Alex Curvello – Advogado
A grande maioria da humanidade segue num ciclo eterno de repetições equivocadas.
Recentemente vi e ouvi um diálogo que me chamou atenção, para o conteúdo do nosso Papo de Quinta dessa semana, foi em relação a um homem que tinha acabado de comprar um carro e zombava de um terceiro que não estava presente, pelo fato deste terceiro não ter condições de comprar um carro novo por ações equivocadas de viver gastando demais com um salário bom que quase dava pra nada. Uma outra pessoa apareceu e disse que ele provavelmente não deveria fazer aquilo, que talvez essa terceira pessoa estivesse passando por uma situação onde não lhe permitia ter carro novo, pelo fato de sustentar a família por exemplo.
Pois bem, assim se faz a maior parte das pessoas, julgam e tem uma necessidade constante de falar sobre o que não tem conhecimento e isso acaba por cair no que muitos entendem por carma, ou seja, em apertada síntese diz que toda ação, seja boa ou má, gera uma reação que retorna com a mesma intensidade a quem a realizou, nesta ou até em uma encarnação futura, para aqueles que acreditam, obviamente.
Qual o sentido de tocar nesse assunto? O fato de que, de forma muito corriqueira acabamos por cair nesse ciclo vicioso de defeitos constantes, a lástima é que não enxergamos o que nos causou o que estamos passando, mas sabemos apontar o dedo ou zombar quando é com o próximo.
Muitos entendem que a transformação e tentativa de sair disso, pode dar-se na direção do aperfeiçoamento, na tentativa de ser melhor a cada dia, vivendo uma vida mais tranquila e sem tantos julgamentos.
Acontece que não é apenas em relação as ações exemplificadas acima, que por vezes temos atitudes errôneas, se conseguíssemos observar atentamente todas as nossas ações, quando emprestamos um dinheiro e não recebemos de volta, qual o motivo, ou quando contratamos um serviço e não pagamos por inteiro, ou até quando cobramos por um serviço, mas ficamos chateados quando somos cobrados, quais são nossas reações e porque passamos por isso? Será que de certa forma não acabamos por fazer igual ou parecido daquilo que tanto reclamamos?
É difícil a compreensão muitas vezes das pessoas que nos cercam, que a cobrança de um serviço, seja médico, de uma diarista, de consulta advocatícia, de marcenaria ou qualquer outro, em verdade valoriza o profissional, demonstra segurança no conhecimento aplicado, agrega valor no trabalho, além de ser uma fonte de renda da determinada profissão que merece sua devida remuneração.
A bem da verdade, o correto realmente é a valorização de todo e qualquer profissional, seja amigo, da família, desconhecido, até para poder cobrar por aquilo que pediu, ou para quem acredita não cair no ciclo do carma, de ser feito com você, aquilo que você fez exatamente com o próximo, ruim ou bom.
Destaco e faço uma belíssima ressalva para todo profissional que pode e consegue realizar algum serviço “pro bono”, aquele pro bem, que é uma iniciativa bastante louvável, pois acaba por ser um serviço social em prol de quem realmente precisa.