Além do forte posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) na mensagem lida pelo presidente Luiz Fux, empresários que assinaram o manifesto de apoio ao processo eleitoral brasileiro em resposta aos ataques de Jair Bolsonaro à urna eletrônica e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso dizem que tomaram a decisão de romper o silêncio sobre a ofensiva do presidente ao identificar um risco real de ameaça à democracia e às instituições.
Sentiram a necessidade de mandar um recado claro, reforçando que a sociedade não aceitará retrocessos autoritários.
Ex-presidente do Santander e do Grupo Abril, o administrador Fábio Barbosa afirmou que o manifesto foi importante para externalizar a visão de um grupo grande e diverso de líderes empresariais, economistas, cientistas políticos e outros intelectuais de que não há dúvidas sobre a lisura e credibilidade do processo eleitoral no país.
Ele contou que a mobilização começou informalmente e logo ganhou uma grande adesão.
– O manifesto começou com uma conversa de grupos pelo WhatsApp e logo teve adesão maciça. Mostrou o anseio em se manifestar sobre a questão, e faltava uma posição mais enfática dos empresários – disse, acrescentando que o manifesto chegou a mais de 7 mil assinaturas.
Barbosa frisou que, em vez desse tipo de crise, há outras prioridades a serem enfrentadas, como a reforma tributária, administrativa. E ressaltou que o processo eleitoral não deve ser o foco neste momento:
– Há muitas outras prioridades no país. Por isso decidimos nos posicionar.
Outro signatário do manifesto, Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura e copresidente do conselho de administração da empresa, explicou que considera “totalmente inaceitável” que lideranças políticas questionem a realização de eleições:
– A sociedade precisa se manifestar em alto e bom som. Não se discute eleição. Cumpre-se o que está na legislação. A sociedade precisa se manifestar de forma enfática para defender o Estado democrático de Direito.