O esquema de compartilhamento de vacinas Covax, mecanismo internacional criado para garantir vacinas contra a Covid-19 pelo mundo, admitiu nesta quarta-feira (8) que não conseguirá atingir a meta de 2 bilhões de doses a países mais pobres até o final de 2021. A previsão é de que cerca de 1,425 bilhão de doses de imunizantes sejam entregues. A informação é da Aliança de Vacinas Gavi.
O objetivo foi adiado para 2022, possivelmente até o final do primeiro trimestre.
O impacto na distribuição poderá afetar também o Brasil. O país solicitou 43 milhões de doses da instituição. Mas, com as novas previsões, existem riscos de que parte da encomenda fique apenas para 2022. Por enquanto, o Brasil recebeu 9,5 milhões de doses do mecanismo e, nas próximas semanas, outras 3,9 milhões serão enviadas. Mas a programação do último trimestre ainda está sendo desenhada.
Entre as razões do corte estão restrições de exportação do Instituto Serum da Índia (SII), um fornecedor essencial, disse a Gavi em comunicado conjunto com a Coalizão de Inovações para a Prontidão Epidêmica (Cepi), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas (Unicef).
Problemas de fabricação da Johnson & Johnson e da AstraZeneca, assim como atrasos na análise regulatória de vacinas desenvolvidas pela empresa de biotecnologia norte-americana Novavax e pela chinesa Clover Biopharmaceuticals, são outros fatores limitantes, disseram as organizações.
Em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, não poupou críticas às empresas farmacêuticas e governos de países ricos. Segundo o setor privado, existem os primeiros sinais de que há uma sobra de doses nas economias desenvolvidas e que, finalmente, a distribuição aos pobres poderá ocorrer. “Os pobres não devem ficar com as sobras”, atacou.
“Nossa proposta nunca foi a de que os pobres deveriam ser vacinados depois dos países ricos”, disse.
Se as 2 bilhões de doses não serão asseguradas, a Covax espera ter acesso a 1,4 bilhão de doses de vacina em 2021. Desse total, cerca de 1,2 bilhão tem como destino as economias de menor renda. “Isto é suficiente para proteger 20% da população, ou 40% de todos os adultos, em todas as 92 economias”, disse.