Alex Curvello – Advogado
Hábitos constantes de ler livros antigos, gostar e analisar contextos históricos, manter as boas amizades, além de saborear vinho que quase sempre quanto mais envelhecido melhor, me faz entender que é com a história que a gente aprende a viver bem o presente.
Tudo isso me faz imaginar quantas vezes a raça humana passou por períodos conturbados onde a “verdade” dos líderes à época e a justiça seguissem caminhos distintos.
Cada líder em seu tempo e até a época em que vivemos sempre buscou muito mais a coalisão para não perder o posto da liderança, se rendendo aos caprichos dos que exigem, sem tentar fazer com que seus opositores percebessem que seu posicionamento de líder para o qual foi eleito é mais importante para a sociedade do que fazer certos acordos.
Os interesses de manter o poder quase sempre superam a vontade de fazer o que acredita e os que fogem a essa regra, são “aniquilados”.
Desde Alexandre “O Grande” que conseguiu construir um dos maiores impérios da história, que de forma incrível realizou feitos extraordinários, sendo respeitado e admirado, quando não se rendeu às pressões dos “inimigos”, teve uma morte misteriosa até hoje, aparentemente envenenado.
Outro imenso e talvez o maior império da terra foi o Império Mongol, controlado por Gengis Khan, que durou aparentemente mais de 100 anos, chegando a dominar em seu ápice mais de 100 milhões de pessoas e desse gigantesco controle, foi feito na base da retirada de liberdade e justiça por onde passavam, aos que não se rendiam as “rédeas” do Império Mongol.
A história nos evidencia outros inúmeros impérios que tiveram seu ápice e depois seu declínio, o Romano; Persa, o Chinês e mais recentemente a URSS que foi dissolvida após os anos 90 e os EUA que deixaram de ser a grande potência do mundo há algum tempo.
Podemos tirar ensinamentos desse breve contexto histórico aqui narrado, o primeiro que os impérios mais antigos que tinham uma preocupação com a humanidade, os mais recentes apenas se importam com o poder e ditar as “regras do jogo”, mas um jogo que só quem está no comando pode mandar, que essa obsessão por grandes conquistas é uma perturbação que envolve boa parte da raça humana e que podemos fazer um paralelo para nossa política nacional recente.
Desde nossa redemocratização que todos os nossos presidentes democraticamente eleitos, chegam ao cargo com um discurso, mas a vontade de se manter no poder, supera o real motivo de estarem lá e os que resistiram as “pressões” externas, foram “convidados” a se retirar.
Atualmente estamos a vivenciar essa situação estranha no Brasil, nosso atual governante teve que se render a algo que afirmou que jamais faria, para continuar no cargo e o que lidera as pesquisas para a próxima eleição já está fazendo “amarras” com políticos que passou a vida criticando para tentar ser eleito e quase nenhum dos concorrentes para presidente na eleição desse ano de 2022 fala de efetivas propostas e o que tem coragem de falar sobre, de forma contundente, muitos ainda não conhecem.
Isso, essa forma e esse delírio de grandeza é algo que está acontecendo no mundo inteiro, com políticos com sintomas dos antigos conquistadores do Império Mongol, tentando uma coalisão mundial para o controle de todos.
Sem fugir de nossa realidade em nosso país, toda tentativa mais intensa em unir partidos opositores ou se aliar a quem sempre criticou demonstra que essa perseguição pelo poder é maior do que tentar mostrar um real projeto para melhoria da sociedade como um todo, a maioria das vezes falando em tolher liberdades individuais para o bem comum que “eles” determinam.
Muitas de nossas lideranças, atuais e antigas não gostam da sabedoria, liberdade e humanidade, dando sempre preferência para o conflito, guerras, torturas, golpes, traições e o domínio exacerbado.
Nada do que foi dito aqui se resume a um pessimismo, pelo contrário, sou um eterno otimista de tempos melhores, apenas não tenho a intenção de negar a realidade que vejo, que possamos todos “acordar”, pois a vida está passando.
Por fim, a humanidade sempre se dividiu politicamente, esse não é o problema, a dificuldade está em os que querem que pessoas sejam controladas e os que não tem esse desejo, até porque como nos ensinou Platão “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.”