
Cristiano Assis – Terapeuta Holístico
Sabe aquele momento da vida que você se sente estranho, algo parece faltar para que os seus objetivos sejam alcançados e tudo que gostaria de fazer ainda encontra-se um pouco longe do idealizado? Pois bem, esse sentimento é aquela voz que nos diz “acorde”, mude a sua vida. Pensando nisso, resolvi falar hoje sobre o filme Comer, Rezar, Amar, dirigido por Ryan Murphy, cineasta que se baseia no livro de Liz Gilbert, autora que no filme é interpretada por Julia Roberts. A narrativa conta a história da escritora, mulher que se encontra em meio ao processo de sua encantadora viagem de autodescoberta. Ela é uma personagem constantemente insatisfeita, incomodada com a vida que leva. Lutou muito para conseguir determinadas coisas, mas neste processo, custava o encontro com a satisfação. Foi assim que Liz embarcou numa jornada de autoconhecimento, trajetória que lhe permitiu encontrar a sua felicidade, dando ao mundo formato que ela queria para si mesma. Assim, a personagem adentra num ciclo de coisas que a deixam bem. Elementos do cotidiano, coisas comuns, mas que aos seus olhos, preenchem e são prazerosas. É uma jornada por experimentações, o caminho para sair da zona de conforto.
Uma das maiores lições do filme é a importância que temos de dar ao observar. Olhar para si, compreender o que te faz bem, eliminar o que faz mal, alcançar o equilíbrio e buscar a coragem necessária para realizar tais modificações. Liz deixa tudo para trás, encontra alternativas para lidar com determinadas circunstâncias e ressignifica a sua existência. Equilíbrio, por sinal, é o seu foco. Ela é uma alegoria para nós, ao longo de nossas vidas, indivíduos em busca de algum sentido para justificar a nossa passagem pelo mundo. Nem sempre sabemos como dar esse passo, algo que é muito caro e simbolicamente significativo. Como terapeuta holístico e professor de yoga, sempre digo: “precisamos acalmar a mente”. É a maneira adequada para manejarmos a nossa vida com o coração tranquilo, sem aderir a razão que muitas vezes nos poda e fere. Outro ponto importante: determinados pensamentos precisam de silenciamento, pois traiçoeiros, podem prejudicar a nossa jornada e nos impedir de ver as coisas como elas realmente são.
No filme, Liz Gilbert passa por um doloroso processo de separação com o seu marido. Esse é o ponto de partida para que ela tire um ano sabático e busque, por meio de uma inesperada trilha turística, as respostas para perguntas inquietantes. Dividida em três partes, a história começa na Itália (Comer), passar pela Índia (Rezar) e se encerra na Indonésia (Amar). A tríplice alimentação, espiritualidade e relacionamento guia a narrativa, em alegorias para uma personagem que busca o reencontro consigo mesma. O comer na cultura italiana versa sobre o se permitir, uma espécie de retirada das amarras que a sociedade nos obrigada a seguir. É a cultura do prazer, necessária para o bem-estar que tanto se fala no contemporâneo mundo agitado e nervoso que vivemos. O rezar é estabelecido na Índia, local destinado ao encontro de pessoas que busca evolução espiritual. Lá, a personagem aprende o Tantra Yoga e perpassa por um caminho de devoção.
Por fim, na Indonésia, especificamente em Bali, Liz finaliza a sua trajetória, carregando consigo menos sentimentos culposos, desapegada dos medos e se livrando as amarras que a prendiam ao passado. Ela observou, neste processo, que não é necessário carregar os traumas para seguir adiante. Na meditação, compreendeu como parar, contemplar e respirar eram elementos importantes para o seu despertar. Assim, salvaguardadas as devidas proporções, tal como Liz, reforço que precisamos seguir sem dificuldades para tomar as nossas próprias decisões. Em minha perspectiva, a mensagem de Comer, Rezar, Amar é que devemos aprender mais sobre nós mesmos. Meditar, reservar um tempo para o autoconhecimento, como já mencionado anteriormente, olhar para dentro de si mesmo, numa observação que nos permite seguir rumo ao que é transformador. Sentimentos como a tristeza são importantes, pois é através dela que nos tornaremos fortes, capazes de lidar com os desafios que a vida nos coloca cotidianamente. Ademais, coma com amor, reze com paixão e ame com sabedoria.