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Morre Iraci Simões, esposa do ex-Deputado Eujácio Simões

O sepultamento será realizado neste sábado (23), às 15h, na capela D, do Cemitério Jardim da Saudade

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Iraci Figueiredo Simões, matriarca da Família Simões, nasceu em Poções-BA em 1929. Durante sua infância, sua família migrou para
Foto: Arquivo pessoal

Iraci Figueiredo Simões, matriarca da Família Simões, nasceu em Poções-BA em 1929. Durante sua infância, sua família migrou para Itororó-BA onde, aos 16 anos, se casou com Eujácio Simões Viana, falecido em 2007.  

Uma mulher ativa e à frente do seu tempo, sempre teve como paixão a criação do Gado Zebu, com destaque a raça Nelore PO (Puro de Origem).  

Em 1955, tendo como palco a Fazenda Estrela do Oriente, em Palmares, distrito de Itapetinga-BA, Dona Iraci e Sr. Eujácio, iniciaram, de forma pioneira, a criação o Nelore PO, trazendo, até os tempos atuais, uma das melhores criações da raça no Brasil. 

Sempre foi uma esposa e mãe dedicada, participou ativamente da vida pública de seu esposo, que foi eleito primeiro prefeito de Itororó, onde exerceu com muita dedicação seu papel de primeira-dama.  

Em 1963 seu esposo Eujácio foi eleito Deputado Estadual e a família se mudou para Salvador, onde Dona Iraci passou a acolher vários conterrâneos em sua residência para tratamento de saúde, cuidando de todos com muito afeto e acompanhando-os incansavelmente nos serviços de saúde. 

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Além do apoio no tratamento de saúde de seus conterrâneos, Dona Iraci acolheu, por vários anos, em sua casa, amigos, parentes e outras pessoas da comunidade Itororoense, que vinham para Salvador em busca de uma educação de nível superior. 

“Ao longo dos seus 94 anos, Dona Iraci foi um verdadeiro exemplo de trabalho, simplicidade, humildade e calor humano”, destaca sua filha Erbene. 

Iraci deixa quatro filhos: Euracy, Eujácio Filho (in memoriam), Erbene e Emerson, doze netos e treze bisnetos. 

O sepultamento será realizado neste sábado (23), às 15h, na capela D, do Cemitério Jardim da Saudade. 

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Melly revela chegada de novo disco; confira a entrevista exclusiva

Focada nas possibilidades do Ritmo & Bahia, a cantora se inspira em grandes gêneros da música preta baiana como o Rnb, NeoSoul e Afrobeat

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Ela ganhou o coração de Salcity. E não só da cidade, mas do Brasil inteiro. Desde os seis anos a música já corria nas veias de Melly. Depois que a cantora e compositora soteropolitana ganhou o primeiro violão da avó, não foi muito difícil conquistar a admiração do público. Aos 17 anos começou a produzir; comprou os próprios equipamentos e lançou as próprias músicas de forma independente: “O resto aconteceu”
Foto: Divulgação
Entrevista Exclusiva | Carla Melo

Ela ganhou o coração de Salcity. E não só da cidade, mas do Brasil inteiro. Desde os seis anos a música já corria nas veias de Melly. Depois que a cantora e compositora soteropolitana ganhou o primeiro violão da avó, não foi muito difícil conquistar a admiração do público. Aos 17 anos começou a produzir; comprou os próprios equipamentos e lançou as próprias músicas de forma independente: “O resto aconteceu”

Hoje com mais de 20k de seguidores nas redes sociais e “Ceder” como o seu mais novo single, Melly abre o coração e fala sobre a sua vida e carreira como artista baiana. Focada nas possibilidades do Ritmo & Bahia, a cantora se inspira em grandes gêneros da música preta baiana como o Rnb, NeoSoul e Afrobeat.

“Todo esse universo sempre foi despretensioso pra mim, compor e cantar eram minha válvula de escape, e com o tempo, passei a me profissionalizar, mas nada foi extremamente pensado, música passou a ser uma ambição, um sonho a realizar”, desabafa a cantora.

Melly fechou grandes parcerias com artistas brasileiros como Saulo Fernandes, com o single “Então Volta”. Além disso participou de projetos com Lazzo, Tatau, Luedji Luna, Larissa Luz, Nara Couto. O sonho da cantora não para por aí.

