
Alex Curvello – Advogado
Tem-se quase sempre limitada a certeza de determinado assunto, vivemos tempos suscetíveis ao experimentar certas impressões, como as que quase que constantemente são determinadas como corretas em nossas vidas.
Fui criado e aqui não venho fazer juízo de valor se da forma certa ou errada, onde nomes como orgulho, inveja, soberba, elite, poligamia ou seja, os egos densos, sempre foram intitulados como algo ruim a qualquer pessoa.
Este nosso Papo de Quinta me fez lembrar da belíssima música “Relicário” de Nando Reis, eternizada na voz de Cássia Eller onde foi dito “o mundo está ao contrário e ninguém reparou” e continuamos a não reparar.
Tais nomenclaturas densas supracitadas, foram colocadas “ao contrário” como algo bom e muitos não estão reparando, relacionamentos monogâmicos que as pessoas não entendem, questionam e se incomodam com aquele ou aquela que deseja viver com uma só pessoa durante toda uma vida.
Frases inaceitáveis e até de certo ponto racista, que muitos dizem mas quase ninguém se incomoda como; “tenho inveja branca de você, mas é pro bem”, primeiro que vejo que utilizarmos inveja e bem numa mesma frase, não cabe, além do que porque a branca seria para o bem e a de outra cor não?
A ideia de que possa existir um sentimento onde se sobranceria de algo em relação a outra coisa em um plano mais baixo, é extremamente equivocado, além de considerar uma certa classe que dispõe de valores a mais do que outras como elite, é desumano, uma classe elitizada é aquela que detém a sua excelência em algo, e não deveríamos por na “elite” aquele que detém apenas dinheiro em sua vida.
No que pese ao orgulho, é algo denso, baixo, certa vez ao visitar Dona Canô, mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia, me recordo que uma tia disse a ela; “que orgulho em conhecer a senhora”, no alto dos seus quase 100 anos, acamada, Dona Canô olhou para minha tia e disse; “ow minha filha, não utilize esta palavra para um sentimento bom, o orgulho jamais deve ser utilizado na mesma frase onde você quer dizer algo de bom” e foi aí que tive a compreensão de muitos equívocos cometidos, tais como “orgulho de ser nordestino”, “tenho orgulho do meu filho”, onde muitas vezes o sistema nos faz acreditar em algo como benéfico, mas em suma nos prejudica.
Ademais, lembrando que o antônimo do orgulho é a humildade, muito mais valioso ser humilde em qualquer circunstância do que um orgulhoso arrogante e solitário, vivendo de traumas para justificar tantos equívocos.
Lembrando sempre que, muitas vezes somos apresentados a um ponto de escolha, o livre arbítrio, que nos permite escolher, obviamente com as consequentes reações a nossas ações, inclusive como todo trauma, onde podemos superá-lo ou alimentá-lo durante uma vida.
Incompreensível perpetuarmos pela vida, com um ciclo vicioso que fica alojado em nosso corpo, coração e mente, onde passamos a ignorar, negar, desviar, dissociar, culpar e demonizar os outros por nossos traumas.
Este ponto de escolha é o limiar para nossa evolução ou involução.
A improvável justificativa do ego, sempre a serviço de si mesmo, é uma contínua zona de conforto para querer estar sempre certo, onde forças opostas ao bem, muitas vezes nos fazem travar violência uns contra os outros, pelo limitado controle, recursos ou poder de algo que muitas vezes nem precisamos.
Tudo foi e é desvirtuado, perdeu-se o interesse no que o coração deseja, o pulsar da consciência, a experiência colaborativa e cooperativa de benefício mútuo, pela alegria e prosperidade.
O sistema não deve nos impor o que é certo, nem o que é errado, como muitas vezes acontece, tenhamos força para superar esses sentimentos densos, em obediência a nossa consciência alinhado a nossa força de vontade para tentar sempre fazer o bem.