Ativistas brasileiros estão indignados depois que Jair Bolsonaro – que foi acusado de liderar ataques aos direitos indígenas – foi homenageado por seu próprio governo por seus esforços supostamente “altruístas” para proteger vidas indígenas.
Bolsonaro recebeu a Medalha do Mérito Indigenista na quarta-feira (16) em reconhecimento ao que o Ministério da Justiça chamou de suas tentativas de defender as comunidades indígenas no país sul-americano.
A mesma homenagem foi concedida aos principais aliados de Bolsonaro, incluindo seus ministros da Saúde, Defesa e Agricultura e o chefe de segurança institucional linha-dura, Augusto Heleno, que acusou ativistas indígenas de cometer crimes contra o Estado ao criticar as políticas do governo no exterior.
Os líderes indígenas reagiram ao prêmio com descrença e exasperação, observando como o presidente de extrema direita do Brasil passou três anos minando suas agências de proteção indígena e ambiental, Funai e Ibama, e promovendo legislação que abriria territórios indígenas ao desenvolvimento comercial.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil criticou o “gesto de desprezo” do governo. “Querem nos destruir a todo custo e, como se não bastasse, agora querem se homenagear em nosso nome?” disse o grupo, alegando que Bolsonaro merecia apenas “a medalha do genocídio indígena”.
Alessandra Korap, ativista do povo Munduruku da Amazônia, disse que Bolsonaro precisava ser preso, não honrado “por toda a destruição que infligiu aos indígenas e à floresta”.
“Agora ele quer usar a guerra na Ucrânia [como justificativa] para permitir a mineração, exploração de petróleo e gás, barragens hidrelétricas e plantações de soja em terras indígenas”, acrescentou Korap, em referência a movimentos recentes para acelerar projetos de legislação permitindo tais atividades.
Alessandro Molon, o líder da oposição brasileira na Câmara dos Deputados, pediu ao Congresso que retire a medalha de Bolsonaro. “É uma zombaria que o mesmo governo que está tentando legalizar a mineração em terras indígenas – pondo em risco a existência desses povos totalmente perseguidos e maltratados – tenha a coragem de se premiar com medalhas de ‘mérito’ por todos os danos que causou sobre o últimos três anos”, disse Molon à revista Veja.
“Se o Congresso não anular esse absurdo, estará se associando a esse ataque sem precedentes aos povos indígenas”, disse Molon.