“Espero ter o privilégio de estar perto de muitos outros que admiro, que foram e são referência, como Gil, Djavan, Caetano, Gal. Todas as minhas experiências trocadas com pessoas que me influenciaram musicalmente foram, igual e demasiadamente, incríveis”, revela Melly.

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É fato que o número de mulheres na música tem crescido muito, e as mulheres baianas não ficam para trás. A figura feminina está cada vez mais presente no pagodão, no pagotrap, no trap e em outros gêneros e sub-gêneros musicais que ‘fecham’ a Bahia. A artista vê a importância que a conquista das mulheres tem para abrir novas possibilidades no cenário musical.

“Muitas vieram antes de mim pra que fosse possível e pensável tentar executar o que faço hoje, e muitas virão a frente. Hoje percebo a importância de ter visto alguém fenotipicamente parecida comigo realizar algo que eu gostaria, um dia, de também fazer. E por isso tento ao máximo também expor minha verdade, nem que seja pra atingir e representar uma parte pequena do processo, uma parcela das ouvintes, uma partezinha de mulheres motivadas a seguir na arte”, explica Melly.

O primeiro show

Melly lembra perfeitamente da sensação de subir ao palco pela primeira vez. É essa mesma sensação que ela tenta manter em todas as suas apresentações.

“Fui convidada pra fazer meu primeiro show autoral em um festival evangélico, e no final, apesar de tudo, foi incrível. Por mais que a proposta do evento não combinasse, mesmo sem ninguém no público, só família e amigos, foi um início, e eu me senti bem.”

“Até porque, perduravelmente, tem que ser muito mais pelo prazer em executar do que pelo mecanicismo do trabalho, e se depender de mim, vai continuar sendo.”, continua.

​Recentemente a cantora lançou seu mais novo single “Ceder”, uma composição com ritmo mais suave, mas que ainda traz a paixão que está presente nas letras das suas músicas. Melly ainda anuncia que podem vir mais canções com a mesma pegada.

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““Ceder” foi um lançamento, particularmente, arriscado. Fora da minha zona de conforto, só voz e violão, formato que nunca cheguei a lançar, – apesar de todas as minhas composições se iniciarem assim – essa música não fazia sentido sem esse sentimento intimista, e fico feliz que tenha atingido o público nesse lugar! A todos os que se identificaram, mandaram mensagem, sentiram de alguma forma, isso me incentiva a continuar”, fala Melly.

Recente a artista iniciou os seus primeiros shows em vários cantos do Brasil. E diz quais são os planos a partir de agora.

“Fiz recentemente os meus primeiros shows fora da Bahia, um em Belo Horizonte, outro em São Paulo, e as duas experiências foram incríveis! Não imaginava que meu trabalho estivesse chegando dessa forma em outros estados. Quero tocar novamente por lá, e pela primeira vez em muitos outros lugares”

Eita, vem álbum novo por aí?

Tudo o que a Melly pode dizer por agora é que sairá um novo disco. Mas quem conhece sabe que será sucesso total. A cantora também anunciou novos projetos, que também não pode revelar por agora, mas garante que “os próximos capítulos vão ser legais!!”

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Alexandre Guedes, Pra Você!

Confira o bate-papo com um dos compositores e cantores mais reconhecidos de Salvador

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O Bahia Pra Você conversa com um dos compositores e cantores mais reconhecidos de Salvador. Nascido em Candeal Pequeno, Salvador (BA), Alexandre Guedes é isso e muito mais. Atualmente a frente da Banda Mutumbá, o cantor e percussionista começou pelo samba de família, que aos domingos batia seus batuques de terreiro e quintais.
Fotos: Uanderson Brittes /Divulgação

O Bahia Pra Você conversa com um dos compositores e cantores mais reconhecidos de Salvador. Nascido em Candeal Pequeno, Salvador (BA), Alexandre Guedes é isso e muito mais. Atualmente a frente da Banda Motumbá, o cantor e percussionista começou pelo samba de família, que aos domingos batia seus batuques de terreiro e quintais.

“Isso gerou em mim uma curiosidade em tocar. Venho deste celeiro do samba familiar. Me fez tomar gosto pela música, arte e cultura. Assim iniciei minha trajetória”, diz Guedes.

Confira o bate papo completo:

Bahia Pra Você: Uma carreira de mais de 20 anos exige esforços e muita perseverança. Em todos esses anos, quais foram as maiores surpresas que a vida artística já te proporcionou?

