Alex Curvello – Advogado
Com menos de uma semana do nosso Papo de Quinta anterior, que conversamos sobre a aberração do estuprador que trabalhava na área da saúde no Rio de Janeiro, tenho em minha família uma situação extremamente delicada e que nos deixou bem vulneráveis perante a fragilidade em que vivemos quando nos deparamos com pessoas inescrupulosas.
Aqui não vou expor o nome da minha familiar, entretanto caso ela queira poderá utilizar esse texto como bem entender.
Estávamos eu e minha esposa em casa por volta das 19:30, quando nossa familiar chegou muito abalada, chorando copiosamente, quando só conseguiu relatar o ocorrido quase 5 minutos depois que sentou no sofá e após beber água, antes disso era só choro e soluço, eu e minha esposa ficamos muito preocupados até que ela conseguiu contar o que aconteceu.
E aí vem o começo de um sistema frágil, covarde e sem escrúpulos, nossa familiar utilizou o serviço do aplicativo mundialmente conhecido, Uber, que há algum tempo disponibiliza o serviço de Uber Moto para passageiros, quando nossa familiar fez o requerimento pelo serviço e apareceu o canalha que fez o trajeto com ela.
De início ela já achou estranho que o sujeito ficava se mexendo muito para trás, depois de um certo caminho do percurso, ela percebeu que ele dava a entender que queria se esfregar nas pernas dela e no corpo dela, quando ela colocou uma mochila que carregava entre o corpo dela e o dele, mesmo assim o “animal” ficava encarando-a pelo retrovisor e por vezes olhava para trás pro rosto dela, ela até pensou em descer numa parada dos sinais, mas o indivíduo andava muito rápido e quase não parava nos sinais, até que em chegando próximo ao destino final ela pediu pra descer antes, mesmo assim o cara seguiu ela até em casa. Um horror.
Após seu relato, partimos e até da minha parte com ela, na tentativa de resolver a questão de uma maneira juridicamente possível, recomendei que ela fizesse a avaliação de forma ríspida no aplicativo do “funcionário” da Uber, inclusive enviando um texto com o ocorrido, a Uber entrou em contato e aí temos a covardia materializada, nossa familiar informou que a atendente da Uber disse que não poderia fornecer os dados do motorista em obediência a Lei Geral de Proteção de Dados, bem como iria no sistema bloquear para que nossa familiar e o “funcionário” não interagissem mais.
Que Lei é essa que protege pessoas inescrupulosas? E os nossos dados que são diariamente fornecidos para empresas de telemarketing e não temos essa proteção? E essa empresa que bloqueia uma pessoa que sofreu importunação sexual, mas deixa o seu “funcionário” livre para outras mulheres, o que pensar? O que dizer dessa “ajuda” pífia que a Uber ofereceu para nossa familiar que não se sentiu nem um pouco “ajudada”?
É horrível imaginar o trauma causado por esse monstro para nossa familiar e ainda pensar o que de uma empresa que aparentemente de certa forma é conivente, até porque sua política de tentar efetivamente evitar ou simplesmente não ter colaboradores como esse é frágil, diante das altas quantias monetárias ganhas diariamente com os clientes, como disse em outro momento e repito para esse caso é tudo de uma forma repugnante, escabrosa, intolerável, horrível, repulsiva, nojenta, asquerosa, nauseante, suja, imunda, desagradável, detestável, hedionda, horrenda, horrorosa, horripilante, depravada, degenerada, dissoluta, imoral, indecente, indecorosa, cínica e inclusive corrupta.
Ainda mais, quando fica o pensamento que um homem desse continua a solta para tentar agir dessa maneira e sem repressão, se sentindo confortável para ser um propenso criminoso e ainda ganhar dinheiro com isso.
Toda essa história parou apenas na precariedade de ajuda da empresa, quando fomos pra Delegacia da Mulher para o Boletim de Ocorrência, estava lotada, com 3 ou 4 flagrantes, mais uns 4 Boletins de Ocorrência antes da nossa familiar, com apenas uma escrivã e que ela possivelmente só iria conseguir atender umas 2 horas da madrugada, ou seja mais uma fragilidade do sistema covarde e aí chegando no Estado do Ceará. Até porque se sabem que a noite a demanda é maior, por que apenas uma pessoa para atender tanta gente?
Importante esclarecer que não venho tentar manchar ou desacreditar ninguém, muito menos a empresa Uber, mas sim alertar de que sua política de “proteção” dos seus usuários está fragilizada, falha, covarde e débil.
O medo é um sentimento muito ruim de se ter, mais difícil ainda de saber como conviver, o melhor seria ninguém passar por uma situação de temor, mas a sensação de impotência é algo indescritível, o “não poder fazer nada” diante da empresa com uma assessoria fragilizada, bem como do Estado que deveria proteger e não tem a mínima condição de trabalho, nos leva a repensar toda nossa sociedade que convive pacificamente com tanto horror e não tem forças para reagir.
Toda minha solidariedade e amor no coração para a nossa familiar, conte conosco até o fim contra essa aberração e que essa covardia possa mudar para o bem da maioria das pessoas, até porque o mal sempre é covarde e o bem sempre vence no final.