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Pelo bem da pólis

Alex Curvello – Advogado

Acredito que seja de consenso da grande maioria das pessoas que a política que Aristóteles se dedicou a compreender na Grécia antiga, em nada se compara com nossos tempos atuais, no que se refere ao mundo político, em todo o planeta, quase que inexistindo a honra, moral ou quaisquer virtudes na maioria dos governantes.

Não, não sou um estudioso de ciência política, muito menos tenho o menor desejo em me tornar um político, entretanto, tenho muita vontade de compreender como as coisas mudaram tanto, bem como a que se deve essa mudança na forma de tratar a política no mundo em que vivemos.

A política está presente em toda relação humana, é um senso comum de uma união familiar para o bem de todos, a organização nos meios de trabalho, além dos nossos governantes, que em tese, sempre procuram o bem comum, o bem da pólis, ou seja, o melhor para todos, desde a época das cidades/estado na Grécia antiga, até nossos tempos de divisões entre território, municípios, estados e governos.

O mundo ideal, utópico, creio que exista na cabeça de cada um, eu por consequência sou um eterno sonhador de uma organização social que possa estabelecer a melhor forma de convivência das pessoas, nunca deixando de sentir o chão, aprendizagem que tive com minha esposa, Ana Karla, mais realista que eu, como costumeiramente me diz; “podemos até sonhar, mas com os pés no chão, vivendo a realidade a nossa volta.”

Outro ensinamento que os filósofos gregos nos trazem, vem do livro IV da República de Platão, que descreve informações de Sócrates quando ensinou através de uma alegoria utilizando de um hipotético navio, conduzido por uma tripulação disfuncional, para representar os problemas de governança de um sistema político não baseado no conhecimento, ou seja, é necessário saber o que está fazendo ou o navio afunda, ou o governo desmorona.

Fato é que os governos historicamente, em sua maioria e até os tempos atuais desprezam o conhecimento, o natural seria os homens que têm necessidade de governo irem em busca de quem tem capacidade para tal, assim como no navio o comandante deve conhecer as estações, as condições do tempo, o movimento das marés, dos astros e assim por diante, para conduzir adequadamente um governo, cada governante deve ter conhecimento para uma boa condução e não ser eleito por promessas ideológicas de um passado que não volta mais, muito menos de um futuro despótico.

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Infelizmente, ao que parece, vivemos uma época de humanos extremamente passivos, que acabam por aceitar, qualquer um, mesmo sem conhecimento para falar sobre qualquer assunto, tempos de bilionários que nem formados são dando palestra sobre saúde pública, judiciário interferindo em política contrariando a independência entre poderes, outro bilionário proprietário de inúmeras empresas distintas interferindo em governos de países ao qual nem mora, além de incontáveis políticos falando sobre o que creem ideologicamente, mas sem nenhum estudo de causa, apenas para impor suas opiniões e que a grande maioria vem aceitando compassivamente.

Acredito que seja difícil desprezar a ideia de que a pessoa com o verdadeiro conhecimento é aquela apta a realizar a função desejada, não aquela que sonha um dia ser, apenas por ter dinheiro ou poder.

Melhor seria se pudéssemos entender que a democracia é a maneira mais honesta de governo e não os tempos “juristocracia” que estamos vivendo, não compactuo com a ideia de que o judiciário possa substituir um gestor por suas más escolhas, apenas compete-lhe eventual cessação de possíveis ilegalidades cometidas.

Se um governante escolhe fazer uma pista de corrida, em vez de uma escola ou hospital, não há crime nenhum nisso e o judiciário não é alternativa às urnas para decidir no lugar do que foi eleito democraticamente e aqui quando menciono judiciário, falamos de Magistratura, partidos políticos que provocam a justiça, Ministério Público, Sociedade Civil, OAB etc. Estamos com isso, aparentemente vivenciando uma constante piora da democracia.

Pessoas incompetentes, no sentido de competência para determinados assuntos não deveriam ser levadas em consideração além da área em que atuam, assim como não compete ao judiciário “consertar” as más escolhas do voto da maioria das pessoas, apenas cuidar das legalidades e constitucionalidades das ações de cada gestor, muito menos nenhum governante tentar interferir no judiciário em busca de proveito próprio.

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Certa vez li na internet que caso todas as armas do mundo virassem rosas, ainda assim pessoas más utilizariam os espinhos para atacar, sendo assim, somente pessoas com conhecimento e de bom coração conseguiriam parar as mazelas de inúmeros poderes, encerrando com a frase de Buda quando nos ensinou que; “Jamais, em todo o mundo, o ódio acabou com o ódio; o que acaba com o ódio é o amor.”

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