A conjuntura atual no Brasil e nos EUA em relação a Black Lives Matter e a história das relações raciais em ambos países, esse é o tema da live que o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promove na próxima quinta (10), às 17h pelo canal do instituto youtube.com/ighbba.
A live terá como debatedoras Ana Flávia Magalhães Pinto, pós-doutora em História pela Unicamp; Sabrina Gledhill, doutora em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). A mediação fica por conta de Cleidiana Ramos, jornalista e doutora em Antropologia pela Ufba.
O movimento ativista internacional, cuja tradução livre é “Vidas Negras Importam”, ganhou força e grande repercussão após o assassinato de George Floyd, por um policial nos Estados Unidos, em maio deste ano. Protestos pelo mundo foram registrados exigindo providências e políticas públicas em respeito às comunidades negras.
“A violência contra o negro pelas autoridades e milícias é uma prática instaurada desde a abolição nos EUA e no Brasil para controlar os ex-cativos. E o terror continua até hoje. O movimento BLM está mostrando ao mundo a realidade sofrida por afrodescendentes em vários países”, explica Sabrina Gledhill.
Números
De acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2017, dos mais de 65 mil homicídios no Brasil, 75,5% das vítimas eram negras, e tem entre 15 e 29 anos. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quase 5 mil negros, a maioria jovens, foram mortos pela polícia.
“O racismo é estruturalmente perverso em ambos os países porque atenta contra a humanidade de pessoas negras, deformando suas representações como sujeitos sociais e históricos. Isso autoriza a naturalização de violências cotidianas gravíssimas. Violências essas que, processadas através de números, caracterizam até mesmo um cenário de genocídio”, pontua Ana Flávia Magalhães Pinto.
A live é também em homenagem ao historiador, escritor e professor Jaime Sodré, falecido dia 6 de agosto, e que sempre defendeu e disseminou um grande legado pela educação, pela cultura e pela valorização do povo negro e de sua história e cultura na Bahia, no Brasil e no mundo.