Bahia Pra Você

‘Forró da Casaca’ é pra quem gosta de forró

Por Carla Melo ♦ Jornalista

O ‘Sanju’ está cada vez mais perto. E quem diria que, por conta da pandemia, vamos deixar de estar se esquentando na fogueira, comendo um milho assado e dançando um forrozinho em boa companhia. É muito difícil, mas todos devemos respeitar as medidas restritivas e seguir usando máscara e mantendo o distanciamento.
E já que a época das festas juninas está próxima vamos conhecer um pouco da banda Forró da Casaca, que há mais de 25 anos segue fiel ao forró raiz, fazendo qualquer “pé duro” deslizar no salão. A turma, natural de Conceição do Jacuípe (BA), lançou a sua mais nova parceria com um dos maiores nomes do forró, Flávio José, e é com esse pessoal que encanta qualquer um com o “toque da sanfona”, que vamos conversar essa semana.
Carla Melo – Uma banda, com um astral tão grande, que faz qualquer “pé duro” dançar como ninguém, tem sempre uma história para contar. Como iniciou a do Forró da Casaca?
Forró da Casaca – Tudo começou quando o padre Cícero (padre Cícero mesmo), da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, pensou em fazer um forró para levantar uma receita para a reforma da igreja. Nós tocávamos (e ainda tocamos) no Ministério da Paróquia, o padre estava meio resistente por conta do alto valor dos cachês das bandas de forró à época. Foi aí que nós entramos na jogada e falamos para o padre “Vigário, não se preocupe com a banda, a gente dá um jeito, vamos fazer a festa” Kkk. Dessa frase surgiram o Forró da Casaca e o forró mais tradicional de Conceição do Jacuípe-Ba, o Forró da Família, que é o forró da Paroquia Nossa Senhora da Conceição.

CM – Quem está por trás do sucesso que é o Forró da Casaca?
FC – O repertório, a produção, a nossa proposta de trabalho, a forma como nos apresentamos em palco etc., tudo isso é definido pelos integrantes da banda que são remanescentes da primeira formação. Eu (Jorginho o vocalista), Dr. Vine (guitarrista), Netinho (baterista) e Janiel (o nosso “faz tudo” rsrs). Acho que esse é o segredo do sucesso: somos fiéis a nossa identidade, ao nosso DNA que é o forró tradicional, o forró raiz.

CM – Outras músicas compõem o repertório do Casaca. Como é pensada a organização, as composições nos eventos? Também rola músicas autorais composta por vocês, não é isso?
FC – O repertório do Casaca é pensado da seguinte forma: O que as pessoas querem, o que as pessoas pensam, o que as pessoas esperam quando vão ao show do Casaca? As pessoas vão ao nosso show com a certeza de que ouvirão o forró raiz, o forró tradicional. Têm certeza de que ouvirão Gonzagão, Dominguinhos, Flávio José, Trio Nordestino e Cia. O nosso repertório é uma visita aos clássicos do forró tradicional mesclada com as nossas composições, que por sinal, também são forró raiz.

Jorginho (vocal), Dr. Vine (guitarra), Flávio José e Netinho (bateria)

CM – E agora foi lançada a mais nova parceria com um dos maiores nomes do forró, Flávio José. Como aconteceu esta sintonia?
FC – Nós achamos que essa sintonia com Flávio José é fruto da nossa fidelidade ao forró raiz, ao forró tradicional. Tínhamos certeza de que um dia seríamos recompensados pela nossa fidelidade. Essa recompensa veio com a participação, em uma música nossa, de um artista que pra nós, sempre foi uma referência. É a realização de um sonho. O namoro começou em 2019 com o diretor musical de Flávio José, depois fomos ao show do ‘homi’ e tivemos um breve bate-papo em seu camarim, esse namoro virou noivado e enfim, ele aprovou a música, gostou do nosso projeto e o casamento foi concretizado “até que a morte nos separe”. kkkkk

CM – E qual é a história por trás dessa canção? E como ela está sendo recebida pelo público?
FC – O nosso sanfoneiro não é de Conceição do Jacuípe, ele é de Senhor do Bonfim. Quando vem para os nossos ensaios, ele dorme em minha casa. Durante sua estadia a gente fica conversando sobre música, trocando algumas ideias e ouvindo alguns clássicos do forró. Dessa rotina, foram surgindo a letra e a melodia da música. “Pelo Toque da SanfonaA” fala da história de um sanfoneiro que é apaixonado por uma mulher que não lhe dá muita bola, mas, que se derrete toda quando ele toca a sanfona. “Se é pelo toque da sanfona que faz ela se apaixonar…” assim diz a canção que também é uma homenagem a esse instrumento que encanta a todos. Quem resiste ao toque da sanfona? Não tem quem não se encante e se apaixone rsrs.

