O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em uma gravação que prioriza a liberação de verbas prefeituras cujos pedidos foram negociados por dois pastores. O ministro afirmou que ter sido “um pedido especial” do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo reportagem publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”, os pastores seriam Gilmar Santos e Arilton Moura, que desde 2021 estariam negociando com prefeituras a liberação de recursos federais do ministério da Educação. Eles não têm cargo na pasta.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. […] Por que ele? Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”, disse o ministro na conversa.
Em seguida, o ministro sinaliza que haveria uma contrapartida à liberação dos recursos do MEC para prefeituras.“Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção de igrejas”, disse ele.
De acordo com a Folha, a reunião ocorreu no MEC. Milton Ribeiro tratou do orçamento do ministério e liberação de recursos para as prefeituras. Alguns políticos, segundo o jornal, foram recebidos na casa do próprio ministro, fora da agenda oficial.
Responsável pelo comando da igreja Ministério Cristo para Todos, em Goiânia, o pastor Gilmar Silva dos Santos preside uma entidade chamada Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos, da qual Arilton consta como secretário.
As interferências de religiosos na pasta, que tem à frente do ministro Milton Ribeiro, também pastor evangélico, acontece num momento de queda drástica dos recursos para Educação. Levantamento feito pelo GLOBO, no fim do ano passado, revelou que a verba destinada a investimentos na educação básica, que compreende ensino fundamental e médio, caiu 13%.