A médica Luana Araújo, que ficou menos de duas semanas no cargo de secretária de Enfrentamento à Covid-19 no Ministério da Saúde criticou o tratamento precoce e o comparou à ideia da terra plana durante depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (2).
“Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente. Ainda estamos discutindo uma coisa sem cabimento. É como se estivéssemos discutindo de qual borda da terra plana vamos pular”, disse, em resposta ao relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).
A infectologista chamou ainda a discussão sobre o uso de medicamento sem eficácia para tratar o coronavírus de “delirante”.
Renan citou frases do presidente Jair Bolsonaro e questionou a médica sobre a defesa do mandatário pelo tratamento precoce e o estimulo à população em abandonar medidas não farmacológicas, como uso de máscara, distanciamento social, lavar as mãos. Luana respondeu:
“Eu vi declarações de muitas pessoas, também do presidente. A gente precisa multiplicar lideranças com informações corretas. Na hora que qualquer pessoa, independente do seu cargo, sua posição social, defende algo que não tem comprovação cientifica você expõe a população do seu grupo a uma situação de vulnerabilidade” disse Luana, completando: Todo mundo que diz isso tem responsabilidade do que acontece depois.
Gabinete paralelo e Tratecov
A medica afirmou que “provavelmente não aceitaria” se fosse convidada hoje para o cargo, principalmente devido à exposição. Ela negou ter conhecimento de um “gabinete paralelo” no governo e também de ter conhecido o filho do presidente Carlos Bolsonaro ou outra pessoa da família.
Sobre o TrateCov, aplicativo desenvolvido pelo Ministério de Saúde para oferecer medicamentos do chamado tratamento precoce, Luana afirmou que ele nunca esteve em “seu radar”. “Acho que algoritmos técnicos são importantes, mas não podem apontar para terapias que não funcionam”, afirmou.