CM – A gente sempre falando dessa música, do quanto ela é contagiante que tenho certeza que as pessoas vão ficar curiosas para ouvir rapidinho depois dessa entrevista. Então, onde encontrar ‘Pelo Toque da Sanfona’?
FC – A nossa música está nas plataformas digitais Sportfy, Deezer, TikTok e YouTube. Espero que depois da entrevista a galera vá ouvi-la e colocá-la em suas playlists. Podem apreciar sem moderação. kkkk

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CM – Todo nordestino carrega um poder forte nas mãos de levar junto consigo o Nordeste, o povo brasileiro e essa história em seu coração. Como o Forró da Casaca mantém viva essa tradição?
FC – Mantemos viva essa tradição quando temos um repertório fiel aos principais clássicos da nossa música nordestina. O xote, o baião, o xaxado, o arrasta-pé e o forró estão sempre presentes em nossos shows. Em nosso palco, nomes como Gonzagão, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro continuam vivos, cantando e encantando através das nossas vozes e instrumentos. O Forró do Casaca tem legitimidade para marcar suas publicações com a hashtag #orgulhodesernordestino.

CM – Na carreira de qualquer artista o trabalho é sempre redobrado e as dificuldades são quase inevitáveis no caminho. É preciso dedicação e muita força de vontade para enfrentar as dificuldades. Lembra de algumas que surgiram durante a trajetória do Forró da Casaca?
FC – Além das dificuldades financeiras e da falta de oportunidades às bandas emergentes, podemos destacar também a dificuldade em conciliar as nossas outras atividades com a música. Um exemplo disso é o nosso guitarrista. Vine é médico (pediatra, Dr. Marcus Vinicius) e se desdobra para trocar os seus plantões em dias de show. Acho que esses obstáculos nos fortalecem, pois, para vencê-los precisamos de muita dedicação e união, isso faz a banda crescer em todos os sentidos.

CM – Mas como toda moeda tem seus dois lados, agora conta quais foram os momentos marcantes do Forró da Casaca?
FC – Ah… são muitos… passa um filme em nossa cabeça rsrs. Já tocamos em várias festas e em grandes palcos para milhares de pessoas nos Arraias de Berimbau, Coração de Maria, Irará, Muniz Ferreira, Saubara, Senhor do Bonfim e por aí vai…, mas, por incrível que pareça, os momentos mais marcantes da Banda sempre foram no Forró da Família. Foi lá onde tudo começou. A energia nesses shows é sempre especial. A química com o público é fora do comum.

 

CM – E conta para gente, o pessoal se amarra no sonzão de vocês, não é?
FC – Vejamos como é o nosso slogan “É pra quem gosta de forró”. Então é simples, se você gosta, se amarra em nosso som, se você não gosta, pode não se amarrar, mas, respeita e sempre volta rsrs.

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CM – Também todo o artista pode possuir por trás de sua obra uma grande inspiração, é o caso do Forró da Casaca?
FC – Com certeza. Os nossos mestres forrozeiros brasileiros são as nossas referências. Bebemos muito na fonte inesgotável de inspiração que são Gonzagão, Dominguinhos, Flávio José, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Santana e muitos outros.

CM – E por trás de alguma música, há alguma história marcante?
FC – Uma tradição do nosso repertório é ter um bloco dedicado exclusivamente às músicas de Flávio José. Isso vem desde a origem da banda lá em 1995. Se a gente não tocar a o povo não deixa descer do palco kkkk. Certa vez um casal amigo nosso veio nos confidenciar que eles se conheceram no Forró da Família, em um show nosso e que o namoro começou após dançarem uma música imortalizada na voz de Flávio José (a música foi “Espumas ao Vento”). Essa confidência nos deixou bastante lisonjeados.

CM – A pandemia da Covid-19 nos forçou a mudarmos nosso cotidiano, vocês até chegaram a fazer lives, não é isso? Como o Forró da Casaca se transformou, se renovou neste cenário?
FC – Fizemos uma live em 6 de junho de 2020, foi uma experiência muito diferente para nós. Tocar sem o público é sempre um desafio. Mas, ficamos muito felizes com a repercussão do evento, graças à Deus, foram muitos elogios. Estamos planejando mais uma live para esse ano, se tudo ocorrer normalmente, em breve anunciaremos. Em relação à pandemia, nós entendemos perfeitamente que é um momento muito difícil que o mundo está enfrentando e que precisamos seguir os protocolos definidos pelas autoridades para salvarmos as nossas vidas e a do próximo também. Manter a distância, nesse momento, é sinal de respeito e amor. A classe de músicos foi primeira a parar e será a última a retornar. É um desafio e tanto que enfrentaremos, mas, para vencê-lo, precisamos estar vivos, essa é a “lógica” da pandemia. Que tenhamos vacina para todos.

CM – Já foi anunciado que não haverá São João na Bahia. Quais são os planos do Forró da Casaca para este ano?
FC – Estamos na expectativa dos nossos governantes promoverem um “São João Virtual”, a exemplo do que foi feito no carnaval de 2021. Seria espetacular para os músicos e para as pessoas que amam e curtem as festas juninas. Não substituiria o São João, mas, diminuiria um pouco a frustação e saudade de todos os amantes dessa tradicional festa. Espero que esse projeto seja executado. O repertório está pronto e o Casaca está preparado, só depende deles.

CM – E além do São João, há outros projetos vindo por aí? Conta pra gente!
FC – Infelizmente, em tempos de pandemia, os projetos ficam mais escassos. Mas, o Casaca tem se movimentado, além do projeto de realizarmos mais uma live, estamos promovendo bastante a nossa nova música. O trabalho não pode parar. Outra coisa, podem surgir também novas canções. Quem sabe uma nova parceria?

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