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Facebook parece ter sido programado para desinformação

O Facebook admitiu que partes centrais de sua plataforma parecem programadas para espalhar desinformação e conteúdo divisivo, de acordo com uma nova onda de documentos internos que mostraram que a empresa de mídia social lutou para conter o discurso de ódio no mundo em desenvolvimento e relutou em censurar organizações de notícias americanas de direita.

Um memorando interno avisou que a “mecânica do produto central” do Facebook, ou seu funcionamento básico, havia permitido que o discurso de ódio e a desinformação crescessem na plataforma. O memorando acrescenta que as funções básicas do Facebook “não são neutras”.

“Também temos evidências convincentes de que nossa mecânica de produto principal, como vitalidade, recomendações e otimização para engajamento, são uma parte significativa do motivo pelo qual esses tipos de discurso florescem na plataforma”, disse o memorando de 2019.

Referindo-se à unidade de segurança do Facebook, o documento acrescentou: “Se a integridade assumir uma postura de mãos livres para esses problemas, seja por razões técnicas (precisão) ou filosóficas, o resultado líquido é que o Facebook, como um todo, estará ativamente (se não necessariamente conscientemente) promovendo esses tipos de atividades. A mecânica da nossa plataforma não é neutra”.

O documento foi divulgado pelo New York Times nesta segunda-feira (25) como parte de uma onda de histórias de um consórcio de empresas de notícias liderado pelos Estados Unidos. As histórias do NYT  foram baseadas em divulgações feitas à Securities and Exchange Commission – o órgão fiscalizador financeiro dos Estados Unidos – e fornecidas ao Congresso de forma redigida pelo ex- funcionário do Facebook que se tornou consultor jurídico da denunciante Frances Haugen.

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Os documentos também foram obtidos pelo Wall Street Journal, que desde o mês passado publicou uma série de denúncias sobre o Facebook.

Outros relatos divulgados referem-se à incapacidade do Facebook de lidar com o discurso de ódio e conteúdo prejudicial fora dos Estados Unidos. O incitamento ao ódio e à desinformação é substancialmente pior entre os usuários que não falam inglês, de acordo com vários relatórios dos parceiros do Facebook Papers.

Um exemplo dessa dificuldade foi o tempo que Facebook levou – quatro dias – para retirar do ar uma live do presidente Jair Bolsonaro em que ele leu uma fake news, associando vacina contra Covid-19 à Aids.

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