A CPI da Pandemia caminha para o seu terceiro dia de depoimentos e, até agora, a hidroxicloroquina é a grande ‘vedete’ da comissão de inquérito. Já foram ouvidos dois ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, respectivamente, na terça e quarta-feira e os dois ex-titulares da pasta declaram a pressão que sofreram por parte do presidente da República Jair Bolsonaro, para que recomendassem o uso do medicamento.
Durante o depoimento de Nelson Teich nesta quinta-feira (5), houve um debate acalorado entre os senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Luís Carlos Heinze (PP-RS). Os dois entraram em atrito após o governista Heinze defender o uso da cloroquina, medicamento comprovadamente ineficaz para a Covid-19. Alencar recomendou uma vacina “antirrábica” ao senador gaúcho.
“Em uma doença como a Covid-19, 90% a 95% cursam assintomático, leve ou moderado. Se tomar um copo de água é a mesma coisa que tomar um comprimido, 10 ou 20 de hidroxicloroquina. A água é melhor porque não dá efeito colateral. Como 90% a 95% das pessoas cursam dessa forma, não custa nada um charlatão receitar hidroxicloroquina, o doente ia ficar bom de qualquer jeito e ele diz que foi a hidroxicloroquina que salvou”, disse Alencar para depois completar:
“Vossa Excelência falou até do laboratório de bovinos para usar em humanos. Da maneira que vossa excelência falou com tanta raiva daqueles que prescrevem de forma correta, nesse laboratório de utilização para bovinos uma vacina antirrábica não ficava inadequada para Vossa Excelência”, emendou.
O presidente da CPI da Pandemia Omar Aziz também criticou o uso da hidroxicloroquina defendido por Heinze e disse que “o que não dá é pessoas que nunca passaram na porta de uma faculdade de medicina querer saber mais do que um médico”.