Alexandre Guedes: Com mais de 20 anos de carreira, a gente, até aqui, criamos belas histórias e isso exige esforço, determinação, perseverança e, sobretudo, foco. Nada na vida é fácil. Então sempre mantivemos a cabeça erguida na direção do maior objetivo que é ter, como hoje, nosso trabalho reconhecido. A cada trabalho desenvolvido, existe 100% de envolvimento para que chegue 100% ao nosso público.

Tive, durante minha caminhada, gratas surpresas que dividiram palco como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Ivete, Brown que são expoentes da nossa música. Inclusive fui membro da Timbalada e acompanhei Carlinhos na turnê do disco “Omelete Man”, além de Marisa Monte, onde compus o corpo de músicos do CD “Memórias, Crônicas e Declaração de Amor”.

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BPV: Quais foram os lugares que mais te marcaram durante sua trajetória? Pode nos contar o porquê?

AG: Meu QG, Salvador, Bahia. Nós dançamos ao acordar. Somos inspiradores e isso me marca muito. Temos a maior festa de rua do planeta, não tem nem como comparar! Rsrsrs

O Rio de Janeiro também sempre especial, Sergipe, onde fiz meu primeiro show fora de Salvador. E, internacionalmente me marcou muito uma viagem à Argentina, quando fomos gravar o Programa da Xuxa. Inesquecível. Mas, já passei pelo México, Europa e EUA.

BPV: De onde surgiu o desejo de se lançar na música?

AG: Desde menino. Vem de berço. Muito samba em casa. Rsrsrs a base é o samba!

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BPV: Como se deu a sua entrada na banda Motumbá?

AG: A Motumbá é criação minha. Depois que sai da Baianada, projeto com Xexéu e Wesley, entrei em processo criativo e buscava uma sonoridade afro-caribenha. Quando senti, juntei som e nome, e hoje estamos aí. O Bororó é nosso hino, que me gerou o prêmio de banda revelação do Carnaval de 2007. Motumbá significa bênção!

BPV: Você foi um dos idealizadores da Timbalada. Como foi a experiência de passar por uma das bandas de samba-reggae mais queridas da Bahia?

AG: Colaborei desde o início. É minha voz na faixa clássica “Canto Pro Mar”. Antes da Timbalada, eu fui do grupo “Vai Quem Vem”, que ensaiava no porão da casa de D. Madalena, mãe de Brown. A Timbalada é para além do samba-reggae.  Foi um belo trabalho e me deu base para chegar onde cheguei.

BPV: E hoje à frente do Motumbá você foi responsável por grandes sucessos. São quantas composições? Tem a sua favorita? Conta o porquê.

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AG: Há 18 anos à frente do Motumbá, tive várias faixas gravadas. Mas, não sei ao certo o número de faixas. Bororó é nosso hino, mas nem sempre o hino é nosso favorito. Posso destacar “Raza pro Mar”, “Odoyá” e “Força de um Anjo Bom”, que são de arrepiar.

BPV: Dominar o público com um som tão envolvente deve ser um sentimento muito tocante. É sempre uma sensação diferente quando você sobe no palco?

AG: Interagir com o público é um sentimento que não dá para explicar. Mas, é diferente! Cada show um novo frio na barriga. Sobretudo quando você vê aquele calor de resposta. Um clã! Rsrsrs

BPV: Quais parcerias mais inesquecíveis que você já realizou ao longo da carreira?

AG: Olha, já fiz grandes e belas parcerias. Mas, posso destacar os que ultimamente tenho aprendido mais. Embora ainda não tenha gravado música juntos, Seu Mateus Aleluia me toca profundamente e, desde que cantamos juntos no Centro Histórico, eu me transformei. Ele reza, não canta! A lembrança não sai de mim. Há poucos dias, inclusive, enquanto dirigia, ouvia a música dele e, fiz uma ligação de cortesia e aproveitei, claro, para lhe pedir a benção. Seu Mateus é luz!

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BPV: Você também já participou dos discos do baiano Netinho, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e de Sérgio Mendes. Tem alguma participação sua que você acha marcante?

AG: Sim, tive o prazer de ter participado do disco do baiano Netinho, o Tropicália 2 e com Sérgio Mendes. Tive também trabalhos que me marcaram bastante. Destaco o disco de Marisa “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor”, álbum que tem a faixa “Amor I Love You”.

Lembro que houve um momento no estúdio que pedi para apagar as luzes e fizemos uma das faixas de olhos fechados. Foi mágico e inesquecível.

