pessoas realizem algo para mais três e assim sucessivamente, adentrando na progressão geométrica e permitindo, assim, que compreendamos numericamente uma determinada situação. Aqui, temos a fase 0, constituída pela primeira pessoa da corrente, neste caso, Trevor, seguido da fase iniciada pelas pessoas que ele beneficiou e, consequentemente, os contemplados pelas ações destes beneficiados. O protagonista ajudou a pessoa em situação de rua, depois a sua mãe, juntamente com o seu professor. Por meio do lema Pay For Foward (Passe Adiante), estas pessoas conduziriam as suas ações garantindo que os demais sigam o esquema. Desta maneira, um professor de matemática, por exemplo, pode debater o filme em propostas transdisciplinares e, assim, permitir que o aprendizado seja amplificado por uma observação filosófica deste campo do saber humano tão essencial para a nossa formação escolar e cidadã.
Para uma proposta em sala de aula, você pode iniciar uma discussão posterior ao processo de exibição do filme com um mapa mental. Observe.
Para consolidação do conhecimento, numa proposta com o filme em sala de aula, o professor pode trabalhar com questões objetivas (múltipla escolha, asserção/razão, complementação simples), discursivas (com descritores que permitam a resolução de um problema), a criação de um projeto com a turma, numa ação coletiva iniciada com observações individuais, além de solicitar a elaboração de mapas mentais sobre o relacionamento das ideias do filme com lógicas de multiplicação e progressão geométrica. Ao lado de um professor de Produção Textual, o responsável por estudos matemáticos pode ampliar as reflexões com uma proposta de redação, juntamente com debates sobre o assunto em componentes curriculares diversos, tais como Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Cultura Digital, Projeto de Vida, dentre outros.
Já pensou numa articulação entre as ideias de A Corrente do Bem com debates sobre uma ação do tipo na era das redes sociais e aplicativos? É um ponto de partida pertinente para Cultura Digital, também capaz de ressoar nas propostas de intervenção de uma produção escrita. Pensado como filme para um projeto maior, as discussões sobre os limites geográficos da corrente de Trevor podem culminar numa interessante roda de conversa em nas aulas de Geografia. Para Projeto de Vida, há peculiaridades do filme que aproximam a sua narrativa das reflexões sobre como os estudantes pretendem delinear as suas trajetórias e, consequentemente, as dinâmicas de seu entorno. Assim, tem-se um instigante debate sobre construção da cidadania. Dá até mesmo para elaborar seminários onde grupos construam apresentações com suas próprias propostas para um mundo melhor, tendo tópicos como introdução, objetivos (o geral e os específicos), justificativa, problema/hipótese, processos metodológicos, dentre outros, construindo uma ponte segura entre o Ensino Fundamental e Médio com as demandas do Ensino Superior e a vida profissional dos estudantes, mais preparados e conscientes dos mecanismos da metodologia da pesquisa para melhor desenvolverem as suas respectivas formações intelectuais.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Sala de Aula
A leitura como hábito para o crescimento pessoal
Ler abre diversas portas em nossas jornadas pessoais e profissionais, sabia?


Professor Leonardo Campos
Há estudos que comprovam a eficiência dos hábitos de leitura para proteção do cérebro, pois pessoas que leem com frequência tem menor chance de desenvolver demência e diminuem os riscos do Mal de Alzheimer, além de ter uma rotina com cargas de estresse reduzidas, pois ler permite viagens tão relaxantes quanto ouvir música, permitindo que a carga do cotidiano seja suavizada. As pessoas que tem na leitura um hábito permanente também conseguem desenvolver mais empatia, sabia? Ao ler, o indivíduo pode compreender mais o que o “outro” sente e, assim, por meio das experiências em suas jornadas literárias, consegue interpretar melhor comportamentos e fazer ilações que podem ser úteis para as suas relações interpessoais cotidianas. Tão importante quanto o exercício físico é o treino da mente, por isso, aderir ao processo constante de leitura permite que tal segmento tenha atuação nos diferentes circuitos neurais e nesta dinâmica, processos de estimulação cerebrais promovam mudanças significativas em sua maneira de agir e pensar. Ademais, ler ajuda na aprendizagem de conteúdos diversos, pois influencia a forma como lidamos com os diversos assuntos, além de ampliar o nosso vocabulário. Por isso, ler deve ser parte de sua rotina diária, tal como se alimentar e dormir.
Mas, afinal, quais são os principais tipos de leitura?
Como posso organizar uma eficiente rotina de leitura?
