Na conferência pelo Dia da América Latina, Lula foi o primeiro a falar, após a abertura da organizadora Iratxe García, e, ao terminar, foi ovacionado de pé pelos deputados. “O mundo precisa de democracia, de paz não de guerra, de livros, não de armas; o mundo precisa de amor, não de ódio”.
O ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero se disse emocionado ao ver Lula tão feliz. “Os vemos feliz e vamos vê-lo presidente”, disse, lembrando do passado de metalúrgico de Lula. O mais importante na vida é fazer coisas pelos outros. Chamou Lula de “valente” e de “mestre da igualdade”, “um exemplo”.
Zapatero disse que Lula é um homem íntegro. “Foi o homem que mais falava dos pobres, da injustiça, da miséria e das desigualdades que já vi. Foi o líder político contemporâneo que mais fez pelos pobres’, disse o ex-premiê espanhol.
Pária internacional
O evento era sobre a América Latina, mas todos os políticos que falaram depois do ex-presidente o homenagearam e deixaram claro sua rejeição à “destruição do Brasil por Bolsonaro”.
A deputada portuguesa Maria Manuel Leitão Marques defendeu as políticas do brasileiro na conferência. “Lula foi um grande combatente de causas como a desigualdade. Eu fui dar aulas em São Paulo a primeira vez, em 1996, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), na minha classe só havia pessoas brancas-brancas, o que não corresponde à realidade brasileira. Lula mudou este quadro”, disse, lembrando que eles agora têm uma agenda em comum para o futuro.
“Eu acho muito importante a presença do Lula aqui porque o Brasil se tornou um pária internacional com o atual governo que tem. É preciso mostrar que existe um outro Brasil, que este Brasil pode voltar a ser dominante. Lula é um estadista global. Ele veio aqui para falar sobre temas de interesse do mundo inteiro”, disse à RFI o ex-ministro das Relações Exteriores brasileiro Celso Amorim.
“Se o Lula ganhar a eleição, esta imagem de pária internacional se desfaz em um dia”, disse Celso Amorim. “A mensagem do ex-presidente é o legado dele. O Brasil era ouvido por todos durante o governo do Lula”, disse.
“Quando roubaram a liberdade de Lula, roubaram a democracia do Brasil”, declarou o ex-presidente do Equador Rafael Correa, presente no evento como convidado.
Em Bruxelas desde sábado (13), o político brasileiro também encontrou com políticos como Josep Borrel, vice-presidente da União Europeia, e lideranças da militância brasileira pró-Lula no Bélgica e da Holanda.
Maria Claudia Moura esteve entre o grupo que foi recebido pelo ex-presidente no domingo (14). “O momento mais marcante foi quando ele disse que se sente no dever moral de reconstruir o Brasil depois de todo o apoio que ele recebeu”, disse.
A viagem europeia começou por Berlim, Alemanha na quinta-feira (11), onde o petista encontrou o social-democrata Olaf Scholz, vencedor das últimas eleições e provável futuro chanceler alemão.