BPV: Quais foram os maiores desafios enfrentados desde o início da sua carreira? Que aprendizado você leva deles?

AG: São os mesmos desafios que a gente encontra até hoje. Viver de música é um desafio diário. Pedimos sempre atenção ao nosso canto, nossa arte! O desafio é fazer música. Mas, seguimos firmes. Rsrs

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BPV: Todos nós sofremos com a pandemia que levou, só no Brasil, mais de 660 mil vidas e afetou quase todas as atividades, principalmente o setor cultural. Como foi enfrentar esse período?

AG: O impacto foi bem grave. Perdi amigos, parceiros e colegas. Embora ainda não tenhamos voltado totalmente ao normal, nossa cadeia produtiva está, mesmo na dificuldade, voltando a atuar.

Sou muito inquieto. Girando aqui, produzimos a live “Na Mala”, durante todo período pandêmico e recebemos, com toda segurança, alguns amigos artistas por aqui. Inclusive, tudo está disponível em nossas redes sociais @motumbaoficial. A primeira live, inclusive, foi direto da casa de Vinicius de Moraes, em Itapuã.

Ainda lançamos duas faixas: Gira Mundo e Naná (Vire a Página), disponíveis nas plataformas digitais. Foi triste perder tanta gente amiga, mas, um período de muita produção também. Afinal, isso é o que nos move.

BPV: Sempre estamos querendo mais e isso é o que nos motiva a continuar crescendo, mas com essa sua carreira de sucesso e tanto tempo de estrada quais foram os sonhos realizados e o que ainda falta realizar?

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AG: Às vezes, a criatividade vem do ócio, de nada, às vezes não, precisamos de um momento específico, mas, seja lá como for, Deus toca e a gente busca sempre entregar o melhor. Sonho, eu realizei vários. Mas, me lembro de ter cantado com Jorge Benjor na área verde do Othon, e ter recebido também, meu ídolo maior, Gilberto Gil.

Tocar no rádio e TV foi também um grande sonho realizado. E sigo sonhando e buscando minhas realizações.

BPV: Tem algum projeto especial vindo por aí? Conta para os leitores do Bahia Pra Você!

AG: Sempre temos, mas, como de praxe, a gente arruma a casa e depois lança oficialmente. Mas, certo que voltamos com os ensaios “Gira Mundo” que ferveu o verão da Bahia no último verão 2022.

Outros estão em fase de elaboração. O cenário ainda tá muito confuso. Mas, certamente logo, logo te contaremos mais coisas. Sigam acompanhando o perfil @motumbaroficial.

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Ah, nesta sexta-feira (22) farei participação especial com o grupo Samba de Mistura, no Largo Quincas berro D’água, Pelourinho, a partir das 19:30.

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Sandro Sussuarana, Pra Você!

No ‘Gente da Gente’ desta semana, o Bahia Pra Você conversa com o poeta, produtor cultural e idealizador do Sarau da Onça, Sandro Sussuarana

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No ‘Gente da Gente’ desta semana, o Bahia Pra Você conversa com o poeta, produtor cultural e idealizador do Sarau da Onça, Sandro Sussuarana
Foto: Reprodução/Instagram

No ‘Gente da Gente’ desta semana, o Bahia Pra Você conversa com o poeta, produtor cultural e idealizador do Sarau da Onça, Sandro Sussuarana. Se você é baiano, e vive pelas bandas de Salvador, provavelmente vai lembrar desse sobrenome. Não é à toa. Sandro nasceu e se criou no bairro de Sussuarana e desde então, 15 anos no total, faz uma longa trajetória a frente de projetos e movimentos sociais tanto na capital como no interior.

Confira o bate-papo:

Bahia Pra Você: Conta um pouco sobre o seu projeto Sarau da Onça. Como surgiu, onde acontece, qual público atingir e quais as principais atividades realizadas?

Sandro Sussuarana – O Sarau Da Onça surgiu em 2011, depois de muitas provocações do professor e poeta Nelson Maca, que iniciou o Sarau Bem Black em 2009, que foi onde eu conheci o que era um Sarau, me tornei um dos apresentadores do Sarau Bem Black  depois de me tornar um dos frequentadores assíduos do Sarau.

