O advogado Frederick Wassef, que defende a família do presidente Jair Bolsonaro, tornou-se réu pelos crimes de racismo e injúria racial nesta quinta-feira (17), após decisão da 3ª Vara Criminal de Brasília que recebeu a denúncia movida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
“Diante da prova da materialidade e dos indícios de autoria que recaem sobre o denunciado, recebo a denúncia”, escreveu o juiz Omar Dantas Lima, na decisão proferida. Procurado, Wassef nega as acusações e se diz vítima de perseguição e “fraude processual”.
A denúncia descreve dois episódios envolvendo Wassef em uma pizzaria em Brasília. Em um deles, ele teria dito a uma funcionária, segundo a denúncia: “Não quero ser atendido por você. Você é negra e tem cara de sonsa e não vai saber anotar meu pedido”. No outro, Wassef teria chamado a funcionária de “macaca”.
“O comportamento do denunciado reproduz a perversa divisão dos seres humanos em raças, superiores ou inferiores, resultante da crença de que existem raças ou tipos humanos superiores e inferiores”, escreveu o Ministério Público.
A denúncia pede ainda a condenação de Wassef ao pagamento de danos morais no valor de R$ 20 mil à vítima e R$ 30 mil de danos morais coletivos à sociedade, além da condenação nos crimes previstos no Código Penal e na lei dos crimes resultantes de preconceito de raça e cor.
A promotora Mariana Silva Nunes, autora da denúncia, também aponta que não oferecerá a oportunidade de acordo para encerrar o processo, porque não são cabíveis em casos envolvendo racismo.
Wassef afirmou que os fatos narrados não ocorreram e que houve “fraude processual”.