O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a tomar novos depoimentos de testemunhas no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na autonomia da instituição para blindar aliados e familiares de investigações. A decisão do ministro foi tomada nesta segunda-feira (23)
O inquérito foi aberto pelo STF em abril do ano passado, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que segundo ele, tentou interferir em investigações ao cobrar a troca do chefe da PF no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo, indicado por Moro. Bolsonaro nega ter tentado interferir na corporação.
Em ofício enviado ao STF na última sexta-feira (20), o delegado da Polícia Federal Felipe Alcântara Leal informou que os investigadores pretendem ouvir novas testemunhas no caso.
O documento apresentado pela PF não deixa expresso quem será ouvido. O delegado perguntou a Moraes, relator do inquérito, se a Procuradoria-Geral da República e a defesa do ex-juiz Sergio Moro farão questionamentos nesses novos depoimentos. Segundo o ministro, a PF não precisa notificar a PGR e a defesa de Moro para que façam perguntas.
“Diante do exposto, autorizo o Delegado de Polícia Federal a proceder às oitivas de eventuais testemunhas sem a necessidade de intimação nos termos antes determinados, inclusive dos advogados dos investigados”, escreveu Moraes.
No mês passado, Moraes determinou à PF que retomasse as investigações do inquérito, que estava suspenso, à espera de o Supremo definir o formato do depoimento de Bolsonaro (se por escrito ou presencial). O julgamento do STF sobre o tema está marcado para setembro.
Sergio Moro tem afirmado que estão entre as provas de que Bolsonaro tentou interferir na PF mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.