Foi aí que Maca mostrou como era importante que se criasse um Sarau na periferia, que tinha um peso maior, um diferencial. E então, depois de um tempo, e de conhecer outros poetas como Evanilson Alves, Maiara Guedes e Omael Vieira, e levá-los em algumas edições do Sarau Bem Black, nos reunimos e apresentamos a proposta aos Padres do Cenpah (Centro de Pastoral Afro Pe Heitor Frisotti, onde acontece o Sarau Da Onça até os dias atuais), que na época era coordenado pelos Padres Franco (in Memorian) e Padre Arturo, que nos acolheram e permitiram a realização do Sarau da Onça.

Desde o Início do Sarau, Um dos nosso objetivos era de desistigmatizar o bairro, principalmente para os moradores do bairro que por muitas vezes eram os que disseminavam notícias deturpadas sobre o local ao mesmo tempo em que não se davam ao trabalho de conhecer as coisas positivas que haviam no bairro. E foi ai que começamos as nossas intervenções, mostrando através da poesia e os encontros Poéticos do Sarau, os grupos culturais e coletivos presentes no bairro, que atuavam na comunidade e não eram reconhecidos e muito menos valorizados.

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Hoje, além de continuarmos mostrando o lado diferenciado do bairro, seguimos com as propostas de atuação dentro das escolas públicas e particulares do bairro, falando sobre temas diversos, ministrando oficinas de poesia, criando saraus e despertando, tanto nos alunos quanto no corpo docente e os pais destes alunos o senso crítico acerca, não só da realidade a sua volta, mas também de que forma podemos contribuir para a sua melhora e mudança!

Foto: Reprodução/Instagram

BPV: Você trabalha com produção cultural voltada a questões sociais, essencialmente com jovens em periferias da cidade de Salvador. Quais temas você trabalha em suas atividades?

Sandro – Principalmente o racismo, que muitas vezes, de forma silenciosa atinge esses jovens e acaba por lhe trazer muitas dores e vivências dolorosas. Com a minha poesia eu posso mostrar-lhes muitas dessas formas de racismo que temos em nossa sociedade e também mostrar o quanto ser morador de periferia pode ser totalmente o contrário do que a mídia vende em seus canais.

BPV: Você tem uma grande lista de atividades, quais os projetos que você já realizou e considera mais importantes?

Sandro – Todos os projetos que já realizei e ou ajudei a criar/realizar eu julgo de suma importância, cada um em seus devidos momentos e/ou situações, tais como Hip Hop Na Onça, Baile Black, Festival de Arte e Cultura do Sarau Da Onça, lançamentos de livros, caminhada da Consciência Negra e Contra o Extermínio da Juventude Negra, Slam Da Onça, entre outros.

BPV: Todos nós sofremos com a pandemia que levou, só no Brasil, mais de 660 mil vidas e afetou quase todas as atividades, principalmente o setor cultural. Como foi enfrentar esse período?

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Sandro – Catastrófico. Porque para mim e tantos outros artistas que vivem de sua arte, ter suas atividades e contratos cancelados, foi desesperador, por não termos outras alternativas para em muitos casos se alimentar, pagar contas.

Para mim, por exemplo, quando a pandemia estourou, tinha um contrato até dezembro com viagens para mais de 9 estados do Brasil e uma agenda cercada de muitas palestras, oficinas e recitais, foi muito “louco” ver tudo isso indo por água abaixo em questão de dias/horas.

Todo um trabalho de anos para termos um pouco de reconhecimento e valorização do nosso trabalho sendo dizimado sem podermos fazer nada para evitar, foi muito triste sentir essa sensação de impotência. Ao mesmo tempo que nos preocupávamos com estas questões, tínhamos a preocupação com as nossas vidas e de nossos familiares, amigos e todos que poderiam ser afetados pela Covid-19.

Com toda certeza evitar a disseminação deste vírus depende de nós artistas, isso teria sido feito, como tentamos em diversas vezes e de todas as maneiras que a nos cabia, mas infelizmente a parte principal para isto foi e até hoje ainda negligencia esta situação caótica!

No ‘Gente da Gente’ desta semana, o Bahia Pra Você conversa com o poeta, produtor cultural e idealizador do Sarau da Onça, Sandro Sussuarana

Foto: Reprodução/Instagram

BPV: Em um período em que casos de racismo e intolerância se escancaram em instituições e são reproduzidos por autoridades, celebridades, famosos, há um papel essencial de pessoas ativistas e projetos revolucionários, como o seu, para viabilizar a importância de combater isso. Como você vê a importância de projetos como os que você produz neste enfrentamento?