Primeiro é preciso começar de algum lugar. Se for literatura e você não tiver ainda habituado, comece por crônicas e contos, indo posteriormente para os romances. É uma maneira de não enfrentar volumes maiores de texto e estabelecer barreiras que o desanime. Se sua jornada diária estiver conectada com o mundo acadêmico, treine também com a leitura de textos científicos de sua área, tendo em vista ampliar os seus horizontes interpretativos e promover o conhecimento acerca de modalidades mais diversas de escrita. Muita gente me questiona sobre iniciar com os livros físicos ou investir nos digitais. Sinceramente, apesar da pegada sustentável e da mobilidade dos e-books, ainda prefiro aderir aos livros impressos, pois acredito que haja uma relação maior de pertencimento e descanso, também, para a visão, fora que nos suportes digitais, a tendência para mudarmos da leitura para redes sociais, aplicativos e outras distrações é bem maior. Assim, sem fundamentação científica, prefiro o físico, mas depende muito do desprendimento do leitor.
Dizem que ler durante a noite dá sono, por isso, invista em leituras diurnas, não apenas nas pausas, mas em deslocamentos no metrô, dentre outras paradas e travessias. É uma maneira bacana de exercitar a mente, principalmente para aqueles desacostumados com a prática tão necessária para se manter relevante socialmente na contemporaneidade. Ademais, não esqueça de carregar consigo um livro, em qualquer oportunidade, pois nas passagens do seu dia, a leitura pode se tornar uma belíssima opção de acompanhamento, seja na fila de um banco, de loja ou na sala de espera para um atendimento clínico. Crie, para você, as oportunidades, para que a prática da leitura se transforme uma rotina orgânica do cotidiano. Para isso, é importante que não haja desistência no primeiro obstáculo, combinado? As conquistas neste processo não estão garantidas como numa ciência exata, mas é bem possível que aliando Hábitos de Leitura com Conhecimentos Gerais, você turbine o seu perfil profissional e as suas habilidades e competências no âmbito do pleno exercício de sua cidadania.
Leonardo Campos é Graduado e Mestre em Letras pela UFBA.
Crítico de Cinema, pesquisador, docente da UNIFTC e do Colégio Augusto Comte.
Autor da Trilogia do Tempo Crítico, livros publicados entre 2015 e 2018,
focados em leitura e análise da mídia: “Madonna Múltipla”,
“Como e Por Que Sou Crítico de Cinema” e “Êxodos – Travessias Críticas”.
Sala de Aula
Argumentação e escrita nas questões discursivas
Leia, coloque as sugestões em prática e ótimos estudos, combinado?


Professor Leonardo Campos
Na dinâmica dos concursos, vestibulares e processos avaliativos, tal como o ENADE, as questões discursivas se estabelecem como um grande desafio para os candidatos. Sabemos que a escrita fluente é algo que se relaciona diretamente com hábitos de leitura, por isso, apesar de macetes e sugestões para melhoria da estrutura de um texto escrito neste tipo de ocasião, desenvolver uma rotina de estudos que contemple assertivamente o treinamento para a elaboração de textos argumentativos é um dos caminhos não apenas para situações avaliativas, mas também algo a ser levado para a vida. Escrever bem permite a abertura de portas no competitivo cotidiano profissional, além de permitir que possamos colocar para a apreciação do outro, as nossas ideias, desde as legendas em redes sociais, aos e-mails que enviamos, nos discursos que precisamos elaborar em situações especiais ou qualquer modelo de mensagem que tenha como direcionamento, passar uma mensagem eficiente para nossos receptores.
No caso das questões discursivas, o candidato precisa levar em consideração que os seguintes aspectos serão avaliados em sua jornada argumentativa: a explicação e solução para um determinado problema apresentado, a aplicação de conteúdos aprendidos sobre assuntos pontuais para aplicação em situações inovadoras, argumentação que trace comparações ou classificação de dados e informações, estabelecimento de relações de causa e efeito ao longo da exposição argumentativa, demonstração da capacidade de sintetizar ideias sem prejudicar a dinâmica da escrita, formulação de conclusões com base nos elementos fornecidos ao longo do enunciado que deve ser lido e atendido adequadamente, bem como comprovar a habilidade de manter organizado, por meio da escrita, as ideias, de maneira lógica, coesa, coerente, pois neste processo avaliativo, são levados em consideração, as suas estratégias argumentativas, vocabulário minimamente expressivo e adequação gramatical, ou seja, elementos básicos de regência e concordância verbal e nominal, acentuação, pontuação, dentre outros.
