Mesmo com mais de 2,5 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina encalhados nos estoques, o Ministério da Saúde planeja gastar até R$ 250 milhões para oferecer o medicamento, além do antibiótico azitromicina, no programa Farmácia Popular. O plano prevê reembolsar farmácias conveniadas para que distribuam de graça os produtos que compõem o chamado “kit covid”. Essas drogas não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus, mas se tornaram aposta do governo Jair Bolsonaro para enfrentar a pandemia. Agora, a ideia é usar dinheiro público para distribuir gratuitamente em farmácias.
Os comprimidos de hidroxicloroquina encalhados não fazem parte do kit que poderá passar a ser distribuído gratuitamente. No Farmácia Popular, os estabelecimentos conveniados entregam medicamentos de graça ou com até 90% de desconto e recebem reembolso pelo valor que pagaram à indústria. Com os mesmos R$ 250 milhões previstos para distribuir o “kit-covid” seria possível ao governo comprar 13,18 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca, ao preço de R$ 18,95 por unidade, suficiente para imunizar quase 7 milhões de pessoas. Revelado pelo Estadãoem setembro, o estudo para inserir o medicamento no Farmácia Popular corre em sigilo no ministério desde o começo de julho. Nesta semana, a proposta recebeu aval da área jurídica e chegou às mãos do ministro Eduardo Pazuello.