Sandro – Uma coisa que se é muito falado em nossa Sarau é que “A mudança que você quer ver no mundo, precisa partir de você” e, é isso, sabe?

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Projetos como o Sarau da Onça são importantes porque são capazes de despertar o senso crítico para visualizar coisas em nossa sociedade que muitas vezes, por conta da rotina diária e da correria que somos submetidos, acabamos por deixar passar “batido” ou em muitos casos, por falta do acesso à cultura e educação de qualidade, não percebemos.

Daí, nossas poesias, palestras, encontros de formação, oficinas tem um papel fundamental na construção de nossas narrativas e de viabilizar através da literatura esses conhecimentos que nos foram (e ainda hoje é) negado.

BPV: Quais foram os maiores sonhos que você realizou ao longo da sua trajetória? Falta algum em especial?

Sandro – O de lançar um livro, dentro da periferia, em um sábado a noite, com um anfiteatro lotado (em 2014 o primeiro livro do Sarau Da Onça) foi para mim uma das maiores realizações que pude vivenciar/idealizar/possibilitar, além do fato de ter neste livro, autores (todos e todas) moradores de bairros periféricos.

Além disso, acredito que poder conhecer outros estados, levando um pouco de como nós conseguimos e continuamos até nos dias de hoje levar uma visão completamente positiva acerca de nosso bairro e de outros também.

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Acho que ainda faltam alguns a serem realizados, conhecer outros países, principalmente países africanos.

No ‘Gente da Gente’ desta semana, o Bahia Pra Você conversa com o poeta, produtor cultural e idealizador do Sarau da Onça, Sandro Sussuarana

Foto: Reprodução/Instagram

BPV: E você também é poeta, não é? Quais as obras que você produziu, e como você enxerga o cenário da literatura em Salvador?

Sandro – Então, ao todo em minha carreira eu tenho mais de 8 livros publicados, sendo 3 pelo Sarau Da Onça (“O Diferencial Da Favela: Poesias Quebradas de Quebrada (2014) “O Diferencial Da Favela: Poesias e Contos de Quebrada (2017) e “O Diferencial Da Favela: Dos Contos as Poesias de Quebrada (2019), 1 com o Grupo Recital Ágape (A Poesia Cria Asas (2014), 2 de autoria própria “Verso (s) Sob (re) Min” (2017) e “Traficando Informação” (2022) e outras antologias que participei.

Vejo a literatura (periférica) hoje muito mais inserida nas mais diversas atividades, sejam elas culturais ou não e acho que isso é muito bom, porque mostra o quanto que somos dotados de conhecimento e que a nossa arte deve e merece todo respeito que há tempos buscamos que seja reconhecida!

BPV: Em março deste ano você lançou um novo livro, o Traficando Informação. Do que se trata a obra e de onde veio a inspiração para produzi-la?

Sandro – Assim como outros, é um livro de poesia e de minhas vivências…

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Como nos ensinou Conceição Evaristo, se trata de minhas escrevivências, é nela que eu tiro toda a minha inspiração para escrever e publicar os meus livros, este em especial por também se tratar de dar uma outra conotação para a palavra “Traficar” que ao ser dita/escutada é sempre associada ao termo pejorativo, daí a provocação, uma vez que eu sou um homem negro e morador de periferia, usar o termo Traficar o associando a questão da Informação, para mim é muito simbólico, pois, já que ser “Traficante” é o que se espera de um homem negro de periferia, irei Traficar, mas informação/conhecimento, ir na contramão das estatísticas!

BPV: Durante sua trajetória no serviço social e na cultura artística, houve alguma coisa que te surpreendeu e que você guarda reflexões sobre isso?

Sandro – Muitas coisas me surpreenderam de formas diversas, mas o que eu guardo comigo como uma boa lembrança e injeção de ânimo para continuar seguindo é ver os jovens de minha comunidade que assim como eu, eram e são (infelizmente até hoje) subjugados ingressar nas universidades, criar seus próprios projetos e ações, sempre mostrando com orgulho de onde eles são. Pra mim isso é muito gratificante!

BPV: Tem algum projeto seu em produção?

Sandro – Tem sempre um projeto em produção (risos), mas atualmente estamos em processo de organização de Um Slam Interescolar e logo em breve vocês poderão ver/ouvir mais noticias sobre esta nova ação que estamos produzindo!

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