A divulgação do documento com manifesto de empresários, pedindo a harmonia entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo, que é apoiado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) foi adiada. A notícia do recuo da publicação, que estava prevista para esta terça-feira (31), causou incômodo entre os 200 signatários, que souberam da notícia através da imprensa.
O recuo acontece após conversa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no último domingo com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e um dos principais idealizadores do documento. Segundo comunicado feito por Lira ao Globo, ficou combinado aguardar até 7 de setembro, feriado da próxima terça-feira.
“A nota não é da Febraban, é da Fiesp com a participação de mais de 200 entidades do setor produtivo. Virou uma nota da Febraban com reflexos para a Caixa Econômica Federal e para o Banco do Brasil desproporcional aos seus interesses”, disse Lira, acrescentando:
“Conversei com Skaf nesse domingo e como não tem um prazo para a divulgação do manifesto, ficou combinado que não será nesta semana. Vai aguardar as comemorações do 7 de setembro.”
O feriado vem sendo aguardado por causa das manifestações previstas com ameaças de ruptura às instituições democráticas por parte de apoiadores do governo e do próprio presidente Jair Bolsonaro.
Lira disse não ter conhecimento dos termos do manifesto, mas que não haverá citação do nome do presidente Bolsonaro e que a nota teria como propósito apaziguar o ambiente.
A decisão dos bancos públicos que já teriam comunicado à Febraban a intenção de se desfiliarem da entidade gerou reação no Congresso por interferência política. O presidente da comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), disse que pretende apresentar requerimento com pedido de explicações ao ministro da Economia, Paulo Guedes e os presidentes da Caixa, Pedro Guimarães e do BB, Fausto Ribeiro.
Segundo uma fonte do governo, o desligamento da Febraban sempre foi um desejo do presidente da Caixa. Conta com a adesão do BB sob argumento de que o manifesto representaria a politização da entidade.
Leia na íntegra a versão do documento que circulava entre os empresários no início da tarde desta segunda-feira:
“A praça dos três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas.
O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira.