Por: Iza França @sou_izafranca
Estamos vivendo a era da autenticidade performática. Todo mundo quer parecer verdadeiro, mas poucos estão dispostos a sustentar o preço da verdade.
A sinceridade virou estratégia, o “ser de verdade” virou filtro — e até o desabafo vem roteirizado para caber nos stories.
Falar de vulnerabilidade dá engajamento, mas vivê-la exige coragem. Mostrar bastidores emociona, mas lidar com as próprias sombras é o que realmente transforma.
E, nesse paradoxo entre o que mostramos e o que somos, nasce um novo tipo de cansaço: o esgotamento da autenticidade.
Porque manter uma imagem espontânea todos os dias dá trabalho.
Precisar provar que é real é o sintoma de uma geração que desaprendeu a ser sem se mostrar.
Nas empresas, a coerência também virou espetáculo.
Fala-se de cultura, propósito e diversidade em posts que soam inspiradores, mas, quando as câmeras se apagam, voltamos aos velhos comportamentos.
E talvez seja aí que a confiança se perca — não na ausência de discurso, mas no excesso de discurso sem prática.
Autenticidade não é sobre transparência absoluta, mas sobre consistência.
É sobre alinhar o que se diz com o que se faz. Sobre não precisar de aplauso para ser quem se é.
Enquanto a imagem continuar mais importante que a essência, a autenticidade continuará sendo apenas mais um personagem da era digital.
E personagem, por definição, cansa — porque não vive, apenas atua.
