Leonardo Campos
Na edição de hoje da coluna semanal Saúde e bem-estar, conduzida por quem vos escreve, o professor universitário, pesquisador e crítico de cinema Leonardo Campos, vamos conversar com o profissional de enfermagem Luiz Antônio Araújo dos Santos Filho, técnico em enfermagem formado pelo Centro de Formação Técnica Irmã Dulce, jovem que atualmente é membro da equipe de atendimento do Hospital Professor Eládio Lassere, situado em Águas Claras, bairro de Salvador. Confira a entrevista e depois acompanhe o podcast que escrevi e dirigi, narrado pelos jornalistas Emerson Miranda (@emersonmirandatv) e Caio Batista (@caiovbatista), com transcrição e edição de Yasmin Bessa (@yasminbessa). Leia, reflita, compartilhe e deixe os seus comentários, combinado?
Luiz, conta para os nossos leitores um pouco de sua trajetória. Enfermagem foi algo aleatório ou paixão?
Eu comecei com direito, mas não me identifiquei, apesar de colegas sempre dizerem que eu seria um ótimo criminalista. Por outro lado, eu sempre gostei de cuidar das pessoas, de fazer curativo, de verificar sinais vitais. A área da saúde me fascina muito, e hoje estar na minha área me faz querer saber sempre mais, então posso dizer que sim… é paixão.
Como é o seu cotidiano na unidade hospitalar em que trabalha?
Meu cotidiano é maravilhoso. Eu chego no hospital, coloco minha farda, vou fazer a visita dos meus pacientes, vou verificar os sinais vitais – que é verificar temperatura, aferir a pressão, olhar o HGT – que é dar uma olhada na glicemia do paciente para ver se está normal. Dou os meus medicamentos, aí vou dar os meus banhos nos leitos, vou fazer os curativos, e aí depois vai evoluir, né… que é anotar tudo aquilo que realizei e verifiquei no paciente.
Um dia no hospital é… uns dias são tranquilos, outros dias são corridos por conta da nossa cidade que é um pouco violenta, chegam pessoas em situações graves, de vítima de PAF – que é perfuração por arma de fogo – ou acidente de moto, carro, e aí é aquela correria total. Mas quanto mais desafiador, mais gratificante, pois eu tenho a chance de me tornar um profissional melhor. E é isso, eu amo falar sempre.
O que é preciso para ser um bom profissional de enfermagem?
Para ser enfermeiro ou técnico não basta ter amor para ajudar as pessoas, é preciso também ter determinação, estudar muito, saber lidar com pessoas, estar atento, ter o emocional controlado – pois surgem situações inesperadas e extremas – ser firme, ser agradável, ser forte -pois vamos lidar com muito sangue, feridas, secreções – e muita gente não suporta isso. É uma profissão boa com áreas extensas para trabalhar. Como qualquer outro emprego, é preciso foco, determinação, amor. Que você tenha uma linda carreira e seja um ótimo profissional. Então siga em frente, vai lá, busca o seu melhor e venha para cá, junto comigo, trabalhar e ajudar os outros.
O acolhimento adequado é um dos principais pontos de equilíbrio no desenvolvimento do trabalho no cotidiano hospitalar, correto?
O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do paciente em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo, no processo de saúde e adoecimento. É importante o acolhimento para que aconteça a organização das filas de espera no serviço de saúde, para que aqueles usuários que precisem mais, sejam atendidos com prioridade e não por ordem de chegada, senão assim virará uma bagunça.
Um bom enfermeiro tem que saber lidar com a diversidade…
Sim. Não só os enfermeiros, mas todos. Médicos, fisioterapeutas, professores, advogados, entre outros. Devemos respeitar as diferenças que abrangem religião, orientação sexual…ter mais empatia. As diferenças não estão apenas só no aspecto físico, mas também na forma de como o indivíduo enxerga o mundo, principalmente no hospital onde estamos apenas para salvar vidas, e não julgar ou negar socorro só por não pensarmos ou agirmos da mesma forma.
E para terminarmos, o enfermeiro precisa se impor. Comenta para nosso leitor essa condição do profissional no cotidiano hospitalar.
O profissional de enfermagem precisa se impor, porque dessa questão de que o enfermeiro, culturalmente, é menos que o médico, isso vai muito da postura de cada enfermeiro. De não se impor como profissional, com conhecimento de saber o que está fazendo. Não só os enfermeiros em si, os técnicos também, pois estamos mais próximos aos pacientes no dia a dia e sabemos como eles estão evoluindo. Aí entra a importância de termos que estar sempre preparados, pois o paciente pode rebaixar, pode ter uma parada, e temos que estar sempre preparados, pois muitas vezes o hospital não tem os recursos necessários.
Agora, acompanhe o nosso podcast. Na próxima edição, o nosso convidado retorna para falar mais sobre enfermagem, autocuidado, saúde e bem-estar, dentre outros temas tangenciais, combinado?