O Ministério da Saúde orientou que as duas doses da vacina ComiRNAty, da Pfizer, sejam aplicadas com um intervalo de três meses entre a 1ª e 2ª. A indicação, porém, contraria o intervalo de 21 dias, indicada pela própria fabricante e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As informações foram divulgadas nesta última segunda-feira (3), no 15º Informe Técnico da pasta.
Segundo a farmacêutica, os governos locais podem aplicar as janelas entre as doses, mas a segurança e a eficácia da vacina “não foram avaliadas em esquemas de dosagem diferentes” do intervalo de 21 dias. É o que consta na bula aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, o 15º Informe Técnico do ministério também relata que, do lote de 1 milhão de doses recebido na última quinta-feira (29), somente 499,6 mil foram distribuídas. Ou seja, metade do lote não foi repassado de imediato, como faz com a vacina Covishield, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, que também tem janela de três meses.
O ministério usou como base as recomendações do Reino Unido. “Estudos da vacina Pfizer em Israel, EUA e Reino Unido apontam mais de 80% de efetividade após dose única”. “O Reino Unido orientou, inclusive, que o intervalo entre a primeira e segunda dose seja de 12 semanas.” O ministério, porém, não explicou por que não distribuiu todas as doses da ComiRNAty.
Segundo o documento, as doses são suficientes para a “vacinação de aproximadamente 454 mil pessoas, com o planejamento do Ministério da Saúde para cumprimento do esquema vacinal no intervalo definido de 12 semanas entre doses”.
A indicação contraria o que consta na bula do imunizante aprovada pela Anvisa. “Para que o esquema vacinal fique completo, você deve receber duas doses da vacina ComiRNAty, com um intervalo maior ou igual a 21 dias (de preferência 3 semanas) entre a primeira e a segunda dose. Você pode não estar protegido até pelo menos 7 dias após a segunda dose da vacina”, diz o texto.