A Alemanha interrompeu o processo de certificação do controverso gasoduto Nord Stream 2 em reação ao reconhecimento da Rússia das autoproclamadas repúblicas de Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, anunciou o chanceler Olaf Scholz.
O ministro da Energia da Alemanha, Robert Habeck, instruiu na manhã de terça-feira a retirada de uma avaliação de segurança de abastecimento concedida sob o mandato de Angela Merkel, que é necessária para autorizar o oleoduto entre a Rússia e a Alemanha.
“Isso pode parecer técnico, mas é a etapa administrativa necessária sem a qual o gasoduto não pode ser certificado”, disse Scholz em entrevista coletiva em Berlim ao meio-dia. “Sem esta certificação o Nord Stream 2 não pode entrar em operação”.
Scholz disse que encomendou uma nova avaliação sobre a segurança energética da Alemanha à luz dos desenvolvimentos geopolíticos no leste da Ucrânia.
O líder alemão descreveu o reconhecimento de Putin dos territórios controlados pela Rússia como uma “grave violação” da lei internacional que rompeu com décadas de acordos entre a Rússia e o Ocidente. “A situação hoje é fundamentalmente diferente”, disse ele.
Anunciado pela primeira vez em 2015, o gasoduto de US$ 11 bilhões (mas de R$ 55 bilhões) de propriedade da gigante de energia russa Gazprom foi construído para transportar gás do oeste da Sibéria para Lubmin, no nordeste da Alemanha, dobrando a capacidade existente do gasoduto Nord Stream 1 e manter 26 milhões de casas alemãs aquecidas a um preço acessível.
A construção do gasoduto foi concluída em setembro passado e seu operador diz que já está cheio de gás e pronto para ser usado, dependendo da permissão das autoridades alemãs.
O social-democrata Scholz, que foi empossado como chanceler alemão em dezembro passado, contornou o debate do Nord Stream 2 nas primeiras semanas de seu mandato, com seus porta-vozes inicialmente aderindo à linha de que o gasoduto era um projeto puramente comercial.
À medida que as tensões aumentaram na fronteira da Ucrânia com a Rússia, Scholz disse que “todas as opções estão na mesa” quando se trata de sanções contra uma possível incursão, mas ainda se absteve de nomear o Nord Stream – até agora.
O gasoduto Nord Stream 2 é um projeto importante para as economias russa e alemã. Gás e petróleo representam mais de 50% das exportações da Rússia.
Na Alemanha, cerca de um quarto do fornecimento de energia do país depende do gás, metade do qual é fornecido pela Rússia. Embora a maior economia da Europa esteja planejando se livrar dos combustíveis fósseis e alcançar a neutralidade de carbono em 25 anos, o gás continua sendo uma tecnologia de ponte vital nesse caminho.