A Polícia Federal disse no sábado (18) que um terceiro suspeito das mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira foi preso. A dupla, cujos restos mortais foram encontrados depois de desaparecerem há quase duas semanas, foi morta a tiros, de acordo com uma autópsia.
Phillips foi baleado no peito e Pereira foi baleado na cabeça e no abdômen, disse a polícia em um comunicado. Ele disse que a autópsia indicou o uso de uma “arma de fogo com munição típica de caça”.
A polícia disse que o terceiro suspeito, Jefferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, se entregou na delegacia de Atalaia do Norte, no Amazonas.
A polícia informou que o suspeito será encaminhado para uma audiência de custódia.
Outros dois homens já estão presos por suposto envolvimento nos assassinatos: Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, e seu irmão, Oseney de Oliveira, conhecido como Dos Santos.
Phillips e Pereira foram vistos pela última vez em 5 de junho em seu barco no rio Itaquaí, próximo à entrada da Terra Indígena do Vale do Javari, que faz fronteira com Peru e Colômbia.
Na sexta-feira, a polícia federal disse que restos humanos encontrados na remota Amazônia do Brasil foram identificados como pertencentes a Phillips.
Outros restos encontrados no local próximo à cidade de Atalaia do Norte foram confirmados como pertencentes ao perito indígena Pereira, de acordo com o comunicado da polícia no sábado.
Os restos mortais foram encontrados na quarta-feira, após o pescador Pelado confessar ter matado a dupla e levar a polícia ao local onde teria enterrado os corpos. Ele disse aos policiais que usou uma arma de fogo para cometer o crime.
Os restos mortais chegaram à Brasília na quinta-feira para exames forenses.
A área onde Phillips e Pereira desapareceram tem visto conflitos violentos entre pescadores, caçadores furtivos e agentes do governo.
A irmã de Phillips disse que seu irmão sabia dos riscos de viajar para regiões perigosas da Amazônia brasileira, mas continuou a relatar da área porque estava comprometido em contar a história dos povos indígenas e a luta por modelos de desenvolvimento que possam salvar a floresta tropical.
Sian Phillips disse que seu irmão acreditava que seu trabalho em um livro chamado How to Save the Amazon era “urgente”.
“Acho que ele subestimou os riscos até certo ponto, mas sabíamos que havia riscos”, disse Sian ao programa Today da BBC Radio 4.
“Esta foi a viagem final [para seu livro]. Essa foi a viagem com o Bruno para contar a história dos indígenas que vivem no vale do Javari e contar a história deles”, disse ela.
“Ele também acreditava que era urgente. E que não havia tempo para mudar o modelo de capitalismo – tinha que acontecer dentro da sociedade que o Brasil tem.”