Quando ministro aulas, oficinas e cursos sobre escrita para este tipo de situação, geralmente aconselho os candidatos a não escrever parágrafos longos demais, tendo em vista evitar a perda de coesão com as possíveis inadequações no uso da vírgula. Demonstrar erudição é importante, mas utilizar palavras que fogem do significado daquilo que se pretende dizer pode ser um problema, por isso, sempre indico que saiba usar adequadamente cada palavra empregada no texto. Divagações podem funcionar no discurso oral, mas na escrita, é preciso optar pela objetividade, pois neste esquema avaliativo, o número de linhas disponíveis para a argumentação precisa ser atendido sem prejuízo ao conteúdo das ideias. Sendo assim, torna-se fundamental manter-se atento ao tema e ao enunciado, para evitar fuga do que é solicitado ou transparecer que está enrolando por não saber muito sobre o que foi proposto. Neste ponto, adentramos nas discussões sobre atualidades. Entender um pouco de muitas coisas pode ser o guia de sobrevivência para quem está num processo avaliativo.
É claro que devemos ser especialistas de determinados assuntos, próprios de nossa área de atuação, mas conhecer um pouco do que é tema recorrente no mundo contemporâneo é parte de nosso ingresso para circular por espaços diversos. Quem vos escreve, por exemplo, é formado em Letras e Cinema, mas não significa que tenha que me limitar e não dialogar sobre Meio Ambiente, Educação, Segurança Alimentar e Nutricional, dentre outros assuntos que se tornaram tangenciais em meu cotidiano, por motivos diversos, muito além da preparação de projetos para o ENADE. Assim, na questão discursiva, além da organização das ideias, do devido fluxo de conhecimentos gerais para reflexão, relação e aplicação de conceitos, controle do espaço disponível para respostas e citações relevantes, é preciso também aderir ao rascunho, algo que muitos estudantes preferem fugir, sem sequer imaginar que essa postura pode ser prejudicial ao texto que escreve, pois é no rascunho que habita a elaboração das ideias.
Diante do exposto, o seu uso deve ser considerado indispensável. O rascunho serve para o autor se comportar como uma espécie de leitor crítico de sua própria composição textual, numa dinâmica que permite a elaboração de alterações antes de entregar a versão argumentativa final, tendo na revisão, a melhoria na qualidade do que escreveu. Rascunhar é treino, hábito de dedicação para aqueles que desejam os melhores resultados. Um paradoxo, por exemplo, no meio do texto, pode ser resolvido quando o autor relê o que compôs e reorganiza as ideias de sua produção. Ao rascunhar, o candidato tem a chance de reler a proposta, anotar as suas ideias, criar sentido entre os elementos elencados para compor o texto e, assim, determinar melhor o começo, o meio e o fim de sua escrita. Ademais, além destas dicas valiosas, proponho sempre que o indivíduo responda as questões de provas anteriores, uma ótima solução para treinamento, afinal, na questão discursiva, o “chute” não é uma possibilidade.
Ao lidar com uma questão discursiva, o candidato precisa ter em mente que vai elaborar um texto com introdução, desenvolvimento e conclusão. Neste tipo de produção textual, é preciso iniciar com uma declaração afirmativa ou negativa sobre algo, desenvolver contemplando de maneira explicativa todos os pontos para, mais adiante, concluir com uma proposta de intervenção ou solução para o tema explorado. E, como costumo dizer aos meus estudantes, sair do clichê que delega apenas ao Estado as obrigações diante de uma situação problemática que requer ajuste. Sociedade civil, espaços educacionais, a mídia, ONGS e tantos outros setores de nossas vidas podem ser responsáveis por abraçar causar necessárias para a mudança do que está estabelecido. Outro ponto que destaco é a importância de cuidar da caligrafia e manter a legibilidade do que está escrito, afinal, a banca avaliadora consta de seres humanos, não de robôs que fazem uma leitura programada. Respeitar os limites das linhas, margens e parágrafos também é muito pertinente, pois se passa uma ideia de organização da arquitetura textual.
Censura nunca é e nunca deve ser uma opção, mas nas questões discursivas, precisamos evitar discursos demasiadamente inflamados, isto é, ser coerente e coeso na militância, evitar posições partidárias que prejudiquem a escrita, como por exemplo, “todo bandido deve ser morto” ou “todo político é ladrão”. Se afastar de abordagens categóricas também é algo muito problemático, tipo “todo gay é afetado” ou “todo branco é um racista”, dentre coisas do tipo, inacreditavelmente muito comuns em respostas e redações de processos avaliativos. No enunciado, há um manancial de palavras-chave que precisam ser inseridas na sua produção, num texto que deve ir direto ao ponto e prezar pela objetividade. Ademais, escrever com autonomia também é um ponto importantíssimo, pois é necessário fundamentar a sua argumentação com teorias e discursos especializados, mas evitar frases prontas, apontamentos vagos e atribuir erroneamente algumas máximas aos autores errados. Um exemplo: citar algo de Clarice Lispector e atribuir ao Arnaldo Jabor, dentre outros deslizes, também bastante costumeiros.
Aos leitores, desejo uma excelente jornada de escrita, continuem praticando e, se ainda não começaram, a hora é agora, combinado?